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Guerra Fria: diferenças entre revisões

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Introdução | O mundo do pós-guerra | Quadro de perdas humanas | O poder dos EUA | A contenção ao comunismo | A Doutrina Truman e o Plano Marshall | Os tratados da Guerra Fria | Bibliografia
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Revisão das 18h46min de 15 de abril de 2004

Os Estados Unidos e o início da Guerra Fria (1945-49)

Introdução

A história dos últimos 50 anos do nosso século foi inteiramente condicionada pelos resultados da 2ª Guerra Mundial, quando em 1945, depois de 6 anos batalhas em quase todos os continentes da terra, a Grande Aliança (os E.U.A a GB. e a URSS) conseguiu vencer o Eixo (a Alemanha nazista, a Italia fascista e o Japão do micado). No final, depois de ter-se dissipado a fumaça e em meios aos escombros que cobriam 50 milhões de mortos, restaram apenas duas potências, logo chamadas, com toda a razão, de superpotências: os Estados Unidos da América e a União Soviética.

Fraudando as expectativas dos que esperavam um pós-guerra de harmonia e colaboração entre os vitoriosos, baseado nas “4 polícias” de Roosevelt (os EUA, a URSS, a Grã-Bretanha e a China), o que se viu foi o contrário. Mal encerrado o tiroteio, os dois gigantes passaram a se desentender. Obviamente que colocaram, um no outro, a culpa por ter deflagrado a Guerra Fria. Para os soviéticos, os americanos - especialmente depois da explosão das Bombas Atômicas sobre o Japão -, agiam como donos do mundo. Para os ianques, ao contrário, eram os soviéticos quem desejavam impor sua ideologia comunista ao restante do planeta.

Não chegando a acordo nenhum, trataram de armar-se, lançando-se na mais perigosa e custosa corrida armamentista de todos os tempos. Uma organização calculou os gastos da Guerra Fria em U$ 17 trilhões de dólares! Ambos os lados, por sua vez, arregimentaram, em tratados ou protocolos, o maior número de povos e países para a sua causa. O mundo dividiu-se em dois campos antagônicos, separados por uma sinuosa linha vertical que ia de um polo ao outro, como se desenhasse sobre o Atlas um enorme Tratado de Tordesilhas ideológico.

De uma lado dessa linha, na sua parte Ocidental segundo a visão americana, ficava o “Mundo Livre”, os Estados Unidos e os seus aliados. Do outro, atrás da “Cortina de Ferro”, alinhavam-se a URSS e seus satélites, esmagados pela tirania comunista. Dispensável dizer que para os soviéticos era exatamente o contrário. Para Zdánov, por exemplo, o ideólogo e segundo homem do regime comunista, tratava-se, como discursou na Conferencia de Schreiberhau, em setembro de 1947, da existência de “dois mundos”, opostos entre si. Um deles em mãos do “bando imperialista e antidemocrático”, liderado pelos americanos, e o outro composto pelas “forças antiimperialistas e antifascistas”, lideradas pelos soviéticos. Ambos consideravam-se regimes inconciliáveis. Capitalismo e Comunismo, Democracia e Totalitarismo, apenas aguardavam o momento oportuno para desencadear a 3ª Guerra Mundial que, dado o potencial atômico que dispunham seria a guerra final. Esta idéia do equilíbrio de forças entre as superpotências, no entanto, não correspondia à realidade. O potencial americano, excetuando-se na capacidade de mutua destruição, sempre foi várias vezes superior ao dos soviéticos.


O mundo do pós-guerra

Quem por acaso embarcasse num hipotético vôo sobre o mundo do após-guerra, circundando-o, veria uma paisagem desoladora, quase lunar, lá de cima. Cruzando a Inglaterra, por exemplo, perceberia claramente que seus principais portos, Liverpool e Bristol, e suas grandes cidades industrias, como Londres e Manchester, estavam totalmente arrasadas. Lá embaixo restava um povo exausto, num país completamente endividado, em vésperas de perder o império.

Se o viajante atravessasse o Canal da Mancha e sobrevoasse o território francês, o que veria não seriam muito diferente. Castigada pela bombas dos aliados e pela ocupação de quase quatro anos pelo exército nazista, a pátria do General De Gaulle mergulhara na tristeza. Mesmo ficando afinal ao lado do vencedor, a França, esvaída, amargara ter tido o único governo que colaborara com Hitler: o governo de Vichy, liderado pelo Marechal Petain.

