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Usuário(a):Michelly Gomes/sudoestebaiano

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Paroaria dominicana
Hipsometria do Sudoeste Baiano por Município

Tópico Biodiversidade[editar | editar código-fonte]

A biodiversidade, também conhecida como diversidade biológica, é a ampla gama de vida presente no nosso planeta, abrangendo ecossistemas diversos, espécies variadas e genes únicos. Ela engloba a diversidade dentro das populações de uma mesma espécie (diversidade genética), entre diferentes espécies (diversidade de espécies) e nos variados tipos de habitats (diversidade de ecossistemas). Em 1986, o biólogo Edward O. Wilson, em seu livro "Biodiversidade", expandiu esse conceito, incluindo aspectos como a variação genética entre os organismos.[1]

Desde a década de 90, durante a Conferência Eco-92 realizada no Rio de Janeiro, os países do mundo passaram a definir biodiversidade como "a variedade de organismos vivos de todas as origens, abrangendo ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos, assim como os complexos ecológicos dos quais fazem parte; também engloba a diversidade entre as espécies e os ecossistemas.”[2]

A biodiversidade é resultado de milhões de anos de evolução, desempenha um papel crucial na sustentação da vida em nosso planeta. Ela proporciona serviços ecossistêmicos essenciais, como polinização, purificação do ar e da água, controle de pragas, ciclagem de nutrientes e decomposição de matéria orgânica, com os fungos exercendo um papel vital nesse processo. Cada organismo desempenha uma função específica em seu ecossistema, e a perda de uma espécie pode ter impactos significativos em outras, levando a desequilíbrios ecológicos.[3]

Além disso, diversos setores, incluindo agricultura, cosméticos e farmacêutica, dependem da biodiversidade. Muitos medicamentos, por exemplo, têm origem em plantas e animais. A biodiversidade também possui um valor cultural profundo, sendo reverenciada por diversas culturas por razões espirituais, estéticas e recreativas. Ecossistemas ricos em biodiversidade tendem a ser mais resilientes a perturbações, como mudanças climáticas, pois a perda de uma espécie pode ser compensada por outras.[4]

“A diversidade das espécies fornece recursos e alternativas de recursos às pessoas; por exemplo, uma floresta tropical com muitas espécies produz uma ampla variedade de plantas e produtos animais que podem ser usados para alimentação, abrigo e medicamentos. A diversidade genética é necessária para qualquer espécie manter a vitalidade reprodutiva, a resistência a doenças e a habilidade para se adaptar a mudanças. A diversidade genética em plantas e animais é especialmente importante para programas de melhoramento voltados para desenvolver, manter e melhorar espécies agrícolas modernas. A diversidade em nível de comunidade representa a resposta coletiva das espécies às diferentes condições ambientais. Comunidades biológicas encontradas em desertos, pastagens, pântanos e florestas contribuem continuidade ao funcionamento apropriado de ecossistemas, fornecendo serviços benéficos tais como controle de enchentes, proteção do solo contra erosão, e filtragem do ar e da água.”[5]

Portanto, “todos os níveis de biodiversidade são necessários para a sobrevivência contínua das espécies e das comunidades naturais e todos são importantes para a espécie humana. A diversidade das espécies representa o alcance das adaptações evolucionárias e ecológicas das espécies em determinados ambientes.” (PRIMACK; RODRIGUES, 2001)

Biologia da conservação:[editar | editar código-fonte]

