Akodon spegazzinii

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Akodon spegazzinii
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Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Rodentia
Família: Cricetidae
Subfamília: Sigmodontinae
Gênero: Akodon
Espécies:
A. spegazzinii
Nome binomial
Akodon spegazzinii
Thomas, 1897
Collection localities of Akodon spegazzinii[2]
Sinónimos[3]
  • Akodon alterus Thomas, 1919
  • Akodon leucolimnaeus Cabrera, 1926
  • Akodon oenos Braun, Mares, and Ojeda, 2000
  • Akodon tucumanensis J.A. Allen, 1901

Akodon spegazzinii é um roedor do gênero Akodon encontrado no noroeste argentino. Ele pode ser encontrado em pradarias e florestas, de 400 a 3.500 metros acima do nível do mar. Depois do nomeamento da espécie em 1897, diversos outros nomes foram dados a populações que agora são incluídas como A. spegazzinii. Elas são agora compreendidas como uma única, espalhada, e variável espécie. O Akodon spegazzinii é relacionado ao Akodon boliviensis e outros membros do grupo de espécies A. boliviensis. Sua reprodução é anual e devido a ser uma espécie comum e largamente distribuída, o Akodon spegazzinii é listado como "fora de perigo" na lista vermelha da IUCN.[4]

O Akodon spegazzinii tem um tamanho médio dentro do grupo do A. boliviensis. A coloração de suas partes superiores varia consideravelmente, de clara para escura e de um marrom amarelado para um avermelhado. Já as suas partes inferiores vão de um marrom amarelado para o cinza. Os olhos são rodeados por um anel de pelos amarelos. O crânio contem uma região interorbital em forma de ampulheta e várias outras características dele diferenciam a espécie de seus parentes próximos. O comprimento de seu corpo é de 93 a 196 milímetros, e sua massa corporal é de 13 a 38 gramas. Seu cariótipo tem 2n = 40 e FN = 40.[5]


Taxonomia[editar | editar código-fonte]

O Akodon spegazzinii foi descrito pela primeira vez em 1897 na província de Salta por Oldfield Thomas com base numa coleta feita entre 1896 e 1897 pelo micologista Carlos Luigi Spegazzinii, que inspirou o nome da espécie.[5][6] Quatro anos depois, Joel Asaph Allen nomeou Akodon tucumanensis da província de Tucúman, comparando-o com diversas espécies agora sinonimizadas como Abrothrix olivaceus.[7] Thomas também nomeou outra espécie, Akodon alterus, da província de La Rioja em 1919, e considerou-a próxima do A. spegazzinii.[8] Uma quarta espécie, Akodon leucolimnaeus, foi descrita por Ángel Cabrera na província de Catamarca em 1926, porém depois de 1932 foi juntada com o Akodon lactens (agora conhecido como Necromys lactens) como uma subespécie.[5]

Em 1961, Cabrera listou tanto spegazzinii quanto tucumanensis como subespécies do Akodon boliviensis, com a alterus como um sinônimo de Akodon boliviensis tucumanensis.[5] Em 1990, Philip Myers e colegas revisaram o grupo de espécies Akodon boliviensis. Eles, previamente, mantiveram Akodon spegazzinii como uma espécie separada do A. boliviensis, com tucumanensis como uma subespécie, e sugeriram que alterus era provavelmente relacionada à spegazzinii e à tucumanensis.[9] Subsequentemente, o tratamento dessas espécies com um trabalho sistemático se tornou váriavel. Um artigo de 1992 sugeriu que alterus e tucumanensis eram, no máximo, muito similares,[10] mas em 1997, Michael Mares e colegas listaram cada um dos três como espécies diferentes num compêndio dos mamíferos de Catamarca., citando diferenças na coloração e no habitat.[11] Outros como Mónica Díaz e Rubén Bárquez prosseguiram os estudos.[12] Em 200, Díaz e colegas identificaram a alterus e tucumanensis como subespécies do spegazzinii numa revisão dos mamíferos de Salta.[13] Guy Musser e Michael Carleton, na terceira edição de Mammal Species of the World, em 2005, também consideraram que as três representavam a mesma espécie,[5] assim como Ulysses Pardiñas e colegas numa revisão sobre os Akodon argentinos, em 2006.[14] Enquanto isso, Carlos Galliari e Pardiñas tinham reconhecido Akodon leucolimnaeus como um Akodon e não como um Necromys, em 1995. E apesar de estar associado com o grupo Akodon boliviensis, seu estado preciso se mantem incerto.[5][10] O nome em comum "Catamarca akodont" foi proposto para as espécies.[5]

Em 1980, Julio Contreras e María Rosi identificaram um Akodon da província de de Mendoza como Akodon varius neocenus (que agora é conhecido como Akodon neocenus), mas no ano seguinte eles identificaram-o como uma nova espécie, nomearam-a como Akodon minoprioi em uma apresentação científica. Contudo esse nome nunca foi formalmente validado.[15] No ano de 2000, Janet Braum e colegas formalmente nomearam essa espécie como Akodon oenos e juntaram ao grupo de espécies Akodon varius. O nome específico, oenos, vem do grego e significa "vinho", e faz referência a área de ocorrência do animal, a qual é produtora de vinhos.[15]

