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Ordem de Cristo: diferenças entre revisões

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Revisão das 06h46min de 12 de outubro de 2004

Ordem dos Templários

A Ordem do Templo foi fundada na Terra Santa em 1128 por Hugo de Payens (Payns, Pains ou Paganis - essa última a forma latinizada) e Godofredo de Santo Omer, fidalgos franceses, a quem em breve se juntaram outros sete cavaleiros, dentre eles, Arnaldo da Rocha, que se presume tenha sido português. Dispunham de poucos recursos - apenas um corcel para dois cavaleiros, diz a história, se bem que a interpretação simbólica seja mais profunda: o cavaleiro que dirigia o animal, representaria a parte espiritual; o que vinha atrás, a parte material. A junção dessas duas partes simbolizava a Unidade. O Rei de Jerusalém, Balduíno II, consciente dos serviços que lhe seriam prestados, alojou-os nas ruínas do antigo Templo de Salomão, daí o seu nome - Ordem do Templo. Diz-se que, ao percorrerem os labirintos do Templo, encontraram o que durante milênios constituíra o segredo dos levitas - a verdade divina e as revelações teosóficas da Kabbalah, que era a história da criação com suas fórmulas herméticas - conseguindo interpretar os símbolos que adornavam as paredes do Templo, utilizando alguns deles como referências para sua saga. A pedido do Rei de Jerusalém, São Bernardo colige as regras da Ordem, baseadas nas de Santo Agostinho, e torna-se o inspirador espiritual e intelectual dos Templários. No Concílio de Troyes, em 1128, na presença de seu Grão-mestre (figura mais elevada) Hugo de Payens, a pedido do Papa Horácio II e do Patriarca de Jerusalém Guasimondo, os Templários ganharam o hábito branco. Cerca de 1150, o Papa Eugênio II determinou que sobre o hábito usassem a cruz vermelha, simbolicamente formada por duas achas de armas cruzadas. Sua bandeira com a "balsa" repartida de negro - terror e morte do inimigos - e branco - fé e caridade para os cristãos, trazia a cruz vermelha, circundada pelo salmo de David. "não a nós Senhor, não a nós, mas para glória do Teu nome", padrão de modéstia e adoração a Deus. Desinteressados dos valores materiais, abnegados na sua devota missão protetora, dedicando-se à caridade pública e dispostos a auxiliar militarmente o Rei de Jerusalém, os Templários tiveram o melhor acolhimento possível. Cavaleiros francos, normandos, germânicos, portugueses e italianos acudiram a engrossar as fileiras da Ordem, que em pouco tempo se converteria na mais pujante de todas as sociedades religiosas do séc. XII. Guardavam cisternas, estradas, protegiam os peregrinos e colonos que chegavam da Europa, combatendo inimigos e bandidos muçulmanos sob o compromisso de três votos: pobreza, castidade e obediência. Ao mesmo tempo, instituía-se também a doutrina secreta, o esoterismo, que, interpretando os símbolos do Templo de Jerusalém, criava uma nova mentalidade baseada nas trinta e duas vidas da sabedoria da Kabbalah. A Ordem possuía quatro classes: os cavaleiros, os escudeiros, os irmãos leigos e os capelães, formando este o clero privativo da instituição. Para obter o grau de cavaleiro exigia-se condição de nobreza, isto é, descendência de família de cavaleiros e de matrimônio legítimo. O candidato devia estar livre de qualquer compromisso ou voto, não ser casado ou ter noiva. O Grão-mestre, eleito como todos os dignatários, tinha categoria de príncipe entre os reis, e o título de vigário geral do Papa. Nos Concílios tomava assento depois dos bispos e antes dos embaixadores. Os outros altos dignatários eram o grande Prior, o Senescal, o Marechal, o Tesoureiro, o Porta Estandarte e o Turcopelier (general de cavalaria ligeira, cujos soldados se chamavam Turcopolos, no Oriente). Todos os superiores dispunham de um irmão de armas para sua defesa. Os mestres provinciais tinham dois cavaleiros por assistentes. Os filiados à Ordem seguiam rígida disciplina. Todos os dias assistiam ao Ofício Divino. Quando os deveres militares disso os impedissem, rezariam certo número de orações, jejuando certos dias da semana e não devendo consumir ovos ou leite nas sextas-feiras. Era-lhes vedada a caça de aves ou animais não ferozes. O juramento prestado após as provas do fogo, da água, e de extenso interrogatório, vinha assegurar as verdadeiras razões da Ordem: "Juro consagrar minhas palavras, minha força e minha vida à defesa da crença em Deus e dos Mistérios da Fé, prometendo inteira obediência ao Grão-mestre da Ordem. E sempre que os Sarracenos invadirem terras da Cristandade, atravessarei os mares, para