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Anjo Negro: diferenças entre revisões

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Anjo Negro - 1948

"Nelson Rodrigues supera sua própria obra em Anjo Negro. Todas as qualidades líricas e dramáticas reveladas em Vestido de Noiva, o autor supera nesta tragédia em que a luta entre o preconceito e os complexos raciais criam um clímax esquiliano".
Menotti del Picchia

"Retratando, e levando às últimas consequências, os estereótipos racistas cultivados pela nossa 'democracia racial', Nelson demolia as absurdas pretensões à harmonia racial dessa mesma classe dominante, a qual oprime e descrimina o negro até hoje".
Abdias do Nascimento

Nelson Rodrigues costumava dizer que a peça Anjo Negro já nasceu com ele. Com a idéia central de que todo o brasileiro tem preconceito contra os negros, a "tragédia em três atos" deveria ter sido sua segunda peça, logo após A mulher sem pecado. Como quis instigar a platéia apática da estréia de sua primeira, fez Vestido de Noiva e adiou o projeto. Em seguida veio Valsa nº 6, peça inadiável devido ao enorme sucesso do monólogo As mãos de Eurídice. Quando a história de Sônia foi censurada, Nelson Rodrigues decidiu se sentar para escrever seu grande projeto: Anjo Negro.
Contando a história de um médico negro de sucesso, Nelson decidiu trocar o mito do incesto, presente em sua peça mítica anterior, pelo mito do preconceito racial. Não espere, porém, um tratado sociológico sobre o tema. Nelson Rodrigues não tem o dom da palavra racional nem é chegado em levantar bandeiras políticas. Sua idéia era muito mais complexa: mostrar um negro que, por preconceito contra a própria raça, enclausura-se dentro de casa com a mulher branca e preconceituosa, Virgínia, casada com ele à força.
A atmosfera é densa, todos ali são preconceituosos. Ninguém pode se aproximar da casa de muros altos nem sair para a rua. Virgínia mata um a um os filhos pretos que nascem de sua união com o marido, afogando-os no tanque. Ismael finge que não vê, pois renega a própria cor. Obra difícil e aberta a várias interpretações, Anjo Negro é considerada atualmente a grande obra-prima de Nelson Rodrigues. Na época, entretanto, uma peça com tal enredo estava fadada ao fracasso. Nem tanto. Apesar da interdição da censura, em janeiro de 48, Nelson Rodrigues se empenhou em levá-la aos palcos e tratou de pedir parecer favorável à peça a todos os seus amigos. A maioria, porém, se mostrou resistente em contribuir para a liberação.
O dramaturgo garante que uma apenas uma meia dúzia gostou de Anjo Negro: Pompeu de Souza, Prudente, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e Rubem Navarro. O ator Agnaldo Camargo, da turma dos que odiaram, chegou a dizer: "Mas isso não existe! Não há esse problema no Brasil. Você acha que uma diferença epidérmica vale alguma coisa?". Incansável, Nelson Rodrigues apelou para duas instituições de peso no Brasil da época: o ministério da Justiça e a Igreja Católica. Da instituição com maior fiéis no Brasil, conseguiu apoio do padre Leonel Franca, que defendeu ardorosamente a peça.
Só faltava então o parecer do próprio ministro da Justiça, Adroaldo Mesquita da Costa. Sem a menor cerimônia, Nelson Rodrigues telefonou para o gabinete do político e o convidou para jantar em sua casa. Comendo a macarronada de Elza e brincando com seus filhos pequenos, Nelson Rodrigues convenceu o político pela simplicidade. Ruy Castro conta em O Anjo Pornográfico que o ministro não entendeu como aquele simples e caseiro escritor poderia ser visto pela censura como um monstro disposto a abalar as estruturas da sociedade. Não demorou muito para que ele assinasse um parecer e Anjo Negro fosse finalmente liberada.
A peça estreou em 2 de abril de 48, no teatro Fênix do Rio de Janeiro, repetindo a dobradinha Ziembisky-Nelson da celebrada Vestido de Noiva. Entretanto, nem tudo correu como Nelson imaginou. O autor queria Abdias do Nascimento, ator negro e com fama ascendente, para o papel de Ismael. Os teatros, milagrosamente, não viram nenhum empecilho na peça, mas nenhum deles concordou em levar um ator negro aos palcos, ainda mais no papel principal. A vontade de ter um "grande negro de ventas triunfais" personificando o médico bem sucedido, então, teve que ser deixada para trás. Quem interpretou Ismael foi um engraxado Orlando Guy, ator da companhia de Maria Della Costa, responsável pela primeira encenação de Anjo Negro. Apesar de não ter seu maior desejo realizado, um negro interpretando papéis fortes e não "moleques gaiatos", Nelson Rodrigues deve a Anjo Negro um grande feito em sua vida: foi graças à bilheteria da peça que conseguiu dinheiro para comprar seu 1° imóvel, um sobradinho com varanda e escada de mármore, na rua Agostinho Menezes, a cinco quadras da Rua Alegre

Revisão das 14h34min de 4 de março de 2011

 Nota: Se procura as personagem de Banda Desenhada, veja Anjo-Negro.
 Nota: Se procura a série que tem este nome em Portugal, veja Anjo Negro (série).

Anjo Negro é um romance publicado postumamente de Cordeiro de Andrade, escrito logo após o seu autor ter o seu terceiro espasmo cerebral, que deixou o seu lado direito imobilizado, foi escrito com a mão esquerda e publicado postumamente pela sua esposa Glória.

Este romance foi inscrito em um concurso da Livraria José Olympio e obteve a quarta colocação.