Avançando continente europeu a dentro, no tal vôo imaginário, atravessando o rio Reno, chega-se à Alemanha. Nada está em pé lá embaixo. Na região do Ruhr, que abrigava o grande parque industrial pesado alemão, só vemos destroços, pedras e ferro retorcido. Nenhuma fabrica restou intacta. Além dos 6 milhões de mortos, civis e militares, suas principais cidades viraram ruínas. Berlim, a ex-capital do IIIº Reich, contara mais de 250 mil prédios destruídos, e 60% da sua extensão urbana reduzira-se a escombros. Os sobreviventes, uns 60 milhões de alemães, viviam em meio ao frio, a fome e a desesperança.

Mais a diante, passando sobre a Polônia, o quadro era mais horripilante ainda. Varsóvia e Cracóvia estavam a zero. O país fora palco, em momentos distintos, de dois enfrentamentos: em 1939 foram os exércitos alemães e soviéticos, então aliados, quem, ao invadir o pais, eliminaram os poloneses; em 1944-45, foram os nazistas e soviéticos, inimigos mortais, quem se enfrentaram no seu martirizado solo. Além disso, os nazistas escolheram-na para abrigar a maioria dos seus campos de extermínio. Foi em Auschwitz, Sobibor, Majdaneck, Chelmno e Treblinka, que deu-se o genocídio de grande parte dos judeus, de ciganos e de prisioneiros russos e poloneses, que seguramente devem ter somado bem mais de 6 milhões de vítimas.

Planando sobre as estepes russas a paisagem de horror continuava. Todas as aldeias da Ucrânia e da Rússia branca haviam sido destruídas e incineradas. O gado morto e a lavoura abandonada. As minas de carvão, ao sul, na região do Donetz, estavam inundadas e os poços de petróleo do Cáucaso ainda estavam envoltos em fogo. As estradas de ferro bombardeadas e desmanteladas estavam longe de poderem ser reaproveitadas algum dia.

As cidades de Leningrado (600 mil mortos civis) e Stalingrado (300 mil mortos) foram palcos de grandes batalhas e tinham sido quase que totalmente devastadas. Moscou, porém, sobrevivera a um curto sitio. Pode-se dizer que a parte ocidental da Rússia, que vai do Belarus, ao oeste até os Montes Urais, no leste, até então a mais industrializada e próspera, depois de quase quatro anos de ocupação e ter assistido a invasão e, depois, a retirada dos nazistas, reduzira-se a uma ruinaria só. As perdas humanas foram assombrosas: estima-se entre 17 a 20 milhões de russos mortos (7 milhões deles soldados).

Seguindo-se adiante na viagem, atravessando a Sibéria, chega-se a China. Além de ter padecido da ocupação nipônica desde 1936, quando o exército japonês assaltou-a partindo da Manchuria, o imenso país oriental encontrava-se em guerra civil. De um lado as forças nacionalistas do general Chian Kai-Shek, do outro os guerrilheiros de Mao Tse-tung, o líder comunista que comandara a resistência ao invasor. Depois de terem mantido uma curta trégua, estavam novamente em guerra, que somente seria decidida a favor dos revolucionários de Mao em 1949. A completa desorganização do seus sistema de irrigação, resultado da guerra, jogara os chineses numa miséria assombrosa. As cidades como Cantão, Shangai, Pequim e Nanquim, apinhavam-se de refugiados e de gente faminta vinda dos campos paralisados. Era um caos total.

Finalmente alcança-se o Extremo Oriente. Atinge-se o Japão. Honshü, a ilha maior do arquipélago, que abriga Tóquio, Osaka e Nagoya, havia sido, desde 1943, o alvo preferido da Força Aérea Americana. Em 1945 fora bombardeada diariamente, nada mais restando o que fosse produtivo ou reaproveitado. Para desgraça ainda maior dos japoneses, duas das suas cidades foram escolhidas como alvo-demontração da capacidade nuclear norte-americana: em 6 e 9 de agosto de 1945, Hiroshima e Nagasaki foram varridas por explosões atômicas, num total de 200 mil mortos. O império do Sol Nascente deixara de existir. Naquele momento era um conglomerado de 3 mil ilhas empobrecidas, reduzido às cinzas e à impotência.


