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Rembrandt: diferenças entre revisões

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Revisão das 22h35min de 9 de maio de 2003

Rembrandt Hermans van Rijn (16??-1669), pintor holandês inserido no contexto do Barroco.

BIOGRAFIA

Rembrandt Hermans van Rijn poderia ter sido um personagem de uma peça trágica, tamanha foi a distância entre o auge de seu sucesso e o mais fundo de seu declínio. Talvez justamente por essa variação tão violenta ele tenha sido a própria personificação do espírito do Barroco. Mas Rembrandt foi apenas um grande pintor.

Não são raros, na História da Arte, os artistas que passam a vida incompreendidos por seus contemporâneos e morrem no esquecimento e pobreza, mas cuja obra será reconhecida e valorizada séculos mais tarde. Rembrandt foi um deles, talvez o mais exemplar de todos. Nasceu de uma humilde família de um moleiro, alcançou fama e fortuna e acabou por perdê-los, em parte devido à sua própria inaptidão para os negócios, em outra parte devido à sua rebeldia e má relação para com os clientes que lhe encomendavam quadros. Ao morrer, em 1669, deixou no testamento apenas "algumas roupas de linho ou lã, minhas coisas de pintor" e os quadros que, para muita gente que o conheceu, não possuíam valor algum.

A família de Rembrandt só possuía um moinho, à beira do rio Reno (em holandês, Rijn). Seus quatro irmãos mais velhos trabalhavam na moenda dos grãos, e foi com muito custo que o pai do menino pôde aceitar a vocação artística do filho e, juntando economias com muito sacrofício, pagar-lhe uma escola de artes em Leiden, Holanda – por apenas nove meses.

Mas ele tem a sorte de conhecer Jakob van Swanenburch, que não permite que ele largue os estudos e a prática da pintura. É esse o primeiro mestre que Rembrandt tem e que lhe passa os primeiros ensinamentos: traços de desenho, como misturar tintas, montar as telas etc. . É ele também quem o encoraja a ir a Amsterdam.

A viagem dá bons frutos, e Rembrandt, após freqüentar o atleier do requisitado pintor Pieter Lastman, retorna a Leiden e monta um estúdio com mais dois jovens artistas. Começa a ganhar fama, atendendo aos vários pedidos de retratos da burguesia holandesa, e seus quadros passam a valer muito. Seus clientes são ricos e pagam em dia. Um ano depois de formar o estúdio, pinta "A Lição de Anatomia do Dr. Tulp", o quadro mais famoso e mais revolucionário de sua carreira (e que analisaremos adiante). Até as cores e a plasticidade das formas vão ficando cada vez mais ricas.

Foi seu casamento com Saskia van Ulyenburgh, a filha de um burgomestre, que lhe garantiu ascensão financeira e social. E, no mesmo ano, atingiu o ápice de sua vida, em todos os aspectos; fama, fortuna, talento e prosperidade. É a partir daí que começa o seu longo e angustiante declínio.

A casa na qual Rembrandt e Saskia se instalam, no bairro judeu de Amsterdam, vai sendo aos poucos transformada em museu particular: mobiliário antigo, jóias caras, tecidos importados, objetos de decoração e uso prático (como louças e talheres) dignos de peça de colecionador. O casal recebe altas rodas da elite burguesa holandesa em sua mansão – e mostra a todos como prosperam.

Mas a morte do primeiro filho, antes que completasse um ano de idade, abala a vida do jovem casal – especialmente de Rembrandt. E, em seguida, aproximadamente de dois em dois anos, acontece-lhe uma tragédia, a perda de um ente querido. Morrem igualmente precoces os dois filhos seguintes, e mais tarde a mãe e os irmãos do pintor.

Em 1642, Saskia dá à luz o filho Tito, o único que cresce e chega à vida adulta. Mas a esposa e musa inspiradora de Rembrandt acaba morrendo em conseqüência do parto. O pintor acaba concentrando em seu filho a força de viver, mas entra em fracassos consecutivos que o levam a uma crise irreversível.O famoso quadro "A Mudança de Guarda da Companhia do Capitão Frans Banning Cocq" (apelidado de "A Ronda Noturna") não é aceito pelo cliente (o capitão), por estar completamente fora das expectativas do retratado (ele alegou que queria um retrato seu, não da companhia, além de reclamar do preço). Rembrandt passa a ser acusado pelos círculos sociais de pintar o que bem deseja, e não o que lhe é encomendado – o que, em boa parte, não era uma mentira.

A partir daí tudo na vida de Rembrandt já está declinando. Processos e ações judiciais fazem com que todo o seu patrimônio (inclusive os riquíssimos bens da mansão-museu) seja dilapidado e humilhantemente leiloado em praça pública. Quem lhe sustenta e dá apoio nessa fase difícil são o filho Tito, agora adolescente, e a moça que fora contratada para ser a babá do garoto, Hendrickje Stoffels, e que acaba tornando-se amante do pintor.

Rembrandt pintou mais auto-retratos que qualquer artista em sua época: etima-se que tenham ultrapassado uma centena. Sua centralização no seu próprio rosto como tema dos quadros constrói uma linha de progressiva representação de sua própria história pessoal e como ela foi evoluindo ao longo de sua vida. E ajudou o pintor a expor sua sensibilidade, sem se preocupar com o gosto do retratado sobre a obra final.