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Computador pessoal: diferenças entre revisões

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Revisão das 01h02min de 27 de maio de 2003

História do Computador Pessoal

Até o final dos anos 70, reinavam absolutos os mainframes, computadores enormes trancados em salas refrigeradas operados apenas por alguns poucos privilegiados. Apenas grandes empresas e bancos podiam investir alguns milhões de dólares para tornar mais eficiente alguns processos internos e o fluxo de informações. A maioria dos escritórios funcionava mais ou menos da mesma maneira que no começo do século. Arquivos de metal, máquinas de escrever, papel carbono e memorandos faziam parte do dia-a-dia.

Em 1975, surgiu o Altair 8800, o primeiro "computador doméstico". Vendido por uma pequena empresa do Novo México (EUA) em forma de kit para montar, custava cerca de U$ 400, não tinha teclado ou monitor e possuía apenas 256 bytes de memória. Apesar da capacidade irrisória pelos padrões atuais, o "brinquedo" atraiu a atenção de centenas de pessoas que tinham a eletrônica como hobby.

Entre esses primeiros usuários estavam o calouro da Universidade de Harvard, William Gates III e o jovem programador Paul Allen que juntos desenvolveram uma versão da linguagem "Basic" para o Altair. Pouco tempo depois, a dupla resolveu mudar o rumo de suas carreiras e criar uma empresa chamada Microsoft.

Nos anos seguintes surgiram dezenas de novos computadores pessoais como o Radio Shack TRS-80 (aqui no Brasil chamou-se TK-80), Commodore 64, Atari 400 e outros com sucesso moderado. Em 1976, outra dupla de jovens, Steve Jobs e Steve WozniacT, iniciou outra empresa que mudaria o rumo da informática: a Apple.

Criados na garagem de Jobs, os 200 primeiros computadores foram vendidos nas lojas da vizinhança a U$ 500 cada. Alguns meses depois, já em 1977, foi lançado o primeiro microcomputador como conhecemos hoje, o Apple II. O equipamento já vinha montado, com teclado integrado e era capaz de gerar gráficos coloridos. As vendas chegaram a U$ 2,5 milhões no primeiro ano de comercialização.

Com o sucesso do Apple II vieram o Visicalc (a primeira planilha eletrônica inventada), processadores de texto e programas de banco de dados. Os micros já podiam substituir os fluxos de caixa feitos com cadernos e calculadoras, máquinas de escrever e os arquivos de metal com milhares de papéis. Os computadores domésticos não eram mais apenas um hobby de adolescentes que não tinham namorada.

Entretanto, até o começo dos anos 80, muitos executivos ainda encaravam os computadores pessoais como brinquedos. Além das mudanças de hábitos necessárias para aproveitar a nova tecnologia, os mais conservadores tinham medo de comprar produtos de empresas dirigidas por um rapaz de 26 anos que há menos de 5 trabalhava na garagem dos pais.

O uso profissional dos micros só deslanchou quando a IBM lançou o PC. A empresa dominava (e domina até hoje) o mercado de computadores de grande porte e desde a primeira metade do século XX máquinas de escrever com sua marca estavam presentes nos escritórios de todo mundo. O PC tinha um preço de tabela de U$ 2.820, bem mais caro que os concorrentes, mas foi um sucesso imediato. Em 4 meses foram vendidas 35 mil unidades, 5 vezes mais do que o esperado. Como observou o jornalista Robert X Cringley: "ninguém nunca tinha sido mandado embora por comprar produtos IBM". Os micros deixaram definitivamente de ser um brinquedo.

Em 1980, a IBM estava convencida que precisava entrar no mercado da microinformática. Como não estava acostumada a agilidade do novo mercado, criado e dominado por jovens dinâmicos e entusiasmados, a gigantesca corporação decidiu que o PC não podia ser criado na velocidade na qual a gigantesca corporação estava acostumada a desenvolver novos produtos.

Por isso, a empresa criou uma força tarefa especial para desenvolver o novo produto. Assim, um grupo de 12 engenheiros liderados por William C. Lowe foi instalado em um laboratório em Boca Raton, na Flórida, longe dos principais centros de desenvolvimento da corporação que até hoje ficam na Califórnia e em Nova York.

As decisões desse grupo definiram os rumos da indústria dos computadores pessoais. A força tarefa resolveu usar componentes disponíveis feitos por terceiros, como os processadores feitos pela Intel. O único item patenteado e desenvolvido pela IBM foi o chip que cuida da comunicação interna entre as partes do computador, a BIOS (Basic Input/Output System).

Assim, a IBM conseguiu desenvolver o PC em cerca de um ano, um recorde para a empresa e, como vimos na semana passada, o sucesso foi imediato. Entretanto, não foi duradouro. Em 1982, três ex-funcionários da Texas Instruments criaram a Compaq Computer Corp com o objetivo de criar um computador portátil compatível com o PC. Como quase todas as partes do microcomputador podiam ser compradas em qualquer loja especializada, o principal desafio era copiar o chip da BIOS sem violar a lei de patentes.

Foi usada uma técnica conhecida como engenharia reversa. A idéia é simples. Contrata-se alguns engenheiros para registrar tudo o que o componente faz, montando um documento detalhado com todas as reações do chip a ser "imitado". Então, esse time é dispensado e reunido outro que não teve nenhum contato com o anterior ou com a criação da peça original. Aí, a segunda equipe desenvolve um produto seguindo as características anotadas pelo primeiro grupo, criando um novo componente compatível.

Depois do lançamento do primeiro microcomputador Compaq em 1983, dezenas de outros usaram essa técnica. Algumas empresas como a American Megatrends (AMI) e Phoenix Technologies começaram a comercializar BIOS compatíveis como o PC e centenas de clones apareceram no mercado. Os preços e os lucros caíram e a IBM virou apenas um dos concorrentes de um mercado extremamente competitivo.