libertar meus irmãos, socorrendo com o meu braço a Igreja e os Reis Cristãos contra os infiéis, combatendo, se preciso for, sem fugir, mas somente se forem Muçulmanos. Pouco antes de 1150, os Templários estabeleceram-se na França, no Nordeste de Paris. Sua sede erguia-se numa região pantanosa e pouco salubre. Com pouco mais de trinta anos de existência a Ordem contava, espalhada na Europa, com cerca de nove mil casas, templos e fortalezas. Apesar de não aparentar muito na fase inicial, a Ordem se desenvolveu de uma maneira extraordinária, expandindo-se tanto na Europa como na Terra Santa, uma vez que despertou o interesse e imaginação de muitos cavaleiros idealistas da época, que, cansados da vida mundana, procuraram na vida ativa e bélica dos monges guerreiros uma razão para viver e uma causa justa para morrer. Cada vez mais foram os Templários se infiltrando e ganhando confiança generalizada. Os postulantes, que eram artífices, agricultores, mercadores, serviam à Ordem dentro de suas habitações profissionais, cultivando terras, administrando propriedades, exercendo seus ofícios. Foram-se multiplicando. Praças fortificadas, templos e castelos iam sendo edificados e a relação dos Templários com as corporações medievais de artes e ofícios deu origem, mais tarde, a numerosas especulações sobre uma possível integração da Ordem na seqüência dos predecessores da moderna Maçonaria. O fato de existirem mulheres na Ordem é sujeito a dúvidas. A figura feminina era a representação da beleza. Nos seus escudos de combate haviam legendas amorosas. A cruz era um pretexto e o amor um fim. Conta-se que a Ordem do Templo teve um cavaleiro Gerardix (Gerardine de Brisson), que, na defesa da Praça de São João de Acre contra os turcos seljurcidas, realizou prodígios de bravura antes de cair prisioneiro. Aí surge a revelação sensacional: o heróico cavaleiro era mulher, disfarçada. É possível que muitas mulheres tenham usado deste artifício. Apoiada pelo Papado, recebendo numerosos legados e avultadas doações de membros do clero e grandes senhores, atingiu a Ordem uma dimensão gigantesca. Por determinação do Papa Inocêncio II em 1139, a Ordem passou a depender da Santa Sé, o que a tornou independente dos bispos e das monarquias reinantes, ganhando assim larga independência de caráter internacional e vasto poder, conseqüentemente. Sem conhecer fronteiras, a Ordem do Templo, organização paramilitar, com uma rede de atividades econômicas resultantes da administração de bens espalhados pela Europa e Oriente Próximo, passou a ser um Estado quase independente, dentro dos estados. Sua isenção e seriedade em matéria de finanças tornou-os merecedores da confiança de todos. Sua reputação como guardiões seguros de estradas e caminhos, leva a que fossem considerados os melhores e mais eficientes transportadores de dinheiro e valores da época. Funcionavam como uma instituição bancária com agências em toda a Europa Ocidental e Terra Santa: adiantamentos, transferências de fundos, pagamentos à distância, sistemas de contas-correntes e empréstimos contra garantias (sem juros, pois isso era contrário à Lei da Igreja). Difundiram também as letras de câmbio, transferindo dinheiros sempre que necessário, utilizando a segurança de suas frotas e de suas escoltas. Criaram uma vasta rede que, cruzando os mares, transportava tropas, peregrinos e mercadorias entre Europa e Oriente Próximo. A rigor, a nenhum dos cavaleiros era permitido auferir vantagem pessoal dos valores da Ordem, possuir quaisquer bens, nem trazer dinheiro particular consigo. Administrando tesouros reais, tornaram-se uma força econômica notável, numa época em que e economia era basicamente primária, agrícola e local. Aliando a esta grandeza um poderio militar enorme, cheia de prestígio, tanto entre cristãos como entre os muçulmanos, a Ordem tornou-se uma força política tremenda, jogando com o Papado e as monarquias mais importantes da época de igual para igual. Presididos pelo Grão-mestre, de forma rígida e severa, com exagerada discrição na reuniões e capítulos que decorriam à portas fechadas, num sigilo total, acumulavam segredos impenetráveis. Conselheiros de reis, respeitados por sua integridade e capacidade militar e política, começaram a despertar invejas e preconceitos. Seis de seus vinte e dois grão-mestres morreram heroicamente em batalhas. Seu equipamento militar era idêntico aos dos outros cavaleiros da época: escudo, lança, elmo, coifa, cota de malha, mas a espada de dois gumes tinha a ponta arredondada, o que apenas permitia acutilar, nunca ferir de ponta.


