Mostrar código-fonte de Winteraceae

{{Info/Taxonomia
| nome = Winteraceae
| período_fóssil = {{fossil range|Albiano|recente|[[Albiano]] - recente|ref=<ref name=mobot>{{Cite web |title=Canellales|url=http://www.mobot.org/mobot/research/apweb/orders/canellalesweb.htm|access-date=2023-07-20|website=www.mobot.org}}</ref><ref name=Walker1983>{{Cite journal|last1=WALKER|first1=J. W.|last2=BRENNER|first2=G. J.|last3=WALKER|first3=A. G.|date=1983-06-17|title=Winteraceous Pollen in the Lower Cretaceous of Israel: Early Evidence of a Magnolialean Angiosperm Family|url=http://dx.doi.org/10.1126/science.220.4603.1273|journal=Science|volume=220|issue=4603|pages=1273–1275|doi=10.1126/science.220.4603.1273|pmid=17769368|bibcode=1983Sci...220.1273W|s2cid=23964110|issn=0036-8075}}</ref>}}
| imagem = Drimys winteri.jpg
| imagem_legenda = ''[[Drimys winteri]]''
| reino = [[Plantae]] 
| clado1 = [[Traqueófitas]] 
| clado2 = [[Angiospermas]] 
| clado3 = [[Magnoliídeas]]
| ordem = [[Canellales]]
| família = '''Winteraceae'''
| família_autoridade = [[Robert Brown|R.Br.]] ''ex'' [[John Lindley|Lindl.]], 1830
| subdivisão_nome = Géneros<ref name=APWeb /><ref>[http://data.kew.org/cgi-bin/vpfg1992/genlist.pl?WINTERACEAE ''Winteraceae em APWeb]</ref>
| subdivisão = 
*''[[Drimys]]''
*''[[Pseudowintera]]''
*''[[Takhtajania]]''
*''[[Tasmannia]]''
*''[[Zygogynum]]''
| sinónimos=
* [[Taktajaniaceae]]
}}
[[File:Drimys winteri-canelo joven.JPG|thumb|Planta jovem de ''Drimys winteri''.]]
[[File:Icones selectae plantarum quas in systemate universali (Tab. 083).jpg|thumb|Ilustração botânica de ''Icones selectae plantarum quas in systemate universali'', grav. 083, mostrando ''[[Drimys winteri]]''.]]
[[File:Drimys winteri RJB.jpg|thumb|Inflorescência de ''[[Drimys winteri]]''.]]
[[File:Illustration from Medical Botany, digitally enhanced from rawpixel's own original plates 53.jpg|thumb|Ilustração de ''Medical Botany'', grav. 53, mostrando ''[[Drimys winteri]]'']]
[[File:Dwarf Canelo (3440550574).jpg|thumb|Flores de ''[[Drimys andina]]'']]
[[File:Flowers of Drimys granadensis.jpg|thumb|Flores de ''[[Drimys granadensis]]'']]
[[File:Tasmannia insipida Minnamurra Falls Carpark.jpg|thumb|Bagas de ''[[Drimys insipida]]'']]
[[File:Canelo (Drimys winteri) fruits (Inao Vásquez).jpg|thumb|Frutos de ''[[Drimys winteri]]'']]
[[File:Tasmannia lanceolata dried fruits.jpg|thumb|Frutos secos da pimenta-da-montanha-da-tasmânia (''[[Tasmannia lanceolata]]'', sin.: ''[[Drimys lanceolata]]''), que é utilizada como especiaria.]]
'''Winteraceae''' é uma [[Família (biologia)|família]] de [[plantas com flor]] da ordem [[Canellales]] do grupo das [[magnoliídeas]], que agrupa cerca de 93 [[espécie]]s<ref>{{cite web|url=https://powo.science.kew.org/taxon/urn:lsid:ipni.org:names:77126568-1 |title=Winteraceae R.Br. ex Lindl. &#124; Plants of the World Online &#124; Kew Science |publisher=Plants of the World Online |date= |accessdate=2021-11-26}}</ref> de [[árvore]]s e [[arbusto]]s repartidas por 5 [[Género (biologia)|géneros]].<ref name=APWeb>{{cite web |last=Stevens |first=P.F. |title=Winteraceae |work=Angiosperm Phylogeny Website |url=http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/orders/canellalesweb.htm#Winteraceae}}</ref> As espécies desta famílias ocorrem em em regiões de [[clima tropical]] a temperado, principalmente no [[Hemisfério Sul]], com [[distribuição natural]] numa vasta região que vai da [[Malésia]], [[Oceânia]], leste da [[Austrália]] até à [[Nova Zelândia]], em [[Madagáscar]] e nos [[Neotrópicos]],<ref name=Hutchinson /> com a maioria dos géneros concentrados na [[Australásia]] e na [[Malésia]]. A maioria das espécies ocorre em [[habitat]]s de [[Floresta húmida|florestas húmidas]], florestas [[Floresta montana|alto-montanas]] ou em ambientes pantanosos.<ref>Judd, W.S.; Campbell, C.S.; Kellogg, E.A. & Stevens, P.F. 1999. Plant systematics: A Phylogenetic Approach. Sinauer Associates, Sunderland, Massachussets. 464p. </ref> Muitos dos membros da família são fragrantes e são utilizados na produção de [[óleo essencial|óleos essenciais]].
==Descrição==
===Morfologia===
Os membros da família Winteraceae são árvores ou arbustos lenhosos, com tecidos ricas em óleos aromáticos, com xilema que revela uma estrutura anatómica composta inteiramente de [[traqueídeo]]s longitudinais, [[parênquima]] axial, raios e com grandes pontoações nas folhas e no ritidoma.<ref>DE ABREU, DANIELA CLEIDE AZEVEDO et al. Caracterização morfológica de frutos e sementes de cataia (Drimys brasiliensis Miers.-Winteraceae). Embrapa Florestas-Artigo em periódico indexado (ALICE), 2005.</ref>

Apresentam [[folha]]s alternas, com pontos verdes claros e um aroma perfumado. As [[estípula]]s estão ausentes. 

As [[flor]]es são pequenas, geralmente bissexuais, aparecendo maioritariamente em [[inflorescência]]s do tipo [[Cimeira (botânica)|cimeira]] ou [[Fascículo (botânica)|fascículo]]. Têm duas a seis [[sépala]] livres e valvadas, embora estejam unidas em ''Drimys''.<ref name=Hutchinson /> As [[pétala]]s ocorrem em duas ou mais séries. As flores apresentam numerosos [[estame]]s e um a vários [[carpelo]]s.<ref>WINTERACEAE. [S. l.], 2010. Disponível em: https://www.britannica.com/plant/Winteraceae. Acesso em: 13 nov. 2019.</ref> O [[pólen]] é monoaperturado.

