John Stuart Mill: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
GOE (discussão | contribs)
m Revertidas a edição de 200.146.47.134 (5k)
Linha 4: Linha 4:
'''John Stuart Mill''' ([[Londres]], [[20 de Maio]] de [[1806]] — [[Avinhão]], [[8 de Maio]] de [[1873]]) foi um [[filósofo]] e [[economia|economista]] [[Reino Unido|inglês]], e um dos pensadores [[liberalismo|liberais]] mais influentes do [[século XIX]]. Foi um defensor do [[utilitarismo]], a teoria ética proposta inicialmente por seu padrinho [[Jeremy Bentham]].
'''John Stuart Mill''' ([[Londres]], [[20 de Maio]] de [[1806]] — [[Avinhão]], [[8 de Maio]] de [[1873]]) foi um [[filósofo]] e [[economia|economista]] [[Reino Unido|inglês]], e um dos pensadores [[liberalismo|liberais]] mais influentes do [[século XIX]]. Foi um defensor do [[utilitarismo]], a teoria ética proposta inicialmente por seu padrinho [[Jeremy Bentham]].


===Biografia===
John Stuart Mill nasceu na casa de seu pai em Pentonville, Londres, sendo o primeiro filho do filósofo [[Escócia|escocês]] radicado na Inglaterra [[James Mill]]. Mill foi educado pelo pai, com a assistência de [[Jeremy Bentham]] e [[Francis Place]]. Foi-lhe dada uma educação muito rigorosa e ele foi deliberadamente escudado de rapazes da mesma idade. O seu pai, um seguidor de Bentham e um aderente ao [[associativismo]], tinha como objetivo explícito criar um gênio intelectual que iria assegurar a causa do [[utilitarismo]] e a sua implementação após a morte dele e de Bentham. James Mill concordava com a visão de [[John Locke]] a respeito da mente humana como uma folha em branco para o registro das experiências e por isso prometeu estabelecer quais experiências preencheriam a mente de seu filho empreendendo um rigoroso programa de aulas particulares.


Seus feitos em criança eram excepcionais; com a idade de três anos foi-lhe ensinado o [[alfabeto grego]] e longas listas de palavras gregas com os seus equivalentes em inglês. Com a idade de oito anos tinha lido as fábulas de [[Esopo]], a Anabasis de [[Xenofonte]], toda a obra de [[Heródoto]], e tinha conhecimento de [[Lúcio]], [[Diógenes]] Laërtius, [[Isócrates de Atenas|Isócrates]] e seis diálogos de [[Platão]] (ver a sua autobiografia). Também tinha lido muito sobre a [[história de Inglaterra]].

Um registro contemporâneo dos estudos de Mill desde os oito aos treze anos foi publicado por Bain, que sugere que a autobiografia está longe de exagerar o volume de trabalhos! Com a idade de oito começou com o latim, [[Euclides]] e [[álgebra]] e foi nomeado tutor dos membros mais jovens da família. As suas principais leituras eram ainda em história, mas ele leu também os autores em Latim e Grego lidos normalmente nas escolas e universidades do seu tempo. Com dezoito anos, descreveu a si mesmo como uma "máquina lógica" e, aos 21, sofreu uma depressão profunda. Ele levou muitos anos para recuperar a auto-estima.

A obra de seu pai "História da Índia" foi publicada em [[1818]], após o qual, com a idade de doze, John iniciou um estudo intenso de [[lógica]], lendo os tratados de lógica de [[Aristóteles]] no original. Nos anos seguintes foi introduzido na economia política e estudou [[Adam Smith]] e [[David Ricardo]] com seu pai - tendo acabado por completar a teoria econômica dos fatores de produção destes.

Mill trabalhou na [[Companhia Inglesa das Índias Orientais]], lidando com a correspondência rotineira referente à atuação do governo inglês na Índia. Aos 25 anos, apaixonou-se por Harriet Tylor, uma mulher linda e inteligente, porém casada, que veio exercer grande influência no trabalho de Mill. Cerca de vinte anos depois, quando seu marido faleceu, Harriet Tylor se casou com John Stuart Mill. Ele se referia a ela como "dádiva-mor da minha existência" e ficou inconsolável quando ela morreu sete anos depois.

Mill ficou horrorizado com o fato de as mulheres serem privadas dos direitos financeiros ou das propriedades e comparou a saga feminina à de outros grupos de desprovidos. Condenava a idéia da submissão sexual da esposa ao desejo do marido, contra a própria vontade, e a proibição do [[divórcio]] com base na incompatibilidade de gênios. Sua concepção de casamento era baseada na parceria entre pessoas com os mesmos direitos, e não na relação mestre-escravo.