A biologia da conservação visa entender os efeitos das atividades humanas nos ecossistemas, reintegrar espécies ameaçadas em seus habitats naturais e desenvolver estratégias para proteger a diversidade biológica. Para alcançar esses objetivos, a disciplina combina conhecimentos de biologia populacional, ecologia e genética, além de incorporar aspectos não biológicos como legislação, política e ética ambiental, antropologia, sociologia e geografia. O objetivo final é identificar as melhores práticas para preservar espécies raras, estabelecer áreas protegidas e promover a coexistência harmoniosa entre a conservação da natureza e as necessidades das comunidades locais e governos (PRIMACK; RODRIGUES, 2001). Recentemente, a pesquisa tem destacado a importância das áreas protegidas e corredores ecológicos para a manutenção da biodiversidade, assim como a necessidade de políticas de conservação inclusivas que envolvam comunidades locais e considerem os impactos das mudanças climáticas.[6] Além disso, a biotecnologia emergente, como a edição genética, está sendo explorada como uma ferramenta potencial para reverter a extinção de espécies e restaurar habitats degradados. [7] No entanto, a conservação efetiva requer uma abordagem multidisciplinar e colaborativa, envolvendo cientistas, governos e sociedade civil, para enfrentar os desafios complexos de proteger a biodiversidade global. [8]

Ameaças  à biodiversidade:[editar | editar código-fonte]

Quando o meio ambiente tem seus valores econômicos, estético e social perturbados, um alerta de perigo é acionado no que diz respeito à extinção ou perda de espécies, e isso porque a degradação de uma espécie pode levar a fragmentação das comunidades, que por sua vez vão diminuindo e levando  a perda da variação genética consigo, como efeito dessa extinção. Uma vez que a espécie é extinta, sua população não pode ser recuperada e todo o seu potencial, seja econômico, estético ou social é perdido.

As perturbações em massa causadas pelo homem, tem destruído, degradado e fragmentado a paisagem em larga escala, levando espécies e em consequência comunidades inteiras à extinção. Sendo assim, As maiores ameaças à diversidade biológica que resultam da atividade humana são: Perda e/ou Fragmentação de habitats; Superexploração de recursos; Introdução de espécies exóticas; Disseminação de patógenos; Poluição ambiental; Mudanças climáticas/Aquecimento global.[8]

Tipos de ameaças[editar | editar código-fonte]
Perda e Fragmentação de habitat[editar | editar código-fonte]

A principal ameaça à biodiversidade é a perda e fragmentação de habitat, o que torna crucial preservar os habitats para proteger essa diversidade. A perda de habitat é particularmente preocupante para várias espécies de vertebrados, invertebrados, plantas e fungos que enfrentam extinção. Regiões propícias à agricultura, como o Sul, Sudeste e Zona da Mata Nordestina, têm sido desmatadas ao longo de centenas de anos, resultando na perda irreversível de habitats e, possivelmente, de espécies. A fragmentação do habitat, causada por atividades humanas como estradas e urbanização, também é alarmante. Isso ocorre quando grandes áreas de habitat sao divididas em fragmentos menores e isolados, afetando a dispersão de espécies e o acesso a recursos essenciais. A fragmentaçao pode limitar a capacidade  

A fragmentação pode limitar a capacidade de espécies de se dispersarem e colonizarem novos habitats, além de reduzir a capacidade de alimentação dos animais nativos. Populações fragmentadas são mais vulneráveis a problemas genéticos e demográficos, o que pode levar ao declínio e à extinção das espécies.

O Melocactus conoideus é uma das espécies de cacto endêmico da Serra do Periperi em Vitória da Conquista (BA), criada com o propósito de preservação de M. conoideus, acompanhada por iniciativas de conscientização ambiental junto às comunidades locais próximas à sua área de distribuição. Apesar dos esforços de conservação, devido à ocorrência da espécie em apenas uma localidade sendo ameaçada pela expansão urbana, queimadas e mineração de quartzo, além da atividade de coletores e manipulação ambiental, perigo extremamente elevado de extinção na natureza. [8].

