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Adenoipófise: diferenças entre revisões

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Fernando Namora, médico e escritor português, autor de uma extensa obra, escreve o romance “Domingo à tarde” em 1961.

<br />
Retrata parte da vida de Jorge, que dirige o departamento de Hematologia do Instituto de Oncologia de Lisboa. Certo dia é colocado ao serviço de Clarisse, paciente que atravessa uma leucemia em estado avançado, pela qual se apaixona. Jorge mobiliza todos os seus esforços tentando salvá-la.

<br />
Esta obra é entendida como uma forte representação das assimetrias sociais na interação médico-paciente por demais demarcadas no contexto sociocultural e no momento histórico da publicação da obra. Instiga uma forte reflexão acerca do dever ético-deontológico do médico em cuidar o paciente de forma integradora e alargada, clinicamente e psicologicamente.

<br />
Pela voz do protagonista Jorge, é evidenciada a comunicação deste consigo mesmo, com seus colegas, e com os pacientes, em situações que ocorrem em vários espaços e em diferentes tempos. É apresentada uma vívida reconstrução literária da relação médico-doente com toda a sua complexidade inerente. Este romance ganha uma dimensão avassaladora ao tornar acessíveis importantes aspetos dessa relação, à qual é impossível ter acesso direto exceto quando na condição de paciente ou médico dada a natureza sigilosa deste contrato.
Na linguagem literária deste romance Jorge experimenta a transformação de postura do profissional que se humaniza ao valorizar o outro - seja o outro o próprio médico-narrador, que se reconhece e se identifica no e pelo olhar do outro; sejam os outros os médicos, a paciente, a colega ou os restantes doentes. Jorge é desafiado, pela sua ligação emocional a Clarisse, a desmantelar todo seu conhecimento acerca da relação com o paciente terminal e do sofrimento e sentimentos inerentes à morte. Além disso, Jorge sofre pela sua incapacidade de salvar doentes incuráveis, incapacidade essa que se tornou para si por demais evidente e rude ao viver a situação de Clarisse.
<br />
Clarisse morre, apesar de todos os esforços de Jorge, deixando o médico desencantado com os seus trabalhos e procedimentos de rotina, que na maioria das vezes lhe parecem ser inúteis. Porém, é deveras importante perceber a melhoria que o médico pode incutir na doença mesmo quando o cuidado já não passa pela terapêutica. Nesta obra é possível refletir sobre isto mesmo. É muito clara a forma como a ligação emocional de Jorge à sua paciente lhe permitiu ver que os seus cuidados e a sua presença, mesmo que não curativos, podem trazer mais dignidade a Clarisse no momento da morte, tornando os últimos suspiros da paciente que pedia “aqueles nadas que reanimam uma vida” mais confortados e saciados. Talvez o facto de passar pela doença ou pelo sofrimento de um familiar ou de um amigo torne o médico mais capaz de reflectir sobre os seus cuidados, num processo de sensibilização.
<br />
O leitor acaba por se tornar cúmplice das personagens de Namora graças ao conhecimento da alma humana que o escritor imprime no seu texto. O escritor desperta no leitor um forte sentimento de compaixão e solidariedade, sentimentos esses que fazem crescer com um traço de culpa, responsabilizando o próprio leitor pelo o caos social que se vive no seio do contexto histórico da obra, sensibilizando-o.
<br />
Fernando Namora demonstra saber lidar com os sentimentos mais íntimos das personagens que povoam o hospital, reconhecendo-se na obra o ambiente impregnado de dor, angústia, esperança e de desesperança. O médico é desafiado a combater este ambiente, humanizando o paciente de forma holística.


