Aproveitamento integral de alimentos

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Casca de Laranja - Exemplo de parte não convencional.

O aproveitamento integral de alimentos trata-se de um método que visa a utilização total dos componentes dos alimentos no preparo de refeições, incluindo, além da polpa, partes não convencionais tais como cascas, sementes e talos de legumes e verduras. Essa forma de utilização aumenta o fornecimento de nutrientes das preparações e favorece a sustentabilidade, além de diminuir o seu desperdício.

A adoção de práticas de aproveitamento integral promove a diversificação alimentar da população por um baixo custo. Além disso, contribui com a redução dos impactos negativos causados pelo paradoxo criado entre a fome e o desperdício: enquanto a produção média de lixo por brasileiro é de 1kg/dia, sendo mais da metade disso formada por restos de alimentos indevidamente desperdiçados,[1] o número de famintos vêm crescendo ao longo dos últimos anos [2].

Os Nutrientes[editar | editar código-fonte]

TABELA - Percentual de Nutrientes Contidos em Partes Não Convencionais de Frutas. Adaptado de BANCO DE ALIMENTOS (2016)

As partes não convencionais apresentam maior teor de nutrientes que a polpa dos alimentos. A casca do abacaxi possui alto teor de fibras, cálcio, Vitamina C, potássio e fósforo, como exemplificado pela tabela divulgada pelo Banco de Alimentos [3]

Folhas, talos, cascas e sementes de vegetais não alteram consideravelmente a quantidade de calorias das preparações, tampouco elevam seu teor de carboidratos e lipídeos. Nota-se, entretanto, o aumento na taxa de proteínas [4].

De modo geral, a inclusão das partes usualmente descartadas dos alimentos aumenta o valor nutritivo das receitas, dado o incremento na quantidade de fibras, vitaminas e minerais [5].

A partir deste conhecimento é possível desenvolver novas receitas para diversificar as refeições do dia-a-dia, por exemplo: geleias, sucos, doces, etc.

Divulgação[editar | editar código-fonte]

Existe hoje uma certa movimentação por meio de ONG's e projetos que desejam divulgar a ideia de que é possível a realização de refeições saborosas com o aproveitamento integral dos alimentos. Para tal, cartilhas como a "Receitas de Aproveitamento Integral dos Alimentos", desenvolvida pela Mesa Brasil [6], estão disponibilizadas para livre acesso na internet. Além disso, oficinas como a "Mão na Massa", desenvolvida pelo Banco de Alimentos[7], são ministradas a fim de conscientizar a população sobre a relação entre gastronomia e sustentabilidade e estimular, assim, a prática do aproveitamento.

Aceitação[editar | editar código-fonte]

O preparo de receitas com as partes não convencionais promove uma variedade de combinações nutritivas e palatáveis. Por esse motivo, as preparações desenvolvidas possuem boa aceitação.[4] [8]

Utilização de Partes Não Convencionais Normalmente Desperdiçadas[editar | editar código-fonte]

Casca e Sementes do Melão - As cascas são compostas por carboidratos, proteínas e fibras solúveis com alta capacidade de formação de gel (pectina), substâncias ideais para a fabricação de doces, geleia e compota.

Já as sementes, assim como as da abóbora, podem ser utilizadas como petiscos, bastando, para isso, secagem e tempero com sal. [9]

Folha de Cenoura – Apesar de normalmente descartadas, são importantes fontes de Vitamina C, β-Caroteno e minerais, principalmente cálcio e ferro. Além disso, são fontes de fibras insolúveis. [10] As folhas podem ser consumidas na forma de saladas, refogadas ou em preparações, como Tempura.

Cascas de Banana – Geralmente não são aproveitadas, mas são ricas em fibras insolúveis, como pectina [11] e podem, portanto, compor preparações como geleia, doces e bolos.

Mel do Cacau - Líquido transparente retirado da polpa, cuja composição química possibilita a confecção de produtos como: sucos, licor, geleias, vinagre, etc. Seu desperdício ocorre durante o processamento do cacau.[12]

Bagaço de Uva – Rico em antioxidantes e fibras, o bagaço seco pode ser moído e transformado em uma farinha capaz de substituir o trigo em preparações como biscoito [13].

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. BANCO DE ALIMENTOS. Alimentação Sustentável. Brasil, 2018
  2. IBGE. Síntese de Indicadores Sociais. Brasil, 2017
  3. «BANCO DE ALIMENTOS. Tabela de percentual de nutrientes contidos em partes não convencionais dos alimentos em relação à parte convencional. Brasil, 2016» (PDF). Consultado em 28 de maio de 2018. Arquivado do original (PDF) em 28 de maio de 2018 
  4. a b STORCK. Cátia Regina et al. Folhas, talos, cascas e sementes de vegetais: composição nutricional, aproveitamento na alimentação e análise sensorial de preparações. Cienc. Rural, Santa Maria, v. 43, n. 3, p 537-543, mar. 2013
  5. THOMAZ, Ana Cláudia et al. Aceitabilidade sensorial de biscoito tipo cracker adicionado de farinha de casca de limão siciliano (Citrus limon L. Burm). Ver. Inst. Adolfo Lutz, São Paulo, v. 71, n. 2, 2012
  6. SESC. Banco de alimentos e colheita urbana: aproveitamento integral dos alimentos. Rio de Janeiro: SESC/DN, 2003. 45 pág. (Mesa Brasil SESC Segurança Alimentar e Nutricional). Programa Alimentos Seguros
  7. BANCO DE ALIMENTOS. Oficinas Culinárias. Brasil, 2018
  8. AIOFLI, Andrea Hackmann; BASSO, Cristina. Preparações elaboradas com aproveitamento integral dos alimentos. Disciplinarum Sciential Saúde, Santa Maria, v. 14 n. 1, p. 109 – 114, 2016
  9. MIGUEL, Ana Carolina Almeida et al. Aproveitamento agroindustrial de resíduos sólidos provenientes do melão minimamente processado. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 28, n. 3, p. 733-737, set. 2008
  10. PEREIRA, Gláucia Imaculada Soares et al. Avaliação química da folha de cenoura visando ao seu aproveitamento na alimentação humana. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 27, n. 4, p. 852-857, ago. 2003
  11. SILVA, Mariana Borges de Lima da; RAMOS, Afonso Mota. Composição química, textura e aceitação sensorial de doces em massa elaborados com polpa de banana e banana integral. Revista Ceres, v. 56, n. 5, p.551-554, 2009
  12. SANTOS, Carine Oliveira dos et al. Aproveitamento tecnológico do "mel de cacau" (Theobroma cacao L) na produção de geleia sem adição de açúcar. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v. 36, n. 3, p. 640-648, set. 2014
  13. PIOVESANA, Alessandra; BUENO, Micheli Maria; KLAJN, Vera Maria. Elaboração e aceitabilidade de biscoitos enriquecidos com aveia e farinha de bagaço de uva. Braz. J. Food Technol., Campinas, v. 16, n. 1, p. 68-72, mar. 2013