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Ilha das Flores (Sergipe): diferenças entre revisões

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Revisão das 12h26min de 30 de junho de 2004

Ilha das Flores, a 135 quilômetros da capital, inicialmente chamou-se Ilha dos Bois por ter nascido de um curral de gado. Depois teve o nome trocado em decorrência da grande quantidade de flores nativas que cobriam as terras que formaram o município, que é uma ilha cercada pelo Rio São Francisco e os riachos Bongue e Aterro.

A história dessa cidade começou em 15 de fevereiro de 1826, com a chegada dos padres jesuítas em Cajuípe de Cima, Brejo Grande. Eles permaneceram por muitos anos realizando missões em várias localidades, onde recebiam de presentes bois com os quais formaram um arraial onde está implantada Ilha das Flores.

Como os jesuítas necessitavam de alguém para cuidar dos animais, chamaram o caboclo Manuel Ricardo para ser o vaqueiro e também encarregado de encontrar um local onde plantariam capim para alimentar o gado. Ele escolheu uma parte alta e convidou moradores vizinhos para fazer roças e plantar o capim.

No local escolhido, que recebeu o nome de Ilha da Boa Vista e depois Alto de Ilha dos Bois, foram construídos um curral e uma casa. Quase dez anos depois, em 15 de março de 1835, os padres jesuítas foram expulsos pelas tropas portuguesas e entregaram as terras ao chefe político da região, o coronel Agripino do Aracaré, de Vila Nova, hoje Neópolis.

Esse coronel prosseguiu comprando e vendendo gado até sua morte, quando a esposa assumiu os negócios. Porém não deu certo, ela acabou vendendo a boiada e doando as terras ao padroeiro do município, Santo Antônio. A terra doada foi dividida entre vários posseiros, que construíram dezenas de barracas no local e deram o nome de Arraial de Santo Antônio.

EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO

A Ilha prosperou bastante. Em 7 de abril de 1947, com a iniciativa do farmacêutico ilhense Luiz Ferreira Lisboa, hoje com 92 anos, passou à condição de povoado. Na época, ele era prefeito de Parapitinga, hoje Brejo Grande, e conseguiu em 15 de abril de 1950, através da lei 823, transformar a povoação em vila.

Luiz Lisboa (antigo dono da Fazenda Cabacinha, ex-delegado, ex-vereador e ex-prefeito) foi também o responsável pela emancipação da vila. Enquanto administrava Brejo Grande, providenciou a documentação necessária para desmembrar o lugar onde nasceu do município do qual era prefeito.

De posse dos documentos, Luiz Lisboa foi a Propriá e solicitou ao deputado Jessé Trindade, amigo do governador Leandro Maciel, para apresentar o projeto na Assembléia Legislativa. “Ele me pediu para falar com cinco deputados do meu partido, o PSD, para garantir a aprovação. Consegui facilmente porque todos já conheciam a vila e sabiam que era merecedora da emancipação”, lembra ele.

No dia 1º de julho de 1958, o deputado Jessé apresentou o projeto, que foi aprovado por maioria absoluta. A lei entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 1959 e, a partir daí, o município de Ilha das Flores passou a ser sede dos povoados Aroeira, Jenipapo e Serrão.

PRIMEIRA ADMINISTRAÇÃO

A eleição ocorreu em 31 de março de 1960, sendo eleitos o prefeito José Antônio Pereira (Zeca Pereira, dono da Fazenda Betume) e os vereadores Wilson Pereira, Evaldo Calixto, José Filinto Calumbi, Júlio Cravo e Ananias Cardoso. Eles assumiram, respectivamente, os poderes Executivo e Legislativo a partir de 1º de abril.

Luiz Lisboa também candidatou-se a prefeito mas, apesar de ter se esforçado para emancipar seu município, perdeu a eleição porque foi prejudicado pela enchente do Rio São Francisco. Nesse ano, 1960, houve a pior cheia da história do município. Toda a cidade ficou inundada, com a água chegando até a igreja.

Segundo Luiz, Zeca Pereira venceu as eleições por ser aliado do governador Leandro Maciel, e por ter conseguido recursos e donativos para os moradores. “O povo saiu da cidade e foi para uma parte alta que tem daqui a uma légua (seis quilômetros). Zeca arranjou tudo: víveres, roupa, barraca... Aí eu perdi a eleição”, lembra ele. Luiz venceu a segunda eleição, em 1963.

A história de Ilha sempre foi marcada por enchentes periódicas, barradas com a chegada da Codevasf - Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco. Há dez anos foi construído o dique, que impediu as enchentes, mas ficou inutilizado após a construção da Hidrelétrica de Xingó, que diminuiu a vazão do rio.

PEREIRA X CALIXTO

Durante os 40 anos de emancipada, Ilha das Flores foi administrada pelos Pereira ou pelos Calixto. Só o ex-prefeito Evaldo Calixto permaneceu no Poder durante 24 anos. Foi prefeito quatro vezes e indicou as outras vezes.

A professora Amazilde Gonçalves dos Santos, atual secretária de Educação do município, atesta que Ilha caiu numa grande apatia durante um longo período, mas acredita que agora deve retomar seu crescimento. “Nossos jovens despertaram e querem mostrar que a nossa gente tem grande potencial na cultura, nas artes, no folclore e no artesanato”, destaca.

Durante a Semana Santa, os penitentes do município também atraem visitantes com seu ritual de autoflagelo. “A nossa cidade é calma, atraente, aconchegante e muito acolhedora. Temos o Velho Chico, que nos prestigiou com sua beleza natural, além da riqueza dos nossos pratos típicos extraídos das suas águas”, defende Amazilde.

A história de Ilha também foi marcada por um assassinato político, ocorrido em 1994, que chocou toda a população. O prefeito Josenaldo Calixto Vasconcelos, o Piau, foi assassinado durante seu mandato numa emboscada na estrada velha do Betume, em Neópolis. Junto com ele morreu também João Cardoso, o Dão, vereador do município.

Região: Norte (Baixo São Francisco) Distância de Aracaju: 135 km População: 8.264 Atividades econômicas: rizicultura (2º produtor), coco, pesca e banana