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Produção em massa

“Os sistemas de produção em massa, à semelhança dos sistemas contínuos, são aqueles empregados na produção em grande escala de produtos altamente padronizados; contudo, estes produtos não são passíveis de automatização em processos contínu os, exigindo participação de mão de obra especializada na transformação do produto.” Tubino (2009). Exemplos de empresas que se utilizam da produção em massa, ainda de acordo com Tubino (2009), são as montadoras de automóveis, eletrodomésticos, grandes confecções têxteis, abate e beneficiamento de aves, suínos, gados, prestação de serviços em grande escala, como transporte aéreo, urbano (ex. metrô), editoração de jornais e revistas, etc. Sob a ótica da produção em massa, a facilidade em se prever uma demanda considerando-a menos variável possível, torna o processo produtivo em massa mais simples de se administrar. Isso porque a estrutura produtiva é pouco flexível e altamente especializada, onde há grandes investimentos em infraestrutura e também mão de obra. Todo esse investimento é amortizado com o tempo de operação da instalação, pois o grande volume de saída de produtos padronizados por intervalos de tempo faz com que o preço unitário caia, barateando o produto final como um todo, mesmo havendo embutido neste produto o custo do processo e projeto para tal produção.

Origem[editar | editar código-fonte]

Até os primórdios do Séc. XIX, a produção era artesanal e voltada para o atendimento das necessidades locais. O surgimento da máquina a vapor e de tear a partir da Primeira Revolução Industrial (1820-1870) trouxe novos rumos aos sistemas de produção e, somente após a Segunda Revolução Industrial (1870-1900), a produção industrial passou a apresentar um elevado crescimento de quantidade e qualidade devido à padronização dos processos produtivos.

Nesse contexto, ao final do Séc. XIX a indústria automobilística é alavancada pelo notável desenvolvimento econômico norte-americano. Através de estudos realizados por Frederick W. Taylor e Henry Ford uma inovadora filosofia de produção começa a ser implantada nas indústrias de automóvel. Surge o conceito de linha de montagem, e as atividades fabris passam a ser substancialmente repetitivas.

O engenheiro mecânico americano Frederick Winslow Taylor, posteriormente considerado o pai da Administração Científica, estudou sistematicamente administração de empresas, gerando um estudo aprofundado a respeito do tema. Taylor propôs as primeiras ideias de divisão do trabalho, focando na fragmentação e especialização das tarefas necessárias para a produção do bem, controlando seus tempos, movimentos e remunerando por desempenho. Em 1913, Henry Ford percebeu que era necessária a transição da montagem estacionária de automóveis para a montagem móvel. Introduziu pela primeira vez a linha de montagem em fluxo contínuo, e lançou o modelo “T”, na fábrica de Highland Park, em Detroit, Estados Unidos.

“Todo cliente pode ter um automóvel de qualquer cor, desde que seja da cor preta” - Henry Ford

Principais Características[editar | editar código-fonte]

A produção em massa apresenta, sinteticamente, as seguintes características:

  • Montagem móvel.
  • Trabalho repetitivo, monótono e sem rotatividade de tarefas.
  • Participação intelectual mínima dos operários da linha.
  • Interação mínima entre os operários
  • Trabalho simplificado, sem atrativos que estimulassem o trabalhador.

Vantagens e desvantagens[editar | editar código-fonte]

A economia de tempo e recursos obtida com a produção em massa vem de vários fatores. Tais fatores podem ser elencados como a redução de vários tipos de esforços não produtivos, de acordo com Womack et al (1992). Exemplificando: na produção artesanal, o artesão precisava adquirir as peças, juntar as diversas partes e, ainda, é necessário localizar as ferramentas que utilizava durante o seu trabalho. Já na produção em massa, cada trabalhador repete um mínimo de tarefas diferentes (o que gera uma especialização do trabalhador), utilizando uma mesma ferramenta ou máquina e realizando operações similares ou idênticas no fluxo contínuo de produtos. A ferramenta certa e os componentes necessários estão sempre a mão, o trabalhador gasta menos tempo obtendo ou preparando materiais e ferramentas, consequentemente, o tempo gasto na produção de um produto é menor do que nos métodos tradicionais. Os resultados mostram que houve alterações significativas dos tempos de montagem dos componentes dos automóveis. A tabela abaixo sintetiza os resultados da implantação das mudanças:

Minutos para montar Produção artesanal outono de 1913 Produção em Massa Primavera 1914
Motor 594 226
Gerador 20 5
Eixo 150 26,5
componentes principais 750 93

Tabela 1: A Planta da General Motors em Framingham versus a Plata da Toyota em Takaoka em 1986

A “produção artesanal tardia”, sistema de produção vigente na época, já incluía no modo de produção elementos da produção em massa, como divisão do trabalho e peças permutáveis. Contudo, o grande diferencial de produção que elevou o patamar de quantidade e qualidade das peças foi a esteira que levava o produto na cadeia produtiva até o trabalhador.