Apresentam [[carpelos]] plicados, caracteres utilizados por muito tempo para considerar as Winteraceae como uma das famílias mais primitivas do grupo das [[angiospermas]]. Em todas as espécies desta família, os caracteres distintivos das tétrades de pólen libertadas são facilmente reconhecidos utilizando [[Micrografia|microscopia de luz e eletrónica]].<ref name=":0" /><ref>{{cite journal|last1=an der Ham|first1=Raymond|last2=Joan van Heuven|first2=Bertie|year=2002|title=Evolutionary trends in Winteraceae pollen|journal=Grana|volume=41|issue=1|pages=4–9|doi=10.1080/00173130260045431|s2cid=216590732 }}</ref>

A família Winteraceae é caracterizada pela ausência de [[elementos de vaso]] no seu [[xilema]],<ref name=":1">{{cite journal |author=Taylor S. Feild, Tim Brodribb & N. Michele Holbrook |year=2002 |title=Hardly a relict: freezing and the evolution of vesselless wood in Winteraceae |journal=[[Evolution (journal)|Evolution]] |volume=56 |issue=3 |pages=464–478 |doi=10.1554/0014-3820(2002)056[0464:HARFAT]2.0.CO;2 |pmid=11989678 |url=http://www.oeb.harvard.edu/faculty/holbrook/papers/hol_EVOL_464.pdf }}</ref> tendo em seu lugar [[traqueídeo]]s. Esta característica torna estas plantas relativamente imunes a [[Embolia do xilema|embolias do xilema]] causadas por temperaturas negativas. Além disso, a [[oclusão vascular]] pode ocorrer perto das aberturas dos [[estoma]]s, impedindo a entrada de água em excesso.<ref name=APWeb /> Há assim algumas evidências de que os traqueídeos oferecem algumas vantagens sobre os vasos do [[xilema]], pois evitam o [[embolismo]] devido ao congelamento, o que permitiria retenção de folhas e de alguma [[fotossíntese]] em condições de inverno.

Os principais traços morfológicos da família Winteraceae são os seguintes:
* Pequenas [[árvore]]s até 13 m de altura ou [[arbusto]]s (por vezes não superior a 10 cm de altura), perenes, glabras ou por vezes com papilas piliformes ou [[tricoma]]s minúsculos, aromáticas, raramente epífitas ou trepadoras (em ''[[Drimys]]'').
* [[Folha]]s espiraladas, raramente subverticiladas, simples, inteiras, geralmente pecioladas, pinatinervadas, broquidódromas, sem estípulas, frequentemente com glândulas translúcidas minúsculas, face inferior frequentemente glaucosa, supervolutas. [[Estoma]]s paracíticos.
* [[Caule]]s com ramificação simpodial ou monopodial, botões sem escamas (exceto em ''[[Drimys]]''). Vasoss do [[xilema]] ausentes. Nó bi- ou trilacunado, com 3 traços foliares. São comuns [[estolho|estolões]] e [[ramo ladrão|ramos ladrões]]. Casca aromática, muitas vezes com um sabor pungente ou mais raramente amargo.
* [[Inflorescência]]s terminais, intercalares ou axilares, inflorescências parciais nas axilas das [[bráctea]]s agrupadas formando dicásios simples ou compostos, frequentemente reduzidas a tríades, ou flores solitárias.
* [[Flor]]es brancas a amarelas ou vermelhas, perfeitas (unissexuais em ''[[Tasmannia]]''), [[actinomorfa]]s a dissimétricas, hipóginas, com as diferentes peças em espiral ou aparentemente em espirais. [[Recetáculo]] curto ou longo. Disco hipogínico ausente. [[Cálice (botânica)|Cálice]] caliptrado, com uma pequena abertura apical fechada por 2-4(-6) lóbulos em verticilo, quebrando cedo e persistente (e.g. em ''[[Zygogynum]]'') ou então quebrando na [[antese]] e decíduo (e.g. em ''[[Drimys]]''). [[Pétala]]s (0-)2-50, em 3 [[verticilo]]s, inteiras, livres ou as exteriores soldadas e rompendo na antese (''[[Zygogynum]]''), o seu número é variável mesmo na mesma planta. [[Androceu]] de 3-100 [[estame]]s em 3-5 verticilos, livres, em número variável na mesma planta, [[filamento (botânica)|filamentos]] curtos e grossos ou longos e cilíndricos, [[antera]]s 4 esporangiadas (2 esporangiadas em ''[[Zygogynum]]''), [[teca (botânica)|teca]] apical e basifixa à lateral, [[deiscência]] lateroextrorsa por fenda longitudinal, [[conectivo]] pouco desenvolvido, apicalmente proeminente em ''[[Zygogynum]]''. [[Gineceu]] suculento, com 1-50 carpelos em verticilo, apocárpico a variadamente sincarpado, [[Estilo (botânica)|estilo]] ausente, [[estigma (botânica)|estigma]] 1 por carpelo, (sub)sésseis, circulares a lineares, adaxiais, por vezes estendendo-se ao longo de toda a margem adaxial do carpelo, ou 1 por ovário, capitado (''[[Takhtajania]]''), geralmente húmido e papiloso; [[óvulo (botânica)|óvulo]]s (1-)2-muitos em geralmente 1 fileira em cada uma das 2 [[placentação|placentações]] parietais, lineares, opostas, paralelas ao estigma, anatrópicas, apotróficas, bitégmicas, crassinuceladas, com opérculo nuclear, ou placentações axiais em ovários sincarpados.
* [[Fruto]] em [[baga]], por vezes muito duro devido aos [[esclereídeo]]s, com ou sem polpa; em ovários sincarpados, por vezes fundidos num [[sincarpo]]; em ''[[Takhtajania]]'' o fruto é aparentemente uma cápsula septada.
* [[Semente]]s poucas a muitas, geralmente obovóides, de eixo reto ou curvo, lisas a pustulosas, com [[testa]] cinzento-escura a negra, duras, quebradiças, [[endosperma]] abundante, oleoso, [[embrião]] muito pequeno, ovoide e ligeiramente bilobado apicalmente.
* [[Pólen]] geralmente em tétrades, tetraédrico, raramente em mónadas (em alguns ''[[Zygogynum]]''), [[citoplasma]]s separados por ectexina ou em contacto; grãos geralmente com um poro distal, raramente unicolpados (tricotomocolpados), [[ectexina]] bem desenvolvida distalmente, com um teto reticulado, columelas e camada basal, apenas esta última presente nos septos de separação de cada grão tétrade paredes rectas ou onduladas, columelas em uma ou raramente em duas filas, lumina grande e irregular, [[endexina]] e [[ectexina]] finas, gradualmente espessadas em direção à abertura, poros irregulares com um bordo espessado de endexina, [[intina]] por vezes saliente numa cúpula a partir da abertura.
* [[Número cromossómico]]: dois números básicos presentes: ''[[Zygogynum]]'', ''[[Pseudowintera]]'' e ''[[Drimys]]'' têm ''n'' = 43, com tetraploidia ocasional e [[cromossoma]]s pequenos, enquanto ''[[Tasmannia]]'' tem ''n'' = 13, com tetraploidia ocasional e cromossomas médios; ''[[Takhtajania]]'' tem ''n'' = 18.
=== Fitoquímica ===
Os membros de Winteraceae apresentam cristais de [[oxalato de cálcio]] no [[mesófilo]] das folhas. Óleos essenciais e resinas isoprenóides amplamente distribuídos pela planta, pelo que muitas têm um sabor picante. Raros [[alcalóide]]s. Estão presentes [[flavonas]], [[Flavonol|flavonóis]] e [[Flavanonol|flavanonóis]] (como a [[dihidroquercetina]]), bem como [[tanino]]s e [[proantocianidina]]s. Alguns representantes são acumuladores de [[alumínio]].

