Saltar para o conteúdo

Ara votiva do Ninho do Açor: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
(Sem diferenças)

Revisão das 16h51min de 20 de agosto de 2004

Ara votiva - Que a influencia romana chegou a Ninho do Açor nao ha' a menor duvida. Prova disso e' a ara representada na gravura. Foi encontrada no Chao de Joao Pedro, foreiro do antigo Morgadio, quando se aprofundava um poço. Como a pedra foi ali parar nao faço a minima ideia, mas e' quase certo que veio de outro lugar. Donde? A hipotese mais verosimil e' que seja originaria do «Sobreiral», uma propriedade que fica 500 metros a sul da povoaçao, onde existe uma estaçao arqueologica onde, alias, ja' foram encontradas outras antigualhas.

Este importante achado foi adquirido pelo padre Manuel Martins, professor no antigo Colegio de S. Fiel, que depois o cedeu, em 1906, ao Sr. Francisco Tavares Proença Jr., distinto arqueologo e fundador do museu que tem o seu nome.

A inscriçao supra, depois de desdobrados os nexos e soltas as letras inclusas, diz o seguinte:

ARENTAE ET ARENTIO MONTANUS TANGI [...]

Como se pode ver pela figura, a ara tem o fuste partido, faltando-lhe a parte inferior que contem a base e o resto da inscriçao. Apesar de amputada e' possivel arriscar uma reconstituiçao. Jose Manuel Garcia no seu livro Epigrafia Lusitano-Romana do Museu Tavares Proença Junior sugere a seguinte hipotese:

ARENTAE ET ARENTIUS MONTANUS TANGINI V(otum) S(oluit)

que em traduçao um pouco livre significa:

"MONTANO, FILHO DE TANGINO, CUMPRIU O VOTO FEITO A ARENTIA E A ARENTIO."

A meu ver Montanus, que aparece na inscriçao como dedicante da ara, nao era romano de origem, mas um lusitano romanizado, isto e', um nativo que assimilou a cultura romana. Prova disso esta' no antroponimico Tanginus, seu pai, que e' um nome genuinamente lusitano e ate' dos mais comuns entre a onomastica indigena. Tambem os deuses, aos quais a ara e' dedicada, nao sao romanos. Tratam-se de teonimos lusitanos de grafia e fonetica alatinadas pelos autoctenes.

O Dr. Leite de Vasconcelos, na sua Religioes da Lusitania, faz uma traduçao algo diferente:

"A ARENCIA E A ARENCIO (consagrou este monumento) MONTANO, filho de TANGI..."

A ara supra encontra-sa no Museu Francisco Tavares Proença Jr. desde 1910, onde pode ser visitada mas nao fotografada porque a tal se opoem as normas do IPM (Instituto Portugues de Museus).