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Padre Bernardo: diferenças entre revisões

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Revisão das 17h05min de 23 de junho de 2004

HISTÓRIA


No início era Barro Alto


Em meados da década de 1930, romeiros originários de regiões vizinhas, principalmente do Vão dos Angicos, iniciaram a tradição de realizar festa em louvor ao Divino Espírito Santo, na área em que se desenvolveria o povoamento.

As terras para a fixação dos primeiros moradores foram doadas por Jerônimo de Amorim, que contribuiu com dez alqueires, e por Valentim José Cabral, que ofereceu dois alqueires. O arraial, com o nome de Barro Alto, foi fundado por Rosa Fernandes de Carvalho e por José Monteiro Lima, em 1951. A ocupação desenvolveu-se a cerca de 12 quilômetros à esquerda do rio Maranhão, nas margens do Córrego Barro Alto.

O nome de Padre Bernardo foi, de fato, oficializado por lei de 22 de novembro de 1955. A denominação é homenagem ao pároco de Luziânia, que visitava constantemente o novo povoado com o objetivo de realizar casamentos e batizados, além de atender à demanda religiosa da localidade. O padre Bernardo Stockler faleceu em 8 de julho de 1955, na Fazenda Água Fria. O corpo foi sepultado no povoado e, anos depois, transferido para nicho cavado na Igreja Matriz de Luziânia. Padre Bernardo foi elevada à condição de município 1963, mas a instalação só ocorreu em 9 de maio de 1964.


Um sonho de três pioneiros


O objetivo de garantir mais conforto e desenvolvimento aos moradores da região mobilizou Rosa Fernandes Cabral, Januário Pereira de Amorim e José Monteiro Lima a iniciar o povoamento. “O sonho de criar o município fez com que essas três pessoas doassem a terra onde se fixaram os primeiros habitantes”, conta a sobrinha de José Monteiro, Antônia Pinto Monteiro, conhecida como Biá. A Igreja do Divino Espírito Santo foi construída no terreno doado por Rosa Cabral, que mais tarde deu origem ao Setor Divinópolis. “Em julho, romeiros de várias localidades visitavam Padre Bernardo em louvor ao Divino e à Nossa Senhora do Carmo”, afirma Antônia. Nessa época, o pároco de Luziânia, padre Bernardo Stockler, ia regularmente à localidade realizar batizados e casamentos. “Com isso, foi se desenvolvendo o povoamento”, comenta. Biá conta que a primeira casa construída no município pertencia a sua mãe, Luíza Monteiro Lima, irmã de José Monteiro. Em uma das viagens do pároco, acabou morrendo. “O padre foi sepultado aqui e, por isso, deu nome à cidade”, observa Antônia. De acordo com a moradora, uma das principais marcas da modernização da cidade foi a construção de Brasília. “A nova capital despertou a atenção das pessoas e estimulou o crescimento das cidades vizinhas, como Padre Bernardo, Uruaçu, Niquelândia e parte do município de Pirenóvpolis”, conta. Antônia explica ainda que a fundação da Escola José Monteiro Lima, a primeira instituição de educação no município, foi importante para atrair novos habitantes. “Orgulho-me muito por ter contribuído com a história de minha cidade”, diz. “A hospitalidade é a principal marca de Padre Bernardo e, por isso, a população acredita na cidade.”



PERSONALIDADES


Gente que faz história


No início, quando era apenas um arraial chamado Barro Alto, o povoado era visitado constantemente por um padre, que vinha de Luziânia, para fazer batizados e casamentos no local. Quando faleceu, o padre Bernardo Stockler, que deu nome ao município, foi enterrado na cidade e depois levado para Luziânia.

