Viroses emergentes e reemergentes: diferenças entre revisões

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Revisão das 21h33min de 30 de setembro de 2021

Os avanços das tecnologias e desenvolvimento econômico e social, trouxeram otimismo em relação a erradicação das doenças infecciosas, mas o surgimento da AIDS[1][2] e de uma série de surtos e epidemias de doenças emergentes e reemergentes no início do século XXI, fizeram esse otimismo diminuir[3]. Hoje vemos que a globalização também globalizou os agentes infecciosos4, um exemplo é a SARS, primeira pandemia pós-moderna, que veio nos mostrar que a doença está globalizada, mas a saúde ainda não1, fato reafirmado pela Covid-19, doença causada por um novo tipo de coronavírus (Sars-CoV-2)5. As doenças transmissíveis continuam sendo um desafio de saúde pública para o Brasil6,7, país que apresenta complexa situação epidemiológica8, pois apesar de haver uma grande redução das causas de morte por doenças infecciosas, a mesma tendência não é vista quando dados de morbidade são analisados9, essa complexidade é própria a situações de intensa desigualdade10. E entre as doenças infecciosas de importância em saúde pública 60% são de origem viral, segundo a OMS3.

O conceito de doenças emergentes e reemergentes surgiu frente as limitações da teoria da transição epidemiológica em elucidar a complexidade das novas tendências de morbimortalidade9. O centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) define doenças infecciosas emergentes como: “aquelas que a incidência em humanos tem aumentado nas últimas duas décadas ou ameaçam aumentar em um futuro próximo11”. Algumas doenças emergentes como HIV/AIDS persistem por anos, enquanto outras, após seu aparecimento, duram pequenos períodos12, segundo Morens e Fauci (2013), citados por Ellwanger13 elas também são consideradas ameaças a estabilidade global. Em contrapartida, as doenças reemergentes são “velhas conhecidas” que estão novamente se tornando problema de saúde para uma população14, apesar de no passado terem sido controladas, como a febre amarela e o sarampo no Brasil9. Ainda que esses dois conceitos tenham começado a ser utilizados a partir de 1990, tais doenças fazem parte da história da humanidade, já que epidemias poderiam ser consideradas doenças emergentes na época13, e até ocasionarem profundas rupturas no sistema social, como no caso das pandemias de peste e influenza15.

As mudanças nos ambientes urbanos e rurais favorecem o surgimento e reintrodução de doenças infecciosas (ex. hantavirose e dengue)7, no Brasil esse desenvolvimento também fez com que essas doenças se intensificassem5. Portanto os mesmos fatores relacionados ao progresso podem propiciar o surgimento e a disseminação de novas e velhas doenças infecciosas9, favorecidas pelas condições socioeconômicas, ambientais e ecológicas12. Nos últimos 10 anos observamos a emergência de algumas doenças transmitidas por mosquitos vetores, em especial arboviroses, como chikungunya, West Nile e Zika, em diferentes países das Américas16; e em janeiro de 2020 o Brasil teve o segundo caso relatado de febre hemorrágica por Arenavírus (acontecimento considerado um grave evento de saúde pública)17, pois possui as condições ecológicas, ambientais e sociais ideais para a emergência de diferentes patógenos13. No ano de 2018 a OMS divulgou uma lista de doenças e patógenos prioritários para a pesquisa e desenvolvimento, que continha: síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio (MERS), síndrome respiratória aguda grave (SARS), vírus zika e “doença X”, essa última representa a possibilidade de um novo agente infeccioso surgir e causar epidemias18.

As principais doenças emergentes e reemergentes de origem viral no Brasil são: Zika, Chikungunya, AIDS, Influenza, Hepatite C, COVID-19, Rotavírus, Sarampo, Dengue, Hantavirose e febre amarela16,1,19,9

  1. Silva, Luiz; Angerami, Rodrigo (2008). Viroses emergentes no Brasil (PDF). Rio de Janeiro: Fiocruz. 136 páginas 
  2. Grisotti, Márcia (junho de 2010). «Doenças infecciosas emergentes e a emergência das doenças: uma revisão conceitual e novas questões». Ciência & Saúde Coletiva (suppl 1): 1095–1104. ISSN 1413-8123. doi:10.1590/s1413-81232010000700017. Consultado em 30 de setembro de 2021 
  3. Santos, Norma; Romanos, Maria; Wigg, Marcia (2015). Virologia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 3-26, 350, 374-382. 606 páginas