André, o Cita

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André, o Cita
Morte Após 887
Nacionalidade Império Bizantino
Ocupação doméstico das escolas

André, o Cita (morte após 887) foi um oficial militar bizantino sênior que distinguiu-se nas guerras bizantino-árabes, ocupando o posto de doméstico das escolas durante os últimos anos do reinado do imperador Basílio I, o Macedônio (r. 867–886) e o começo do reinado de Leão VI, o Sábio (r. 886–912), até sua morte. Ele desempenhou um importantes papel nos assuntos domésticos do início do reinado de Leão, especialmente na demissão e julgamento do patriarca Fócio (877–886).

Biografia[editar | editar código-fonte]

Basílio I, o Macedônio (r. 886–887) e o seu filho Leão VI, o Sábio (r. 886–912).
Da Crônica de João Escilitzes, no manuscrito conhecido como "Escilitzes de Madrid".
Patriarca Fócio (877–886) e Teodoro Santabareno

Segundo o cronista José Genésio e os continuadores de Jorge Mônaco, André descendia dos "citas ocidentais", por isso a alcunha de "o Cita" atribuída a ele pelos estudiosos modernos. Na realidade, "citas" era um termo bizantino arcaísta para eslavos.[1] André pode ser identificado com um homem de mesmo nome que comandou a guarda imperial, a Heteria, quando o jovem Basílio, o Macedônio serviu lá durante sua ligeira ascensão de um simples criado do estábulo para alto ofício no final dos anos 850 e começo dos 860 como um protegido do imperador Miguel III, o Ébrio (r. 842–867).[2][3] Quando Basílio subiu ao trono após o assassinato de Miguel, André ascendeu na hierarquia. Nos anos 870, como hipoestratego do Tema Opsiciano, distinguiu-se nas guerras contra os raides árabes na Ásia Menor, e foi recompensado com os títulos de patrício e mais tarde magistro, e o posto de doméstico das escolas (comandante-em-chefe).[1][4]

Como doméstico, ele foi responsável pelos constantes raides e contra raides realizados aos emirados muçulmanos fronteiriços de Melitene e Tarso. Teófanes Continuado relata que ele foi demitido devido a acusações de timidez perante os árabes, depois de não conseguir acompanhar uma vitória decisiva contra o emir de Tarso, Abedalá ibne Raxide ibne Cavus, que as fontes bizantinas situam no ano 878.[4] Genésio e os continuadores de Jorge Mônaco por um lado não mencionam uma demissão, mas simplesmente registas que no relato de suas vitórias, ele foi elevado à posição de magistro. Isso foi provavelmente um erro, desde que a campanha final contra Tefrique foi, com toda probabilidade, liderada pelo imperador Basílio I, o Macedônio (r. 867–886). Por outro lado, a crônica de Simeão Logóteta dá uma fundo totalmente diferente para sua demissão, colocando-a em 883 e a rixa entre Basílio e seu filho, o futuro Leão VI, o Sábio (r. 886–912). Assim, Teodoro Santabareno acusou André de estar a par de uma conspiração do círculo em torno de Leão para depor seu pai. Junto com outros oficiais de alta patente conectadas ao herdeiro-aparente, André perdeu seu posto, mesmo embora estivesse em campanha naquele momento.[5] Seja qual for o curso dos eventos, sua desgraça não durou muito, pois seu sucessor, Cesta Estipiota, foi decisivamente esmagado pelos árabes, e André logo readquiriu seu posto, que ele manteve pelo resto de sua vida.[1][6]

Soldo do imperador Miguel III, o Ébrio (r. 842–867)

Quando Leão sucedeu seu pai, André rapidamente emergiu como a nova mão direita do imperador.[7] Assim, foi André que chefiou a delegação de oficiais seniores e senadores enviado por Leão imediatamente após sua ascensão em 29 de agosto de 886 para Crisópolis (atual Üsküdar, Turquia) de modo a recuperar e trazer de volta para a capital para ser enterrado na Igreja dos Santos Apóstolos o corpo de Miguel III, que Leão acreditava ser seu verdadeiro pai.[8] André também foi instrumental na queda do patriarca Fócio (877–886), que junto com seu protegido Teodoro Santabareno foi acusado por André e o magistro Estêvão de conspirar para derrubar o imperador. Como um confiável agente imperial, foi André que, junto com o logóteta do curso João Hagiopolita, foi para Santa Sofia, leu no púlpito as acusações trazidas contra Fócio, e prendeu-o. O julgamento de Fócio por traição ocorreu em 887, com André presidindo sobre um tribunal composto por oficiais seniores. Fócio e Teodoro foram condenados culpados, com o primeiro sendo banido para o Mosteiro de Gordon, onde morreu, e o segundo sendo exilado para Atenas.[3][9] André morreu em algum momento após estes eventos, e foi substituído como doméstico das escolas por Nicéforo Focas, o Velho.[1][10]

Referências

  1. a b c d Lilie 2013, Andreas “der Skythe” (#20351).
  2. Tougher 1997, p. 28.
  3. a b Guilland 1967, p. 439.
  4. a b Guilland 1967, p. 438.
  5. Tougher 1997, p. 58.
  6. Guilland 1967, p. 438–439.
  7. Tougher 1997, p. 94.
  8. Tougher 1997, p. 62.
  9. Tougher 1997, p. 73-76.
  10. Tougher 1997, p. 95, 204.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt 
  • Tougher, Shaun (1997). The Reign of Leo VI (886-912): Politics and People. Leida, Países Baixos: Brill. ISBN 978-9-00-410811-0