ROBERTO CÉSAR ITACARAMBY Nascido em Goiânia, começou a jogar futebol amador. Em 1974 fez teste no Cruzeiro de Belo Horizonte, em Uberlândia, e lá permaneceu até 1984. Foi emprestado para o Operário Futebol Clube, em Mato Grosso, e em 1977 conquistou o terceiro lugar do Brasileiro. Logo depois retornou ao Cruzeiro, garantindo sua vaga no time titular. Foi campeão da Taça Libertadores da América, e depois disputou com o Bayern de Munique, ficando com o vice-campeonato mundial. Em 1984 foi vendido à Portuguesa de São Paulo, que o emprestou ao Santos. Também marcou presença no Atlântico, de Recife, no Grêmio, de Porto Alegre. A maior conquista, segundo ele, foi a Artilharia do Campeonato Brasileiro em 1979 pelo Cruzeiro. Hoje é pecuarista, e decidiu encerrar sua carreira aos 32 anos por “escolha própria”, afirma. Vivendo da atividade rural, é criador de nelore. “Sempre que joguei, tive momentos muito bons, mas sempre achei que era passageiro, efêmero. Convivia e administrava tudo isso muito bem, por isso não tive problemas. A carreira tem altos e baixos”, concluiu esbanjando sabedoria o ex-jogador.

JANUÁRIO PEREIRA DE AMORIM Um dos pioneiros da região, nasceu em Barreiras, na Bahia. Mudou-se para Padre Bernardo e casou-se com Olívia Pereira. Eram proprietários da Fazenda Barro Alto, mais tarde vendida para que se desenvolvesse o povoado.

ROSA FERNANDES CABRAL Doou o terreno para a construção da capela em nome do Divino Espírito Santo. Sua propriedade abrangia toda a área limitada pelo Rio Maranhão e pela área conhecida como Raizama. É a mãe de Valentim José Cabral, que também contribuiu para o desenvolvimento do povoado.

VALENTIM JOSÉ CABRAL Casou-se com Geralda Ubaldino de Freitas, que chegou a Padre Bernardo em 1952. Valentim é filho de Rosa Cabral, que cons-truiu a capela do Divino em janeiro de 1932.

PADRE BERNARDO STOCKLER Pioneiro que deu nome ao município. Morava em Santa Luzia e percorria a região realizando batizados e casamentos. Morreu na Fazenda Água Fria. Os restos mortais foram sepultados em Padre Bernardo e depois levados para Luziânia.


Lembranças da origem da cidade


Olívia Pereira Agi, 95, conhecida como Olita, nasceu na região onde se desenvolveu a cidade de Padre Bernardo e foi uma das primeiras moradoras do pequeno povoado. Casou-se com Januário Pereira de Amorim, um dos pioneiros. "Meu marido veio de Barreira, na Bahia, e trouxe alguns familiares para se fixar aqui", conta.

Januário vendeu a propriedade sobre a qual se desenvolveu o povoamento. "Deixei que ele vendesse minha fazenda na região do Barro Alto", conta. O marido chegou a comprar uma máquina de arroz para que os sobrinhos pudessem trabalhar. "Nesse tempo já era cego e não conseguia mais trabalhar com beneficiamento", lembra.

Quando Olívia e Januário se casaram, o pai da noiva já havia morrido. "Januário era muito bonito, e eu me interessei por ele. Só que, naquele tempo, o pai governava muito a vida da gente".

Olívia conta que padre Domingos é outro pioneiro na região. "Também veio da Bahia e trouxe alguns familiares que acabaram permanecendo por aqui. Mas ele mesmo acabou permanecendo na antiga Santa Luzia, hoje Luziânia". Mas quem, de fato, passou a atender a demanda da região foi Padre Bernardo Stockler, que realizava casamentos e batizados. Morava em Santa Luzia e visitava periodicamente o povoado. "Ele chegou a dormir por durante 12 anos em minha casa, quando vinha para cá", comenta Olívia.

Outra personagem da história local com quem Olívia conviveu foi Rosa Fernandes Cabral. "Ela doou o terreno para a construção da capela do Divino Espírito Santo", conta. "Naquela época, o pessoal vinha fazia romarias em nome do Divino aqui no município". De acordo com Olívia, as habitações se fixaram na terra que pertencia a Rosinha. "A propriedade limitava-se com o rio Maranhão".



ECONOMIA


Pecuária e agricultura


A pecuária movimenta a economia de Padre Bernardo, participando da arrecadação com 32,31%. Na agricultura, o forte são o cultivo de soja e milho.

Clero Ribeiro de Resende é produtor de soja e milho. Em sua fazenda são plantados quatrocentos hectares de soja.

O plantio é direto e o solo é preparado com palhada verde e mileto. Os grãos são fornecidos para Granol e ADM, a produção é de 55 sacas de soja, de 60 quilos cada uma.