O género ''[[Drimys]]'' é cianogenético.
===Ocorrência=== 
As Winteraceae são uma família associada essencialmente ao [[hemisfério sul]] e à [[flora antárctica]] e podem ser encontradas geralmente em regiões húmidas temperadas e subtropicais do hemisfério sul e também a altitudes mais elevadas nos trópicos húmidos, desde regiões tropicais a regiões temperadas da [[Malésia]], [[ecozona da Oceânia]], leste da [[Austrália]], [[Nova Zelândia]], [[Madagáscar]] e da [[região neotropical]]. Esta família desapareceu do [[registo fóssil]] de [[África]] há aproximadamente 24 milhões de anos.

As plantas desta família ocorrem principalmente no hemisfério sul, e são encontradas em regiões de clima tropical a temperado da [[Malésia]], [[Oceânia]], leste da [[Austrália]], [[Nova Zelândia]], [[Madagáscar]] e nos [[Neotrópicos]],<ref name=Hutchinson /> com a maioria dos géneros concentrados na Australásia e na Malésia, região onde se localiza o [[centro de diversidade]] do grupo. 

Os cinco géneros, ''[[Takhtajania]]'', ''[[Tasmannia]]'', ''[[Drimys]]'', ''[[Pseudowintera]]'' e ''[[Zygogynum]] s.l.'', têm todos populações geográficas distintas. ''[[Takhtajania]]'' inclui uma única espécie, ''[[Takhtajania perrieri]]'', endémica em Madagáscar; ''[[Tasmannia]]'' tem a maior distribuição de géneros em Winteraceae, com espécies nas [[Filipinas]], [[Bornéu]], [[Nova Guiné]], leste da [[Austrália]] e [[Tasmania]]; ''[[Drimys]]'' encontra-se no [[Neotropis|domínio neotropical]], desde o sul do México até às florestas subárcticas do sul da América do Sul; ''[[Pseudowintera]]'' encontra-se apenas na [[Nova Zelândia]]; e ''[[Zygogynum]]'' tem espécies na Nova Guiné e na [[Nova Caledónia]].<ref>{{Cite journal|last1=Marquínez|first1=Xavier|last2=Lohmann|first2=Lúcia G.|last3=Salatino|first3=Maria L. Faria|last4=Salatino|first4=Antonio|last5=González|first5=Favio|date=Novembro 2009|title=Generic relationships and dating of lineages in Winteraceae based on nuclear (ITS) and plastid (rpS16 and psbA-trnH) sequence data|url=https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1055790309002607|journal=Molecular Phylogenetics and Evolution|language=en|volume=53|issue=2|pages=435–449|doi=10.1016/j.ympev.2009.07.001|pmid=19580880}}</ref>
=== Ecologia ===
As flores das Winteraceae têm um odor moderado a forte, que varia de perfumado a frutado ou a peixe. As flores bissexuais são protândricas, com os estigmas a segregarem [[néctar]] na fase feminina enquanto os estames estão fechados, enquanto na fase masculina os filamentos estaminados aumentam de tamanho e as anteras abrem-se, enquanto os estigmas já não estão receptivos. As fases podem ou não sobrepor-se.

As flores geralmente fecham à noite, mas não em ''[[Pseudowintera]]'' ou em algumas ''[[Tasmannia]]''. As flores podem durar de algumas horas a 12 dias. Num espécime o número de flores abertas pode variar de 2 a várias centenas.

Diferentes tipos de insectos visitam as flores, sendo particularmente interessante a relação de espécies de ''[[Sabatinca]]'' ([[Lepidoptera]], [[Micropterygidae]]) com a polinização de ''[[Zygogynum baillonii]]'' e ''[[Zygogynum bicolor]]''. Em alguns casos, a polinização é [[anemófila]].

Algumas espécies são auto-compatíveis e a [[apomixia]] é conhecida em ''[[Drymis piperita]]''. Alguns pássaros estão envolvidos na dispersão dos frutos em ''[[Pseudowintera]]'' e ''[[Drimys brasiliensis]]'', mas em ''[[Zygogynum]]'' os frutos são libertados na árvore. A reprodução por estratificação e estolonização é por vezes importante em ''[[Drimys]]''.

As espécies da família Winteraceae fazem parte do [[dossel florestal]] e do sub-bosque das florestas subtropicais e tropicais de baixa a média altitude, por vezes em florestas e charnecas temperadas montanas (até 4175 m de altitude) ou marítimas.
==Filogenia e taxonomia==
===Filogenia===
Análises filogenéticas posicionaram a família Winteraceae na ordem [[Canellales]] como [[grupo-irmão]] de [[Canellaceae]], família de espécies arbóreas que possuem elementos de vaso, sendo indicativo que a ausência pode ser um estado [[apomórfico]] e não [[plesiomórfico]]<ref>HERTZOG, Anelise et al. Winteraceae do Rio Grande do Sul, Brasil. Rodriguésia, [S. l.], p. 1-10, 9 nov. 2015. DOI 10.1590/2175-7860201667113. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-78602016000100251. Acesso em: 9 nov. 2019.</ref>.

