Andréa Hygino
Andréa Hygino[editar | editar código-fonte]
Andréa Hygino (Rio de Janeiro,1992) é uma artista visual brasileira que reside no Rio de Janeiro e atua como artista e arte-educadora e professora.[1]
A artista trabalha a partir de diversas linguagens, como o desenho, performance, escultura e fotografia, mas tem sido na gravura que tem se destacado com trabalhos que se debruçam sobre o ambiente escolar que refletem a situação da educação e ensino no Brasil, e como um lugar em que se encontra na desobediência do estudante para a contestação e criação.[1][2] Atualmente a artista será curadora educativa da 14ª Bienal do Mercosul.[3]
Educação e Carreira[editar | editar código-fonte]
Bacharela em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UERJ e mestra em Linguagens Visuais pelo Programa de Pós-graduação da Escola de Belas Artes (PPGAV-EBA-UFRJ). Frequentou os ateliês de gravura da Escola de Artes Visuais, EAV, do Parque Lage e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e foi professora substituta de desenho na Escola de Belas Artes da UFRJ. Atualmente, leciona no Instituto de Artes da UERJ e nos espaços de arte independentes do Estúdio Belas Artes e do Centro Cultural Lanchonete< >Lanchonete. [4]
Seus trabalhos têm desdobramentos em especial pelo campo da gravura e com a interseção entre a construção de um arquivo de memórias inscritas. A artista não considera suas obras como uma prática de ateliê. A artista envolve a relação do espaço disponível que caminha com essas mudanças e implicam em suas produções, como é possível observar no trabalho da série Prova de Estado[5], no qual Andréa utilizava a sala de aula que sua mãe tem em casa como ateliê/ espaço de estudo e usava as carteiras de escola disponíveis naquele espaço e sobre o ambiente escolar, que explora para pensar a presença dos corpos dentro do sistema disciplinar.[1]
Outro ponto importante em suas obras é a sua vivência como arte-educadora e professora, Andréa vive na pele os desafios enfrentados pelos profissionais da educação no Brasil. Em uma entrevista para a revista Desvio, Hygino comenta: “eu posso citar aqui o problema da má remuneração, que obriga as/os professoras/es a trabalharem em mais de um emprego, acumulando um volume de trabalho gigantesco”. Com isso fica evidente também sua relação com a instabilidade educacional no país. Andréa coloca a questão também a parte positiva que é lecionar que são os lugares de trocas e de receber para si novos saberes e inclusive sobre como ensinar não só para crianças/adolescentes como dentro da universidade e outros espaços que leciona para jovens e adultos. [1][6]
Obras[7][editar | editar código-fonte]
- Série Protótipos Inadequados, 2021 - Série de proposições escultóricas que experimenta (im)possibilidades a partir do módulo carteira escolar. Um estudo que busca formas sempre inadequadas, desviantes, ambíguas ou disfuncionais;
- Escreveu, não leu: o pau comeu, 2020 - o ditado popular que denota coerção, obediência irrefletida, utiliza como lugar metafórico o ambiente escolar. O discurso contido na sentença “Escreveu, não leu: o pau comeu” expõe as duas facetas de um mesmo problema: um processo de aprendizado reduzido a ideia de obedecer regras e repetir modelos estabelecidos sem ponderar e uma sociedade subserviente, alheia a um posicionamento crítico;
- Série Das vezes que não fui à Lua, 2017-2020 - Arquivo de marcas anônimas, cotidianas, ordinárias;
- Desenho de Pauta à Mão Livre, 2017;
- Marimbas, 2017 - O conjunto escultórico amarra linha e antigos carimbos didáticos usados para reproduzir as letras que serviriam de modelo para a cópia da/o estudante. Leveza e peso, improviso e repetição, astúcia de aluna/o e rigidez disciplinar envoltos pelo cerol cortante: a violência em sua forma latente também é um termo dessa equação;
- Livro Das vezes que não fui à Lua, 2017;
- Livro-chão, 2017 - Livro-chão faz parte de pesquisa artística que se apropria de uma estratégia arqueológica: ler o chão como as páginas de um livro;
- Cadeira Universitária, 2017 - A mobília carteira escolar como ícone e metáfora da educação pública — ou mesmo dos corpos de alunas e alunos dentro desse sistema — é repetida e modificada numa espécie de jogo de desmonte;
- Exercício de Destreza, 2016 - Valendo-se de sua condição de canhota, a artista iniciou um exercício diário de redação manual até que a mão direita adquirisse a capacidade de produzir uma escrita semelhante à da esquerda. Em folhas pautadas escrevia repetidamente a frase “Devo desenhar com destreza”, dispondo-a como nas cópias que os alunos/as são obrigados/as a fazer;
- Estudo sobre a mesa, 2015;
- Série Evanescências, 2015 - Um arquivo sobre corpos perecíveis: ele também está em dissolução. Entre memória e apagamento;
- Série Prova de Estado, 2013 - A série PROVA DE ESTADO é um conjunto composto por oito gravuras obtidas a partir da impressão de tampos de carteiras escolares. A apropriação desta superfície como matriz xilográfica ready made gerou gravuras que reproduzem os registros deixados por diversas alunas e alunos ao longo do tempo. Um palimpsesto de traços, desenhos, riscos, palavras depositadas sucessivamente.[8]
Exposições[editar | editar código-fonte]
2024
- O Corpo Dissente. SESC Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
- Kassenzimmer (sala de classe). Kunstverein Bielefeld, Bielefeld, Alemanha.