<br />
<br />
Utopia e bioética Daniel Serrão
<br />
Como se constrói esta utopia?
Para Potter é cada vez mais completo e profundo o conhecimento científico sobre a estrutura biológica dos seres humanos: a morfologia ultraestrutural, a bioquímica, a biologia molecular e a genética têm permitido conhecer até aos meus ínfimos detalhes a “máquina” do corpo humano. O bios humano aparece, contudo, como um sistema aberto e vulnerável que pode ser objecto de intervenções que o podem melhorar ou que podem destrui-lo. Avassaladores, estes progressos têm o poder de originar uma diferente visão da vida e do próprio Homem e de abrir caminho a profundas mudanças sociais, com impacto global e que se estenderá às gerações futuras.
<br />
A proposta de Potter é a da criação de uma nova disciplina científica rigorosa – a bioética – que deveria, e cito, “ preencher o hiato entre as ciências e as humanidades usando especialmente a biologia e os valores humanos para criar uma ciência da sobrevivência”. Assim temos bioética como uma nova ciência ética que combina humildade, responsabilidade e uma competência interdisciplinar, intercultural e que potencializa o senso de humanidade.

<br />
A Bioética é uma ética aplicada, chamada também de “ética prática”, que visa “dar conta” dos conflitos e controvérsias morais implicados pelas práticas no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde do ponto de vista de algum sistema de valores.
<br />
Como um sistema de valores a bioética dificilmente pode ser ensinada. A maioria dos temas que a bioética trata não é alvo de consenso. Como um conjunto de princípios varia em grande escala no seio de diferentes panoramas socioculturais e fatores ambientais. A bioética só pode ser construída em diálogo público aberto, pela argumentação e pela consciencialização.

<br />
A bioética encontra-se em crise dada a grande instabilidade económica vivida e o potencial das ciências da vida e da saúde neste âmbito. O futuro deve passar pela implementação da bioética como uma realidade, deixando de ser uma utopia, que deve ser debatida e discutida, porque só assim esta se constrói. É indispensável que a bioética se afirme entre os interesses económicos da área da saúde e se veja consagrada legislativamente de forma a conciliar a evolução científica e os valores inerentes ao ser humano.

<br />
Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Órgão independente e transdisciplinar que analisa e dá parecer sobre aspectos éticos dos avanços científicos nas ciências biológicas. “Ao longo das últimas décadas, os desenvolvimentos médicos e biotecnológicos e as suas implicações no devir social e humano têm clamado por uma tomada de posição sobre quais as aplicações das novas tecnologias que convêm ou não à humanidade. “
<br />
<br />
1.O que faz um gene e o que não faz.
Um gene é uma porção de DNA que codifica uma proteína que será preponderante nas características fenotípicas de um indivíduo. Um gene expressa assim, apenas características físicas e não a nível de personalidade, uma vez que esta é influencia por factores epigenéticos e pela experiência humana.
<br />
2. O que é a responsabilização das decisões humanas.
O comportamento do ser humano é determinado pela conjugação do genoma, factores epigenéticos (interacção sociocultural) e pelo livre arbítrio. O genoma é inalterável e, por vezes, condiciona a capacidade de um indivíduo se responsabilizar pelos seus actos, uma vez que afecta o livre arbítrio e a interação sociocultural. Como foi referido na sessão de DV pelo professor Daniel Serrão, quem é portador do gene da obesidade, mesmo tendo uma dieta restrita não consegue fugir ao seu genoma, acabando por ficar obeso.
Quando o genoma não é limitante, a intervenção pedagócica e social e os factores ambientais são dominantes, caracterizando o perfil de actuação do indivíduo, tornando-o responsável pelos seus actos. Mesmo dependendo dos anteriores, o livre arbítrio não deve ser dispensado de responsabilização. Como um ser social, o ser humano transporta as consequências das suas acções para a própria sociedade e cultura em que se insere, moldando-as.
<br />
3.Os genes e a identidade pessoal. Que relação?
O genoma determina as características físicas do indivíduo e indirectamente parte da personalidade do mesmo. No entanto, a identidade pessoal de cada um é também determinada pelos efeitos epigenéticos (família, cultura, vivências, etc). Tendo em conta determinados padrões socio-culturais certos genes podem ou não manifestar-se. De acordo com a Teoria da Personalidade, “havendo no mundo uma hipotética igualdade de oportunidades, seríamos todos iguais (...) A única diferença entre Einstein e os demais teria sido uma simples questão de oportunidade e circunstâncias ambientais. Nesto caso a Personalidade, a inteligência, a vocação e a própria doença mental seriam questões exclusivamente ambientais.”

