Usuário(a) Discussão:Odailta Alves

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Odailta Alves da Silva, natural do Recife, nasceu em 14 de julho de 1979. Viveu até os 23 anos de idade na Favela de Santo Amaro, precisamente, no Campo do Onze, Recife-Pernambuco. Quando menina, escapou das balas e das drogas que eram servidas diariamente. É escritora, educadora e atriz. Filha de Amara e Regina, mãe e avós negras, analfabetas, mestras de sua vida por meio das narrativas orais, exemplos e incentivos diários. É mãe de Douglas e Stefane, as doses diárias para continuar firme da luta. Morava num barraco com mais oito familiares e foi a primeira pessoa dessa família a aprender a ler. Para ela, alfabetizar-se foi uma grande conquista e tornar-se escritora foi uma revolução contra essa sociedade excludente, racista e preconceituosa.

É funcionária pública do Estado de Pernambuco e do Recife. Trabalha na Unidade de Educação para as relações Étnico-raciais (UNERA), que localiza-se GEIDH - Gerência de Políticas Educacionais para Educação Inclusiva, Direitos Humanos e Cidadania, da Secretaria de Educação de Pernambuco e também encontra-se gestão de uma escola municipal. Ocupando esses cargos públicos, faz questão de dizer que "não É governo, é Estado e Município". Odailta é doutoranda em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco, na qual pesquisa a influência africana na Língua Portuguesa, em seu mestrado pesquisou essa influência tendo como corpus a obra de Ascenso Ferreira. Nessa pesquisa, teve a oportunidade de resgatar suas raízes, tirar a química do embranquecimento do cabelo e da alma.

Desde que começou a ler, tinha cadernos de poesia, nos quais copiava os textos que achava bonitos. Aos poucos foi iniciando um processo de escrita mais intimista, falando sobre as dores de amor, saudade, solidão, possui mais de 250 poemas dessa natureza.

Em 2016, após o golpe político sofrido pelas minorias em espaços de poder, o sentimento de tristeza e revolta com as perdas de direitos dos negros e pobres do Brasil invadiram sua poesia, sua inspiração voltou-se predominantemente para as questões sociais, sobretudo, para o combate ao racismo. Seus versos enegrecem o padrão, trazem a voz da mulher e do homem negros, que diariamente sofrem com a crueldade do racismo. Essa voz negra na Literatura já existe há décadas,e sempre nesse processo da dura resistência e luta por espaços, entre outros escritos, citamos os de Maria Firmino dos Reis, Carolina Maria de Jesus, Auta de Souza, Inaldete Pinheiro e Miriam Alves. Seu primeiro livro "Clamor Negro" é uma voz silenciada histórica e socialmente, eu lírico que clama por justiça, igualdade, reparação, equidade e tantas ânsias do povo negro da Nação, até então ja vendeu mais de 2.700 (2020) exemplares! O segundo lançamento foi de dois livros "Escrevivências" (narrativas pretas) e "Cativeiro de versos" (poemas diversos), lançados em 2018. O quarto livro lançado foi o “Letras Pretas” que questiona as opressões sofridas pelas mulheres negras historicamente e a naturalização do padrão brancocêntrico dessa sociedade; denuncia e levanta reflexões acerca do genocídio da juventude negra, entre tantas outras situações de opressão impostas à população negra no Brasil. Em 2020, lança o livro Pretos Prazeres, que 50 minicontos eróticos que buscam quebrar um pouco com a narrativa da dor e trazer os corpos negros em lugar de afeto, sentimento, desejo, prazer.

Odailta afirma que não tem medo de ser chamada de panfletária, autobiográfica, pois o seu maior compromisso é com as questões sociais, a Literatura é instrumento para tocar, despertar o público para as crueldades do racismo, homofobia, machismo e tantas outra opressões. A autora analisa que, de certo modo, todo escritor é panfleto de si mesmo, escreve a partir de suas vivências, o lamentável é que literatura de preta, indígena, cigana, LGBTQI, favelada são apontadas como panfletárias, enquanto a escrita do grupo privilegiado socialmente, a branquitude, é naturalizada, é tida como A Literatura.

No teatro, interpretou três obras de Nelson Rodrigues, Vestido de Noiva, Toda Nudez será Castigada e O Delicado. Já dirigiu peças escolares. E em 15 de novembro de 2017, estreou como atriz, escritora e diretora do espetáculo Clamor Negro, no Espaço teatral O Poste Soluções Luminosas, ao lado de Suh Amorim, Allan Sales e Preto Fonseca. Com quatro dias de temporada, esse espetáculo também foi apresentado no espaço de resistência Negra Daruê Malungo, no Museu da Abolição e FAFIRE. Sua peça Uma Princesa Negra ja foi interpretada por grupos de teatro de Mossoró e de São Paulo.

Faz questão de participar dos saraus do Recife, entre eles, Sarau da Boa Vista, Sarau das Artes, Sarau do Poesis, Slam das Minas PE. Odailta ganhou em primeiro lugar o Concurso imternacional de Poesia da Casa de Espanha (RJ- 2017) e o Festival Estadual e Nacional Elas por Elas (Natal- 2019).