Esta família é de particular interesse filogenético por ser grupo de angiospérmicas tão primitivas, distantemente relacionada com as [[Magnoliaceae]], embora tenha uma distribuição muito mais meridional.<ref name=Hutchinson>{{cite book| title=The Families of Flowering Plants| last=Hutchinson| year=1973| publisher=Oxford at the Clarendon Press}}</ref> Estima-se que esta família tenha existido desde há 105 e, pelo menos, desde há 35 milhões de anos atrás.<ref name=APWeb /><ref name=":0">{{Cite journal|last1=Grímsson|first1=Friðgeir|last2=Grimm|first2=Guido W.|last3=Potts|first3=Alastair J.|last4=Zetter|first4=Reinhard|last5=Renner|first5=Susanne S.|date=2018|title=A Winteraceae pollen tetrad from the early Paleocene of western Greenland, and the fossil record of Winteraceae in Laurasia and Gondwana|url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/jbi.13154|journal=Journal of Biogeography|language=en|volume=45|issue=3|pages=567–581|doi=10.1111/jbi.13154|s2cid=91077162 |issn=1365-2699}}</ref>

Sendo uma das poucas angiospérmicas que formam tétrades persistentes com escultura proeminente, o [[pólen]] de Winteraceae é raro mas fácil de identificar no [[registo fóssil]].<ref name=":0" /> Amostras de pólen (''[[Walkeripollis]]'') encontradas em depósitos do [[Cretácio]] no [[Gabão]] podem indicar que a família tem pelo menos 120 milhões de anos,<ref>Doyle, J. A. 1999. The rise of angiosperms as seen in the African Cretaceous record. Pp. 3-29, in Scott, L., Cadman, A., & Verhoeven, R. (eds), Proceedings of the Third Conference on African Palynology, Johannesburg, 14–19 September 1997. A. A. Balkema, Rotterdam.</ref> mas a associação desses fósseis com Winteraceae é incerta.<ref name=":0" /> Conhecem-se também fósseis de pólen desta família do [[Aptiano]] Superior-Baixo [[Albiano]] (há 125 Ma) e fósseis de madeira (''[[Winteroxylon]]'') do [[Santoniano]]-[[Campaniano]] (85-70 Ma) da [[ilha James Ross]], na Antárctida.

Se conoce polen fósil de esta familia  del Cretácico de Gabón y del Aptiense superior-Albiense inferior (hace 125 Ma) y madera fósil (''Winteroxylon'') del Santoniense-Campaniense (85-70 Ma) de la isla James Ross en la Antártida.

Os fósseis mais antigos e inequívocos de Winteraceae são do meio para o final do [[Albiano]] de [[Israel]] (~110 milhões de anos; descritos como ''[[Qatanipollis]]''). <ref name=Walker1983/> Fósseis de pólen indicam que a distribuição foi muito mais ampla do que é agora,<ref name=APWeb /> atingindo o norte até a [[Gronelândia]] durante o [[Paleoceno]] ([[Daniano]]),<ref name=":0" /> e desaparecendo da [[África]] continental ([[Península do Cabo]], África do Sul) no [[Mioceno]].<ref>{{Cite journal|last1=Coetzee|first1=J. A.|last2=Praglowski|first2=J.|date=1988|title=Winteraceae pollen from the miocene of the southwestern cape (south africa)|url=http://dx.doi.org/10.1080/00173138809427730|journal=Grana|volume=27|issue=1|pages=27–37|doi=10.1080/00173138809427730|issn=0017-3134|doi-access=free}}</ref>

Igualmente caraterística é a madeira de Winteraceae, que carece de [[Elemento de vaso|vasos de xilema]], em contraste com a maioria das outras [[plantas com flor]].<ref name=":1" /> A madeira fóssil de Winteraceae foi encontrada em depósitos datados do [[Cretáceo Superior]] ao [[Paleogénico]] (c. 85-35 milhões de anos atrás) da [[Antártida]] ([[Santoniano]]-[[Campaniano]]),<ref>{{Cite journal|last=Poole|first=I|date=2000|title=The First Record of Fossil Wood of Winteraceae from the Upper Cretaceous of Antarctica|journal=Annals of Botany|volume=85|issue=3|pages=307–315|doi=10.1006/anbo.1999.1049|issn=0305-7364|doi-access=free}}</ref> oeste da América do Norte ([[Central Valley (Califórnia)|Central Valley]], Califórnia; [[Maastrichtiano]])<ref>{{Cite journal|last=Page|first=Virginia M.|date=1979|title=Dicotyledonous wood from the Upper Cretaceous of central California|journal=Journal of the Arnold Arboretum|volume=60|issue=3|pages=223–249|doi=10.5962/p.185886|s2cid=134127930|doi-access=free}}</ref> e Europa ([[Helmstedt]], Alemanha; [[Eoceno]]).<ref>{{Cite journal|last=Gottwald|first=H|date=1992|title=Hölzer aus marinen Sanden des oberen Eozän von Helmstedt (Niedersachsen)|journal=Palaeontographica Abteilung B|volume=225|pages=27–103}}</ref>
===Posição filogenética da família===
As Winteraceae foram inicialmente colocadas como um [[grupo basal]] dentro das angiospérmicas devido à sua madeira sem vasos.<ref name=":2">{{Cite journal|last1=Soltis|first1=Pamela S.|last2=Soltis|first2=Douglas E.|date=outubro 2004|title=The origin and diversification of angiosperms|journal=American Journal of Botany|language=en|volume=91|issue=10|pages=1614–1626|doi=10.3732/ajb.91.10.1614|pmid=21652312|issn=0002-9122|doi-access=free}}</ref> Os [[Elemento de vaso|vasos do xilema]] foram vistos como um importante caráter evoluído para a diversificação e sucesso das angiospermas, de modo que a madeira sem vasos foi vista como uma caraterística arcaica, resultando na colocação basal das Winteraceae. No entanto, o progresso da [[filogenia molecular]] colocou as Winteraceae dentro das [[magnoliídeas]], bem dentro das angiospermas.<ref name=":2" /> Esta colocação sugere que a madeira sem vasos das Winteraceae foi um carácter derivado e não ancestral.

