Saltar para o conteúdo

Ilíada: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
(Sem diferenças)

Revisão das 01h36min de 18 de maio de 2004

A Ilíada é a mais antiga e mais extensa das obras atribuídas a Homero. O nome do poema deriva de Ílion, nome alternativo da lendária cidade de Tróia.

Acredita-se que a Ilíada tenha sido originalmente uma composição oral, memorizada e recitada em ocasiões especiais, composta entre -750 e -725 a partir de lendas e de memórias do Período Micênico e da Idade das Trevas. Somente no fim do século -VI, dois séculos mais tarde, os versos foram finalmente colocados na forma escrita.

Argumento O assunto do poema, retirado das lendas do Ciclo Troiano, cobre apenas alguns dias do décimo ano da Guerra de Tróia. O tema principal é a cólera do herói Aquiles que, afrontado por Agamêmnon, chefe do exército grego, retira-se da luta.

Mitos relacionados:

• A Guerra de Tróia Privados do auxílio de seu mais poderoso combatente, os gregos sofrem revés sobre revés e são acuados pelos troianos junto às próprias naus. No último momento, porém, Aquiles se reconcilia com Agamêmnon e, de volta ao combate, ajuda a rechaçar o inimigo e mata o mais importante guerreiro troiano.

Personagens A quantidade de personagens da epopéia é enorme; uma estimativa conservadora chegaria a duas ou três centenas, pelo menos, entre deuses, heróis, mulheres e participantes incidentais (muitos sem nome). A lista a seguir contempla apenas os personagens mais importantes.

Gregos:

AQUILES Chefe dos mirmidões; filho de Peleu, rei da Ftia, e da nereida Tétis. AGAMÊMNON Rei de Micenas; irmão de Menelau. ÁJAX Filho de Télamon, rei de Salamina; primo de Aquiles. ÁJAX Filho de Oileu, rei dos Lócrios. ANTÍLOCO Filho de Nestor, rei de Pilos. CALCAS Adivinho que acompanhava os gregos. DIOMEDES Rei de Argos; filho de Tideu. FÊNIX Preceptor de Aquiles. IDOMENEU Rei de Creta, neto de Minos. MENELAU Rei de Esparta; ex-marido de Helena, irmão de Agamêmnon. NESTOR Rei de Pilos; pai de Antíloco. ODISSEU Rei de Ítaca. PÁTROCLO Companheiro de Aquiles. TEUCRO Guerreiro de Salamina, irmão de Ájax. Troianos:

ANDRÔMACA Esposa de Heitor. CASSANDRA Filha de Príamo, adivinha. ENÉIAS Sobrinho de Príamo, primo de Heitor e de Páris; filho de Anquises e de Afrodite. GLAUCO Guerreiro lício, neto de Belerofonte. HEITOR Filho mais velho de Príamo, irmão de Páris. HÉCUBA Esposa de Príamo. HELENA Filha de Zeus e de Leda, ex-esposa de Menelau, esposa de Páris. PÂNDARO Guerreiro lício. PÁRIS / ALEXANDRE Filho de Príamo, irmão de Heitor, marido de Helena. PRÍAMO Rei de Tróia, pai de Heitor e de Páris. SÁRPEDON Guerreiro Lício, filho de Zeus.

Os deuses têm importante participação em todos os episódios do poema e com freqüencia interagiam com os personagens humanos; alguns chegaram ao ponto de lutar em diversas batalhas. Do lado dos gregos, estavam Atena, Hefesto, Hera e Posídon; do lado dos troianos, Afrodite, Apolo, Ártemis e Ares. Zeus trabalhou, em diferentes momentos, para cada um dos dois lados.

Cenário A ação transcorre na cidade sitiada de Tróia e arredores. O acampamento dos gregos fica próximo, junto às naus ancoradas. Algumas cenas se passam no Olimpo, morada dos deuses.

Panorama O poema tem um total de 15.693 versos hexâmetros e se divide artificialmente em 24 Livros ou Cantos de tamanho desigual, identificados pela tradição manuscrita com as letras maiúsculas do alfabeto grego (Α, Β, Γ, Δ, Ε, Ζ, Η, etc.). Ocupa cerca de 440 páginas da edição de Allen (1931), utilizada aqui, distribuídas em três volumes. Poderíamos separar a Ilíada em numerosos episódios, mais ou menos autônomos, sempre narrados por Homero, embora muitas vezes ele dê voz aos personagens para que contem suas histórias.

