Batalha dos Atoleiros

Entre Sousel e Fronteira, no sítio pantanoso de Atoleiros, deu-se a 6 de Abril de 1384, essa batalha de encontro, deveras importante na guerra pela independência que se gerou após a morte de D. Fernando que, ao ser casado com D. Leonor de Castela, fazia do Rei de Castela o herdeiro legítimo do trono vago. A hoste portuguesa marchava, segundo a táctica do tempo, escalonada em quatro troços - vanguarda, ala direita, ala esquerda e rectaguarda. De relance, Nuno Álvares, reconhecendo a desigualdade numérica e o valor da sua tropa (apenas 300 lanças e 1500 infantes), adoptou um dispositivo táctico que lhe permitisse anular todas as vantagens do ímpeto da cavalaria inimiga. Por genial intuição, mandou apear os cavaleiros e dispôs em quadrado as quatro alas da hoste, com os cavaleiros à frente de cada face, oferecendo ao inimigo os ferros das lanças bem fincadas no solo, e densas linhas de besteiros à sua retaguarda, incumbidos de dardejarem a cavalaria inimiga quando se arrojasse sobre a estacada de lanças. Como os castelhanos estavam já muito próximos, Nuno Álvares apeou-se do seu cavalo e, colocando-se na vanguarda do quadrado, defronte da sua bandeira, levou os olhos ao chão murmurando a sua oração... e beijou a terra. Levantou-se, colocou o bacinete sem cara e ergueu a sua lança. Os castelhanos avançaram gritando: «Castela, Santiago». Nuno Álvares, e os da sua parte, chamando «Portugal, S. Jorge», baixaram as suas lanças, cada um ao seu, enquanto os cavalos inimigos se espetavam nelas e outros tombavam ao sentirem na sua carne as flechas e os dardos dos portugueses. Tal foi a confusão provocada nas fileiras da orgulhosa cavalaria castelhana, pelo novo processo de combate, que em breve, reconhecida a sua impotência ofensiva sobre aquele reduto humano, eriçado de lanças e dardos, houve que retirar e abandonar no campo a flor dos seus combatentes. Fernão Lopes dizia de Nuno Álvares: «Foi o primeiro que de memória de homens até esse tempo fez batalha em Portugal por terra e a venceu»