Devido aos seus trabalhos abordando diversos tópicos, John Stuart Mill tornou-se contribuinte influente no que logo se transformou formalmente na nova ciência da psicologia. Ele combatia a visão mecanicista de seu pai, James Mill, ou seja, a visão da mente passiva que reage mediante o estímulo externo. Para John Stuart Mill, a mente exercia um papel ativo na associação de idéias.

Stuart Mill desenvolveu, em seu livro ''[[Sistema de Lógica Dedutiva|A System of Logic]]'', os cinco métodos de indução que viriam a ser conhecidos como [[Os Métodos de Mill]].


== Vida de John Stuart Mill ==
== Vida de John Stuart Mill ==

Revisão das 22h32min de 4 de setembro de 2008

Predefinição:Portal-Economia Predefinição:Portal-filosofia

John Stuart Mill

John Stuart Mill (Londres, 20 de Maio de 1806Avinhão, 8 de Maio de 1873) foi um filósofo e economista inglês, e um dos pensadores liberais mais influentes do século XIX. Foi um defensor do utilitarismo, a teoria ética proposta inicialmente por seu padrinho Jeremy Bentham.

Biografia

John Stuart Mill nasceu na casa de seu pai em Pentonville, Londres, sendo o primeiro filho do filósofo escocês radicado na Inglaterra James Mill. Mill foi educado pelo pai, com a assistência de Jeremy Bentham e Francis Place. Foi-lhe dada uma educação muito rigorosa e ele foi deliberadamente escudado de rapazes da mesma idade. O seu pai, um seguidor de Bentham e um aderente ao associativismo, tinha como objetivo explícito criar um gênio intelectual que iria assegurar a causa do utilitarismo e a sua implementação após a morte dele e de Bentham. James Mill concordava com a visão de John Locke a respeito da mente humana como uma folha em branco para o registro das experiências e por isso prometeu estabelecer quais experiências preencheriam a mente de seu filho empreendendo um rigoroso programa de aulas particulares.

Seus feitos em criança eram excepcionais; com a idade de três anos foi-lhe ensinado o alfabeto grego e longas listas de palavras gregas com os seus equivalentes em inglês. Com a idade de oito anos tinha lido as fábulas de Esopo, a Anabasis de Xenofonte, toda a obra de Heródoto, e tinha conhecimento de Lúcio, Diógenes Laërtius, Isócrates e seis diálogos de Platão (ver a sua autobiografia). Também tinha lido muito sobre a história de Inglaterra.

Um registro contemporâneo dos estudos de Mill desde os oito aos treze anos foi publicado por Bain, que sugere que a autobiografia está longe de exagerar o volume de trabalhos! Com a idade de oito começou com o latim, Euclides e álgebra e foi nomeado tutor dos membros mais jovens da família. As suas principais leituras eram ainda em história, mas ele leu também os autores em Latim e Grego lidos normalmente nas escolas e universidades do seu tempo. Com dezoito anos, descreveu a si mesmo como uma "máquina lógica" e, aos 21, sofreu uma depressão profunda. Ele levou muitos anos para recuperar a auto-estima.

A obra de seu pai "História da Índia" foi publicada em 1818, após o qual, com a idade de doze, John iniciou um estudo intenso de lógica, lendo os tratados de lógica de Aristóteles no original. Nos anos seguintes foi introduzido na economia política e estudou Adam Smith e David Ricardo com seu pai - tendo acabado por completar a teoria econômica dos fatores de produção destes.

Mill trabalhou na Companhia Inglesa das Índias Orientais, lidando com a correspondência rotineira referente à atuação do governo inglês na Índia. Aos 25 anos, apaixonou-se por Harriet Tylor, uma mulher linda e inteligente, porém casada, que veio exercer grande influência no trabalho de Mill. Cerca de vinte anos depois, quando seu marido faleceu, Harriet Tylor se casou com John Stuart Mill. Ele se referia a ela como "dádiva-mor da minha existência" e ficou inconsolável quando ela morreu sete anos depois.

Mill ficou horrorizado com o fato de as mulheres serem privadas dos direitos financeiros ou das propriedades e comparou a saga feminina à de outros grupos de desprovidos. Condenava a idéia da submissão sexual da esposa ao desejo do marido, contra a própria vontade, e a proibição do divórcio com base na incompatibilidade de gênios. Sua concepção de casamento era baseada na parceria entre pessoas com os mesmos direitos, e não na relação mestre-escravo.