<br />
4.Usos e maus usos dos testes genéticos.
Os testes genéticos apresentam vantagens e desvantagens. Actualmente é possível, através dos testes genéticos preditivos, avaliar o risco de virmos a desenvolver certas doenças genéticas. Em alguns casos, avaliando o genoma numa idade precoce é possível descobrir, por exemplo, intolerância à lactose, permitindo assim a prevenção de sintomas associados à doença, através da restrição de certos alimentos. Noutros casos, estes testes preditivos apenas servem para informar o paciente que é portador do gene de determinada doença, que poderá não ter cura caso este se manifeste.
No entanto, nem sempre os efeitos são positivos, podendo resultar em “escolha genética”, como é o caso dos EUA em que os pais realizam estudos genéticos para descobriram modalidades desportivas nas quais os filhos são mais aptos, por vezes com fim lucrativo, sem ter em conta as escolhas e os gostos dos mesmos. O desenvolvimento da engenharia genética convive, assim, com problemas legais e éticos, podendo levar à depuração da espécie. Em suma, em todos os testes genéticos deve ser aplicado o princípio das responsabilidade que nos diz que alterações genómicas feitas no presente podem comprometer o futuro.


<br />
5.Critique a criação de uma base de dados genéticos e de perfis de ADN ao nível nacional.
A criação de uma base de dados genéticos e de perfis de DNA melhora o sentimento de segurança colectiva, favorecendo a investigação criminal. No entanto, estaríamos a por em causa o direito à privacidade, pois esta informação poderia ser utilizada para outros fins. Para além disso, este instrumento requer elevados custos económicos e a infalibilidade do ADN pode levar a erros e induzir um julgamento errado.
Consideramos que as desvantagens superam as vantagens, não se justificando a criação desta ferramenta, até que seja possível o controlo e transparência do uso e transmissão da informação nela contida.

<br />
PARTE I

<br />
O Calvário é uma instituição de solidariedade, fundada pelo padre Américo, que tem o objectivo de acolher doentes incuráveis e sem família. Envolta de um ambiente familiar, nesta instituição o tempo não é encarado como um obstáculo, podendo os seus membros permanecer lá até ao fim da vida. Foi até criado um cemitério para aquele que lá permacem. Contudo, alguns conseguem alcançar a recuperação, sendo (re)integrados perfeitamente na sociedade.
Para fazer parte desta família, o único requisito é ser-se pobre e precisar-se de ajuda urgente. É de notar que os seus utentes chegam de vários locais e de diferentes condições, muitas delas precárias. Acresce ainda que um dos muitos princípios desta instituição é potenciar as capacidades dos doentes, distribuindo tarefas e, simultaneamente, criando um ambiente de entre-ajuda, como uma verdadeira família. A par da medicação, o equilíbrio psicológico é atingido pelo trabalho e dedicação aos outros.
Se, por um lado, esta instituição aceita as doações que as pessoas oferecem em vida, por outro lado, está patente a recusa perante heranças e doações presentes em testamento. Contudo, quando não conseguem de todo recusar as ofertas dos testamentos, doam o seu conteúdo a outras fundações, uma vez que acreditam que não devem acumular, mas sim repartir o que recebem de bom. Esta é, então, uma instituição que se move pela fé e pelo bem de todos.

