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Paulo Luís Vianna Guedes: diferenças entre revisões

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Revisão das 15h04min de 22 de setembro de 2004

Histórico

Paulo Guedes (14 de novembro de 1916 - 24 do Fevereiro de 1969) formou-se em violino, com o professor boêmio Oscar Simm, na Escola de Belas Artes de Porto Alegre em 1934, tendo iniciado o curso provavelmente em 1928. Também era um excelente pianista. Nesta época teve aulas particulares de composição, esporádicas e por pouco tempo, com o professor Ênio de Freitas e Castro. Estas foram as únicas aulas de composição que teve durante toda a sua vida. Logo após formar-se em música entrou no curso de medicina dando ênfase à psiquiatria, no qual formou-se em 1939, tendo casado-se com Zuleika Rosa Guedes no dia seguinte de sua formatura. Paulo a conheceu após formar-se em violino. Em 1936, dois anos após formar-se em música e já cursando medicina, foi convidado para dar aulas de História da Música na Escola de Belas Artes. Nesta época também tocava na Rádio Farroupilha, para conseguir alguma renda além da que recebia como professor no Belas Artes. À partir de 1945 afastou-se completamente das apresentações publicas, resarvando-se somente ao magistério musical. Paulo foi convidado para ser assistente de seu pai, para lecionar na faculdade de psiquiatria. Depois de alguns anos, já após a Escola de Belas Artes ter sido encampada pela URGS, baixou-se uma lei que proibia que a mesma pessoa lecionasse cadeiras dentro da Universidade que não tivessem correlação de matérias. Como Paulo Guedes lecionava História da Música, Música de Câmara (nunca lecionou violino), e cadeiras relacionadas à psiquiatria, em alguns casos não havia a correlação, por este motivo teve que largar as cadeiras do já Instituto de Artes optando pela psiquiatria, tendo indicado Panho para Música de Câmara. Lecionou por cerca de 30 anos na Escola de Artes. Dos cem anos da faculdade de psiquiatria, cinqüenta anos estiveram sob o gerenciamento dos Guedes, pai e filho [Paulo]. Quando formou-se em medicina, optou seguir a profissão de médico psiquiatra, seguindo a tradição de seu pai, deixando a música para os momentos em que tinha tempo. Paulo Guedes e sua esposa Zuleika Rosa Guedes conheceram em 1940 Mozart Camargo Guarnieri, com o qual Paulo recebia influência e muitos conselhos para sua obra. Zuleika é pianista, tendo entrado na Escola de Belas Artes em 1938. Ela realizou diversos recitais pelo Brasil junto com Guarnieri. Nutriram uma grande amizade com Guarnieri. Faziam sarais musicais na casa de Paulo e Zuleika, reunindo vários amigos, entre eles Guarnieri. Formou um quarteto de cordas entre ~1954 e ~1969, no qual tocava viola, pois dois amigos estrangeiros (Francisco Montuori, italiano de Trieste e José Salansky, húngaro) tocavam violino, e Jean Jacques Pagnot no violoncelo. Também escreveu poesias, havendo uma obra compilada por seu filho, não publicada, e peças de teatro.


Relação de Composições

PIANO

1939 Suite infantil: Crianças brincando; Corrupio; Acalanto. porto Alegre - Edições Associação Rio-Grandense de música.

1940 Noturno. In: Album musical; composições de autores rio-grandenses-do-sul. Porto Alegre, Departamento Central de Organização do Bi-Centenário de Porto Alegre, 1940. p.23-5.

s.d. Quatro esboços brasileiros: Chorinho (invenção a duas partes ); Cantiga; Toada; Dança (sobre um tema popular) manuscrito

s.d. Valsa para Piano

s.d. Caixinha de Música


CANTO E PIANO

1941 Cantiga de amor. - Texto: Fernando Guedes manuscrito

1947 Modinha. - Texto: Carlos Drummond de Andrade manuscrito

s.d. Trovas. - Texto: Ovídio Chaves manuscrito

CORO

1957 Três canções para Madeleine. a) Moda da moça muda. Texto: Paulo Guedes b) Modinha. Texto: Antonio Messias c) Menina dos óio grande. Texto: Antonio Messias· SABT manuscrito Estréia: Porto Alegre, 1958 - Coral de Câmara da Faculdade de Filosofia da Universidade do Rio Grande do Sul. Regente: Madeleine Ruffier

1965 Brinquedo de roda (sobre temas infantis) manuscrito

VIOLÃO

s.d. Chaconne para dois Violões. manuscrito

ORQUESTRA DE CORDAS, FLAUTA E VIOLÃO

s.d. Três Peças em Caráter Popular, para flauta, violão e orquestra de cordas: Ponteio; Seresta; Dança.

manuscrito

Gravação: 2000 - Orquestra de Câmara Sesi Fundarte Regente: Antônio Carlos Borges Cunha Nesta obra utiliza-se uma flauta e um violão como solistas. O violão é um instrumento pelo qual ele tinha uma particular afeição e no qual, como executante, cultivou largamente a música popular brasileira.