Através do registo de pólen fóssil, é possível postular que as Winteraceae se tenham movido do norte de [[Gondwana]] através do sul de Gondwana no [[Cretáceo]].<ref name=":3">{{Cite journal|last1=Feild|first1=Taylor S.|last2=Zwieniecki|first2=Maciej A.|last3=Holbrook|first3=N. M.|date=2000|title=Winteraceae Evolution: An Ecophysiological Perspective|url=https://www.jstor.org/stable/2666192|journal=Annals of the Missouri Botanical Garden|volume=87|issue=3|pages=323|doi=10.2307/2666192|jstor=2666192}}</ref> Isto significou o movimento de ambientes húmidos quentes para ambientes húmidos temperados onde ocorreram eventos de congelamento e descongelamento. A madeira sem vasos tem 20% da [[condutividade]] da água da madeira com vasos, no entanto, sob eventos de congelamento, a madeira com vasos perde até 85% da condutividade da água, enquanto a madeira sem vasos perde no máximo 6% da condutividade de água.<ref>{{Cite journal|last1=Feild|first1=Taylor S.|last2=Brodribb|first2=Tim|last3=Holbrook|first3=N. Michele|date=2002|title=Hardly a Relict: Freezing and the Evolution of Vesselless Wood in Winteraceae|url=https://www.jstor.org/stable/3061586|journal=Evolution|volume=56|issue=3|pages=464–478|doi=10.1111/j.0014-3820.2002.tb01359.x|jstor=3061586|pmid=11989678|s2cid=31376453|issn=0014-3820}}</ref>

A capacidade de evitar uma limitação hídrica grave e, por conseguinte, a queda de folhas, é hipotetizada como uma [[pressão evolutiva]] importante por trás da reversão para a madeira sem vasos. Este facto é ainda apoiado pela hipótese da [[heteroxila]], em que os vasos "primitivos" conferiam pouca diferença na eficiência hidráulica do caule em condições normais em comparação com as angiospérmicas sem vasos. Isto indicaria que a pressão dos eventos de congelamento e descongelamento, e o subsequente risco de embolia, seriam um fator evolutivo mais forte em comparação com as restrições hidráulicas mais fracas da madeira sem vasos em comparação com os vasos "primitivos".<ref>{{Cite journal|last1=Hudson|first1=Patrick J.|last2=Razanatsoa|first2=Jacqueline|last3=Feild|first3=Taylor S.|date=janeiro 2010|title=Early vessel evolution and the diverisification of wood function: Insights from Malagasy Canellales|url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.3732/ajb.0900130|journal=American Journal of Botany|language=en|volume=97|issue=1|pages=80–93|doi=10.3732/ajb.0900130|pmid=21622369|issn=0002-9122}}</ref> 

Este movimento de ambientes quentes e húmidos para ambientes húmidos com temperaturas onde ocorreram eventos de congelamento e descongelamento é visto como a pressão evolutiva por trás da reversão única para madeira sem vasos que ocorreu em Winteraceae.

Outra caraterística das Winteraceae que foi considerada como indicando uma posição basal na filogenia foi a presença de tampões estomáticos cerosos, considerados como limitando a perda de água na respiração e, portanto, uma caraterística arcaica para limitar a perda de água.<ref>{{Cite book|last=Cronquist|first= Arthur|url=http://worldcat.org/oclc/180644501|title=An integrated system of classification of flowering plants|year=1981|isbn=0-231-03880-1|oclc=180644501}}</ref>

No entanto, estudos posteriores mostraram que, nestes ambientes húmidos, a cobertura de água na superfície das folhas diminui as [[Fotossíntese|taxas fotossintéticas]] e que os tampões estomáticos cerosos reduzem esta cobertura de água, reduzindo assim os impactos negativos na capacidade fotossintética.<ref>{{Cite journal|last1=Liang|first1=Xiao-Qing|last2=Lu|first2=Ping|last3=Zhang|first3=Jian-Wei|last4=Su|first4=Tao|last5=Zhou|first5=Zhe-Kun|date=setembro 2018|title=First fossils of Zygogynum from the Middle Miocene of Central Yunnan, Southwest China, and their palaeobiogeographic significance|url=https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1871174X1830009X|journal=Palaeoworld|language=en|volume=27|issue=3|pages=399–409|doi=10.1016/j.palwor.2018.05.003|s2cid=135342481}}</ref> Espécimes de Winteraceae com tampões estomáticos removidos viram diminuições nas taxas fotossintéticas de até 40%.<ref name=":3" /> Isto mostra ainda que caracteres outrora considerados arcaicos podem ser adaptações derivadas a ambientes húmidos temperados.
===Classificação===
As Winteraceae são um grupo primitivo de [[angiospermas]], que, dependendo do sistema de classificação e dos caracteres considerados, foram incluídas no grupo [[Polycarpicae]] ou foram colocadas perto das [[Schisandraceae]] ou das [[Canellaceae]].<ref> [http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/welcome.html AP-website].</ref>

De acordo com o [[sistema APG I]], de 1998, a família foi mantida em ''[[incertae sedis]]'', não sendo atribuída a qualquer [[Ordem (biologia)|ordem]],<ref name=APG>{{cite journal |last=Angiosperm Phylogeny Group |year=1998 |title=An ordinal classification for the families of flowering plants |journal=Annals of the Missouri Botanical Garden |volume=85 |issue=4 |pages=531–553 |jstor=2992015 |doi=10.2307/2992015|url=https://www.biodiversitylibrary.org/part/2234 }}</ref> mas desde então foi colocado em [[Canellales]] pelo [[sistema APG II]], ordem onde foi mantida pelo [[sistema APG III]] e pelo [[sistema APG IV]].<ref name=APG2>{{Cite journal |last=Angiosperm Phylogeny Group |year=2003 |title=An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II |journal=Botanical Journal of the Linnean Society |volume=141 |issue=4 |pages=399–436 |doi=10.1046/j.1095-8339.2003.t01-1-00158.x|doi-access=free }}</ref><ref name=APG3>{{Cite journal|author=Angiosperm Phylogeny Group|year=2009|title=An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III|journal=Botanical Journal of the Linnean Society|volume=161|issue=2|pages=105–121|issn=0024-4074|doi=10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x |doi-access=free}}</ref><ref name=APG4>{{Cite journal|author=Angiosperm Phylogeny Group|year=2016|title=An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV|journal=Botanical Journal of the Linnean Society|volume=181|issue=1|pages=1–20|issn=0024-4074|doi=10.1111/boj.12385|doi-access=free}}</ref>

Na sua presente [[circunscrição taxonómica]], a família Winteraceae encontra-se subdividida em duas subfamílias ([[Takhtajanoideae]] (monotípica) e [[Winteroideae]]), com os seguintes géneros:<ref>[http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/orders/canellalesweb.htm#Winteraceae APWeb: Winteraceae].</ref>

* [[Takhtajanoideae]]
** ''[[Takhtajania]]'' <small>[[M.Baranova]] & [[J.Leroy]]</small>
* [[Winteroideae]]
** ''[[Drimys]]'' <small>[[J.R.Forster]] & [[G.Forster]]</small> &mdash; sin.: ''[[Wintera]]'' <small>[[Murray]]</small>; ''[[Winterania]]'' <small>P. & K</small>; ''[[Winterana]]'' <small>[[Medikus]]</small>.
** ''[[Pseudowintera]]'' <small>[[Dandy]]</small> &mdash; sin.: ''[[Wintera]]'' <small>[[van Tieghem]]</small>.
** ''[[Tasmannia]]'' <small>[[R.Brown]]</small>
** ''[[Zygogynum]]'' <small>[[Baillon]]</small> &mdash; sin.: ''[[Belliolum]]'' <small>[[van Tieghem]]</small>; ''[[Bubbia]]'' <small>[[van Tieghem]]</small>; ''[[Exospermum]]'' <small>[[van Tieghem]]</small>; ''[[Tetrathalamus]]'' <small>[[Lauterb.]]</small>.