O CONHECIMENTO

Por causa das viagens e do contato com culturas e civilizações tão diversas, os Templários armazenaram conhecimentos e técnicas provenientes dos povos com os quais mantiveram contato: técnicas de orientação usadas pelos guias de caravanas dos desertos asiáticos e africanos e pelos pilotos que navegavam no Oceano Índico; conhecimentos astrológicos, no que se referia às estrelas, constelações e movimentos dos astros. O contato com turcos-bizantinos, árabes, armênios, egípcios, ismaelitas, etc., fizeram com que tivessem acesso às fontes dos conhecimentos e filosofias orientais: á astronomia, álgebra, à geometria e até à química, que dava os primeiros passos sob a égide da alquimia. Confrontavam idéias com judeus cabalistas, sabiam dos segredos das Pirâmides e dos Faraós. As tradições sagradas desses povos foram assimiladas por eles, se bem que sua missão era manter a pureza do Cristianismo, no seu aspecto iniciático. O hermetismo da fé cristã foi mantido vivo pelos Templários. A sabedoria proveniente de outras filosofias e crenças foi assimilada e o ocultismo de elevado valor, só acessível a iniciados, fazia parte de sua ampla cultura. Contribuíram largamente para o progresso da humanidade, difundindo seu conhecimento e favorecendo diretamente a uma etapa da história dos grandes descobrimentos marítimos.


QUEDA NO ORIENTE

Apesar de ter sido a Ordem mais poderosa e independente de toda a Europa Medieval do séc. XIII, e de ter se estabelecido durante cento e setenta e dois anos, essa sociedade altamente organizada e hierarquizada conheceu o declínio e o fim. Sua grande derrota foi contra os turcos na Terra Santa, adversários terríveis, que traziam consigo uma organização bélica esmerada e larga experiência adquirida nas estepes asiáticas. Perderam os Templários gentes, armas e praças, em duas batalhas, até a vitória final do Islão. Apesar da derrota, e da rendição em 1291, na última praça-forte da Terra Santa, São João de Acre, antiga Ptolomeia, os poucos sobreviventes da Ordem foram os últimos a se retirar, lutando contra mamelucos e negros do Sultão do Egito. O último reduto dos Templários no Oriente Próximo foi a ilha de Ruad, situada a norte de Trípoli, entre Chipre e a Ásia Menor, que só foi abandonada em 1303, quando a Ordem já corria certo perigo na Europa.


