Índice Elcano de Presença Global

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O Índice Elcano de Presença Global é um índice sintético, elaborado pelo Real Instituto Elcano, que ordena, quantifica e agrega a projeção exterior e o posicionamiento internacional dos países. A sua finalidade é mostrar a situação atual e a evolução histórica da presença exterior de países e regiões, tanto no ámbito global quanto no europeu.

O Índice inclui-se nos esforços realizados desde o mundo acadêmico, alguns organismos internacionais e diversos think tanks para conceptualizar a globalização[1]​  e a capacidade que têm os diferentes países de moldar esse processo a partir do seu posicionamento internacional em distintos âmbitos.

No plano teórico, esse debate prestou atenção aos novos equilíbrios mundiais após a Guerra Fria, à aparição de potências emergentes em una economia cada vez mais interdependente, e a conceitos mais complexos de poder nas relações internacionais[2]​ tais como o poder brando ou soft power. Também existiram já algumas tentativas de operacionalizar algumas dimensões vinculadas com estes fenómenos -por exemplo, a abertura e a competitividade económicas, o compromisso com o desenvolvimento ou a reputação e a imagem[3]​ -, que servem para a comparação internacional. O Índice Elcano de Presença Global procura complementar estas análises com uma medição geral e agregada do posicionamento internacional dos países no mundo globalizado, sendo a primeira proposta abrangente, integral e multidisciplinar em oferecer uma métrica das relações internacionais desde o ponto de vista dos seus resultados, e isolando o esforço dos Estados

Metodologia e estrutura[editar | editar código-fonte]

Elaborado anualmente desde 2010, conta com uma série que se inicia em 1990. O índice calcula-se sobre a base de 66.348 dados para 130 países.[4]

Divide-se em três dimensões: económica, militar e branda, cada uma com os seguintes indicadores:[5]

  • A presença económica mede-se através das exportações de energía, bens primários, manufacturas e serviços, assim como os investimentos diretos no exterior.
  • A presença militar mede-se com as tropas mobilizdas no estrangeiro e com o equipamento militar.
  • A presença branda mede-se através das migrações; do turismo; do rendimento desportivo em competições internacionais; a projeção cultural; a informativa; as patentes internacionais e os ingressos recebidos pela utilização da propriedade intelectual; os artigos publicados em revistas científicas; o número de estudantes estrangeiros; e o investimento em ajuda ao desenvolvimento.

Além disso, calcula-se também a presença global do conjunto da União Europeia como um único ator político, desde 2012. Esta medição complementa-se com aquela do Índice Elcano de Presença Europeia, que captura a internacionalização dos Estados Membros no âmbito da União. Da mesma forma, para alguns países e agrupações, realiza-se o cálculo desagregado da presença por origem geográfica (comunidades autônomas na Espanha[6], Estados-Membros na UE[7]) e por destino (distribuição geográfica da presença global da Espanha e da UE).

Tanto o Índice Elcano de Presença Global como o Índice Elcano de Presença Europeia permitem comparações internacionais e temporais, sendo uma ferramenta útil para:

  • Analisar as tendências globais na presença internacional (evolução da multipolaridade e a bipolaridade, globalização, ascensão ou declive de determinadas potências e regiões, ou maior ou menor protagonismo das relações brandas perante as duras).
  • Examinar a política externa dos países para os quais se calcula (avaliação dos esforços em função dos resultados obtidos, análise sectorial da presença, relação entre presença e influência, ou distância entre presença objetiva e percepção subjetiva).  

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Olivié, Iliana; Molina, Ignacio (2011). «IEPG: un índice para medir la globalización». Política Exterior. 141, maio-junho. Consultado em 10 de julho de 2020 
  2. MORGENTHAU, Hans (1992). Poder entre las naciones: la lucha por el poder y la paz. Buenos Aires: Grupo Editor Latinoamericano 
  3. Olivié, Iliana; Molina, Ignacio (2011). Estudio Elcano 2 - Índice Elcano de Presencia Global, IEPG. Madrid: Real Instituto Elcano. p. 23 
  4. «Lista de países del Índice Elcano de Presencia Global». Índice Elcano de Presencia Global. Consultado em 10 de julho de 2020 
  5. «Variables, indicadores y fuentes del Índice Elcano de Presencia Global». Índice Elcano de Presencia Global. Consultado em 10 de julho de 2020 
  6. Olivié, Iliana; Gracia, Manuel; Gomariz, Mª Dolores (2017). «España en el mundo: análisis en base al Índice Elcano de Presencia Global 2016». Elcano ARI. nr 85/2017. Consultado em 10 de julho de 2020 
  7. Olivié, Iliana; Gracia, Manuel (2020). «Regional or global player? The EU's international profile». Elcano Policy Paper. nr 85/2017. Consultado em 10 de julho de 2020