Quadro de perdas humanas

País Perdas humanas Alemanha 5.000.000 França 535.000 Itália 450.000 Polônia 5.800.000 Grã-Bretanha 380.000 Iugoslávia 1.600.000 Tchecoslováquia 415.000 URSS 17.000.000 USA 300.000 Japão 1.500.000 China 2.200.000


Fonte: Y.Durand “Naissance de la guerre froide”, Paris, pag. 47


O poder dos Estados Unidos da América

Poucas nações tiveram na História o feliz destino dos Estados Unidos da América. Apesar de envolverem-se em duas guerras mundiais, a de 1914-18 e a de 1939-45, os americanos, por estarem bem afastados dos frontes, protegidos por dois imensos Oceanos, o Pacífico e o Atlântico, pouco sofreram diretamente com as conseqüências delas. Se perderam, entre 1941-45, 300 mil homens, praticamente não contabilizaram vitimas civis. Nova Iorque, Chicago, Detroit, e demais centros industriais, não sofreram um só ataque aéreo, nem seus campos tiveram que suspender as colheitas ou abater o gado às pressas em razão de ataques ou invasões. Ao contrário.

As fábricas americanas, sem medo de se verem destruídas, produziram quantidades fantásticas de material bélico, permitindo suprir todas as necessidades das forças armadas nos frontes de batalha. 17 milhões de homens e mulheres foram convocados para todo o tipo de serviço de guerra, terminando definitivamente com a Grande Depressão que atormentara o país nos anos trinta.

Conscientes que o mundo do pós-guerra giraria ao redor dos seus interesses, os Estados Unidos preocuparam-se em criar as novas bases da Ordem Mundial do pós-guerra. Convocaram para tanto, bem antes que a guerra acabasse, entre 1º e 22 de julho de 1944, em Bretton Woods, perto de Nova Iorque, uma conferencia para determinar quais seriam as diretrizes econômicas futuras. Acertou-se lá, na presença de 44 delegados de diversos países, inclusive a URSS, que seria criado um Fundo Monetário Internacional (International Monetary Found) para regular as relações financeiras entre as nações e um Banco para a Reconstrução Mundial (International Bank for Reconstruction and Development), responsável pela recuperação das economias combalidas pela guerra. Acatou-se que o sistema funcionaria com o dólar sendo lastreado pelo ouro. Como os Estados Unidos possuíam a maior reserva aurífera do mundo (acredita-se que perfazia 60% do total) e a sua moeda - o dólar - era a única aceita e conversível por todos os demais, isto fez com que sua liderança fosse quase incontestável no após-guerra.

Terminada a guerra contra a Alemanha nazista em maio, e contra o Japão em agosto de 1945, num mundo exaurido e arruinado, os Estados Unidos estavam intocados. Tinham naquele momento, apesar de perfazerem menos de 6% da população mundial, o controle sobre 50% da produção industrial existente (entre 1938 a 1947, o índice da produção cresceu em 63%); quase todas as reservas de ouro do mundo (elas pularam de 14.592 milhões para 22.868 milhões em dez anos); as cidades e a população civil intocadas; suas forças espalhadas pelo mundo inteiro; e, como arremate, nesta incrível concentração de poder, eram a única das nações em posse de um arsenal nuclear. Nunca, enfatize-se, um só país na História arrematara, simultaneamente, o poder militar, o econômico, o financeiro e o atômico.

A contenção ao comunismo

Dois acontecimentos internos, quase simultâneos, criaram as pré-condições para que os Estados Unidos se lançassem na Guerra Fria. O primeiro foi a morte do Presidente Franklin Delano Roosevelt, em maio de 1945 e, em seguida, em 1946, a eleição de um Congresso predominantemente republicano (partido conservador). Roosevelt acreditava num mundo do após-guerra controlado pelos E.U.A, em comum acordo com a URSS (o que Stalin denominou de “coexistência pacífica”). Sua morte fez com que seu sucessor Harry Truman, consciente do poder nuclear, abandonasse esta posição, aderindo à tese de Kennan do “enfrentamento com o comunismo”.

A eleição de um congresso de maioria republicana, estreitamente ligados à indústria de armamento e às atividades anti-comunistas, revelou igualmente uma mudança da opinião pública americana. Manifestando-se, simultaneamente, contra as reformas sociais da política do New Deal e contra acordos com os comunistas. Eles, “os vermelhos”, deveriam ser combatidos em todas as frentes. A ascensão de Truman e o congresso republicano, tornaram o clima tenso com a URSS, um “clima frio”. Passado o perigo nazista, os americanos receavam os comunistas. O elemento desencadeador da mobilização anticomunista deu-se a partir do célebre discurso de Winston Churchill, feito em Fulton, no Missouri, em 5 de março em 1946, quando o ex-primeiro ministro britânico denunciou o Comunismo Soviético por estender uma “Cortina de Ferro”(Iron Curtein), sobre a sua área ocupada na Europa, conclamando os poderes anglo-saxões, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, a enfrentarem-na.