<br />
PARTE II

<br />
A solidariedade para com os países africanos não deve passar apenas pela colmatação das suas necessidades mais urgentes (alimentação, vestuário, saúde).
É imperativo que haja um esforço de desenvolvimento destes países, no qual a investigação científica tem um papel essencial de forma a desenvolver os imensos recursos naturais, populacionais e culturais desta região do planeta. Este esforço deve em grande parte ser impulsionado pelos países mais desenvolvidos, canalizando o investimento para estas regiões.
Investigação passa pelo desenvolvimento de novas técnicas na agricultura e de programas de procura de água potável, bens essenciais para resolver o problema da fome e consequentemente Saúde. O incremento dos cuidados de higiene e a criação do perfil de saúde destas regiões é também um dos objectivos, de modo a conhecer as principais doenças que afectam a população e direccionar a actuação.
A criação de infraestruturas deve ser outra das áreas com especial foco, em termos de habitação, saneamento básico e mesmo educação, sendo esta última essencial a diversos níveis nomeadamente na dimensão da saúde.
Um outra forma de gerar riqueza e prosperidade será a investigação em recursos naturais, principalmente geológicos, dos quais resultam matérias primas que podem ser canalizadas para o desenvolvimento das restantes áreas e da comercialização.
Por fim, será não menos importante a investigação em política e em matéria financeiras de forma a que se consiga gerir o desenvolvimento de uma maneira rentável e equitativa.
Embora as necessidades urgentes em alimentação, saúde, higiene e vestuário devam ser corrigidas rapidamente, não menos importante deve o investimento em investigação científica nos países africanos pois são regiões com elevado potencial que se explorados de forma adequada podem vir a ter no futuro sustentabilidade e autonomia.


[[categoria:Histologia]]
[[categoria:Histologia]]

Revisão das 22h34min de 5 de maio de 2013

A adenoipófise — ou adeno-hipófise, ou ainda hipófise anterior (do grego adeno, "glândula"; hypo, "sob"; physis, "crescimento") — compreende o lobo anterior da hipófise e faz parte do sistema endócrino. Ao contrário do lobo posterior, o lobo anterior é genuinamente glandular, fazendo jus à raiz adeno do seu nome.

É uma glândula formada por cordões epiteliais anastomosados e rodeados de uma rede de sinuosidades. De acordo com a afinidade aos corantes, a adenoipófise apresenta dois grupos celulares: cromófilas (com granulações coráveis) a as cromofóbicas (sem granulações coráveis). Atualmente são identificados, com o uso da microscopia eletrónica , cinco tipos celulares na sua estrutura: corticotropos, gonadotropos, somatotropos, lactotropos e tirotropos.

Sob a influência do hipotálamo, a adenoipófise produz várias hormonas peptídeas reguladoras de vários processos fisiológicos, entre os quais o stress, o crescimento e a reprodução.

Regiões

A adenoipófise está dividida nas seguintes regiões:

  • pars distalis ("parte distal") - a maior parte da adenoipófise, com função endócrina.
  • pars tuberalis ("parte tubular") - um folheto estendendo-se da pars distalis e envolvendo a haste hipofisária. A função desta zona ainda não está bem esclarecida.

Embriologia

Contrariamente à neuroipófise, que se origina da ectoderme neural, a hipófise anterior origina-se de uma invaginação do epitélio da faringe denominada de bolsa de Rathke.

Esta diferença é notória se tivermos em conta que a neuroipófise se limita a servir de estrutura de suporte para as terminações nervosas de neurónios secretores localizados no hipotálamo, ao passo que a adenoipófise produz as suas próprias hormonas localmente, embora também sob o controlo do hipotálamo.