Na circunscrição atrás apontada, a família Winteraceae apresenta a estrutura filogenética que consta do seguinte [[cladograma]]:

{{clade|style=font-size:100%;line-height:100%
|label1=[[Winteraceae]]
|1={{clade
   |1={{clade
      |1={{clade
         |1={{clade
            |1=[[Zygogynum]]
            |2=[[Pseudowintera]]
            }}
         |2=[[Drimys]]
         }}
      |2=[[Tasmannia]]
      }}
   |2=[[Takhtajania]]
   }}
}}
A família Winteraceae foi estabelecida em 1830 por [[Robert Brown]] ''ex'' [[John Lindley]]: ''An Introduction to the Natural System of Botany''. 26 pp.<ref name="Tropicos" /> O género homónimo da família, ''[[Wintera]]'', está incluído em ''[[Drimys]]''. O nome do género ''Wintera'' {{Person|Murray}} é um nome ilegítimo para ''Drimys''. {{Person|J.R.Forst. & G.Forst.}}<ref name="GRIN" />

A família Winteraceae {{Person|R.Br. ex Lindl.}} ''nom. cons.'' divide-se em duas subfamílias: Taktajanioideae {{Person|Leroy}} (sin.: [[Takhtajaniaceae]] {{Person|J.-F. Leroy}}); e Winteroideae {{Person|Arnott}} (sin.: Wintereae {{Person|Meisn.}}, Drimyidoideae {{Person|Raf.}}, Drimyideae {{Person|Baill.}}, Exospermeae {{Person|Hutch.}}, Temoideae {{Person|Raf.}}).<ref name="APWebsite" />

As Winteraceae desenvolvem-se em regiões [[zona temperada|temperadas]] a [[tropical|tropicais]], especialmente nas regiões montanhosas dos trópicos. Encontram-se desde a [[Malásia]] até ao [[Oceano Pacífico|região do Pacífico]], no leste da [[Austrália (continente)|Austrália]] e [[Nova Zelândia]], mas também na [[América Central]] e [[América do Sul]], bem como em [[Madagáscar]].

Existem quatro a sete géneros na família Winteraceae, dependendo da fonte. De acordo com [[Kew Gardens]]<ref name="PlantsOfTheWorldOnline" /> existem os seguintes cinco géneros:<ref name="Neotropikey2009" />
* ''Bubbia'' {{Person|Tiegh.}}: Contém apenas uma espécie, mas também está incluída em ''[[Zygogynum]]'':
** ''[[Bubbia howeana]]'' {{Person|(F.Muell.) Tiegh.}}: Encontra-se apenas na [[Ilha de Lord Howe]], a leste da Austrália.
* ''[[Drimys]]'' {{Person|[[J.R.Forst.]] & [[G.Forst.]]}} (sin.: '' Wintera'' {{Person|Murray}}): Dependendo do autor, são incluídas 9 a 21 espécies. As cerca de 5 a 14 espécies asiáticas são frequentemente separadas como um género separado ''[[Tasmannia]]'' {{Person|R.Br. ex DC.}} das outras espécies sul-americanas ''[[Drimys]]''. A ''Drimys'' pertence:
** ''[[Drimys andina]]'' {{Person|(Reiche) R.A.Rodr. & Quezada}}: Encontra-se na Argentina e no Chile.<ref name="GRIN" />
** ''[[Drimys granadensis]]'' {{Person|L.f.}}: Ocorre no sul do México, Guatemala, Honduras, Costa Rica, Panamá, Colômbia e Peru.<ref name="GRIN" />
** ''[[Drimys winteri]]'' {{Person|J.R.Forst. & G.Forst.}}: É muito comum no Chile e na Argentina.<ref name="GRIN" />
* ''[[Exospermum]]'' {{Person|Tiegh.}}: Contém apenas uma espécie:
** ''[[Exospermum stipitatum]]'' {{Person|(Baill.) Tiegh.}}: Encontra-se na Nova Caledónia.
* ''[[Pseudowintera]]'' {{Person|Dandy}}: As três a quatro espécies encontram-se na Nova Zelândia.
** ''[[Pseudowintera colorata]]'' {{Person|(Raoul) Dandy}}: Do norte da Nova Zelândia.
* ''[[Takhtajania]]'' {{Person|Baranova & J.-F. Leroy}}: colocada na sua própria subfamília Takhtajanioideae {{Person|J.-F.Leroy}} ou mesmo na sua própria família [[Takhtajaniaceae]] {{Person|(J.-F.Leroy) J.-F.Leroy}}. Contém apenas uma espécie:<ref name="APWebsite" />
** ''[[Takhtajania perrieri]]'' {{Person|(Capuron) Baranova & J.-F. Leroy}}: Nativa de Madagáscar.<ref name="APWebsite" />
* ''[[Tasmannia]]'' {{Person|R.Br. ex DC.}}: As cerca de três espécies ocorrem na Austrália. São também classificadas por alguns autores como ''Drimys''. Entre elas:
** ''[[Tasmannia lanceolata]]'' {{Person|(Poir.) A.C.Sm.}}
* ''[[Zygogynum]]'' {{Person|Baill.}}: As cerca de seis espécies distribuem-se da [[Nova Guiné]] à [[Nova Caledónia]].

=== Redescoberta do género ''Takhtajania'' ===
A espécie ''[[Takhtajania perrieri]]'' foi recolhida pela primeira vez em 1909 no [[Maciço de Manongarivo]], no centro de [[Madagáscar]], a uma altitude de 1700 metros. Em 1963, o botânico francês [[René Paul Raymond Capuron]] examinou a amostra de planta não identificada, que identificou como uma nova espécie, a que deu o nome de ''[[Bubbia perrieri]]'', em homenagem ao botânico francês [[Henri Perrier de la Bâthie]], classificando-a no género [[Reino Australasiano|australásico]] ''[[Bubbia]]''.

