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Gamão: diferenças entre revisões

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Revisão das 18h12min de 30 de maio de 2003

G a m ã o

É muitas vezes chamado de o "Rei dos jogos e o jogo dos Reis"...

Origens Nebulosas deste jogo

Atribui-se sua origem a civilização suméria, da Mesopotamia. Já outros estudiosos afirmam que este jogo teria sua origem no “Pachisi”, um jogo indiano. De qualquer forma, sua origem é muito antiga. Suas regras obviamente, foram se modificando ao longo dos séculos. Mas nunca deixou de encantar as gerações e as civilizações que o conheceram.

Uma lenda indiana afirma que teria sido o jogo inventado por um sábio de nome Caflan, e teria a seguinte simbologia: 24 flechas que simbolizariam as horas do dia; 12 flechas de cada lado do tabuleiro, representando os 12 meses do ano e os signos do zodíaco; 30 peças para os 30 dias do mês; dois dados representando o dia e a noite e 7 (soma dos valores opostos de cada face de um dado) representando os dias da semana.

Segundo alguns historiadores, teria sido achado um tabuleiro de gamão na tumba de Tutankamon. Porém esta afirmação parece-me não ser verdadeira. Até onde eu pude pesquisar e descobrir, o que se encontrou na tumba do Faraó foi um tabuleiro de "Senat", um jogo aparentado do gamão, e que teria sido seu antecessor...

Seu fascínio é tanto, que chegou a merecer uma citação nas obras do filósofo Platão.

Com o passar dos tempos, teve diversas variações, inclusive uma jogada com três dados, em um tabuleiro com três fileiras de casas. É o chamado "ludus duodecim sciptorum" ("jogo das doze linhas") dos Romanos.

A variação mais comum, porém, parece ter sido a “Tábula”, jogo que se utiliza do mesmo tabuleiro do Gamão atual, porém é jogado somente com 10 peças para cada contendor (ao contrário do Gamão tradicional e suas variações atuais, que é jogado com 15 peças). Este jogo foi muito apreciado durante a Idade Média, sendo que para os ricos, foram feitos tabuleiros de marfim e madeiras preciosas, que são obras de arte ainda hoje expostas no Museu do Louvre.

Interessante também se notar que o Gamão, ao contrário da maioria dos jogos, é um jogo “assimétrico”, na medida em que um dos adversários percorre o tabuleiro no sentido horário e outro no sentido anti-horário. Parece-me isso um resquício “oriental”, já que os orientais não tem o "preconceito" encontrado nas civilizações ocidentais, contra a assimetria, que o jogo de Tábula (difundido entre os romanos) busca modificar, na medida em que neste último, as pedras são movimentadas no mesmo sentido, por ambos os jogadores...

Interessante, ainda, notar-se que o tabuleiro não tem posição certa. Pode-se iniciar em qualquer dos cantos (direito ou esquerdo), bastando que seu adversário escolha o canto oposto para iniciar a colocação de suas pedras. Eu gosto de jogar no sentido anti-horário, isto é, colocando minhas peças da direita para a esquerda.

O fascínio do jogo de gamão, em todas as suas variações, está no fato de ser jogado com dados mas, ao mesmo tempo, o resultado destes nem sempre é definitivo. Um jogador, mesmo com alguns resultados ruins, pode vencer uma partida, se tiver a necessária inteligência, perícia e conhecimento dos “atalhos” do tabuleiro.

Da mesma forma, um jogador medíocre, pode vencer uma ou outra partida, somente confiando no resultado dos dados. Mas, em uma série de partidas, certamente será perdedor contra um oponente mais hábil.

Por fim, deve ser ressaltado que o Gamão permite que se jogue por simples diversão ou a dinheiro. Ao contrário do pôquer, por exemplo, onde só existe graça no jogo se houver algum tipo de aposta, no gamão o simples prazer de jogar substitui eventual ganho monetário ou de outra ordem.

Até mesmo o “blefe” de alguma forma é permitido no gamão, quando se joga com o uso de um dado de dobras. Este, para quem não é afeito ao jogo, é um dado com os números 2, 4, 8, 16, 32, 64, sendo que com seu uso, uma partida que vale um ponto pode chegar a valer 64 pontos.

Por fim, ressalto que as variações são inúmeras, sendo a mais comum (quer me parecer...) aquela jogada pelos povos árabes, que recebe o nome de “Taule”. Pretendo aprender esta variação e, tão logo o faça, incluirei suas regras. Acredito que sejam estas regras muito semelhantes ao "Plakato" ou "gamão grego".

Tenho, hoje, 6 tabuleiros de gamão e um de tábula. O meu preferido é tabuleiro sírio, cujas fotos estão acima, que ganhei de presente de um primo muito querido. Como este tabuleiro veio com peças muito feias e mal acabadas, encontrei um artesão, especialista em marchetaria, que fez as peças deste jogo, além de dois copos para dados. O resultado foi incrível.