QUEDA NA EUROPA

A Ordem do Templo, internacional e independente, era vista com maus olhos pelo rei de França, Felipe-o-Belo, ávido de poder absoluto e sempre às voltas com problemas financeiros. O Grão-mestre de então, Jacques de Molay, contrariamente aos seus antecessores, era um ser fraco, que conduziu a Ordem por caminhos estreitos, sem ter uma visão clara da realidade e dos perigos que a rodeavam. Os dignatários do Templo, se comportavam como tecnocratas financeiros, o que suscitava malquerença em muitos setores. Além disso, a atmosfera secreta e misteriosa vinha prejudicando a imagem dos Templários, ajudando a criar um ambiente propício à ruína, ao serem acusados de práticas de bruxarias, feitiços, mágicas e rituais obscenos. Como muitos dos cavaleiros provinham das melhores famílias francesas, isso significava uma ameaça para Felipe-o-Belo, monarca habilidosamente malévolo, que com ajuda do legista Guilherme de Nogaret, preparou uma ardilosa armadilha para se apoderar dos bens dos Templários e destruir a Ordem, que, viva, poderia travar suas ambições absolutistas. A perseguição começou com uma campanha de descrédito à Ordem, aliciando os seus inimigos mais mesquinhos e levantando calúnias que convinham aos seus desígnios, acusando-os ao Papa Clemente V, que lhe devia favores, e que prometeu-lhe abrir um inquérito para investigar os Templários. Paralelamente os judeus eram perseguidos, torturados e explorados em seus bens, sob o seu comando. A inquisição, recentemente criada, colaborava com o Monarca. No dia 13 de outubro de 1307, poucos dias antes de ter Felipe-o-Belo confraternizado com o Grão-mestre da Ordem, todos os Templários foram inesperadamente presos na França. Alguns suicidaram-se e outros fugiram, sendo a maioria capturada. Os soldados do Rei devassaram as propriedades dos Templários à procura de documentos incriminatórios do lendário Tesouro da Ordem, origem de conjeturas, cobiças e lendas. Pela Inquisição, torturas, ameaças e coações foram arbitradas às vítimas que para se livrarem dos suplícios impostos, confessavam o que lhes era ordenado, como aconteceu a Jacques de Molay, obrigado a cuspir na cruz e prestar adoração a Baphosset. O Concílio, convocado para Viena, reuniu-se para discutir a sorte dos Templários. Ao cabo de sete anos de atropelos jurídicos, foram condenados à ignomínia e à prisão perpétua nos terríveis cárceres medievais, quando não foram queimados vivos. Jacques de Molay foi condenado ao fogo. No entanto, antes da imolação, retratou-se em público, e proclamou a inocência da Ordem, intimando o Rei e o Papa a comparecerem perante Deus no prazo de um ano. Com efeito, ambos morreram no prazo de um ano. Com o assassinato de Jacques de Molay, e as pressões, extinguiu-se a Ordem do Templo na França. Felipe-o-Belo apoderou-se da maioria dos bens, que deveriam ficar nas mãos dos Cavaleiros Hospitalares e do Papado. No resto da Europa, apesar de incitamentos do Rei da França, os Templários só esporadicamente foram perseguidos. Mas, sem Mestre nem capítulo que os orientasse, os Templários do resto da Europa ficaram a mercê de reis e príncipes. A desagregação dos Templários e da estrutura romano-cristã foi vista por muitos historiadores como marco da decadência do Ocidente. Não por acaso, o próximo período que se iniciava, o Renascimento, não teve mais Deus como modelo, e sim, o próprio homem. Os Templários que restaram, absorvidos pela Santa Sé, foram integrados em outros mosteiros principalmente na Ordem dos Hospitaleiros. Muitos voltaram à vida laica. Em Aragão, os bens dos Templários foram utilizados para fundar a Ordem Montesa. Na Itália dois grupos se formaram: a Fede Santa e os Fadelli d'Amore, que adaptaram a ideologia da antiga Ordem, usando como suporte a literatura. Em Portugal, D. Diniz, rei hábil e político, conseguiu fundar a "Ordem de Cristo" sobre as ruínas do Templo, aproveitando os bens e a maioria dos cavaleiros, que transitavam para uma nova ordem, cuja designação recordava o nome original da Ordem extinta. Em 15 de novembro de 1319 foi criada a "Milícia de Jesus Cristo". A manobra política de D. Diniz foi espantosa e teve um alcance secular. Cobrindo com uma cruz branca, símbolo da pureza, a cruz original dos Templários, e dando-lhe uma forma diferenciada, a Ordem de Cristo prosseguiu a obra iniciada pelos Templários. Combateram o Islão e devotaram-se à exploração marítima * os descobrimentos. Ao invés de protegerem a Terra Santa, foram procurar a Terra Santa. Não é por acaso que o primeiro nome do Brasil foi Terra de Santa Cruz. Enquanto a Europa se debatia na Guerra dos Cem Anos, Portugal prosperava sob a dinastia de Avis, empenhada em fazer frutificar essa ação civilizadora dos descobrimentos. A mal disfarçada Cruz do Templo, bordada nas velas das embarcações pioneiras, anunciava ao Velho Mundo os Novos Mundos, que se estendiam para lá da ponta de Sagres.