Além disso, Clero administra a Fazenda Vargem Dourada, onde planta 400 hectares de soja, 200 de milho e trabalha com gado, sendo 3,5 mil cabeças de nelore. “Gosto muito de trabalhar com a terra, é o vício que tenho”, comentou Clero.

Segundo ele, sua produção diminuiu cerca de 20%. “O período de estiagem se estendeu por 31 dias e houve uma perda significativa”, completa.

João Ribeiro de Andrade, além de vereador, é pecuarista e disse que aprendeu com seu pai a lidar com o gado. “Compro o gado em leilões e revendo aqui mesmo na região”, afirma. Segundo João, o mercado está ruim, pois o rebanho da Argentina está entrando no País e há uma queda nas vendas.

O comércio local, como restaurantes, bares, lojas de roupas e calçados, bancos, supermercados, entre outros, é pequeno e atende às necessidades básicas da população. As indústrias que merecem destaque na região são as de cerâmica, os laticínios e as confeccões. Todas geram interessantes divisas para o município.


Cerâmica e escola


A Cerâmica Padre Bernardo é a empresa privada que mais emprega no município. São gerados 500 empregos diretos e indiretos. Geraldo Amorim Navarro, sócio de Solange Bravo, comprou a cerâmica há três anos, e já tem projetos audaciosos, um deles é montar uma escola de artesanato. “As mulheres de nossos funcionários poderão aprender uma profissão, e ao invés de ficarem em casa estarão contribuindo para o aumento da renda familiar”, acrescentou Geraldo, que trará um professor de Pernambuco para ensinar trabalhos artesanais com argila.

A produção mensal chega a um milhão de peças, dentre estas são produzidos tijolos furados, lajotas e lajotas de revestimento de piso.

O barro é extraído da região, segundo Geraldo. “A argila é de boa qualidade e tem em abundância.” A cerâmica está investindo em tecnologia, “estamos instalando um sistema de controle, que é o monitoramento por computador, chamado pirometria”, adiantou.

Existe também um laboratório que controla o tamanho e o índice de absorção de água das peças, atendendo às normas da ABNT.


Projetos da secretaria


O secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Sérgio Murilo Garcia Pereira, falou ao DM sobre os projetos e as realizações da secretaria. Foi instalada a lavoura comunitária em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura. A área plantada corresponde a 300 hectares, sendo 50 de arroz e 250 de milho. “Queremos chegar aos 800 hectares plantados”, acrescentou Sérgio.

O Programa Municipal de Desenvolvimento da Piscicultura tem o intuito de melhorar a renda, a alimentação do pequeno produtor e ainda repovoar os rios com o excedente da criação. “A prefeitura dá os alevinos, a parte comercial é do produtor e o peixe na fase juvenil é solto nos rios”, complementa.

Quanto à Secretaria do Meio Ambiente, foi feito um convênio com a Agência Ambiental para a execução do Programa de Ações Ambientais Integradas - PAAI. “Já foi feito o mapa ambiental do município”, disse Sérgio. O secretário afirmou que a secretaria não tem o intuito de multar, mas de visitar as empresas, fazendo uma educação ambiental no que se refere à exploração de matérias-primas (areia e madeira). “Queremos arrecadar os impostos”, acrescenta.

Foi criado o Sistema Municipal do Meio Ambiente, que é composto pelo Fundo e Conselho Municipal, onde são feitas reuniões regulares para a discussão dos projetos.



TURISMO


O descanso é garantido


O Hotel-Fazenda Mestre D’Armas está localizado a pouco mais de 100 quilômetros de Brasília, e é local ideal para o turista que quer descansar e ter contato com a natureza de forma bastante aconchegante. São 57 apartamentos, com ar-condicionado, TV, frigobar e telefone. Para aqueles que gostam de praticar esportes, opções não faltarão, são duas quadras de tênis, campo de futebol soçaite, duas quadras de areia, parque aquático com dez piscinas, sendo uma semi-olímpica, além de sauna, parque infantil, salão de jogos, sala de TV e biblioteca, bares e restaurantes. O hotel também está preparado para realização de eventos de empresas, escolares e familiares, possuindo um Centro de Convenções com três auditórios, tendo capacidade para 200 pessoas. Passeios ecológicos com trilhas interpretativas sobre o Bioma do Cerrado também são oferecidas pelo hotel. Passeios a cavalo, esportes rurais, rapel, leite no curral e pomar completam a diversão. O cardápio é variado, são servidas comidas típicas goiana e mineira, e vale lembrar que os queijos e os doces são feitos no hotel. Há mapas de localização por todo hotel. Para passar o dia a taxa é de R$ 35,00. Reservas (61) 363-3344.