Em 1978, os botânicos [[Margarita Alexandrovna Baranova]] e [[Jean-François Leroy]] reclassificaram a planta no seu próprio género, ''[[Takhtajania]]'', em homenagem ao botânico soviético [[Armen Takhtajan]]. Muitas expedições subsequentes para encontrar a espécie foram inúteis, mas em 1994 o colecionador de plantas malgaxe [[Fanja Rasoavimbahoaka]] recolheu um espécime na [[Reserva Especial de Anjahanaribe-Sud]], a 150 km do local onde o espécime de 1909 fora recolhido, que George E. Schatz identificou em maio de 1997 como ''Takhtajania''. Uma expedição posterior descobriu um grande bosque da espécie no local onde foi recolhido o segundo exemplar.<ref>{{Cite journal|last=Schatz|first=George E.|date=2000|title=The Rediscovery of a Malagasy Endemic: Takhtajania perrieri (Winteraceae)|url=https://www.jstor.org/stable/2666189|journal=Annals of the Missouri Botanical Garden|volume=87|issue=3|pages=297–302|doi=10.2307/2666189|jstor=2666189}}</ref>

==Usos==
A espécie ''[[Drimys winteri]]'' (a ''casca-de-anta'', comercializada no mercado internacional como ''Winter's bark'') é uma árvore esguia, nativa das [[Floresta subpolar de Magalhães|florestas subpolares magelânicas]] e das [[Florestas temperadas valdivianas|florestas temperadas chuvosas valdivianas]] do [[Chile]] e [[Argentina]]. É cultivada como planta de jardim devido à sua casca cor de mogno-vermelho, pelas suas folhas verde brilhantes e conjuntos de flores branco e creme e de cheiro [[jasmim|ajasminado]]. A casca foi historicamente utilizada para prevenir o [[escorbuto]].<ref>{{cite web| title=Winteraceae: Plant family| publisher=Encyclopædia Britannica| access-date=2016-09-26| url=https://www.britannica.com/plant/Winteraceae}}</ref>

A ''[[Tasmannia lanceolata]]'', conhecida também como ''pimenta-da-tasmânia'', é também cultivada como um [[arbusto ornamental]] e cada vez mais para servir de [[condimento]]. ''[[Tasmannia piperita]]'' é notável pela grande variedade de números de pétalas, estames e pistilos, sendo usada como [[planta ornamental]].

A espécie mais conhecida desta família é o ''canelo'', ''[[Drimys winteri]]'', nativo do Chile e da Argentina, cuja casca é utilizada como especiaria e como medicamento, pelas suas qualidades anti-escorbúticas, entre outras, e que é também o ''foiye'', a planta sagrada dos [[Mapuche]]. É também utilizada na decoração e na construção de instrumentos musicais.

Na Nova Zelândia, a madeira da ''[[Pseudowintera axillaris]]'' é utilizada para interiores. Na Austrália, os frutos da ''[[Tasmannia purpurascens]]'' são utilizados como [[condimento]] pelo seu sabor picante, assim como os frutos e as folhas da ''[[Tasmannia lanceolata]]''.

La especie más conocida de esta familia es el canelo, ''[[Drimys winteri]]'', originario de Chile y Argentina, cuya corteza se usa como especia y como fármaco, por sus cualidades antiescorbúticas, entre otras, y que es además el foiye, la planta sagrada de los mapuches. También se usa en decoración y en la construcción de instrumentos musicales. En Nueva Zelanda se usa la madera de ''[[Pseudowintera axillaris]]'' para interiores. En Australia, los frutos de ''[[Tasmannia purpurascens]]'' se usan como condimento por su sabor picante, así como los frutos y las hojas de ''[[Tasmannia lanceolata]]''.

==Ocorrência no Brasil==
No Brasil é representada por apenas um gênero (''Drimys''), distribuído pela [[Caatinga]], [[Cerrado]] e [[Mata Atlântica]], não sendo uma espécie [[endêmica]]. Para grande parte dos autores sete espécies ocorreriam no Brasil, sendo elas a ''D. brasiliensis'', ''D. angustifolia'', ''D. granadensis'', ''D. montana'', ''D. retorta'', ''D. roraimensis'' e ''D. winteri''. Com base em observações de campo, pôde-se verificar que no Rio Grande do Sul, enquanto ''D. angustifolia'' floresce de julho a novembro com pico de floração em setembro, ''D. brasiliensis'' apresenta uma floração praticamente contínua ao longo do ano, com dois picos: janeiro-fevereiro e julho-setembro. 

Marquínez (2009) e BFG (2015) reconhecem para o Brasil três espécies: ''D. brasiliensis'' com três subespécies [''D. brasiliensis'' subsp. ''brasiliensis'', ''D. brasiliensis'' subsp. ''subalpina'' Ehrend. & Gottsb. e ''D. brasiliensis'' subsp. ''sylvatica'' (A.St.-Hil.) Ehrend. & Gottsb.], ''D. angustifolia'' e ''D. roraimensis'', em concordância com Ehrendorfer et al. (1979). As espécies brasileiras estão distribuídas geograficamente nas seguintes Regiões e Estados: [[Norte]] (Roraima), [[Nordeste]] (Bahia), [[Centro-Oeste]] (Distrito Federal) [[Sudeste]] (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) e no [[Sul]] (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina)<ref> Winteraceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB251>. Acesso em: 09 Nov. 2019 </ref>. 
===Espécies brasileiras===
[[Ficheiro:Winteraceae no brasil.png|thumb|250px|Distribuição geográfica de Winteraceae no Brasil.]]
No Brasil ocorrem as seguintes espécies:
* ''[[Drimys angustifolia]]'' Miers 
* ''[[Drimys brasiliensis]]'' Miers 
** ''Drimys brasiliensis'' Miers subsp. ''brasiliensis''
** ''Drimys brasiliensis'' subsp. ''subalpina''  Ehrend. & Gottsb. 
** ''Drimys brasiliensis''  subsp.  ''sylvatica''  (A.St.-Hil.) Ehrend. & Gottsb. 
** ''Drimys brasiliensis'' var. ''campestris'' (A.St.-Hil.) Miers 
** ''Drimys brasiliensis''  var. ''montana'' (Miers) Hauman 
** ''Drimys brasiliensis'' var. ''ptaritepuiensis'' Steyerm. 
** ''Drimys brasiliensis'' var. ''retorta'' (Miers) A.C.Sm. 
** ''Drimys brasiliensis'' var. ''roraimensis'' A.C.Sm. 
** ''Drimys brasiliensis'' var. ''sylvatica'' (A.St.-Hil.) Miers 
* ''[[Drimys granadensis]]'' L.f. 
** ''Drimys granadensis'' var. ''axillaris'' A.St.-Hil. 
** ''Drimys granadensis'' var. ''campestris'' A.St.-Hil. 
** ''Drimys granadensis'' var. ''montana'' A.St.-Hil. 
** ''Drimys granadensis'' var. ''sylvatica'' A.St.-Hil. 
* ''[[Drimys montana]]'' (A.St.-Hil.) Miers 
* ''[[Drimys retorta]]'' Miers 
* ''[[Drimys roraimensis]]'' (A.C.Sm.) Ehrend. & Gottsb. 
* ''[[Drimys winteri]]'' J.R.Forst. & G.Forst. 
** ''Drimys winteri'' var. ''semiglobosa'' Dusén