DANTE ALIGHIERI

A iniciação do autor da "Divina Comédia" ocorreu em Florença, em maio de 1300, data em que as lutas entre "guelfos e gibelinos - assumiram proporções de autênticas batalhas. Oriundo da nobreza florentina, Dante só podia ser "guelfo" que era o partido dos nobres. Ingressando na Ordem do Templo, rompeu com a aristocracia para se dedicar às aspirações populares defendidas pelos gibelinos e apoiadas secretamente pelos Templários. A sua elevação ao priorado, porém, irritava seus antigos correligionários. Quando Carlos de Valois, irmão de Felipe-o-Belo, se apossou de Florença, mercê da traição dos guelfos, teve de sofrer a proscrição, sendo os seus bens confiscados. Refugiado em Verona, recebeu a notícia de sua condenação à morte. Foi essa intervenção indébita de Roma que influiu poderosamente para que a "Divina Comédia" fosse o que realmente é - uma alegoria metafísico-esotérica onde se retratam as provas iniciáticas dos Templários em relação à imortalidade.


TEMPLÁRIOS DE PORTUGAL

Ao erguerem os castelos e fortalezas, os Templários obedeciam não somente a regras de ordem tático-militares, como indicações de localização estabelecidas através de dados ocultos, onde certas forças telúricas propiciavam fenômenos de várias ordens. Essas forças que a terra irradia através da estrutura interna, conforme trajetórias que se desenham sob o solo e determinados enquadramentos, determinavam o erguimento de tais edifícios. É o que se supõe ter acontecido, em Tomar, Portugal. Povos antigos aí adoravam forças sob a forma visível de uma deusa negra e virgem. Era conhecida desde os tempos pré-históricos pelos nomes de Ay-Mari, Myrina, Mariena e mariana, sendo o seu símbolo uma lua de um branco extremamente puro. Tomar uma cidade com condição especialíssima, foi sede da ordem do Templo em Portugal. A vinda dos Templários para Portugal se deu a princípio, por causa das declarações do Papa de que a reconquista da Península ibérica teria o mesmo valor religioso como o da reconquista dos Lugares Santos. Daí o nome de "Cruzadas do Ocidente", dando auxílio europeu aos estados cristãos da Península. A Ordem foi fundada por franceses, tinha maior facilidade em vir a Portugal do que ir à Palestina e mesmo porque dentre os fundadores da Ordem havia um português. Outro fator fundamental seria a segurança e rentabilidade da Península em comparação com o Ocidente, devido à longa e penosa linha de comunicações. Em 1157, Gualdim Pais sucedeu ao primeiro Mestre Português Pedro Arnaldo. Educado na nobre arte da guerra, foi companheiro fiel do Rei D. Afonso Henriques, que, apenas aos 21 anos, consagrou-se cavaleiro. Como defensor e guerreiro realizou prodígios, na célebre tomada de Ascalona no cerco de Gaza e na rendição de Sidon, Segundo reza a lápide que se encontra no Castelo de Tomar, pelo seu grande valor histórico, transcrevemos na íntegra, em linguagem corrente: "Era de 1160 reinando elrei de Portugal Dõ Affonso: Gualdim Pais, mestre dos soldados portugueses do Templo, cõ seus soldados: em o primeiro dia de março começou a edificar este Castelo: por nome Tomar: o qual castelo o dito rei offereceo a Deus e aos soldados do Templo. - Servindo-se de pedras onde ainda hoje lêm-se velhas inscrições romanas, foi erguida a fortaleza com todos os requisitos da arte bélica, às margens do Rio Nabão. Magnífica obra arquitetônica, o Castelo foi palco de batalhas e atualmente há hipóteses de que o paradeiro do famoso tesouro dos Templários se encontre nesta região, apesar de muitas outras fortalezas erguidas pela Ordem neste país.


