Anunciação (Frei Carlos)

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Anunciação
Anunciação (Frei Carlos)
Autor Frei Carlos
Data 1523
Técnica Pintura a óleo sobre madeira de carvalho
Dimensões 197,5 cm × 198 cm 
Localização Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

Anunciação é uma pintura a óleo sobre madeira pintada por Frei Carlos cerca de 1523 e que se encontra actualmente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

A pintura representa o episódio bíblico da Anunciação.[1]

A pintura é pautada pela luminosidade, pela relação entre o espaço interior e exterior e pelo harmonioso jogo das linhas de força da composição definidas através da arquitectura.[2]

Frei Carlos pintou esta obra poucos anos após ter professado no convento jerónimo do Espinheiro, nela se revelando já a suave elegância e a clara ordenação cenográfica que caracterizam as pinturas retabulares do monge-pintor. A vincada suavidade do colorido e a graça da figura da Virgem e do juvenil Anjo são características do universo piedoso e calmo da pintura de Frei Carlos.[3]

Descrição[editar | editar código-fonte]

A composição está definida em dois espaços, um interior e outro exterior separados por uma parede. Na zona interior, do lado direito, que ocupa cerca de três quartos da área da pintura, a Virgem Maria está ajoelhada perante um altar quando recebe a visita do anjo anunciador que ainda paira no ar mas já com as vestes a rojar o chão. Na vertical sobre a cabeça da virgem voa a pomba do Espírito Santo.[1]

No altar encontra-se representado, como "quadro dentro do quadro", o tema da sarça ardente, da árvore sagrada que ardeu sem se consumir, imagem da própria Maria, que concebeu e deu à luz na pureza virginal.[3]

A Virgem Maria está representada com naturalidade sendo de salientar a delicadeza do seu rosto inclinado ligeiramente para a sua direita que contrasta com as pregas angulosas das suas vestes que jazem sobre um tapete vermelho.[1]

No lado exterior, do lado esquerdo, três anjos cantam e tocam música celestial para louvar o acontecimento sob um pórtico renascentista. Os anjos estão desenhados com grande minúcia e com um excelente equilíbrio cromático transmitindo um sentimento de serenidade.[1]

Ao fundo, para lá de um pequeno muro, vislumbra-se uma paisagem com casario e colinas verdejantes que se desvanecem transmitindo a sensação de distância.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Cunha Taborda em 1815 deu conta da localização desta tábua no Convento do Espinheiro, afirmando que se encontrava no altar da sacristia uma Anunciação "que tem muito merecimento". Contudo, e apesar do valor desta informação, não há provas de que tenha sido esse o seu local original.[2]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e Museu Nacional de Arte Antiga, Colecção Museus do Mundo, Coord. João Quina, Planeta de Agostini, 2005, pag. 160-161, ISN 989-609-301-6
  2. a b Nota sobre a obra na MatrizNet [1]
  3. a b Nota lateral sobre a obra na exposição permanente do MNAA

Ligação externa[editar | editar código-fonte]