Com essa inversão, essa completa mudança de postura, de aliados da URSS para seus adversários, os Estados Unidos obrigaram-se a elaboraram uma nova doutrina: a Doutrina da Segurança Nacional. Segundo ela um tipo singular de enfrentamento mortal desenhava-se no horizonte; simultaneamente estratégico e ideológico. Os Estados Unidos tinham agora seus interesses e suas bases militares espalhadas por todos os continentes. Eram uma potência global, não estando mais confinados aos seus limites continentais primeiros. O seu único rival era o movimento comunista que tinha sede em Moscou, e manifestava ambições expansionistas. O marxismo, para os estrategistas do Pentágono, nada mais era do que o pretexto para o seu domínio do russo do mundo.

Haviam dois frontes portanto. Um estratégico-militar, que seria coberto por tratados específicos, e outro ideológico, que mobilizaria a opinião pública e o serviço de contra-espionagem (a CIA [ Central Inteligente Agency] foi criada em 1947), para o combate ao “perigo vermelho”.

A decisão do caminho a ser seguido em relação à URSS foi traçado por George Kennan, um alto funcionário americano, que defendeu a “contenção” contra o comunismo. Os soviéticos somente seriam detidos por meio de uma enérgica política de enfrentamento, de jogo duro. Esta política contribuiu para que os Estados Unidos reativassem a sua industria bélica para atender as necessidades da Guerra Fria. A íntima relação da política militar com as fábricas de artefatos bélicos, levou a que, mais tarde, o Presidente Dwight Eisenhower a denominasse de “complexo militar-industrial”.



A doutrina Truman e o Plano Marshall

A conseqüência lógica da “contenção ao comunismo” foi o lançamento da Doutrina Truman, o primeiro pilar da Guerra Fria. Anunciada em março de 1947, a pretexto de socorrer a Turquia e a Grécia (envolvida numa guerra civil entre comunistas e monarquistas), o presidente dos Estados Unidos garantia que sua forças militares estariam sempre prontas a intervir em escala mundial desde que fosse preciso defender um país aliado da agressão externa (da URSS) ou da subversão interna, insuflada pelo movimento comunista internacional, a serviço dos soviéticos. Na prática os Estados Unidos se tornariam dali em diante na polícia do mundo, realizando intervenções em escala planetária na defesa da sua estratégia (*).

O segundo pilar, separando ainda mais as superpotências, deu-se com o Plano Marshall que foi um projeto de recuperação econômica dos países envolvidos na guerra. Anunciado, também no ano de 1947, em 5 de julho, em Harvard, este plano deve seu nome ao General George Marshall, secretário-de-estado do governo Truman. Por ele, os americanos colocariam à disposição uma quantia fabulosa de dólares (no total ultrapassou a U$ 13 bilhões de dólares) para que as populações européias pudessem “voltar as condições políticas e sociais nas quais possam sobreviver as instituições livres”, e a um padrão superior que os livrasse da “tentação vermelha”, isto é de votar nos partidos comunistas, mantendo-se assim fiéis aos Estados Unidos.

Enquanto os europeus ocidentais (ingleses, franceses, belgas, holandeses, italianos e alemães) aderiram ao plano com entusiasmo, Stalin não só rejeitou-o como proibiu aos países da sua órbita (Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Romênia e Bulgária) a que o aceitassem. A doutrina e o plano fizeram ainda mais por separar o mundo em duas esferas de influência.

(*) Obedecendo à doutrina Truman os E.U.A intervieram na Guerra da Coréia (1950-3) e na Guerra do Vietnã (1962-75), como também derrubaram os regimes de Mossadegh no Irã em 1953, e o do Gen. Jacobo Arbenz na Guatemala em 1954. Em 1961 apoiaram a invasão de Cuba para derrubar Fidel Castro e, com a criação da Escola das Américas, no Panamá, adestraram os militares latino-americanos na contra-insurgência, estimulando-os a que tomassem o poder nos seus respectivos países.



Os Tratados da Guerra Fria

Com a crescente histeria anticomunista (nos E.U. A, o Comitê de atividades anti-americanas deu início, em 1947, à “caça aos comunistas”) a diplomacia americana tratou de arregimentar parceiros no seu grande embate ideológico contra a URSS. O primeiro de uma série de tratados que assinaram foi o TIAR (Tratado inter-americano de auxilio recíproco) acertado no Rio de Janeiro em 1947, afirmando o conceito de “defesa coletiva” do continente americano. Por ele as nações latino-americanas, formariam uma frente comum caso houvesse a agressão de uma “potência externa” (isto é a URSS). O TIAR serviu também para que as relações entre os militares se estreitassem. Os generais latino-americanos passaram a ver seus países em função da estratégia da Guerra Fria (*).