Este mesmo artesão, de nome ZAMPA, fez um tabuleiro e as peças (foto ao lado),http://www.jogos.antigos.nom.br/tabuleiro.jpg baseado em uma fotografia de um tabuleiro antigo, de origem espanhola, da época medieval. Tal fotografia encontra-se publicada no livro "Os melhores jogos do mundo", da Ed. Abril.

(note-se que este tabuleiro não tem os tradicionais "triângulos" que formam as casas, substituídos pelas reentrâncias, em relevo.)

Além desses, tem um tabuleiro de material parecido com couro ou pelica, ”dobrável”, com peças de plástico, de fabricação da http://www.jogos.antigos.nom.br/gamaomole.jpg empresa “Jogos da Terra”. Este faz parte de um conjunto que contém também, dominó, damas e baralho, e vem acondicionado em uma caixa de metal, como aquelas de ferramentas. É bom para viagens, dado ao pouco espaço que ocupa.

O conjunto acima descrito, apesar de prático é pesado.

Aliás, um conselho para quem pretende adquirir seu primeiro jogo. Se for para jogar em casa, prefira sempre um jogo rígido e, se possível, não dobrável. Evite aqueles tipo “mala 007”, pouco práticos, apesar de bonitos. E se possível, desde que se tenha lugar, prefira os tabuleiros em tamanho grande. É bem mais gostoso de se jogar... Se viajar constantemente, o tabuleiro mole é prático, da mesma forma que os tabuleiros magnéticos. Estes porem, no mais das vezes, são minúsculos.

O ultimo jogo simples, é um jogo de metal, com peças imantadas. É relativamente antigo e, como as casas são pintadas sobre o metal, já começaram a “descascar”. Mas é bem legal para viagens.

Tem ainda tabuleiros eletrônicos, de fabricação da Excalibur, uma empresa norte-americana. Um deles é um tabuleiro “de verdade”, com peças magnéticas. Um display digital permite que se saiba qual a jogada que o computador interno pretende fazer. O programa mereceria um pouco mais de atenção, pois faz jogadas meio bobas.


http://www.jogos.antigos.nom.br/gamaoel.jpg O último, por fim, é um tabuleiro quase virtual: lembra um videogame de bolso. Tem um gerador de resultado dos dados interno. É bem pequeno, ideal para ser levado em viagens, já que permite o jogo entre dois parceiros humanos, ou um humano contra o computador. Este programa, porém, é bem simplesinho, e mesmo no nível mais difícil, é simples a vitória sobre o computador.

Já o Tábula, foi fabricado pela “Origem”, uma empresa mineira, e é bem bonito, de madeira escura. As peças são de madeira e os dados são apresentados com os números em algarismos romanos.

Existem, no mercado, tabuleiros bem simples, de papelão, com peças plásticas, com os óbvios problemas de um tabuleiro deste tipo. A pouca durabilidade faz destes jogos um substituto pouco aconselhável a um bom tabuleiro de madeira.

Lembro também a existência dos tabuleiros de pedra sabão, bonitos, mas pouco práticos, já que, apesar de serem de pedra, são frágeis e normalmente pequenos. E tem também um tabuleiro de vidro transparente, com as casas “foscas”. Como peça de decoração é lindo.

A escolha do tabuleiro, deve ainda levar em conta o poder aquisitivo do jogador, o local onde se pretende jogar, o local onde se pretende guardar o tabuleiro. O importante é se adquirir um tabuleiro no qual se tenha prazer de jogar.

O tabuleiro errado ficará "mofando" no alto do guarda roupas, ocupando espaço. Fora o dinheiro jogado fora. Pense um pouco antes de adquirir seu tabuleiro, para não ficar com mais um "traste" ocupando espaço em casa.

Umas poucas dicas sobre o jogo do gamão:

- busque, sempre que possível tomar as casas de n° 5, de ambos os lados do tabuleiro. Isto garantirá uma vantagem estratégica muito grande.
- sempre ocupe o maior número de casas possíveis, de modo a atrapalhar o seguimento do jogo do adversário.

- nem sempre é possível fechar-se uma casa. Por vezes somos obrigados a deixar uma peça sozinha numa casa. Nesta situações prefira deixar sozinha: 1) uma peça a mais de 6 casas de distancia da peça mais próxima do adversário (ele só poderá comer sua peça com uma combinação de resultado dos dados); 2) opte por deixar sozinha uma pedra em casa próxima a de início do jogo. Se "comida", o prejuízo será menor;

- busque colocar suas pedras nas casas de numeração mais baixa do seu lado do tabuleiro, durante a partida. Isso facilitará a retirada das peças no final do jogo. Muitas peças na casa 6 causarão, certamente, atraso na retirada das peças.