Enredo

Predefinição:Revelações sobre o enredo Um presidiário, chamado Joãozinho Ventura, relembra da sua vida desde sua infância até a sua entrada na prisão.

Conta como seu pai perdeu o juízo e passou a acreditar que era Napoleão Bonaparte, logo após perder todo o dinheiro. Joãozinho e sua mãe são expulsos de sua grande casa e se vêm na rua, sorte que sua empregada salva alguma jóias e os ajuda nas tarefas do dia a dia.

Ele demonstra como a vida é difícil no Itu, demonstra a fé do brasileiro em milagres quando sua mãe tentou curar seu pai da loucura indo a sessões espíritas, denuncia a corrupção e a perda do caráter por parte das pessoas que melhoram de vida explorando os pobres como o Sr. Justino dono do Às de Ouro.

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Anjo Negro - 1948

"Nelson Rodrigues supera sua própria obra em Anjo Negro. Todas as qualidades líricas e dramáticas reveladas em Vestido de Noiva, o autor supera nesta tragédia em que a luta entre o preconceito e os complexos raciais criam um clímax esquiliano". Menotti del Picchia

"Retratando, e levando às últimas consequências, os estereótipos racistas cultivados pela nossa 'democracia racial', Nelson demolia as absurdas pretensões à harmonia racial dessa mesma classe dominante, a qual oprime e descrimina o negro até hoje". Abdias do Nascimento

Nelson Rodrigues costumava dizer que a peça Anjo Negro já nasceu com ele. Com a idéia central de que todo o brasileiro tem preconceito contra os negros, a "tragédia em três atos" deveria ter sido sua segunda peça, logo após A mulher sem pecado. Como quis instigar a platéia apática da estréia de sua primeira, fez Vestido de Noiva e adiou o projeto. Em seguida veio Valsa nº 6, peça inadiável devido ao enorme sucesso do monólogo As mãos de Eurídice. Quando a história de Sônia foi censurada, Nelson Rodrigues decidiu se sentar para escrever seu grande projeto: Anjo Negro. Contando a história de um médico negro de sucesso, Nelson decidiu trocar o mito do incesto, presente em sua peça mítica anterior, pelo mito do preconceito racial. Não espere, porém, um tratado sociológico sobre o tema. Nelson Rodrigues não tem o dom da palavra racional nem é chegado em levantar bandeiras políticas. Sua idéia era muito mais complexa: mostrar um negro que, por preconceito contra a própria raça, enclausura-se dentro de casa com a mulher branca e preconceituosa, Virgínia, casada com ele à força. A atmosfera é densa, todos ali são preconceituosos. Ninguém pode se aproximar da casa de muros altos nem sair para a rua. Virgínia mata um a um os filhos pretos que nascem de sua união com o marido, afogando-os no tanque. Ismael finge que não vê, pois renega a própria cor. Obra difícil e aberta a várias interpretações, Anjo Negro é considerada atualmente a grande obra-prima de Nelson Rodrigues. Na época, entretanto, uma peça com tal enredo estava fadada ao fracasso. Nem tanto. Apesar da interdição da censura, em janeiro de 48, Nelson Rodrigues se empenhou em levá-la aos palcos e tratou de pedir parecer favorável à peça a todos os seus amigos. A maioria, porém, se mostrou resistente em contribuir para a liberação. O dramaturgo garante que uma apenas uma meia dúzia gostou de Anjo Negro: Pompeu de Souza, Prudente, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e Rubem Navarro. O ator Agnaldo Camargo, da turma dos que odiaram, chegou a dizer: "Mas isso não existe! Não há esse problema no Brasil. Você acha que uma diferença epidérmica vale alguma coisa?". Incansável, Nelson Rodrigues apelou para duas instituições de peso no Brasil da época: o ministério da Justiça e a Igreja Católica. Da instituição com maior fiéis no Brasil, conseguiu apoio do padre Leonel Franca, que defendeu ardorosamente a peça. Só faltava então o parecer do próprio ministro da Justiça, Adroaldo Mesquita da Costa. Sem a menor cerimônia, Nelson Rodrigues telefonou para o gabinete do político e o convidou para jantar em sua casa. Comendo a macarronada de Elza e brincando com seus filhos pequenos, Nelson Rodrigues convenceu o político pela simplicidade. Ruy Castro conta em O Anjo Pornográfico que o ministro não entendeu como aquele simples e caseiro escritor poderia ser visto pela censura como um monstro disposto a abalar as estruturas da sociedade. Não demorou muito para que ele assinasse um parecer e Anjo Negro fosse finalmente liberada. A peça estreou em 2 de abril de 48, no teatro Fênix do Rio de Janeiro, repetindo a dobradinha Ziembisky-Nelson da celebrada Vestido de Noiva. Entretanto, nem tudo correu como Nelson imaginou. O autor queria Abdias do Nascimento, ator negro e com fama ascendente, para o papel de Ismael. Os teatros, milagrosamente, não viram nenhum empecilho na peça, mas nenhum deles concordou em levar um ator negro aos palcos, ainda mais no papel principal. A vontade de ter um "grande negro de ventas triunfais" personificando o médico bem sucedido, então, teve que ser deixada para trás. Quem interpretou Ismael foi um engraxado Orlando Guy, ator da companhia de Maria Della Costa, responsável pela primeira encenação de Anjo Negro. Apesar de não ter seu maior desejo realizado, um negro interpretando papéis fortes e não "moleques gaiatos", Nelson Rodrigues deve a Anjo Negro um grande feito em sua vida: foi graças à bilheteria da peça que conseguiu dinheiro para comprar seu 1° imóvel, um sobradinho com varanda e escada de mármore, na rua Agostinho Menezes, a cinco quadras da Rua Alegre