O MITO

Muitas lendas e várias hipóteses serviram de base a numerosas obras de especulação e fantasia sobre os Templários. Seu famoso tesouro nunca foi encontrado. É certo que possuíam bastante dinheiro, que ganhavam cobrando pelo "templo, trabalho e risco - de suas missões. O ouro e a prata distribuídos pelas diversas casas da Ordem, constituíram a base de seu tesouro, mas o colosso econômico, que era a Ordem do Templo, soçobrou sem deixar rastro. Dizem as lendas que o Tesouro dos Templários incluiria o Tesouro de Salomão e o Santo Graal. Salomão reuniu os melhores artífices, arquitetos e sábios de seu tempo, com a ajuda da Rainha de Sabá, detentora do saber original do mundo e das Tradições das Primeiras Idades, conhecimento esse ultra-secreto, codificado hermeticamente. Além disso, as Tábuas da Lei, gravadas por Moisés no Monte Sião, o Candelabro de Ouro de Sete Braços e outras preciosidades do Templo. O Santo Graal era o cálice no qual Cristo bebeu na última ceia, recolhido por José de Arimatéia, junto com gotas de seu sangue. Além do cálice, Arimatéia levou a lança, a espada, o prato e o caldeirão, como relíquias para Glastonbury, no País de Gales, onde fundou uma pequena comunidade cristã que se tornou foco de peregrinação religiosa. O Santo Graal passou a aparecer associado às lendas do Rei Arthur e dos seus Cavaleiros da Távola Redonda.


OS NÚMEROS

Quando foi fundada a Ordem do Templo, muitos fantasiosos diziam que a mesma já existia secretamente, ou pelo menos, a origem de seus ideais se traçava até a Távola Redonda. A Ordem do Templo ensinava que a Filosofia Oculta contava com três mundos: o elementar, o celestial e o intelectual, e no Universo havia o espaço, a matéria e o movimento. Que a medida do tempo era o passado, o presente e o futuro. Que o homem dispunha de três poderes harmônicos: o gênio, a memória e a vontade. Que a natureza operava sobre a eternidade e a imensidade movida pela onipotência. A sua concepção de Deus era: sabedoria, força e beleza. Tudo provinha da Lenda do Graal, a que os Templários juntavam que, em política, a grandeza, a duração e a prosperidade das nações se baseavam em três aspectos primordiais: sabedoria, estabilidade e poder. O número três era iniciático e sagrado. O Triângulo encontrado no Templo de Jerusalém, tinha no centro a palavra YOD que significava sua origem divina e que presidia os três reinos da natureza: o mineral, o vegetal e o animal. Também o número cinco era sagrado. O cinco encerra dois princípios opostos e que afinal andam juntos e se completam: o da imperfeição (2) e o da felicidade (3). O número cinco era consagrado a Juno porque representava a junção dos elementos masculino e feminino, o binário e o ternário, morte e vida eterna. Simboliza a essência vital, a força dinâmica da natureza, a quintessência, o ar, o vento, o fogo, a água e a terra. As festas lunares greco-romanas eram realizadas de 5 em 5 anos. Os muçulmanos oravam 5 vezes ao dia. Os primeiros livros do Velho Testamento eram cinco. Eram cinco os sentidos no homem; cinco dedos nos pés e nas mãos; cinco linhas na pauta musical; cinco vogais; cinco lados a estrela Flamígera. Da mesma forma o número sete era sagrado para os antigos Templários. Sete eram as ciências que ensinavam nos graus iniciáticos: a gramática, a retórica, a lógica, a aritmética, a geometria, a música e a astronomia. Sete eram os sábios da Grécia, sete dias da semana, sete anos de fertilidade no Egito sete de esterilidade, sete casais encerrados na Arca de Noé, sete pragas que assolaram o Egito, etc. Muitas doutrinas filosóficas posteriores à Ordem afirmaram ter no Templo sua paternidade. Os Rosa-Cruzes, Maçons, Cátaros, Gibelinos, etc. No entanto, mudanças estruturais definitivas, ressaltam o distanciamento dos Templários das outras Ordens. A Ordem do Templo conciliou dois aspectos essenciais àquele momento histórico. O lado exotérico, ligado à proteção dos peregrinos e lugares santos, profundamente cristão e o lado esotérico, responsável pela emancipação do espírito humano, pelo conhecimento, pela ciência e pela prática da solidariedade, visando um mundo mais perfeito. As contrafações que surgiram após a era dos Templários podem ter se inspirado nos mesmos, imitado seus preceitos, mas não eram mais a Ordem do Templo. A transmissão real da doutrina não se manteve. Com o fim dos Templários, chegou-se ao fim de um período da história.