- Encruzilhadas da arte afro-brasileira, Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – CCBB, Belo Horizonte, MG, Brasil.
2023
- Encruzilhadas da arte afro-brasileira, Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo – CCBB, São Paulo, SP, Brasil.
- Além da Vista. Casa Gabriel, São Paulo, SP, Brasil.
- Ensaios para o Museu das Origens. Itaú Cultural, São Paulo, SP, Brasil.
2022
- Prêmio FOCO 2022. ArtRio, Rio de Janeiro, Brasil.
- 19º Salão Nacional de Arte de Jataí. Jataí, Goiás, Brasil.
- Saravá. Anita Schwartz Galeria de Arte, São Paulo, Brasil.
- CADEIRAÇO [Barricada]. Museu da Universidade de Witwatersrand, Joanesburgo, África do Sul.
- I Like South America South America Likes Me. Galeria Belmacz, Londres, Inglaterra.
2021
- “On the shoulders of giants”, curadoria de Raphael Fonseca, Galeria Nara Roesler NY (EUA).
- “Sobre os ombros de gigantes”, curadoria de Raphael Fonseca, Galeria Nara Roesler SP.
- “Mostra Poéticas Femininas na Periferia”, curadoria de Andréa Hygino, Isabel Carvalho, Paulo Farias e Emmanuele Russel, Paço Imperial, RJ. (curadoria)
2020
- Abre Alas 16, Galeria A Gentil Carioca, 2020;
- Minúsculas, Centro de Artes Calouste Gulbenkian, RJ;
- Sobre os ombros de gigantes, Curadoria de Raphael Fonseca, Galeria Nara Roesler, SP.
2019
24º Salão Anapolino de Arte, Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis, GO;
- Corpos-cidades, Espaço Cultural Pence, RJ;
- Esqueleto, Paço Imperial, RJ;
- Fotograma por fotograma, Cine Galeria, RJ.
2018
- Emergência dos corpos, Centro Cultural Justiça Federal, RJ;
- Circuito Grude 2018 – Incorporo a revolta, circuito livre lambes em 29 cidades do Brasil e do exterior;
- Destraços, Galeria de Arte UFF Leuna Guimarães dos Santos, Niterói, RJ;
- Achados e perdidos, Galeria Gustavo Schnoor – UERJ, RJ;
- [Des] formar, Centro Cultural do Colégio Pedro II – U.E. São Cristóvão, RJ.
2017
- Panelas de pressão também sibilam, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, RJ;
- Prova de Estado, Galeria Candido Portinari- UERJ, RJ.
2016
- Impressões cotidianas – exposição individual, Espaço Vórtice- UFRJ, RJ.
2015
- Escutas, Intervalos e Silêncios, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, RJ.
2014
- Formação 2013 – Galeria Gustavo Schnoor, RJ.
- Mirabilia,Terreiro Contemporâneo, RJ.
2013
- Olha Geral, Galeria Gustavo Schnoor, RJ.
- 2º Edição da MOSCA ArtCon – Mostra Carioca de Arte Contemporânea – Escola de Belas Artes (UFRJ), RJ.
2012
- Olha Geral, Galeria Gustavo Schnoor, RJ;
- Território do íntimo, matéria do coletivo, 16º Encontro Nacional dos Estudantes de Artes ( ENEARTE) – Galeria Gustavo Schnoor, RJ.
2011
- Olha Geral, Galeria Gustavo Schnoor, RJ.
Prêmios e reconhecimentos[editar | editar código-fonte]
- 2024 - Residência em Kunstverein Bielefeld, Bielefeld, Alemanha. [6]
- 2023 - JA.CA – Residência em Nova Lima, região metropolitana de BH.
- 2022 - Prêmio FOCO 2022. ArtRio, Rio de Janeiro, Brasil.
- 2020- Prêmio SelecT de Arte Educação - projeto “Saída de Emergência” - categoria Camisa Educação. (co-autoria da artista Luiza Coimbra).
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ a b c d Desvio, Autor Revista (12 de março de 2021). «Entrevista Andréa Hygino». Revista Desvio. Consultado em 24 de maio de 2024
- ↑ Eduardo Azambuja Sauerbronn, Luiz (2021). «SOBRE OS OMBROS DE GIGANTES». Associação Brasileira de Educação em Engenharia. doi:10.37702/cobenge.2021.3390. Consultado em 17 de junho de 2024
- ↑ música, EROICA conteúdo e (9 de outubro de 2023). «Divulgação da equipe da 14ª Bienal do Mercosul». Bienal do Mercosul. Consultado em 17 de junho de 2024
- ↑ Criativa, Trupe Agência. «Casa Gabriel». Casa Gabriel. Consultado em 24 de maio de 2024
- ↑ Hygino, Andréa; Coimbra, Luiza; Curadoria Seixas, Daniela (2017). Prova de estado. Rio de Janeiro: UERJ,DECULT, Galeria Candido Portinari
- ↑ a b Bielefeld, Kunstverein. «Andréa Hygino». www.kunstverein-bielefeld.de (em inglês). Consultado em 17 de junho de 2024
- ↑ «Obras | Andréa Hygino | Portfolio». Portfolio 2023. Consultado em 14 de junho de 2024
- ↑ «Obras | Andréa Hygino | Portfolio». Portfolio 2023. Consultado em 24 de maio de 2024