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Mapeamento de crise: diferenças entre revisões

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Revisão das 03h00min de 9 de julho de 2016

Mapeamento de crise (do inglês crisis mapping) é o uso de informação crowdsourced em tempo real a respeito de uma crise, geralmente um desastre natural (terremoto, enchente, erupção vulcânica, etc.) ou um conflito político-social (violência, eleições, migração, etc.). São utilizados ainda imagens de satélite, aplicações web e visualização e modelagem de dados, de modo a possibilitar uma resposta rápida de equipes de auxíllio. Projetos de mapeamento de crise permitem que várias pessoas, quer estejam ou não envolvidas nos esforços de ajuda humanitária, contribuam com informações a respeito da crise remotamente ou direto do próprio local. [1]

Por envolver dados de diversas fontes, estruturadas ou não, que podem ser produzidos para diversos propósitos, o trabalho com mapeamento de crise envolve análise de big data e mapeamento de dados, de modo a obter insights sobre os eventos de crise em tempo real. [2]

Histórico

Antes mesmo do termo "mapeamento de crise" ser cunhado, a noção de cobrir e mapear desastres naturais, crises humanitárias e guerras já era comum. Uma das maiores contribuintes foi a revista National Geographic, que publicou em 1914 um mapa atualizado dos "Novos Balcãs e Europa Central", que permitiu que seus leitores acompanhassem o desenvolvimento da Primeira Guerra Mundial. Ao longo do conflito, a revista continuou a publicar grandes mapas das frentes de batalha. Quando a Segunda Guerra Mundial começou, a National Geographic Society abriu seu arquivo de mais de 300.000 fotografias para as Forças Armadas dos Aliados. Comparando fotos aéreas de antes da guerra com aquelas obtidas durante o conflito, analistas detectaram áreas de camuflagem inimiga e acumularam inteligência. A revista continuou a realizar esses trabalhos durante diversos eventos de crise ao longo da História, como a Guerra do Vietnã, a ocupação da Palestina, o apartheid na África do Sul, a guerra do Afeganistão, o Acidente nuclear de Chernobil e a erupção do Monte Santa Helena, entre outros. [3]

Terremoto no Haiti

A noção de mapa de crise, e de qual poderia ser sua utilidade, mudou completamente após o terremoto do Haiti em 2010. Patrick Meier, então um estudante de PhD na Fletcher School of Law and Diplomacy, lançou um mapa de crise ao vivo do Haiti utilizando o Ushahidi, como uma reação emocional ao fato de amigos próximos estarem em Porto Príncipe quando o evento ocorreu. A princípio, a única fonte de dados do mapa eram tweets de cerca de uma dúzia de haitianos que descreviam cenas de devastação ao vivo de Porto Príncipe pouco depois do terremoto. Meier e um grupo de amigos voluntários começaram a mapear os tweets mais urgentes que possuíam informação geográfica o suficiente para serem apontados num mapa.

Em poucos dias, a quantidade de informação sendo reportada passou a ser grande demais para o pequeno grupo liderado por Meier; ele então entrou em contato com colegas da Fletcher School, e menos de uma semana depois, mais de 100 estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade Tufts monitoravam manualmente mídias sociais e comerciais atrás de informações sobre o Haiti, praticamente 24 horas por dia.[4]

Standby Task Force

Após o terremoto de 2010, foi criada a Standby Task Force, uma força-tarefa de voluntários treinados de diferentes antecedentes e áreas de conhecimento, prontos para mapear crises sob demanda. Esses voluntários são guiados por um código de conduta. Depoimentos de colaboradores indicam que a motivação não é só ajudar, mas também aprender, aprendendo novas habilidades e colocando as existentes em prática. [5]

Para efeitos de organização, os voluntários são divididos em equipes, descritas a seguir. Cada equipe possui diferentes atribuições. [6]

Equipe de monitoramento de mídias
Identificam informações relevantes a respeito da crise através de monitoramento de feeds e websites de mídias comerciais e sociais.
Equipe de SMS
Recebem e identificam mensagens SMS úteis, criando relatos a partir delas. Se a mensagem é urgente, o relato é enviado imediatamente para as equipes de geolocalização e tradução, e posteriormente repassado com urgência para as equipes de ajuda humanitária e colocado no mapa.
Equipe de geolocalização
Responsáveis por encontrar as coordenadas de relatos por mídias e SMS, bem como de outras informações requisitadas pelas equipes de ajuda humanitária, e manter uma base atualizadas das coordenadas encontradas por localidade.
Equipe de tradução
Traduzem os relatórios de monitoramento de mídias. Softwares de tradução automática são utilizados para a tradução de SMS, email e submissão pela web, mas é necessário verificar se a tradução é correta e coerente.
Equipe de relatórios
Verificam os relatos enviados via web e monitoramento de mídias, repassando-os para os times de geolocalização e tradução antes de fazer o upload do evento no mapa.
Equipe de intermediadores
Rrealizam a intermediação entre a força-tarefa e os grupos de ajuda humanitária, repassando a informação adquirida (com urgência, se necessário).
Equipe de verificação
Vverificam os relatos urgentes e úteis, utilizando as fontes de dados originais ou triangulação de IP.
Equipe de análise
Analisam os dados, produzindo mapas e relatórios e descobrindo padrões de dados nos relatos submetidos à plataforma.

É possível para uma organização solicitar a ativação da força-tarefa em casos de emergência humanitária ou situações políticas que possam levar a um desastre humanitário de grandes proporções. É dada preferência a organizações locais, que já estejam presentes no lugar da crise e que tenham capacidade de responder às solicitações.


Referências

  1. Alison Stewart (13 de maio de 2011). «Need to Know: Crisis Mapping» (em inglês). PBS. Consultado em 08 de julho de 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. Lilian Pierson (17 de setembro de 2012). «Big Data and Crowdsourcing in Humanitarian Crisis Mapping» (em inglês). Consultado em 08 de julho de 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  3. Patrick Meier (06 de junho de 2012). «Back to the Future: On National Geographic and Crisis Mapping» (em inglês). National Geographic. Consultado em 08 de julho de 2016  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  4. Patrick Meier (02 de julho de 2012). «How Crisis Mapping Saved lives on Haiti» (em inglês). National Geographic. Consultado em 08 de julho de 2016  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  5. http://www.un-spider.org/sites/default/files/StandbyTaskForce_Vienna_UN.pdf
  6. https://docs.google.com/document/d/1QmSm4P9Bj-FWqqwoMzOpwnZ7dYzMfrQ-Qz5ipEiBIlY/edit?hl=en_US