Principais hormônios secretados

Hormônio Nomes alternativos Símbolo(s) Células secretiras (tipo de coloração) Tecido alvo Efeitos
Hormona adrenocorticotrópica Corticotropina ACTH Corticotropos (basófilos) Glândulas supra-renais Secreção de glucocorticóides
Endorfinas - - - - Inibe percepção da dor
Hormona folículo-estimulante - FSH Gonadotropos (basófilos) Ovários, Testículos Crescimento do sistema reprodutor
Hormona do crescimento Somatotropina GH, STH Somatotropos (acidófilos) Fígado, tecido adiposo, tecidos em geral Promove o crescimento; deposição de proteínas nos tecidos; metabolismo de lípidos e carboidratos
Hormona luteinizante Lutropina LH, ICSH Gonadotropos (basófilos) Ovários, Testículos Produção de hormonas sexuais
Prolactina - PRL Lactotropos, também conhecidos como mamotropos (acidófilos) Ovários, glândulas mamáriass Secreção de estrogénios/progesterona; produção de leite
Hormona estimuladora da tiróide Tirotropina TSH Tirotropos (basófilos) Glândula tiróide Secreção de hormonas da tiróide

Fatores hipotalâmicos de liberação e inibição

A secreção hormonal a hipófise anterior é regulada por hormônios secretadas pelo hipotálamo.

Os axónios dos seus neurónios neuroendócrinos projectam-se na eminência mediana, na base do cérebro. É neste local que libertam substâncias nos vasos que são transportados para a hipófise anterior através de um sistema porta venoso.

Nome Outros nomes Abreviaturas Localização Função
Hormona libertadora de corticotropina Corticoliberina CRH, CRF Neurónios parvocelulares do núcleo paraventricular estimula a secreção de ACTH com a vasopressina
Dopamina Hormona inibidora de prolactina DA, PIH neurónios neuroendócrinos do núcleo arqueado inibe a secreção de prolactina
Hormona libertadora de gonadotropina Hormona libertadora de hormona Luteinisante, gonadoliberina GnRH, LHRH neurónios neuroendócrinos do núcleo pré-óptico medial e do núcleo arqueado estimula a secreção de LH and FSH
Hormona libertadora da hormona do crescimento Factor libertador da hormona do crescimento, somatoliberina, somatocrinina GHRH, GHRF, GRF neurónios neuroendocrinos do núcleo arqueado estimula a secreção de GH
Somatostatina Hormona inibidora da hormona do crescimento, Factor inibidor da libertação de somatropina SS, GHIH, SRIF neurónios neuroendócrinos do núcleo paraventricular inibe a secreção de GH
Hormona libertadora de tirotropina Factor libertador de tirotropina, Tiroliberina TRH, TRF neurónios neuroendócrinos parvocelulares no núcleo paraventricular e núcleo hipotalâmico anterior estimula a secreção de TSH
Vasopressina Hormona antidiurética ADH neurónios neuroendócrinos parvocelulares no núcleo paraventricular estimula a produção de ACTH juntamente com CRH


Fernando Namora, médico e escritor português, autor de uma extensa obra, escreve o romance “Domingo à tarde” em 1961.


Retrata parte da vida de Jorge, que dirige o departamento de Hematologia do Instituto de Oncologia de Lisboa. Certo dia é colocado ao serviço de Clarisse, paciente que atravessa uma leucemia em estado avançado, pela qual se apaixona. Jorge mobiliza todos os seus esforços tentando salvá-la.


Esta obra é entendida como uma forte representação das assimetrias sociais na interação médico-paciente por demais demarcadas no contexto sociocultural e no momento histórico da publicação da obra. Instiga uma forte reflexão acerca do dever ético-deontológico do médico em cuidar o paciente de forma integradora e alargada, clinicamente e psicologicamente.