LAZER


Em junho tem exposição


A Exposição Agropecuária de Padre Bernardo acontece no mês de junho. O evento está em seu 17º ano e já pode ser considerado uma tradição local.

Amador de Oliveira, organizador do evento, disse que o ponto alto da festa é o rodeio. Cerca de 20 touros e 20 cavalos são trazidos para o rodeio. Barracas típicas, shows com bandas country, além da exposição de gado e cavalos completam a festa.

“A arrecadação da festa é baixa, por isso os shows são com artistas da terra”, afirma.


Eventos e festas


Janeiro Folia de Reis - 6 Folia São Sebastião - 20

Fevereiro Carnaval de rua

Maio Festa do divino - 9 a 19 Aniversário da Cidade - 9

Junho Exposição Agropecuária

Julho Festa de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Padre Bernardo - 16



GENTE


Em nome do Espírito Santo


Folia, viola e catira. Combinação perfeita para um grupo de moradores de Padre Bernardo que não deixa a fé de lado e todo ano visita as fazendas da região em nome do Divino Espírito Santo. “Mesmo quando fico doente e não participo diretamente da folia, acompanho a festa”, comenta o lavrador e folião, Benedito Teles da Silva, 92. As folias constituem costume cultivado por muitas famílias da cidade. “Meu pai foi um dos primeiros guias dessa região”, comenta Benedito, que, apesar de ter sido criado com a mãe e a tia, carregou a tradição ao longo de 80 anos. “Desde os 12 meu pai costumava me buscar em casa para ir, na garupa do cavalo, participar das festas”, conta.

Os grupos, formados por cerca de 30 pessoas, partem da cidade e fazem pouso em várias fazendas. “As visitas demoravam antigamente até 30 dias”, explica Benedito. “Quando era mais jovem, parávamos em todas as propriedades que existiam no caminho até a antiga Santa Luzia, hoje Luziânia.” De volta a Padre Bernardo, os participantes entregam a folia na Igreja do Divino Espírito Santo. “Nesse momento o rei é coroado e a rainha é buscada em sua casa”, conta Benedito. Em cada residência visitada os festeiros pedem pouso, cantam músicas religiosas e dançam catira.

Essa atividade é uma das principais marcas da folia e geralmente encerra os trabalhos do dia. “Não houve nessa região quem fizesse o que eu fazia”, assegura o folião. “Chegava a bater os pés nas costas e na cabeça”, orgulha-se. “Além disso, conseguia, dançando, pegar dinheiro com a boca, sem tocar as mãos no chão”, diz. Os músicos, que incluem cantores, violeiros e sanfoneiros, se encarregam de puxar os cântigos religiosos. Durante o ritual, o vestuário dos foliões é formado por camisas de manga comprida e botina. As rezas de terço também acontecem em cada parada. “Há seis anos estou um pouco afastado, porque tenho problemas de saúde mas, de alguma forma, costumo acompanhar o trabalho dos foliões”.

Mas a tradição continua entre os mais novos. Cosme Damião Gonçalves de Oliveira, 28, operador de máquinas, nasceu em Niquelândia e mudou-se para Padre Bernardo ainda criança. “Já nesse tempo, comecei a participar das folias porque minha avó tinha muita devoção ao Divino Espírito Santo”, comenta. Dentre as principais personagens da folia estão o guia e o regente. O primeiro tem a função de disciplinar a atuação dos participantes. Já o regente é responsável pelo itinerário que percorre o grupo na viagem pelas propriedades rurais. Hoje, as folias tendem a durar cada vez menos dias. “Atualmente, demoramos entre cinco e doze dias”, explica Cosme Damião. O folião não esconde o gosto pelas danças. Na verdade, a participação na festa é motivo de orgulho. “É um costume que minha avó me ensinou e que aprendi a gostar. Afinal de contas, é muito importante louvar a divindade”, considera. A tradição das danças inclui, além da catira, o lundum. No ritual, os foliões ficam dispostos dois a dois e se movimentam no ritmo das músicas de raiz. “A realização das folias é muito importante tanto para quem participa quanto para a população”, comenta Benedito da Silva.


