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Linguística antropológica: diferenças entre revisões

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Lingüística Antropológica
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Revisão das 04h16min de 23 de fevereiro de 2005

Lingüística Antropológica

ATP

Ramo da ciência lingüística que estuda a linguagem a partir das bases de conhecimento da antropologia. Não deve ser confundida com Antropologia Lingüística, que se propõe a ser o ramo da antropologia que estuda o ser humano a partir da linguagem com que se comunica.

Lévi-Strauss e o trabalho com as tribos

Claude Lévi-Strauss, nascido em 28 de novembro de 1908 em Bruxelas (Bélgica), é considerado um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Atualmente mora em Paris, onde estudou e passou a maior parte de sua vida. Em 1935 veio ao Brasil para lecionar sociologia na recém-criada Universidade de São Paulo. Formado em filosofia na França, no Brasil voltaria seus interesses aos estudos etnológicos. Com sua mulher, explorou a região onde vivem os índios Kadiwéus e Bororos, no Estado de Mato Grosso, tendo nessas ocasiões recolhido material etnográfico para o Museu do Homem, em Paris. Sua experiência no Brasil foi narrada em seu livro "Tristes trópicos" (1955). O trabalho de Lévi-Strauss foi fortemente influenciado pela obra do lingüista suíço Ferdinand de Saussure ([1]), o que o tornou pai da antropologia estrutural, que revolucionaria o pensamento ocidental, após o lançamento da obra "As estruturas elementares do parentesco" (1949).

Línguas indígenas brasileiras

Segundo Aryon Rodrigues (1986), existem no Brasil atualmente cerca de 180 línguas indígenas, das quais uma pequena parcela tem registros confiáveis e uma quantidade ainda menor tem estudos sérios e completos. Dentre os centros de estudos de línguas indígenas brasileiras, destacam-se a Universidade de Brasília, com seu Laboratório de Línguas Indígenas, a Universidade Estadual de Campinas (Instituto de Estudos da Linguagem) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O histórico do estudo das línguas indígenas no Brasil mostra que ainda há muito por ser feito, e com metodologia melhor do que aquela utilizada no passado.

Por volta da década de 1940 missionários enviados pelo Summer Institute of Linguistics (Dallas, Texas, EUA) começaram trabalhos junto a diversas tribos brasileiras. No entanto, como seu objetivo era mais missionário do que lingüístico, os trabalhos produzidos nem sempre são confiáveis. Além disso, a presença do SIL no Brasil trouxe não raro experiências sacrificantes para os indígenas, com sérias seqüelas culturais e sociais. Mattoso Camara Jr., um dos maiores lingüistas fundou grande tradição nos estudos das línguas indígenas, tendo trazido grande contribuição para a área e um ótimo livro introdutório compilado a partir de um conjunto de palestras suas, "Introdução às línguas indígenas brasileiras" (1956).

Um número considerável de pesquisadores trabalham hoje na descrição e análise de línguas indígenas, com trabalhos de campo para coleta de dados e trabalhos publicados no Brasil e no exterior. No entanto, a situação para as línguas brasileiras não deixa de ser crítica, exigindo uma posição mais forte da sociedade, universidades e governos; a cada ano línguas completas e totalmente distintas de qualquer outra no mundo podem simplesmente desaparecer: há atualmente muitas línguas que possuem menos de 100 falantes, outras que possuem 3 ou 4 e até aquelas que possuem apenas semi-falantes, que têm pouco conhecimento ou apenas entendem determinada língua.

Embora todo o esforço feito no momento seja positivo, deve-se alertar para o fato de que o risco para essas sociedades é constante, seja pelo pequeno número de pessoas que habitam as tribos e falam efetivamente a língua, seja pelo descaso da sociedade e das autoridades.