Pela voz do protagonista Jorge, é evidenciada a comunicação deste consigo mesmo, com seus colegas, e com os pacientes, em situações que ocorrem em vários espaços e em diferentes tempos. É apresentada uma vívida reconstrução literária da relação médico-doente com toda a sua complexidade inerente. Este romance ganha uma dimensão avassaladora ao tornar acessíveis importantes aspetos dessa relação, à qual é impossível ter acesso direto exceto quando na condição de paciente ou médico dada a natureza sigilosa deste contrato. Na linguagem literária deste romance Jorge experimenta a transformação de postura do profissional que se humaniza ao valorizar o outro - seja o outro o próprio médico-narrador, que se reconhece e se identifica no e pelo olhar do outro; sejam os outros os médicos, a paciente, a colega ou os restantes doentes. Jorge é desafiado, pela sua ligação emocional a Clarisse, a desmantelar todo seu conhecimento acerca da relação com o paciente terminal e do sofrimento e sentimentos inerentes à morte. Além disso, Jorge sofre pela sua incapacidade de salvar doentes incuráveis, incapacidade essa que se tornou para si por demais evidente e rude ao viver a situação de Clarisse.
Clarisse morre, apesar de todos os esforços de Jorge, deixando o médico desencantado com os seus trabalhos e procedimentos de rotina, que na maioria das vezes lhe parecem ser inúteis. Porém, é deveras importante perceber a melhoria que o médico pode incutir na doença mesmo quando o cuidado já não passa pela terapêutica. Nesta obra é possível refletir sobre isto mesmo. É muito clara a forma como a ligação emocional de Jorge à sua paciente lhe permitiu ver que os seus cuidados e a sua presença, mesmo que não curativos, podem trazer mais dignidade a Clarisse no momento da morte, tornando os últimos suspiros da paciente que pedia “aqueles nadas que reanimam uma vida” mais confortados e saciados. Talvez o facto de passar pela doença ou pelo sofrimento de um familiar ou de um amigo torne o médico mais capaz de reflectir sobre os seus cuidados, num processo de sensibilização.
O leitor acaba por se tornar cúmplice das personagens de Namora graças ao conhecimento da alma humana que o escritor imprime no seu texto. O escritor desperta no leitor um forte sentimento de compaixão e solidariedade, sentimentos esses que fazem crescer com um traço de culpa, responsabilizando o próprio leitor pelo o caos social que se vive no seio do contexto histórico da obra, sensibilizando-o.
Fernando Namora demonstra saber lidar com os sentimentos mais íntimos das personagens que povoam o hospital, reconhecendo-se na obra o ambiente impregnado de dor, angústia, esperança e de desesperança. O médico é desafiado a combater este ambiente, humanizando o paciente de forma holística.




Utopia e bioética Daniel Serrão
Como se constrói esta utopia? Para Potter é cada vez mais completo e profundo o conhecimento científico sobre a estrutura biológica dos seres humanos: a morfologia ultraestrutural, a bioquímica, a biologia molecular e a genética têm permitido conhecer até aos meus ínfimos detalhes a “máquina” do corpo humano. O bios humano aparece, contudo, como um sistema aberto e vulnerável que pode ser objecto de intervenções que o podem melhorar ou que podem destrui-lo. Avassaladores, estes progressos têm o poder de originar uma diferente visão da vida e do próprio Homem e de abrir caminho a profundas mudanças sociais, com impacto global e que se estenderá às gerações futuras.
A proposta de Potter é a da criação de uma nova disciplina científica rigorosa – a bioética – que deveria, e cito, “ preencher o hiato entre as ciências e as humanidades usando especialmente a biologia e os valores humanos para criar uma ciência da sobrevivência”. Assim temos bioética como uma nova ciência ética que combina humildade, responsabilidade e uma competência interdisciplinar, intercultural e que potencializa o senso de humanidade.


A Bioética é uma ética aplicada, chamada também de “ética prática”, que visa “dar conta” dos conflitos e controvérsias morais implicados pelas práticas no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde do ponto de vista de algum sistema de valores.
Como um sistema de valores a bioética dificilmente pode ser ensinada. A maioria dos temas que a bioética trata não é alvo de consenso. Como um conjunto de princípios varia em grande escala no seio de diferentes panoramas socioculturais e fatores ambientais. A bioética só pode ser construída em diálogo público aberto, pela argumentação e pela consciencialização.


