Aarão de Ragusa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Aarão de Ragusa
Nascimento século XVI
Ragusa
Morte 1656
Ocupação rabino, escritor
Religião Judaísmo

Aarão ben David Cohen, também conhecido como Aarão de Ragusa (Dubrovnik, antes de 1586 — Dubrovnik, março de 1656), foi um rabino e escritor croata.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Sua família provinha de Florença, e originalmente tinha Lunelli por sobrenome, sendo Cohen um apelido que significa serem descendentes de sacerdotes. Aarão nasceu em Ragusa, hoje Dubrovnik, filho de David Cohen e Reina, filha do rabino Salomon Oëf. Aarão estudou em Ragusa com seu avô Salomon, a quem sempre demonstrou gratidão, e com o rabino Perahia Formon, um especialista na língua hebraica e intérprete oficial da comunidade. Depois Cohen se dirigiu a Veneza, ingressando na Escola Levantina, que reunia judeus turcos, onde distinguiu-se pelo seu vasto conhecimento e seus dotes de oratória. Voltando a Ragusa, tornou-se o diretor da sinagoga, além de dirigir o comércio da família com seu irmão Eleazar e outro sócio. A firma tornou-se a maior iniciativa comercial de Ragusa, estabelecendo negócios com todas as principais casas dos Bálcãs, e estendendo-se para Sofia, Belgrado e Itália.[1]

Quando Isaac Yešurún foi preso, falsamente acusado de cometer um assassinato ritual, caso que convulsionou a comunidade, desencadeando uma perseguição maciça aos judeus,[1] Cohen foi acusado de estar envolvido, mas de acordo com Moisés Orfali, seu grande prestígio entre as autoridades cristãs preservou-o de ser maltratado na prisão, e fez com que fosse logo liberto.[2] Yešurún permaneceu quase três anos prisioneiro, período em que foi torturado, mas depois foi inocentado e liberto,[3] e em ação de graças Cohen compôs o hino o En ke-El Yešurún. Este hino permaneceu sendo recitado por muitas gerações na sinagoga local.[2]

"Rabino devoto e culto", conforme disse Moritz Bermann,[4] deixou sermões, comentários e obras históricas.[5] Em seu testamento deixou instruções para a publicação de sua obra Zeḳan Aharon (uma coletânea de comentários e homilias sobre a Bíblia e o Talmude que se tornou popular), de uma narrativa apologética sobre Isaac Yešurún intitulada Ma'asé Yešurún, e de uma obra de seu avô intitulada Semen ha-Tob, desejando que fossem distribuídas em Veneza, Sofia, Roma, Amsterdã, Jerusalém e outras cidades alemãs e italianas. Elas foram efetivamente publicadas juntas em Veneza em 1657.[2]

Moisés Orfali diz que Cohen foi figura de grande espiritualidade e conhecimento, e em seus escritos se manteve fiel às fontes do judaísmo. Seu testamento é notável por expressar a preocupação de que seu legado permanecesse acessível mesmo para pessoas de poucas posses.[2] No século XVII tinha muita fama e autoridade localmente e em particular entre os judeus italianos. Foi biografado pelo dominicano Serafin Crijević no século XVIII, sendo qualificado como uma das grandes personalidades da história de Dubrovnik. Para Tadić Jorjo, Cohen foi o mais notável judeu de sua geração.[1] Teve os filhos David, Aarão e Ester.[2]

Referências

  1. a b c Jorjo, Tadić. "Aron Koen". In: Jewish studies 1: Studies and documents about Jews in Dubrovnik, 1971 (1): 313-324
  2. a b c d e Orfali, Moisés. "Aspectos sociales y espirituales de los sefardíes de Ragusa a través de la documentación testamentaria (siglos XVI-XVII)". In: Sefarad — Revista de Estudios Hebraicos, Sefardíes y de Oriente Próximo, 2006; 66 (1): 143-182
  3. Kaufmann, David. "Notes and discussion: Isaac Jeshurum-Alvares". In: The Jewish Quarfterly Review, 1889 (1): 284-286
  4. Bermann, Moritz. Oesterreichisches biographisches Lexikon, Volume 1. Bermann, 1851, p. 1
  5. Deutsch, Gotthard. "Aaron ben David Cohen of Ragusa". In: Jewish Encyclopedia. The Kopelman Foundation, 2002-2021