Usuária:Museu33389/Testes/Hospedaria de Imigrantes do Brás

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A Hospedaria de Imigrantes do Brás foi uma instalação de passagem de migrantes recém-chegados na cidade de São Paulo, que funcionou oficialmente entre os anos de 1888 [1] e 1978. Sua construção fez parte de uma política pública do governo brasileiro de incentivo à migração estrangeira, particularmente a migração italiana e migração japonesa, para provimento de mão de obra para a lavoura cafeeira nas primeiras décadas do século XX. Durante seu período de operação, recebeu em torno de 2 milhões e meio de pessoas, incluindo brasileiros e estrangeiros de mais de 70 nacionalidades e etnias.

Histórico[editar | editar código-fonte]

A respeito do local ideal para a construção da Hospedaria de Imigrantes, consta do relatório apresentado pelo governo da província à Assembleia Legislativa provincial no dia 15 de fevereiro de 1886:

A Hospedaria dos Imigrantes, em São Paulo, em 1910.

Em 1882, foi instalada uma hospedaria para imigrantes no bairro do Bom Retiro. Pequeno e com constantes problemas de epidemias, o local mostrou–se inadequado para os fins a que fora designado. Decidiu–se, então, pela construção de instalações que atendessem às necessidades de recepção do grande número de estrangeiros que para São Paulo afluíam.

Imigrantes europeus posando para fotografia no pátio central da Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo, ca. 1890

"...autorizando a construção do novo edifício para a Hospedaria, determinou que esta ficasse situada nas proximidades das linhas férreas do Norte e Inglesa. O terreno da Luz (já então adquirido) fica próximo só da segunda destas linhas".


Em relatório da Repartição de Obras Públicas, apresentado em 15 de novembro de 1887, lia–se:


"...foram iniciados no correr de julho do mesmo ano (1886) os trabalhos de construção do alojamento de imigrantes e a 7 de junho próximo passado, isto é no intervalo de 10 ½ meses, já se achavam concluídas as seguintes obras:

  1. Ala longitudinal do edifício principal medindo a extensão de 75 metros;
  1. Refeitório e dependências;
  1. Estação–armazém com latrinas para homens;
  1. Lavanderia com tanques e latrinas para mulheres.

Entregue a 19 de junho ao serviço da Inspetoria da Imigração a parte edificada pôde já prestar–se a acomodar cerca de 1200 imigrantes."


Texto de 1908 diz: "A Hospedaria de Imigrantes da capital de São Paulo, construída e inaugurada sob a presidência do Exmo. Sr. Conde de Parnaíba, Antonio de Queiroz Telles, em execução da Lei nº 56, de 21 de março de 1885, é destinada a receber os imigrantes procedentes do estrangeiro ou de outros Estados da União, que, agenciados em seu país ou viajando espontaneamente, procuram o Estado de São Paulo, a fim de localizarem–se na lavoura, nos núcleos coloniais ou nas indústrias. Começava a funcionar a Hospedaria de Imigrantes do Brás.

Usos do edifício[editar | editar código-fonte]

As atividades da Hospedaria podem ser definidas pela tríade recepção-acolhimento-encaminhamento. Para isto contava com dormitórios, refeitório, hospital, enfermaria, sala de registro, estação férrea e agência de colocação em emprego, espaços estes que o visitante pode conferir no museu através de fotografias, artifícios cenográficos, objetos e placas espalhadas pelo edifício que explicitam o antigo uso do espaço durante o funcionamento da Hospedaria.

Em 1887, ainda inacabada, a Hospedaria recebe os primeiros imigrantes devido a uma epidemia na Hospedaria do Bom Retiro que obriga a sua desocupação para quarentena - o término de sua construção se dá em 1888. Além de abrigar a Hospedaria de Imigrantes, este complexo arquitetônico foi utilizado para vários outros fins em diferentes momentos.

Em virtude da Revolta Paulista de 1924, algumas dependências da Hospedaria foram utilizadas como presídio político sob o controle da Secretaria de Segurança Pública. Em 1929 a Hospedaria aloja desabrigados da maior enchente ocorrida na cidade. No ano da Revolução Constitucionalista de 1932 a Hospedaria é ocupada pela Força Pública e utilizada como prisão para partidários do presidente Getúlio Vargas.

Em 1936 o prédio passa por uma reforma que altera algumas de suas características originais, como você pode verificar na maquete que se encontra no módulo 8 da exposição que mostra o edifício antes das modificações. Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial em 1942, o Departamento de Ordem Pública e Social (DOPS) utiliza a Hospedaria no ano de 1943 para deixar sob guarda alguns imigrantes japoneses e alemães, considerados como ‘súditos do Eixo’. Neste mesmo ano foi instalada na Hospedaria a Escola Técnica de Aviação, permanecendo até 1951; vestígio disto é um altímetro que se encontra exposto em uma das vitrines no módulo 3 da exposição.

Em 1978, a Hospedaria encerra oficialmente suas atividades.

Em 1993, o edifício passa a ser administrado pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e a abrigar o Museu da Imigração.


Tombamento do edifício[editar | editar código-fonte]

A sua inclusão nas políticas públicas de preservação do patrimônio vem em 1982, quando é tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), e em 1991, pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. PAIVA, Odair da Cruz. Histórias da (I)migração: Imigrantes e migrantes em São Paulo entre o final do século XIX e o início do século XX. São Paulo: Arquivo Público do Estado de São Paulo, 2013. 252 p. p.58