A bioética encontra-se em crise dada a grande instabilidade económica vivida e o potencial das ciências da vida e da saúde neste âmbito. O futuro deve passar pela implementação da bioética como uma realidade, deixando de ser uma utopia, que deve ser debatida e discutida, porque só assim esta se constrói. É indispensável que a bioética se afirme entre os interesses económicos da área da saúde e se veja consagrada legislativamente de forma a conciliar a evolução científica e os valores inerentes ao ser humano.


Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Órgão independente e transdisciplinar que analisa e dá parecer sobre aspectos éticos dos avanços científicos nas ciências biológicas. “Ao longo das últimas décadas, os desenvolvimentos médicos e biotecnológicos e as suas implicações no devir social e humano têm clamado por uma tomada de posição sobre quais as aplicações das novas tecnologias que convêm ou não à humanidade. “

1.O que faz um gene e o que não faz. Um gene é uma porção de DNA que codifica uma proteína que será preponderante nas características fenotípicas de um indivíduo. Um gene expressa assim, apenas características físicas e não a nível de personalidade, uma vez que esta é influencia por factores epigenéticos e pela experiência humana.
2. O que é a responsabilização das decisões humanas. O comportamento do ser humano é determinado pela conjugação do genoma, factores epigenéticos (interacção sociocultural) e pelo livre arbítrio. O genoma é inalterável e, por vezes, condiciona a capacidade de um indivíduo se responsabilizar pelos seus actos, uma vez que afecta o livre arbítrio e a interação sociocultural. Como foi referido na sessão de DV pelo professor Daniel Serrão, quem é portador do gene da obesidade, mesmo tendo uma dieta restrita não consegue fugir ao seu genoma, acabando por ficar obeso. Quando o genoma não é limitante, a intervenção pedagócica e social e os factores ambientais são dominantes, caracterizando o perfil de actuação do indivíduo, tornando-o responsável pelos seus actos. Mesmo dependendo dos anteriores, o livre arbítrio não deve ser dispensado de responsabilização. Como um ser social, o ser humano transporta as consequências das suas acções para a própria sociedade e cultura em que se insere, moldando-as.
3.Os genes e a identidade pessoal. Que relação? O genoma determina as características físicas do indivíduo e indirectamente parte da personalidade do mesmo. No entanto, a identidade pessoal de cada um é também determinada pelos efeitos epigenéticos (família, cultura, vivências, etc). Tendo em conta determinados padrões socio-culturais certos genes podem ou não manifestar-se. De acordo com a Teoria da Personalidade, “havendo no mundo uma hipotética igualdade de oportunidades, seríamos todos iguais (...) A única diferença entre Einstein e os demais teria sido uma simples questão de oportunidade e circunstâncias ambientais. Nesto caso a Personalidade, a inteligência, a vocação e a própria doença mental seriam questões exclusivamente ambientais.”


4.Usos e maus usos dos testes genéticos. Os testes genéticos apresentam vantagens e desvantagens. Actualmente é possível, através dos testes genéticos preditivos, avaliar o risco de virmos a desenvolver certas doenças genéticas. Em alguns casos, avaliando o genoma numa idade precoce é possível descobrir, por exemplo, intolerância à lactose, permitindo assim a prevenção de sintomas associados à doença, através da restrição de certos alimentos. Noutros casos, estes testes preditivos apenas servem para informar o paciente que é portador do gene de determinada doença, que poderá não ter cura caso este se manifeste. No entanto, nem sempre os efeitos são positivos, podendo resultar em “escolha genética”, como é o caso dos EUA em que os pais realizam estudos genéticos para descobriram modalidades desportivas nas quais os filhos são mais aptos, por vezes com fim lucrativo, sem ter em conta as escolhas e os gostos dos mesmos. O desenvolvimento da engenharia genética convive, assim, com problemas legais e éticos, podendo levar à depuração da espécie. Em suma, em todos os testes genéticos deve ser aplicado o princípio das responsabilidade que nos diz que alterações genómicas feitas no presente podem comprometer o futuro.