ORQUESTRA

s.d. Suite para orquestra Chorinho, Toada, Dança. A suite para orquestra é uma tanscrição do proprio autor dos "Quatro esboços brasileiros" para piano. Data do 1945 e se compõe dos seguintes números: Chorinho, escrito em puro estilo contrapontístico sob um tema de carater coreografico, requebrado, como está indicado na partitura. Tem bem nitida a feição da música dos nossos conjuntos populares doneminados "choros". A cantiga, de carater profundamente íntimo e nostalgico, é o momento mais emocionante de toda a suite. O oboé, logo seguido pela clarineta, enuncia um tema largo e de grande riquesa de inventiva melodia. A toada é, das quatro peças, a que reflete bem o carater da musica gaúcha. Já mais dolente e preguiçoso, como também nas terças que constituem o acompanhamento do canto, estamos em presença da vês das nossas gaitas do interior do Rio Grande do Sul. A suite termina com uma dança que, pelo seu ritmo, é bem um samba. De toda a suite, é a única peça que utiliza diretamente um tema popular. Este tema, é anunciado no final da obra.


Obs.: Muitas das obras listadas acima já foram publicadas pela Editora Goldberg, de Porto Alegre. Assim que conseguir-mos as informações corretas, atualizaremos a lista, indicando o que já foi publicado.





Citações (jornais, etc)

Por ocasião do falecimento de Paulo Guedes, foi realizado um concerto em sua homenagem no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Então foi publicado no Correio do Povo, em 22/08/1969, pelo jornalista Paulo Antônio, o seguinte comentário:

Concerto em Homenagem a Paulo Guedes

O concerto da Orquestra de Câmara do Rio Grande do Sul, realizado anteontem no Teatro S. Pedro, constitui uma tocante homenagem ao saudoso musicista conterrâneo Paulo Guedes, não só pela atuação de dois dos seus companheiros assíduos em freqüentes serões musicais íntimos, o violinista Francisco Montuori e regente violoncelista Jean Jacques Pagnot. Começando com o Concerto Grosso nº 6 de Handel, cujo grupo de 12 constitui uma das obras mais características do mestre do século XVIII, o conjunto cameristico integrado na quase totalidade por instrumentistas da OSPA, funcionou sem maior relevo, denotando carência de ensaios. Entretanto, haveria de operar com maior exação no concerto em ré menor para violino e cordas de Giuseppe Tartini (1692 - 1770). A presença do solista, Francisco Montuori, parece ter contribuido para controlar e equilibrar a orquestra. Houve, também, maior entendimento e entrosamento entre solista e cordas para dar vitalidade à partitura. O interesse pelo concerto culminou com a execução, no fim da primeira parte, das Três Pequenas Peças em Carater Popular para flauta, violão e cordas de Paulo Guedes. Estas singelas páginas, tão viçosas quanto comunicativas, tiveram uma exteriorização de bom quilate em que se empenharam sobretudo os solistas: José Gomes ao violão e o flautista Abel Valiati. Composição que data de 1956, liga-se intimamente ao seu carater a peculiaridade sonora dos instrumentos solistas, pois são muito representativos dos nossos conjuntos populares. O ponteio inicial e preludiado por um arpejo de violão, seguindo-se à enunciação de tema em terças pelas violas, de sabor nitidamente gauchesco, o qual será dialogado com a flauta solista que apresenta uma frase contrastante bem típica do nosso chorinho. O motivo da flauta é retomado pelos violinos e invade a orquestra. O rítmo requebrado predominante no ponteio vai desembocar na mesma frase saudosa e gauchesca das violas, seguindo-se o arpejo violonístico do começo. Sem interrupção entre a segunda peça, a serenata em que só se ouve os dois instrumentos solistas. Trata-se de uma típica valsa de serenata em solo de flauta acompanhada pelas cordas do violão. A dança conclusiva é construida sobre rítmo sincopado que acusa a influência do baião. A flauta desenvolve um tema requebrado e moleque que vai dialogando com a orquestra até o arpejo do violão anunciando a cadência, a este instrumento expõe então a melodia que se expande expontaneamente, explorando sabiamente o autor as possibilidades violinísticas no estilo do choro. No fim da cadência do violão, a flauta intervém, incorporando-se então os demais instrumentos quando se desdobra a coda em que a flauta fulge virtuosisticamente. Assim a dança termina de maneira brilhante e expressiva. Antes da apresentação das páginas do compositor prematuramente desaparecido, a soprano Eni Camargo, diretora da Divisão de Cultura da Municipalidade, patrocinadora do concerto evocou em palavras comoventes a figura do artista, homenagendo também aquela que foi sua esposa, companheira e amiga, a pianista Zuleika Rosa Guedes, presente no palco. Significativa esta audição que constituiu, sem dúvida, o reconhecimento público de um talento do qual seria licito muito esperar para desenvolvimento da música genuinamente nossa. PAULO ANTÔNIO



Discografia

Ainda hoje há poucas gravações da obras deste compositor. Foram por nós indentificadas duas gravações. Há uma gravação dos Quatro Esboços Brasileiros, por Miguel Proença. Há também a gravação pela Orquestra SESI/Fundarte das Três Peças em Caráter Popular, para flauta, violão e orquestra de cordas, com o flautista João Batista Sartor e o violonista Daltro Keenan Jr., e a regência de Antônio Carlos Borges Cunha.