CONCLUSÃO

Os Templários iniciaram o culto de um Gnosticismo eclético, que admitia e harmonizava os princípios de várias religiões, conciliando o politeísmo em sua essência com os mistérios mais profundos do Cristianismo. São instituídas regras iniciáticas que se estendem por sete graus - três elementares, três filosóficos e um cabalístico, denominados: Adepto, Companheiro, Mestre Perfeito, Cavaleiro da Cruz, Intendente da Caverna Sagrada, Cavaleiro do Oriente e Grande Pontífice da Montanha Sagrada. A fé unida à ciência discernia a verdadeira da falsa doutrina: fiéis que acreditavam literalmente nas sagradas escrituras, e gnósticos, aprofundando-lhes o sentido interior, escondido, conhecendo a verdade inteira. Acreditavam que após a morte, a alma liberta do invólucro físico ascendia a um plano superior, se sublimava e voltava ao mundo para rever aqueles que lhes eram simpáticos, segundo as leis das afinidades. A alma era imortal. Há uma limitação em se aproximar da saga dos Templários, dentro de uma ótica profana, historicista, moderna. A verdadeira compreensão é possível a partir da regressão no Tempo, ao se chegar ao entendimento das estruturas sociais, político e religiosas da época. Partiam do princípio de que todas as religiões eram boas porque visavam o aperfeiçoamento moral, intelectual e material da humanidade. Não consideravam Céus como expressão exclusiva de qualquer sistema religioso, mas comum a todos os sistemas. Não O admitiam como um ser vingativo, inflexível ante as fraquezas humanas, mas propenso ao perdão, símbolo da bondade e justiça. Os Templários consideravam e figuravam nas suas cerimônias iniciáticas a compatibilidade da ciência com a essência divina. Buscavam a perfeição humana - a retidão nas ações, o respeito pelos semelhantes, o amor pela família, piedade para com os enfermos e doçura para com as crianças. O sentido da moral era de enorme importância, já que a obtenção da felicidade celeste chegaria na medida em que se fosse justo, bom, valente na guerra e leal na paz. Os cânticos entoados em louvor à Divindade terminavam com este preceito:

"Tudo que começa deve acabar, para recomeçar; tudo que nasce deve morrer para renascer."

Sua prece ilustra sua grandeza:

"Deus infinito que lês em nossos corações, que conheces os nossos pensamentos mais íntimos, que nos dá o livre arbítrio para que escolhamos entre a estrada do Bem e do Mal. Recebe minha prece e ilumina minha alma para que não caia no erro, para que não desagrade a vossa soberana vontade. Guia-me pelo caminho da virtude e fazei de mim um ser útil à Humanidade."

Assim eram os Templários.