5.Critique a criação de uma base de dados genéticos e de perfis de ADN ao nível nacional. A criação de uma base de dados genéticos e de perfis de DNA melhora o sentimento de segurança colectiva, favorecendo a investigação criminal. No entanto, estaríamos a por em causa o direito à privacidade, pois esta informação poderia ser utilizada para outros fins. Para além disso, este instrumento requer elevados custos económicos e a infalibilidade do ADN pode levar a erros e induzir um julgamento errado. Consideramos que as desvantagens superam as vantagens, não se justificando a criação desta ferramenta, até que seja possível o controlo e transparência do uso e transmissão da informação nela contida.


PARTE I


O Calvário é uma instituição de solidariedade, fundada pelo padre Américo, que tem o objectivo de acolher doentes incuráveis e sem família. Envolta de um ambiente familiar, nesta instituição o tempo não é encarado como um obstáculo, podendo os seus membros permanecer lá até ao fim da vida. Foi até criado um cemitério para aquele que lá permacem. Contudo, alguns conseguem alcançar a recuperação, sendo (re)integrados perfeitamente na sociedade.

    Para fazer parte desta família, o único requisito é ser-se pobre e precisar-se de ajuda urgente. É de notar que os seus utentes chegam de vários locais e de diferentes condições, muitas delas precárias. Acresce ainda que um dos muitos princípios desta instituição é potenciar as capacidades dos doentes, distribuindo tarefas e, simultaneamente, criando um ambiente de entre-ajuda, como uma verdadeira família. A par da medicação, o equilíbrio psicológico é atingido pelo trabalho e dedicação aos outros.
    Se, por um lado, esta instituição aceita as doações que as pessoas oferecem em vida, por outro lado, está patente a recusa perante heranças e doações presentes em testamento. Contudo, quando não conseguem de todo recusar as ofertas dos testamentos, doam o seu conteúdo a outras fundações, uma vez que acreditam que não devem acumular, mas sim repartir o que recebem de bom. Esta é, então, uma instituição que se move pela fé e pelo bem de todos.


PARTE II


A solidariedade para com os países africanos não deve passar apenas pela colmatação das suas necessidades mais urgentes (alimentação, vestuário, saúde).

    É imperativo que haja um esforço de desenvolvimento destes países, no qual a investigação científica tem um papel essencial  de forma a desenvolver os imensos recursos naturais, populacionais e culturais desta região do planeta. Este esforço deve em grande parte ser impulsionado pelos países mais desenvolvidos, canalizando o investimento para estas regiões.
    Investigação passa pelo desenvolvimento de novas técnicas na agricultura e de programas de procura de água potável, bens essenciais para resolver o problema da fome e consequentemente Saúde. O incremento dos cuidados de higiene e a criação do perfil de saúde destas regiões é também um dos objectivos, de modo a conhecer as principais doenças que afectam a população e direccionar a actuação. 
    A criação de infraestruturas deve ser outra das áreas com especial foco, em termos de habitação, saneamento básico e mesmo educação, sendo esta última essencial a diversos níveis nomeadamente na dimensão da saúde.
    Um outra forma de gerar riqueza e prosperidade será a investigação em recursos naturais, principalmente geológicos, dos quais resultam matérias primas que podem ser canalizadas para o desenvolvimento das restantes áreas e da comercialização.
    Por fim, será não menos importante a investigação em política e em matéria financeiras de forma a que se consiga gerir o desenvolvimento de uma maneira rentável e equitativa.  
    Embora as necessidades urgentes em alimentação, saúde, higiene e vestuário devam ser corrigidas rapidamente, não menos importante deve o investimento em investigação científica nos países africanos pois são regiões com elevado potencial que se explorados de forma adequada podem vir a ter no futuro sustentabilidade e autonomia.