Ameaças climáticas[editar | editar código-fonte]

Mudanças na composição química atmosférica como aumento do dióxido de carbono, metano entre outros gases, são facilmente passíveis de ocorrer graças a reflexão da luz solar nos gases transparentes, sua evapotranspiração ocorre em vapores de água, aprisionando toda energia, decisiva na taxa de calor que sai da terra e volta para o espaço, nos chamados gases do efeito estufa. A presença dos gases do efeito estufa é essencial para manutenção da vida na terra, uma vez que gera o calor influenciando as alterações climáticas necessárias, o problema está nas concentrações destes gases estufa que aumentam consideravelmente graças às atividades humanas.[9]

No Sudoeste Baiano, são exemplos desses impactos as oscilações ocorrentes no município de vitória da conquista, que em 21 de julho de 2023 o município apresentou uma abrupta queda de temperatura com intensas chuvas, ventos fortes e gelados, desde os dias anteriores, registrando a menor temperatura do ano de 8,8°C.[10] Com o intuito de diminuir os problemas causados em função dessas mudanças climáticas, a prefeitura apresentou ações como a adesão ao programa Produtor de Água, da Agência Nacional de Águas (ANA) e o Programa Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais, instituído pela Lei Municipal n° 2.452/2021, como iniciativas para fortalecer as políticas públicas no combate aos problemas ambientais.[11]

Superexploração de recursos[editar | editar código-fonte]

A exploração de recursos naturais tem raízes antigas, remontando aos primórdios da história humana, como a caça e a pesca. Inicialmente, essas práticas eram sustentáveis e não ameaçavam a extinção das espécies.[9] No entanto, o aumento da população mundial resultou em uma demanda mais intensa por recursos naturais, impulsionada tanto pela necessidade de atender às necessidades básicas quanto pelo crescimento econômico e tecnológico. Consequentemente, o uso de recursos naturais passou a ser influenciado não apenas pelas exigências de subsistência, mas também, e principalmente, pelas demandas do mercado. [10][11]

Frequentemente, áreas excessivamente exploradas são aquelas que inicialmente possuíam um recurso de interesse para um mercado estabelecido. Quando esse recurso se esgota, busca-se novas áreas para exploração, resultando em um ciclo destrutivo. [12] Esse padrão contrasta fortemente com as práticas das comunidades tradicionais, como povos indígenas e comunidades isoladas, que historicamente impuseram restrições à caça, pesca e colheita, baseadas na observação e na renovação periódica do meio natural. Essas restrições permitiram um uso sustentável da biodiversidade ao longo de milhares de anos. [13] [14] As práticas tradicionais evitavam naturalmente a superexploração dos recursos disponíveis, ao contrário do modelo impulsionado pela expansão econômica global. Não é por acaso que as áreas mais preservadas do planeta frequentemente foram habitadas por povos de cultura tradicional. (PRIMACK; RODRIGUES, 2001).

Em 1992, a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) ressaltou a importância dos conhecimentos das comunidades tradicionais na promoção da preservação da biodiversidade e do desenvolvimento sustentável. [15] Destacou-se a necessidade de o Estado reconhecer e proteger esse conjunto de saberes, bem como de aplicá-los para o benefício e a manutenção das diferentes espécies do planeta. As comunidades tradicionais foram reconhecidas como protagonistas cruciais nas discussões sobre a negociação do uso dos recursos naturais.[16]

No entanto, não apenas os recursos físicos presentes na biodiversidade foram ameaçados devido ao consumo desenfreado dos mercados capitalistas; também se observa que a dinâmica das comunidades tradicionais foi modificada, afetando variavelmente a expressão e o modo de vida de sua cultura e seus hábitos diários. É sabido que os interesses de exploração se originaram historicamente, sobretudo, dos processos de colonização. [17]

Referências:

PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. 2001. Biologia da conservação. Londrina: E. Rodrigues. [5,6,7,8];