Também passaram a preocupar-se com a “subversão interna”, especialmente depois da Revolução Cubana de 1959. A luta anticomunista interna, estendida aos governos populistas, considerados aliados dos comunistas, levou-os à instituírem, por meio de golpes militares, os Estados de Segurança Nacional (Brasil em 1964; Argentina em 1966 e novamente em 1976; Peru e Equador em 1968; Uruguai e Chile em 1973).

Em 1949, em 4 de abril, foi a vez dos países europeus abraçarem uma aliança liderada pelos Estados Unidos: a OTAN (North Atlantic Treaty Organization). Inicialmente com 12 membros, hoje ela conta com 19 (**). Com um estado-maior comum, a OTAN tinha a função original de proteger os países europeus ocidentais de um possível ataque das divisões soviéticas estacionadas na Alemanha Oriental. A motivação para que a aliança se realizasse deveu-se a crise de Berlim. Os E.U.A., ao se decidirem reerguer a indústria pesada alemã, assustaram os soviéticos. Stalin ordenou então o bloqueio por terra a Berlim, em protesto contra uma futura República Federal Alemã, vinculada aos americanos. Os aliados ocidentais superaram o problema recorrendo a uma ponte aérea que abasteceu a população de Berlim durante o desentendimento.

Por último, em razão das guerras da Coréia (195-53) e do Vietnã (a primeira de 1945 -54 e a segunda de 1962-75), que os Estados Unidos consideraram como uma ameaça a sua hegemonia na Ásia, criaram a OTASE (Southeast Asia Treaty Organization), em seguimento ao tratado de defesa coletiva assinado em Manila, capital das Filipinas, em 8 de setembro de 1954, para conter o “expansionismo maoísta” na Ásia. A OTASE englobava, além dos E.U.A., antigos colonialismos, como o francês e o inglês, ex-dominios britânicos como a Austrália e a Nova Zelândia, e “protetorados dos ocidentais” como Filipinas e Tailândia, além do Paquistão.

Esses tratados refletiam, cada um a seu modo, a evidência do colossal poder que os Estados Unidos exerceram no mundo do após-guerra e fizeram por ajudar ainda mais seu vigor econômico e financeiro. Num planeta arruinado pela Guerra Mundial foi natural que os Estados Unidos, única potência sobrevivente, reordenasse o mundo, agora como superpotência, à sua vontade.

(*) exemplo disso é a fundação das Escola Superior de Guerra no Brasil, em 1949, e o livro “Geopolitica do Brasil”, do General Golbery do Couto e Silva

(**) os seus membros eram os E.U.A., o Canadá, a G.B., a França (retirou-se em 1966), a Alemanha Ocidental, a Itália, o Benelux, a Islândia, a Noruega, Portugal e a Dinamarca. Em 1998 foram acolhidas a Polônia, a República Tcheca e a Hungria, que, anteriormente pertenciam ao Pacto de Varsóvia, arquitetado pela URSS em 1955. Com a admissão de regimes fascistas como o de Salazar em Portugal, ou o dos militares turcos e gregos, a OTAN ficou em dificuldades em proclamar-se como “defensora da democracia”.



A política de contenção ao comunismo


TIAR América (partidos comunistas, guevarismo) OTAN Europa (Bloco Soviético) OTASE Ásia (Maoísmo e guerrilhas do Vietmin)



Bibliografia

Alperowitz, Gar- Diplomacia atômica, Editora Saga, Rio de Janeiro, 1969

Benz, Wolfgang - Graml, H. - Siglo XX: III, problemas mundiales Siglo XXI editores, México, 1982

Benz, Wolfgang - Graml, H. - El siglo XX: Europa después de la 2ª Guerra mundial Siglo XXI editores, México, 1986, 2 vols.

Calvocoressi, Peter - World Politics since 1945, Longman, Londres, 1996, 7ª ed.

Delmas, Claude - Armamentos Nucleares e Guerra Fria Editora Perspectiva, São Paulo, 1979

Durand, Yves - Naissance de la guerre froide: 1944-1949 Messidor, Paris, 1984

Fontaine, André - Histoire de la Guerre Froide, Fayard, Paris, 1965, 2 vols.

Kennan, George - A Rússia e o Ocidente, Editora Forense, Rio de Janeiro, 1966