Outra decisão do grupo de trabalho de Boca Raton tornou Bill Gates o homem mais rico do mundo. Para funcionar, todo computador precisava de um software básico chamado sistema operacional. A Microsoft que havia sido contatada apenas para desenvolver uma versão da linguagem Basic para o PC, indicou para os executivos da IBM a Intergalactical Digital Research, fundada e dirigida pelo pioneiro Gary Kildall que produzia o CP/M, o melhor sistema operacional da época.

Quando os representantes da IBM foram tentar fechar um contrato para usa-lo no PC, Kildall faltou à reunião, segundo a lenda, para passear em seu avião particular. A mulher dele, aconselhada por um advogado, recusou-se a assinar um acordo para garantir o sigilo da conversação e nem chegou a iniciar a negociação. Os homens da IBM perderam a paciência e desistiram do CP/M e voltaram a procurar a Microsoft.

Gates não perdeu tempo. Apesar de não ter nada para entregar fechou um acordo para fornecer um sistema operacional. A Microsoft bateu na porta de outra pequena empresa de informática, a Seattle Computer Products, e comprou por U$ 50 mil os direitos sobre um sistema operacional simples chamado QDOS (ou Quick and Dirty Operating System), que depois de algumas melhorias foi rebatizado de DOS.

No contrato, a Microsoft Cedeu o DOS e o Basic sem restrição para o número de microcomputadores IBM onde os programas seriam instalados e não ganhou muito dinheiro no início. Entretanto, Bill Gates deteve os direitos autorais sobre o software e pôde cobra-lo de todos os clones que surgiram nos anos seguintes e iniciar a construção do império que faturou no ano fiscal encerrado em 30/06/2001 mais de U$25,30 bilhões e vale hoje U$ 318 bilhões.

Para tentar corrigir esses dois erros estratégicos, a IBM chegou a tentar lançar em 1987 uma máquina com componentes e sistema operacional exclusivos, o PS2. Mas, era tarde os clones de sua invenção dominavam o mercado e a Microsoft já tinha lançado uma interface gráfica para o DOS, o Windows.

GUI – Graphical User Interface

Há 20 anos, com a chegada do IBM PC, os microcomputadores tornaram-se uma ferramenta de trabalho respeitável e deixaram definitivamente de ser um hobby de garotos privilegiados. Planilhas eletrônicas e processadores de textos começaram a fazer parte do dia-a-dia de muitas empresas.

Entretanto, as máquinas ainda eram difíceis de usar. Para operar um microcomputador era preciso conhecer o "vocabulário" da máquina e a sintaxe correta para aplica-lo. Por exemplo, quando o usuário queria copiar um arquivo para outro lugar era preciso digitar algo como "copy arquivo.txt c:\pasta" e apertar "enter". Uma letra errada e a operação precisava ser repetida. Assim, antes de aproveitar os benefícios da informática era indispensável passar um tempo aprendendo a "falar" com os computadores.

Atualmente, as coisas ficaram bem mais fáceis. Basta clicar com o mouse e arrastar um ícone para outro lugar. As várias opções aparecem em menus e não é preciso decorar nenhum comando como antigamente. Esse conjunto de recursos é chamado de interface gráfica (GUI, Graphical User Interface).

A GUI com pastas, janelas e ícones manipulados com um mouse foi colocada em prática pela primeira vez no Palo Alto Research Center (PARC), o laboratório que a Xerox criou em 1970 para inventar o futuro. Na época, a empresa dominava o mercado de copiadoras, mas acreditava que o negócio poderia perder rentabilidade com a substituição do fluxo de documentos em papel por arquivos eletrônicos.

O primeiro computador com uma interface gráfica como a que você está usando neste momento foi o Xerox Alto um produto do PARC, mostrado ao público em 1979. Apesar de ser tecnologicamente impressionante não chegou a ser colocado em produção. O preço era muito salgado. Só a memória da máquina custava cerca de U$ 7 mil.

No começo dos anos 80 a empresa tentou vender outro sistema avançado baseado no Alto batizado de "The Star Office System", mas também não obteve sucesso comercial, pois custava U$ 17 mil, muito mais caro que o IBM PC, vendido na época por U$ 2,8 mil. Com esses fracassos comerciais, a Xerox desistiu e voltou a concentrar seus esforços nas copiadoras que tornaram a empresa conhecida em todo o mundo.

Mas a tecnologia produzida no PARC não seria desperdiçada. Em dezembro de 1979, a Apple Computer era a empresa de maior sucesso da microinformática. O carro chefe da empresa, o Apple II já estava presente em escolas e residências da elite americana. Entretanto, o produto com quase 2 anos de existência, já começava a ficar velho e a empresa precisava criar algo novo para continuar competindo.

Em busca de novas idéias, o jovem que criou a Apple na garagem da casa dos pais, Steve Jobs, trocou opções de compra de ações de sua empresa por uma visita detalhada ao PARC. Durante a visita ao laboratório, Jobs conheceu muitas novidades como as redes locais e impressoras laser, mas o que mais chamou atenção dele foi a interface gráfica e o mouse.

O primeiro produto lançado pela Apple usando os conceitos criados pela Xerox foi o Lisa. Apesar de moderno, não chegou a ser produzido em grande quantidade, pois o mercado não estava preparado para pagar quase U$ 10 mil apenas pela facilidade de uso. Mas, em 1984 surgiu o Macintosh, o primeiro computador de sucesso com uma interface gráfica amigável, usando ícones, janelas e mouse. No PC, a primeira interface amigável usada em larga escala só chegou em maio de 1990, com o lançamento do Microsoft Windows 3.0, quase 6 anos depois.

china_y@hotmail.com