Nomes guardados num caderno


A tradição deixou para as novas gerações o legado dos pousos em nome do Divino. “Os mais velhos foram morrendo e colocavam os mais moços no lugar”, comenta o vaqueiro, lavrador e folião Sebastião Gonçalves Mota, 74, que exibe um velho caderno com os nomes de todos os guias que participaram de folias na região de Padre Bernardo.

No registro, aparecem Bastiãozinho, Uzidov Barbosa, João Barbosa, Joaquim Maria e muitos outros. “A primeira festa da qual participei, em 1939, tinha como foliões João Lobo e Berem Arlindo”, lembra Sebastião.

Além do guia e do regente, existem também o alferes, responsável por conduzir a bandeira com o retrato do Divino, e o caixeiro, que tem a função de acompanhar a cantoria com uma espécie de bumbo, que faz a percussão.

O folião Joaquim Pereira Mendonça, 43, é o único de quatro filhos que participa da tradição. Desempenha a função de contra-guia, que responde aos cantos do guia, durante a movimentação. “Todo ano, peço ao Divino para me ajudar e não falta nada para mim e minha família”, garante.

Ivo Moreira da Silva, 66, lavrador, um dos mais antigos guias da região, comenta que a atividade reúne fé e tradição. “A folia é a principal marca do folclore de Padre Bernardo”, considera. O guia canta as canções na chegada e despedida do grupo, durante os pousos. A entrega, no último dia, consiste em grande banquete.



A CULTURA


Religiosidade e tradição


A tradição da festa de que deu origem à cidade consegue reunir ainda hoje milhares de pessoas em louvor ao Divino Espírito Santo. A capela, construída em devoção à figura religiosa, em terreno doado por Rosa Fernandes Cabral, é palco da movimentação de fiéis que participam de missas, folias e atividades culturais.

As festividades duram nove dias, com encerramento na comemoração de pentecostes. Neste ano, a movimentação acontece de 9 a 19 de maio. “O início foi antecipado em um dia para contemplar o aniversário da cidade”, explica o frade franciscano menor que atua em Padre Bernardo a serviço da Diocese de Luziânia, Luiz Pereira Lemos, 35 anos.

Durante o período de festa acontecem missas todas as noites, acompanhadas por novenas e orações ao Divino Espírito Santo. “Os fiéis agradecem a vida e pedem dons à figura religiosa”, conta. Os moradores improvisam também barracas ao redor da capela, com bebidas e comidas típicas. Ao fim das missas e orações são promovidos leilões, onde se vendem “de uma simples rapadura a um boi”, brinca o frei, para dar idéia da variedade das prendas, que incluem ainda frango, pernil assado, pão de queijo, porteiras e arreios. “A cada dia, o material é de responsabilidade de moradores de um setor, município, comunidade e até de grupos de profissionais.” Os dias de festa são acompanhados por shows de cantores e compositores de Padre Bernardo e cidades vizinhas. Nos últimos dias, quando a movimentação é mais intensa, cerca de cinco mil pessoas participam da festa. “É a mais tradicional e bem organizada atividade do município.” Durante os dias, foliões visitam as fazendas cantando em nome do Divino. Esses grupos apresentam também catiras e cavalgadas. “Neste ano, os organizadores estão preparando folia na cidade.”


União de esforços


Hélio Gomes da Silva, 40, servidor público, é um dos organizadores da edição de 2002 da Festa do Divino Espírito Santo. “Tomei conhecimento da atividade quando cheguei a Padre Bernardo, em 1987”, comenta. “O evento, desde aquela época, já era muito divulgado.”

Uma equipe com sete pessoas, além do frade Luiz Pereira Lemos, integra os responsáveis pela obtenção de fundos. “Conseguimos doações de comerciantes e fazendeiros”, explica. Para tanto, contam com a ajuda de cerca de 30 casais de moradores. “A festa é muito boa, porque, a cada ano, reúne mais pessoas, em nome da tradição.”