Saltar para o conteúdo

Basco: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
(Sem diferenças)

Revisão das 00h42min de 28 de junho de 2004

Durante a Idade Média, as províncias bascas, do Sul e do Norte - na Espanha e França actuais, respectivamente - eram auto-governadas. Uma independência que não resistiria ao poder de Paris e Madrid. Pela parte norte, a Revolução Francesa, trouxe uma noção cerrada de união do país e de nenhuma abertura para uma outra língua que não o francês. Pela parte sul, a autonomia durou mais, mas os governos centralistas de Madrid não lhe deram tréguas. Desde o século XVI, os territórios bascos viveram entre a colaboração - particularmente económica - com o poder central e uma constante tensão com o mesmo, sempre pela defesa dos direitos forais. Os fueros permanecem, assegurando alguma soberania em matérias como as fiscais, enquanto toda a Espanha vive um processo de centralização. Entre os séculos XVI a XIX sucedem-se conflitos sociais em todo o Euskal Herria contra a tentativa de redução do poder dos fueros. O século XIX espanhol é atravessado pelas guerras Carlistas, assim chamadas porque o seu objectivo era colocar no Governo do país o pretende ao trono Dom Carlos. Nas províncias bascas, a primeira guerra Carlista (1833 - 1839) foi uma verdadeira revolta popular pela defesa dos fueros, das liberdades e tradições bascas contra o centralismo espanhol. A segunda guerra Carlista desenvolveu-se na Catalunha e a terceira (1872-76) voltou ao cenário basco-navarro e Catalunha com mais uma derrota dos rebeldes e com efeitos devastadores na independência basca, com a abolição dos fueros de Álava, Biscaia e Gipuzcoa. Os bascos perderam o direito à governação, cultura e língua. Uma humilhação que os perseguiria pelo século que estava quase a iniciar-se. O nacionalismo basco tem o seu desenvolvimento maior nos finais do século, sendo Sabino Arana o seu maior impulsionador, a tal ponto que é a ele que se deve a denominação Euskadi. Do ódio de Franco à ira da ETA Desde então, os bascos não deixaram de pressionar por reformas e por uma maior autonomia. Uma pressão pacífica, então. E com resultados: Depois de restabelecida a República, em 1931, os bascos reclamam um Estatuto de Autonomia e conseguem que seja aprovado pelo Parlamento espanhol em 1936. A Região Autónoma da Bascongada é então constituída por Biscaia, Gipuzkoa e Álava (tal como hoje acontece) . Mas, a violência e cerco da longa ditadura de Franco - que começa em 1939 e só termina 36 anos depois -, contra a qual os bascos combateram, é mais um duro golpe nas aspirações do país. A vingança do Generalíssimo contra o inimigo basco caíu sobre todo o povo, militares e políticos são perseguidos ininterruptamente. Os que não conseguem fugir para o exílio, são presos, condenados a trabalhos forçados, muitos deles fuzilados. Falar basco passou a ser ilegal. Todos os sinais da identidade basca foram apagados, escondidos, proibidos. A resistência clandestina era a alternativa. Em 1953 um grupo de estudantes funda a EKIN que, seis anos depois, muda de nome: passa a chamar-se ETA, Euskadi Ta Askatasuna. E passa a uma resistência mais activa e violenta, utilizando métodos terroristas, como os ataques bombistas e assassinatos. A morte de Franco permitiu a transição para a democracia, com uma nova Constituição (que estabelece uma "Nação de Regiões Autónomas") e liberdade política. Em 1979, é aprovado em referendo popular um novo Estatuto de Autonomia. É a instituição básica das regulamentações do País Basco que, de acordo com a Constituição, é constituido como uma Comunidade Autónoma dentro do Estado espanhol. O País Basco volta a deter um poder de auto-governação que ganha força com as primeiras eleições para o Parlamento basco em que triunfa o partido local, o Partido Nacionalista Basco. A ETA prosseguiu a luta armada até à trégua acordada em 1998, que em Dezembro passado teve o seu fim. Como até aqui, a luta, se já não de todo o País Basco mas de uma ETA cada vez mais isolada, continua.