Saltar para o conteúdo

Michel Pêcheux: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
(Sem diferenças)

Revisão das 02h59min de 12 de janeiro de 2005

           Michel Pêcheux , althusseriano engajado na aventura da linguagem, leu o famoso artigo “Ideologia e aparelhos ideológicos de Estado” que o influenciou na reflexão sobre o encontro da língua com a ideologia. Em “Semântica e Discurso”, Pêcheux rompe com praticas e teorias que tomam o sujeito individual como moeda sonante. Ele propôs em seu dispositivo de análise automática do discurso, um método de leitura que faz explodir a unidade de um sujeito escritor/leitor. A questão do sujeito se coloca em seus textos como um lugar de crítica como um tema obsessivo.

Também passa a utilizar-se do conceito de “interdiscurso” e sua relação com o pré-construído. Este termo é usado por Pêcheux como reformulação da idéia de pressuposição, elaborado por Ducrot, cujo pensamento esboçado em “A Ferramenta Imperfeita,:língua, sujeito e discurso” se opõem Paul Henry e M. Pêcheux.. Em 1975, sai publicado o artigo “Atualizações e perspectivas a propósito da análise automática do discurso”. Ele traça uma relação entre a análise do discurso e a teoria do discurso.O texto é considerado a reescrita dos textos anteriores do autor com retificações, remanejamentos e atualizações. Articula três regiões de conhecimentos científicos: o materialismo histórico, a lingüística e a teoria do discurso. E ainda uma quarta referência de natureza psicanalítica sobre a subjetividade. No centro da proposta está a leitura e sua ligação com o sujeito. A posição de Michel Pêcheux toma o rumo inverso das interpretações empiricistas da enunciação que identificam os traços lingüísticos da enunciação com a figura de um sujeito, centro e fonte do sentido. Tudo se passa como se a língua, fornecesse, ela mesma, elementos próprios para criar a ‘ilusão necessária’ constitutiva do sujeito e, acrescenta Pêcheux, englobando em sua critica Jakobson e Benveniste, como se as teorias só reproduzissem esta ilusão. A ‘teoria dos dois esquecimentos’ emerge nesse artigo publicado em Langages nº37. Sob o termo esquecimento, Pêcheux tenta pensar a ilusão constitutiva do efeito sujeito, isto é, a ilusão para o sujeito em estar na fonte do sentido. No esquecimento nº 1 o sujeito esquece, isto é, recalca que o sentido se forma em um processo exterior, portanto, a zona do esquecimento nº 1 é inacessível ao sujeito. O esquecimento nº2 é a zona em que o sujeito enunciador se move, em que ele constitui seu enunciado, colocando as fronteiras entre o ‘dito’ e ‘não dito’. Remete aos mecanismos enunciativos analisáveis na superfície do discurso. Já o primeiro esquecimento está ligado aos efeitos de sentido. A oposição dos dois esquecimentos é a das zonas em que eles trabalham: o pré-consciente para o esquecimento nº 2, o inconsciente para o esquecimento nº 1. O que interessava a Pêcheux era a relação entre ideologia e inconsciente. MAIO DE 1975 - SEMÂNTICA E DISCURSO No livro intitulado “Semântica e Discurso”, o ponto de partida é a questão da semântica com duas teses: 1 – a semântica é o ponto nodal em que se condensam as contradições que freqüentam a lingüística. 2 – a semântica é o ponto em que a lingüística tem a ver com a filosofia e a ciência das formações sociais, na maior parte das vezes sem reconhece-lo. O apoio da sua demonstração é a escolha do ‘ponto lógico lingüístico’, a oposição entre relativa explicativa e relativa determinativa. Pêcheux discute a relação dicotômica do pensamento filosófico: necessário/contingente, lógico/retórico, propriedade/situação, objetivo/subjetivo etc.. na linguística a oposição língua/fala, sistema/sujeito falante. No centro da reflexão de Pêcheux ele trabalha a analogia da ideologia e do inconsciente. Ambos têm em comum a capacidade de ‘dissimular sua própria existência no interior de seu funcionamento produzindo um tecido de evidencias subjetivas’. Tal analogia permite aproximar ‘ a evidencia da existência espontanea do sujeito (como origem ou causa de si) e o mecanismo de interpelação-identificação que paradoxalmente produz o assujeitamento mascarando. Através de sua linguagem conceitual, Michel Pêcheux quer dizer que o sentido não é dado mais que o sujeito. Sentido e sujeito são produzidos na história, em outras palavras, eles são determinados.O conceito de interdiscurso é importante para essa compreensão. Tal idéia já estava presente na AAD69 na hipótese da relação do discurso ao ‘já dito’, ‘já ouvido’, como também do ‘não-dito’. O interdiscurso designa o espaço discursivo e ideológico no qual se desdobram as formações discursivas em função de relações de dominação, subordinação, contradição. Pêcheux também esclarece o que é formação discursiva, ou seja, articulada sobre ideologia a formação discursiva é totalmente pega pela história, referida a uma relação de forças, pertence a uma conjuntura dada. É o que pode e deve ser dito (articulado sob a forma de sermão, programa, exposição etc) em uma formação ideológica definida, a partir de uma posição de classe no seio de uma conjuntura dada. Pêcheux trabalhou também com o conceito de intradiscurso, ou seja, o funcionamento do discurso em relação a ele mesmo (o que eu digo agora, em relação ao que disse antes e ao que direi depois).