Em 2010, Pablo Jayat e colegas revisaram os membros do grupo de espécies Akodon boliviensis, incluindo A. spegazzinii, na Argentina. Eles não conseguiram achar diferenças claras nas características morfológicas e moleculares entre animais pertencentes as espécies A. alterus, A. leucolimnaeus, A. spegazzinii, e A. tucumanensis, considerando-as, então, como uma única espécie.[10] Apesar da variabilidade genética ser relativamente alta entre os pertencentes a A. spegazzinii, não há nenhuma estrutura geográfica clara entre haplótipos de diferentes regiões.[10] No ano seguinte, Ulyses Pardiñas e colegas concluíram que a A. oenos, que tinha sido formalmente, e incorretamente, colocada dentro do grupo de espécies A. varius, era outro sinônimo de A. spegazzinii.[16] A proliferação de nomes científicos para essa espécie se deu ocorreram por causa da extrema exatidão da descrição original da A. spegazzinii,[10] e da falta de grandes amostras e percepção da grande variação dentro da A.spegazzinii.[10]

De acordo com a análise filogenética das sequências do gene citocromo b das mitocôndrias, a Akodon spegazzinii é mais próxima da Akodon boliviensis do que de outras espécies deste grupo, incluindo Akodon polopis e Akodon sylvanus.[10][16][17] O grupo boliviensis é parte do altamente diverso gênero Akodon e portanto pertencente a tribo Akodontini, a qual inclui cerda de 90 roedores nos países da América do Sul. Akodontini é uma das várias tribos dentro da subfamília Sigmodontinae e da família Cricetidae, a qual inclui centenas de pequenos de roedores encontrados na Eurásia e nas Américas.[5]

Referências

  1. Jayat, J.; Pardinas, U. (2018). «Akodon spegazzinii». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2018: e.T48302281A114957339. doi:10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T48302281A114957339.enAcessível livremente. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  2. Jayat et al., 2010; Pardiñas et al., 2011
  3. Jayat et al., 2010, p. 28; Pardiñas et al., 2011
  4. Jayat, J.; Pardinas, U. «Spegazzini's Grass Mouse». Consultado em 26 de junho de 2019 
  5. a b c d e f g h Musser, G. G.; Carleton, M. D. (2005). «Superfamily Muroidea». In: Wilson, D. E.; Reeder, D. M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference, Volume 1. [S.l.]: Johns Hopkins University Press. pp. 1099pp. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  6. Thomas, O. (1897). «On some small mammals from Salta, N. Argentina». Annals and Magazine of Natural History. [S.l.: s.n.] pp. 214–218 
  7. Allen, J. A. (1901). «New South American Muridae and a new Metachirus». Bulletin of the American Museum of Natural History. 14: 405–412 
  8. Thomas, O. (1919). «On small mammals from "Otro Cerro", north-eastern Rioja, collected by Sr. L. Budin». Annals and Magazine of Natural History. [S.l.: s.n.] pp. 489–500 
  9. Myers, P.; Patton, J. L.; Smith, M. F. (1990). «A review of the boliviensis group of Akodon (Muridae: Sigmodontinae), with emphasis on Peru and Bolivia». Miscellaneous Publications 
  10. a b c d e f g Jayat, J. P.; Ortiz, P. E.; Salazar-Bravo, J.; Pardiñas, U. F. J.; D'Elía, G. (2010). The Akodon boliviensis species group (Rodentia: Cricetidae: Sigmodontinae) in Argentina: species limits and distribution, with the description of a new entity. [S.l.: s.n.] pp. 1–61 
  11. Mares, M. A.; Ojeda, R. A.; Braun, J. K.; Barquez, R. M. (1997). Life Among the Muses: Papers in Honor of James S. Findley. Albuquerque: The Museum of Southwestern Biology. [S.l.: s.n.] pp. 89–141. ISBN 1-879824-03-5 
  12. Díaz, M. M.; Barquez, R. M. (2007). «The wild mammals of Jujuy Province, Argentina: Systematics and distribution». University of California Publications 
  13. Díaz, M. M.; Braun, J. K.; Mares, M. A.; Barquez, R. M. (2000). «An update of the taxonomy, systematics, and distribution of the mammals of Salta Province, Argentina». Occasional Papers 
  14. Pardiñas, U. F. J.; D'Elía, G.; Teta, P.; Ortiz, P. E.; Jayat, P. J.; Cirignoli, S. (2006). Mamíferos de Argentina: Sistemática y distribución. [S.l.: s.n.] pp. 359 pp. ISBN 987-98497-1-X 
  15. a b Braun, J. K.; Mares, M. A.; Ojeda, R. A. (2000). «A new species of grass mouse, genus Akodon (Muridae: Sigmodontinae), from Mendoza Province, Argentina». Zeitschrift für Säugetierkunde 
  16. a b Pardiñas, U. F. J.; Teta, P.; D'Elía, G.; Diaz, G. B. (2011). «Taxonomic status of Akodon oenos (Rodentia, Sigmodontinae), an obscure species from West Central Argentina». Zootaxa 
  17. D'Elía, G.; Jayat, J. P.; Ortiz, P. E.; Salazar-Bravo, J.; Pardiñas, U. F. J (2011). «Akodon polopi Jayat et al., 2010 is a senior subjective synomym of Akodon viridescens Braun et al., 2010». Zootaxia