Guerra do Contestado

A Campanha do Contestado foi uma "guerra santa" travada entre 1912 e 1916, numa região pretendida pelos estados do Paraná, Santa Catarina e mesmo pela Argentina. Durou mais tempo e produziu mais mortes que a guerra de Canudos.

• SUMÁRIO:

Em 1912, na região do Contestado, refugiou-se um soldado desertor condenado por estupro, de nome Miguel Lucena de Boaventura e que também se autodenominava José Maria Agostinho. Dizendo-se um monge santo, inflamou os habitantes do território contestado contra a ocupação das terras por empresas estrangeiras; nomeou um fazendeiro analfabeto como 'Imperador do Brasil" e criou uma guarda de honra constituida por 24 cavaleiros que intitulou de "Doze Pares de França", pois entendia que Par significava o númeral 2. O Governo decidiu reprimir a insurreição e manda 200 soldados para Taquaruçú em 29 de dezembro de 1913, os quais fora rapidamente derrotados e perseguidos pelos jagunços. Em 8 de fevereiro de 1914 são emviados 700 soldados, apoiados por peças de artilharia e metralhadoras. Incendiaram o acampamento dos jagunços equanto este se refugiaram em Caraguatá, onde viviam cerca de 2000 pessoas chefiados por Maria Rosa, uma jovem com 15 anos de idade, a "Joana D'Arc" do sertão, "que combatia montada em um cavalo branco com arreios forrados de veludo, vestida de branco, com flores nos cabelos e no fuzil". .

Após a morte do "monge", Maria Rosa assume a liderança espiritual e militar de todos os revoltosos, então, cerca de 6.000 homens.

Em 9 de março de 1914, as tropas de Santa Catarina cercam e atacam Caraguatá, mas o malogro é total. Fogem em pânico perseguidos pelos revoltosos. O governo central designa então o general Carlos Frederico de Mesquita, veterano de Canudos, para comandar a ação contra os rebeldes. Inicialmente tenta sem exito um acordo para dispensar os revoltosos; a seguir ataca Santo Antônio e os rebeldes fogem; Caraguatá é abandonada devido a uma epidemia de tifo. Considerando dispersos os revoltosos, o general mesquita dá a luta por encerrada. Etretanto, logo mais, estes se reagrupam em Santa Maria, e os ataques dos fanaticos se intensificam: tomam e incendeiam a estação de Calmon; dizimam a vila de São João atacam Curitibanosa, ameaçam Porto União da Vitória, cuja população abandona em desespero. Os boatos chegam aTé Ponta Grossa e dizem que os jagunços pretendem marchar até o Rio de Janeiro e depor o Presidente. Os rebeldes dominam então cerca de 25.000 km2 da região do contestado.

Em setembro de 1914, chefiando 7.000 homens e com ordens de sufocar a rebelião e pacificar a região, chega a Curitiba o general Setembrino de Carvalho. Sua primeira providencia foi restabelecer e guarnecer as ligações ferroviárias e usa, pela primeira vez 2 aviões para reconhecimento e bombardeio dos insurretos.

Setembrino dividiu seu exercito em quatro alas com nomes dos pontos cardeais, que foram avancando e destruindo todos os redutos que encontram. Em 8 de fevereiro de 1915 a ala Sul, comandada pelo tenente-coronel Estillac, chega a Santa Maria, o ultimo dos redutos. A luta é intensa e, à noite, ordena retirada: hávia 30 mortos e 40 feridos. Novos ataques e recuos ocorreram nos dias seguintes.

Em 28 de março de 1915, da vila de Reinchardt, o capitão Tertuliano Potyguara partiu com 710 homens em direção a Santa Maria perdendo 24 homens em emboscadas. Maria Rosa moreu às margens do rio Caçador. Em 3 de abril as tropas de Estillac e Potyguara avançam juntas para o assalto final a Santa Maria, onde restavam apenas alguns combatentes já quase mortos pela fome. Em 5 de abril o general Estillac informa que "tudo foi destruido, subindo o número de habitações destruidas a 5.000 ... as mulheres que se bateram como homens foram mortas em combate ... o número de jagunços mortos eleva-se a 600. Os redutos de Caçdor e de Santa Maria estão extintos. Nào posso garantir que todos os bandidos que infestam o Contestado tenham desaparecido, mas a missão confiada ao exercito está cumprida". Os rebeldes sobreviventes se dispersaram em muitas cidades.

• REFERÊNCIAS:

1-"Gandes Acontecimentos da História" - Revista da Editora 3 , no. 4 (setembro de 1973).