==Referências ==
<references>
<ref name="GRIN">
{{GRIN|ID=1193|Rang=family|WissName=Winteraceae|Zugriff=1. März 2020}}
</ref>
<ref name="Tropicos">
{{Tropicos|ID=42000000|Rang=family|WissName=Winteraceae|Zugriff=1. März 2020}}
</ref>
<ref name="APWebsite">
[http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/orders/canellalesweb.htm#Winteraceae Winteraceae] auf der [http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/welcome.html ''APWebsite''.]
</ref>
<ref name="PlantsOfTheWorldOnline">
[http://www.plantsoftheworldonline.org/taxon/urn:lsid:ipni.org:names:77126568-1 Datenblatt bei ''Plants of the World online'' des ''Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew''.] Zuletzt eingesehen am 1. März 2020.
</ref>
<ref name="Neotropikey2009">
J. L. R. Every, 2009: ''Neotropical Winteraceae.'' In: W. Milliken, B. Klitgĺrd, A. Baracat: ''Neotropikey - Interactive key and information resources for flowering plants of the Neotropics.'' [https://www.kew.org/science/tropamerica/neotropikey/families/Winteraceae.htm Datenblatt.]
</ref>
</references>
== Bibliografia ==
* Grímsson, F., G. W. Grimm, A. Potts, R. Zetter, and S. S. Renner. (2017). A Winteraceae pollen tetrad from the early Paleocene of western Greenland, and the fossil record of Winteraceae in Laurasia and Gondwana'''.''' Journal of Biogeography 2017: 1–15.
* {{cita libro
| autor = Hutchinson, J.
| título = The genera of flowering plants (Angiospermae) based principally on the Genera Plantarum of G. Bentham and J.D. Hooker. Vol. 1.
| año = 1964
| editorial = Oxford: Clarendon Press.
| id = 516 págs.
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* {{cita libro
| autor = Vink, W.
| capítulo = Winteraceae.
| título = Kubitzki, K., Rohwer, J.G. & Bittrich, V. (Editores). The Families and Genera of Vascular Plants. II. Flowering Plants - Dicotyledons. 
| año = 1993
| editorial = Springer-Verlag: Berlín
| id = ISBN 3-540-55509-9
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* {{cita publicación
| autor = Karol, K.G., Suh, Y., Schatz, G.E. & Zimmer, E.A.
| título = Molecular evidence for the phylogenetic position of ''Takhtajania'' in the Winteraceae: inference from nuclear ribosomal and chloroplast gene spacer sequences
| año = 2000
| publicación = Annals of the Missouri Botanical Garden
| volumen = 87
| número = 3
| id = p. 414-432
}}
* {{cita publicación
| autor = Keating, R.C.
| título = Anatomy of the young vegetative shoot of ''Takhtajania perrieri'' (Winteraceae)
| año = 2000
| publicación = Annals of the Missouri Botanical Garden
| volumen = 87
| número = 3
| id = p. 335-346
}}
*{{Cita web
|1 = 
|apellido = Watson, L., and Dallwitz, M.J.
|nombre = 
|enlaceautor = 
|título = The families of flowering plants: descriptions, illustrations, identification, and information retrieval. Version: 29th July 2006.
|año = 1992
|Edición = 
|ubicación = 
|editorial = 
|id = 
|url = http://delta-intkey.com/
|fechaacceso = 29 de novembro de 2006
|arquivodata = 3 de janeiro de 2007
|urlarchivo = https://web.archive.org/web/20070103200438/http://delta-intkey.com/
|deadurl = yes
}}

=={{Links}}==
{{Commonscat}}
{{Wikispecies}}
*[http://www.chileflora.com/Florachilena/FloraEnglish/PIC_FAMILIES_SIMPLE_Winteraceae.php Chilean Winteraceae] Chileflora
* [http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/orders/canellalesweb.htm#Winteraceae Winteraceae] em [http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/welcome.html ''APWebsite''.] 
* [http://delta-intkey.com/angio/www/winterac.htm Winteraceae] in [http://delta-intkey.com/angio/ L. Watson and M. J. Dallwitz (1992 onwards): ''The families of flowering plants''.]
*[http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/maps/winteraceaemap.gif Mapa]
*[https://web.archive.org/web/20060919194052/http://www.forecos.net/floradechile/Niv_tax/Angiospermas/Ordenes/Canellales/Winteraceae/Drimys26.jpg Frutos de ''Drimys winteri'']
*[http://www.chileflora.com/Florachilena/FloraSpanish/PIC_FAMILIES_SIMPLE_Winteraceae.php Winteraceae de Chile] Chileflora
*[http://www.mobot.org/MOBOT/Research/newcaledonia/image/1643_35.jpg Flor de ''Zygogynum baillonii'']
*[http://www.mobot.org/MOBOT/research/unseengarden/page49b.jpg Rama en flor de ''Takhtajania perrieri'']
*[https://web.archive.org/web/20070928202226/http://www.mygarden.me.uk/Pseudowintera%20colorata%20Mount%20Congreve.jpg Rama en flor de ''Pseudowintera colorata'']
*[http://www.anbg.gov.au/gnp/gnp12/tasmannia-purpurascens500.jpg Inflorescencia masculina de ''Tasmannia purpurascens'']
*[https://web.archive.org/web/20061116061007/http://www.uni-graz.at/~katzer/pictures/tasm_03.jpg Frutos y hojas de ''Tasmannia lanceolata'']

{{Taxonbar|from=Q131109}}
{{Famílias APG IV}}

[[Categoria:Famílias botânicas]]
[[Categoria:Winteraceae| ]]
[[Categoria:Canellales]]
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[[Categoria:Flora de Madagáscar]]
[[Categoria:Famílias de angiospérmicas]]