  1. WILSON, Edward Osborne (1997). Biodiversidade. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira 
  2. «30 anos da Rio-92: o legado da 'maior conferência ecológica de todos os tempos'». G1. 11 de junho de 2022. Consultado em 5 de maio de 2024 
  3. «Biodiversidade: entenda o que é e quais as ameaças». Portal da Indústria. Consultado em 5 de maio de 2024 
  4. «Biodiversidade: entenda o que é e quais as ameaças». Portal da Indústria. Consultado em 5 de maio de 2024 
  5. PRIMACK; RODRIGUES, Richard B; Efraim (2001). Biologia da conservação. [S.l.]: Planta 
  6. Watson, James E. M.; Dudley, Nigel; Segan, Daniel B.; Hockings, Marc (novembro de 2014). «The performance and potential of protected areas». Nature (em inglês) (7525): 67–73. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/nature13947. Consultado em 6 de junho de 2024 
  7. Piaggio, Antoinette J.; Segelbacher, Gernot; Seddon, Philip J.; Alphey, Luke; Bennett, Elizabeth L.; Carlson, Robert H.; Friedman, Robert M.; Kanavy, Dona; Phelan, Ryan (fevereiro de 2017). «Is It Time for Synthetic Biodiversity Conservation?». Trends in Ecology & Evolution (2): 97–107. ISSN 0169-5347. doi:10.1016/j.tree.2016.10.016. Consultado em 6 de junho de 2024 
  8. Schwartz, Mark W.; Deiner, Kristy; Forrester, Tavis; Grof-Tisza, Patrick; Muir, Matthew J.; Santos, Maria J.; Souza, Levi E.; Wilkerson, Marit L.; Zylberberg, Maxine (outubro de 2012). «Perspectives on the Open Standards for the Practice of Conservation». Biological Conservation: 169–177. ISSN 0006-3207. doi:10.1016/j.biocon.2012.06.014. Consultado em 6 de junho de 2024 
  9. Drummond, José Augusto (dezembro de 2003). «Novos estudos sobre a sustentabilidade da exploração de recursos naturais brasileiros: aspectos produtivos, ambientais e sociais». Sociedade e Estado: 395–400. ISSN 0102-6992. doi:10.1590/S0102-69922003000100019. Consultado em 6 de junho de 2024 
  10. Da Produção Ao Consumo: Impactos Socioambientais No Espaço Urbano. [S.l.]: Cultura Acadêmica Editora. 24 de novembro de 2009 
  11. Garcia, José Luís (30 de dezembro de 2006). «Biotecnologia e biocapitalismo global». Análise Social (181): 981–1009. ISSN 2182-2999. doi:10.31447/AS00032573.2006181.03. Consultado em 6 de junho de 2024 
  12. Salati, Eneas; Santos, Ângelo Augusto dos; Klabin, Israel (abril de 2006). «Temas ambientais relevantes». Estudos Avançados: 107–127. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40142006000100009. Consultado em 6 de junho de 2024 
  13. Arruda, Rinaldo (dezembro de 1999). «"Populações tradicionais" e a proteção dos recursos naturais em unidades de conservação». Ambiente & Sociedade: 79–92. ISSN 1414-753X. doi:10.1590/S1414-753X1999000200007. Consultado em 6 de junho de 2024 
  14. Pereira, Bárbara Elisa; Diegues, Antonio Carlos. «Open Journal Systems». doi:10.5380/dma.v22i0.16054. Consultado em 6 de junho de 2024 
  15. Cordani, Umberto G.; Marcovitch, Jacques; Salati, Eneas (abril de 1997). «Avaliação das ações brasileiras após a Rio-92». Estudos Avançados: 399–408. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40141997000100019. Consultado em 6 de junho de 2024 
  16. Cunha, Manuela Carneiro da (agosto de 1999). «Populações tradicionais e a Convenção da Diversidade Biológica». Estudos Avançados: 147–163. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40141999000200008. Consultado em 6 de junho de 2024 
  17. Loureiro, Violeta Refkalefsky (agosto de 2002). «Amazônia: uma história de perdas e danos, um futuro a (re)construir». Estudos Avançados: 107–121. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40142002000200008. Consultado em 6 de junho de 2024