Apesar do grande sucesso desse sistema produtivo, Ford negligenciou alguns problemas pertinentes no sistema de produção, uma vez que não foi desenvolvido um trabalho organizacional no sistema gestacional para administrar o sistema de fábricas, as operações de engenharia e os sistemas de marketing necessários para suprir a produção em massa.

Alfred Sloan observou os problemas que Ford tinha e desenvolveu sistemas gerencias que permitiram a administração descentralizada das operações e de marketing, usando indicadores e relatórios. Apenas depois de tais complementações o sistema de produção em massa caracterizou-se pelo sistema que conhecemos atualmente. Cleto (2008)

A produção em massa tem a característica, em termos de produtos, de ser inflexível e torna difícil a alteração no desenho de um processo de produção em uma linha de produção já instalada. Tal dificuldade é mostrada por Corrêa e Corrêa (2010) quando Henry Ford quis alterar sua linha de produtos para a produção do segundo “Modelo A”.

O resultado direto dessa tentativa foi o fechamento de suas fábricas por seis meses, em 1927, para que as novas instalações fossem feitas gerando um desastre em termos de negócio. Tal ocorrência, mostrada por Corrêa e Corrêa (2010), contribuiu enormemente para a que a General Motors ultrapassasse a Ford como líder mundial em produção de veículos, não perdendo essa liderança pelo menos até o final do século XX.

Além disso, todos os produtos produzidos por uma linha de produção serão idênticos ou muito similares, e não podem ser criados para atender gostos e preferências individuais.

Linha de montagem[editar | editar código-fonte]

Botelho (2000) fala sobre a potencialidade da divisão do trabalho ser levada ao seu limite, introduzindo o conceito de linha de montagem (à época, esteira). Com esse advento, eliminam-se os deslocamentos desnecessários do trabalhador em buscar peças ou matérias-primas, pois o que era necessário para que trabalhadores realizassem seus trabalhos viriam por uma esteira.

Esse “serviço de transporte” trouxe uma inovação ao sistema produtivo ao reinventar a correlação entre divisão do trabalho e produtividade; agora havia um mecanismo que levava o trabalho até o operário, padronizando durações de produção e minimizando outras atividades que cada trabalhador estava contratado a fazer.

De acordo com Womack (1992), a chave para a produção em massa não está apenas na linha de montagem contínua. Deve-se considerar como vantagens, numa abordagem mais ampla, a facilidade de ajustes das peças entre si e possíveis trocas ou substituições. Ainda, o uso em outros segmentos a partir de um segmento base (como um exemplo de uma montadora de automóveis, onde determinadas peças podem ser usadas em outros produtos também).

Não somente as peças e os subprodutos foram considerados intercambiáveis, para Henry Ford, mas até mesmo os trabalhadores operários o foram considerados. Isso porque além da padronização de peças e metodologia, havia a padronização do trabalho e sua especialização, sendo relativamente fácil a sua substituição caso fosse conveniente.

O auge da Produção em Massa[editar | editar código-fonte]

No ano de 1955 o mercado automobilístico estava praticamente dominado por 3 grandes montadoras que utilizavam o sistema de produção em massa: Ford, GM e Chrysler. As três detinham 95% das vendas dos 7 milhões de veículos dos EUA. As empresas norte-americanas possuíam a parcela de 75% da produção mundial de automóveis, as europeias, que operava com os mesmos padrões americanos, tinha cerca de 22% ou 23% da produção, sobrando apenas 2% ou 3% para o resto do mundo. (CLETO, 2008)

Processos de Produção em Massa[editar | editar código-fonte]

Caracterizam-se os processos em que as operações essencialmente repetitivas e amplamente previsíveis, possuindo um alto volume e estreita variedade de produto. O produto pode ter, por exemplo, cores e tamanhos diferentes sem deixar de caracterizar um produto obtido pela produção em massa, porque as diferentes variantes do produto não afetam o processo básico da produção (Slack, 2009).

Referências[editar | editar código-fonte]

BOTELHO, Adriano. Do Fordismo à Produção Flexível: A Produção do Espaço num Contexto de Mudança das Estratégias de Acumulação do Capital. Dissertação de Mestrado. São Paulo: USP, 2000. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-22052003-224444/pt-br.php>. Acesso em: 22 de fev. de 2013.

CLETO, Marcelo G.. Planejamento e Organização da Produção. 2008.

CORRÊA, Henrique L.; CORRÊA, Carlos A.. Administração de Produção e Operações. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010.

SLACK, Nigel. Administração da Produção. 3ª ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.

TUBINO, Dalvio F.. Planejamento e Controle da Produção: Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.

WOMACK, James P.; JONES, Daniel T.; ROOS, Daniel. A Máquina que Mudou o Mundo. 10. ed. Rio de Janeiro: Editora Câmpus, 1992.