           Michel Pêcheux , althusseriano engajado na aventura da linguagem, leu o famoso artigo “Ideologia e aparelhos ideológicos de Estado” que o influenciou na reflexão sobre o encontro da língua com a ideologia. Em “Semântica e Discurso”, Pêcheux rompe com praticas e teorias que tomam o sujeito individual como moeda sonante. Ele propôs em seu dispositivo de análise automática do discurso, um método de leitura que faz explodir a unidade de um sujeito escritor/leitor. A questão do sujeito se coloca em seus textos como um lugar de crítica como um tema obsessivo.

Também passa a utilizar-se do conceito de “interdiscurso” e sua relação com o pré-construído. Este termo é usado por Pêcheux como reformulação da idéia de pressuposição, elaborado por Ducrot, cujo pensamento esboçado em “A Ferramenta Imperfeita,:língua, sujeito e discurso” se opõem Paul Henry e M. Pêcheux.. Em 1975, sai publicado o artigo “Atualizações e perspectivas a propósito da análise automática do discurso”. Ele traça uma relação entre a análise do discurso e a teoria do discurso.O texto é considerado a reescrita dos textos anteriores do autor com retificações, remanejamentos e atualizações. Articula três regiões de conhecimentos científicos: o materialismo histórico, a lingüística e a teoria do discurso. E ainda uma quarta referência de natureza psicanalítica sobre a subjetividade. No centro da proposta está a leitura e sua ligação com o sujeito. A posição de Michel Pêcheux toma o rumo inverso das interpretações empiricistas da enunciação que identificam os traços lingüísticos da enunciação com a figura de um sujeito, centro e fonte do sentido. Tudo se passa como se a língua, fornecesse, ela mesma, elementos próprios para criar a ‘ilusão necessária’ constitutiva do sujeito e, acrescenta Pêcheux, englobando em sua critica Jakobson e Benveniste, como se as teorias só reproduzissem esta ilusão. A ‘teoria dos dois esquecimentos’ emerge nesse artigo publicado em Langages nº37. Sob o termo esquecimento, Pêcheux tenta pensar a ilusão constitutiva do efeito sujeito, isto é, a ilusão para o sujeito em estar na fonte do sentido. No esquecimento nº 1 o sujeito esquece, isto é, recalca que o sentido se forma em um processo exterior, portanto, a zona do esquecimento nº 1 é inacessível ao sujeito. O esquecimento nº2 é a zona em que o sujeito enunciador se move, em que ele constitui seu enunciado, colocando as fronteiras entre o ‘dito’ e ‘não dito’. Remete aos mecanismos enunciativos analisáveis na