Devido aos seus trabalhos abordando diversos tópicos, John Stuart Mill tornou-se contribuinte influente no que logo se transformou formalmente na nova ciência da psicologia. Ele combatia a visão mecanicista de seu pai, James Mill, ou seja, a visão da mente passiva que reage mediante o estímulo externo. Para John Stuart Mill, a mente exercia um papel ativo na associação de idéias.

Stuart Mill desenvolveu, em seu livro A System of Logic, os cinco métodos de indução que viriam a ser conhecidos como Os Métodos de Mill.

Vida de John Stuart Mill

  • 1806: a 20 de Maio nasce John Stuart Mill em Londres; filho do também filósofo e economista James Mill, casado um ano antes, Stuart Mill surge numa época economicamente conturbada para a família Mill: o pai provinha de uma família humilde da Escócia e a mãe, ainda bastante jovem, era igualmente de condição modesta; é Sir John Stuart Fettercairn que virá a apadrinhar Stuart Mill, tal como já fizera com o pai, financiando parte dos seus estudos até 1819, ano em que James é nomeado para o Ministério das Índias Orientais com a posição de assistente;
  • 1809: com apenas três anos de idade, o pequeno Mill começa a aprender grego; o pai é que instrui Mill, rejeitando o ensino institucional e apostando tudo na tentativa de criar um gênio intelectual, capaz de defender o utilitarismo do tio, Bentham; as obras que Stuart leu em tenra idade são imensas; dos oito aos doze anos Stuart lia grego e latim no original;
  • 1818: James Mill publica História das Índias Britânicas, edição que lhe vale a nomeação, primeiro, para assistente e, depois, para Examinador da correspondência política com o estrangeiro; esta data marca a melhoria das condições de vida da família;
  • 1820: Stuart Mill abandona a Grã-Bretanha e viaja até ao sul de França; fica hospedado em casa de Samuel Bentham, general e irmão do filósofo Jeremy Bentham um dos fundadores da teoria utilitarista; acompanha estudos de lógica, metafísica, química, matemática e zoologia na Universidade de Montpellier; estes dias foram por ele considerados os mais felizes da sua vida;
  • 1822: regressando a Inglaterra lê o Tratado de Legislação de Jeremy Bentham; este livro será fundamental na sua formação enquanto filósofo, quer como continuador que foi, quer como reformador do utilitarismo que tentou ser; o mundo deveria ser convertido num lugar melhor, ditame que Stuart Mill vê como impulsionador de uma moral da felicidade, na esteira dos gregos, com certeza, mas reformulada pelos insights, que considerava geniais, de J. Bentham; entretanto, funda a Sociedade Utilitarista, a qual viveria apenas alguns anos;
  • 1825: substituição da Sociedade Utilitarista pela Sociedade em Debate (Debating Society); Mill, aberto a novas influências, diverge significativamente das idéias de seu pai e do seu tio, publicando vários artigos em revistas como a Westminster Review; a Sociedade em Debate é um reflexo dessa abertura e dessa nova sensibilidade eclética;
  • 1826: crise e depressão abatem o físico, a psique e a moral de Mill; as razões plausíveis são o trabalho extenuante, as divergências familiares, sobretudo com o seu pai, e uma certa insatisfação ou frustração intelectual;
  • 1830: conhece Harriet Taylor, casada e mãe de dois filhos; Harriet seria a sua grande paixão e o seu grande amor, influenciando-o sobremaneira, mesmo no concernante à sua filosofia;
  • 1831: começa a corresponder-se com Thomas Carlyle; esta correspondência foi fundamental na redefinição da linha que Mill seguirá, em confronto com Bentham; Stuart Mill procura agora um encontro profícuo com a velha filosofia helênica, aquela que ele primeiro conhecera há mais de vinte anos atrás;
  • 1834: é nomeado Diretor da Westminster Review; a sua filosofia é agora claramente divergente de Bentham;
  • 1835: o seu pai, James Mill, declina ameaçado por um cancro pulmonar, vindo a morrer a 23 de Junho de 1836;
  • 1840: por esta altura lê Tocqueville e Comte; a influência da chamada filosofia positiva faz-se sentir e o pragmatismo revela-se-lhe fundamental, ainda mais do que antes; a Democracia e a maioria são conceitos que lhe serão muito caros; o reformismo social marcará, a partir de agora, a sua filosofia e a sua atuação;

Obras

Stuart Mill escreveu inúmeras obras ao longo da sua vida. Destacam-se aqui apenas algumas que são consideradas mais marcantes:

Ver também

Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: John Stuart Mill

Edições digitais gratuitas