Eis uma visão panorâmica da seqüência de episódios, de acordo com o agrupamento dos versos em "livros":

I-IV


V-VII

VIII-X

X

XI-XV

XVI-XVII

XVIII-XXII

XXIII

XXIV Invocação, argumento do poema e restabelecimento das causas da guerra

Aristeía de Diomedes, Heitor e Ájax

Recuo dos gregos e apelo a Aquiles

A dolonéia

Os gregos diante da derrota

Aristeía e morte de Pátroclo

Aquiles vira o jogo e mata Heitor

Os funerais de Pátroclo

O resgate do cadáver de Heitor

O poema é marcado, até o livro XVII, pela ausência de Aquiles e, depois disso, por sua avassaladora parti- cipação nas batalhas. Alguns comentadores antigos, por causa disso, costumavam dizer que o poema era mais uma "Cólera de Aquiles" do que uma "Ilíada"...

Resumo: livros I-IV Os primeiros quatro livros caracterizam-se por um "restabelecimento" das causas da guerra, tanto no plano divino como no plano humano. Após a invocação à musa e a enunciação do argumento do poema (1.1-7), o poeta atribui a praga que assola o acampamento grego ao tratamento grosseiro dispensado por Agamêmnon, chefe das forças gregas, a Crises, sacerdote de Apolo (1.8-53), que viera oferecer digno resgate em troca da filha escravizada. Na assembléia, desentendem-se Agamêmnon e o mais poderoso guerreiro grego, Aquiles, por causa de outra cativa, Briseida; ferido em sua honra de guerreiro, Aquiles retira-se da luta (1.308-348) e implora a Tétis, sua mãe, que interceda junto a Zeus para que os aqueus lamentem sua falta (1.349-430). Depois de um sacrifício a Apolo e da devolução de Criseida, filha de Crises, a praga cessa (1.431-492).

Enquanto isso, no Olimpo, Tétis suplica em prol do filho e obtém de Zeus uma solene promessa (1.493-532); Zeus e Hera se desentendem, mas são apaziguados por Hefesto (1.533-611). Zeus envia então um sonho enganador a Agamêmnon (2.1-40) que, acreditando estar próxima a vitória, convoca uma assembléia (2.41-143) e propõe-se a testar o moral da tropa, acenando com o pronto retorno à Grécia. O exército inicia uma debandada, contida por Odisseu e, de certo modo, pelo velho e sábio Nestor (2.144-393). Oferece-se um sacrifício a Zeus e há uma simbólica reconvocação dos combatentes (2.394-483): após outra invocação à musa (2.484-493), o poeta enumera os 29 grupos de combatentes gregos, suas cidades de origem, os heróis que os lideram e o número de navios que os trouxeram ("catálogo das naus", 2.494-785). As forças troianas são, a seguir, igualmente catalogadas (2.786-877).

Os dois exércitos se posicionam frente a frente; Páris, ao ver Menelau, assusta-se e é duramente reprovado por Heitor (3.1-75); propõe, então, um duelo individual com Menelau, prontamente aceito por ambas as partes (3.78-120). Enquanto isso, do alto da muralha de Tróia, Helena identifica para o rei Príamo os principais chefes gregos ("teicoscopia", 3.121-244). Após um sacrifício, dá-se o duelo, vencido por Menelau (3.245-379); Afrodite, porém, salva Páris e o coloca em seu quarto, para onde Helena é também conduzida (3.380-448). Menelau enfurece-se (3.449-461) e, enquanto isso, os deuses decidem fazer com que a luta prossiga (4.1-72). Por instigação de Hera e de Atena, um arqueiro troiano fere Menelau (4.73-187), que é prontamente tratado pelo médico-guerreiro Macáon (4.188-219).

Agamêmnon passa novamente as tropas em revista e instiga os outros heróis à luta (4.220-418). Gregos e troianos começam, finalmente, a lutar, mas a batalha termina completamente equilibrada (4.419-544).

............A Continuar..................