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Solar de Fralães: diferenças entre revisões

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Revisão das 12h17min de 2 de novembro de 2004

Localização e nome

O Solar de Fralães fica na freguesia barcelense de Monte de Fralães, no sopé do Monte d’Assaia, em cuja encosta terá ficado o paço que o precedeu.

Desconhece-se o étimo da palavra Fralães. A sua determinação é difícil, tanto mais que existe a forma antiga «Farlães» e uma mais recente «Farelães». Esta última parece não merecer qualquer crédito, resultando da pretensão de encontrar um étimo para o vocábulo em «farelo». Resta «Farlães», que é conhecida no séc. XIII, e «Fralães», conhecida desde o séc. XVI, pelo menos. Seria fácil aproximar esta última forma do antropónimo gótico Fradila. A tentativa de originar Fralães em fraga deve ser liminarmente recusada.


História

O Solar de Fralães foi o Solar dos Correias desde o séc. XII até ao séc. XVII. A partir de então a família parece ter preferido uma residência em Delães, mais próxima do Porto e provavelmente com melhores acessos que esta gótica casa. Na segunda metade do séc. XIX, o solar foi restaurado e talvez habitado com certa regularidade. Em princípios do séc. XX, foi vendido a um capitalista portuense, que por sua vez o vendeu mais adiante à família que hoje ainda o possui.

Neste solar tinha a sua sede o Concelho de Fralães, como a sua «progenitora», a Honra de Fralães. Era na sua sala grande que se fazia a eleição dos edis – das «justiças» – sob supervisão do donatário, que era o Senhor de Fralães; a mesma sala há-de ter servido para as reuniões camarárias e para tribunal. O terreiro era a Praça do Concelho.

O edifício não tem a imponência doutros solares. Mas a Torre Senhorial (que vem provavelmente do séc. XV), um conjunto de portas góticas e ainda uma outra, também antiga, sob a Sala de Audiências, impõe certo reverência a quem o visita.

No séc. XVI, o vilacondense bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, referiu-se-lhe assim:

Farelães é o solar

Que aos Correias deu o ser

E D. Paio veio a ter

O qual fez o Sol parar

Para os Mouros vencer.

Cerca de 1700 o Pe. Carvalho da Costa descreveu-o com entusiasmo:

Têm estes senhores aqui a maior Casa das antigas de quantas vi em Portugal, & Galiza, com Torres, grandes falas, muitas fontes curiosas, jardins, & hortas, dilatados pomares de toda a fruta ordinária, & de espinho, & uma grande mata de Carvalhos, & Castanheiros, cousa magnifica.

Um sacerdote de Viatodos, na segunda metade de 1800, cantava-o num soneto que começa com esta quadra:

Fralães, matrona que possuiu nobreza,

Todo em ruínas, seu solar deplora,

Narrando ainda a prístina grandeza,

Poder e fausto que ela teve outrora.

Camilo Castelo Branco menciona os Senhores de Fralães e o seu solar em «O Senhor do Paço de Ninães» e na «Sereia»; Aquilino Ribeiro, na «Casa Grande de Romarigães», refere-se-lhe uma vez de passagem.

Em 1852, ou pouco antes, foi visitado por uma personagem régia, «Sua Majestade, que Deus haja em sua glória», que ainda não foi devidamente identificada.