Arthur Young

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Arthur Young
Arthur Young
Arthur Young
Nascimento 11 de setembro de 1741
Bradfield Combust, Suffolk, Inglaterra
Morte 12 de abril de 1820 (78 anos)
Nacionalidade Britânico
Parentesco Rev. Arthur Young
Cônjuge Martha Allen

Arthur Young (11 de Setembro de 1741 - 12 de Abril de 1820) foi um escritor inglês nas áreas da agricultura, economia e estatística.

Nascimento e Juventude[editar | editar código-fonte]

Arthur Young nasceu em 1741 em Bradfield Combust, no condado de Suffolk, sendo o segundo filho do Reverendo Arthur Young, um capelão de Arthur Onslow. Depois de estudar na escola de Lavenham[1], Young começou a trabalhar numa casa de comércio em King's Lynn em 1758, mas não tinha qualquer interesse no comércio.

Quando tinha dezassete anos de idade, publicou um panfleto sobre a guerra na América do Norte e, em 1761, mudou-se para Londres e criou uma revista chamada The Universal Museum, que acabaria por deixar, aconselhado por Samuel Johnson.

Também escreveu quatro romances e um estudo intitulado "Reflections on the Present State of Affairs at Home and Abroad" em 1759. Após a morte do seu pai no mesmo ano, a sua mãe encarregou-o de gerir a propriedade que a família detinha em Bradfield Hall, que era pequena e estava cheia de dívidas. Entre 1763 e 1766, Arthur dedicou-se à agricultura na sua propriedade. Em 1765, casou-se com Martha Allen, uma cunhada de Charles Burney. Frances Burney e a sua meia-irmã Sarah testemunharam a relação complicada que Arthur Young tinha com a sua esposa e a dedicação que dava aos filhos durante uma visita em 1792.[2]

Arthur sofreu muito quando a sua filha Martha Ann morreu de tuberculose no dia 14 de Julho de 1797, quando tinha catorze anos de idade, um acontecimento que o terá levado a reconciliar-se com a religião. Nos seus últimos anos de vida, Arthur tornou-se grande amigo da neta de Burney, Marianne Francis, que, tal como ele, era uma envangelica devota.

Primeiros Anos de Carreira[editar | editar código-fonte]

Em 1762, Arthur adquiriu uma quinta em Essex, onde levou a cabo várias experiências, tendo publicado os seus resultados no livro "A Course of Experimental Agriculture" (1770). Apesar de, na maioria dos casos, as suas experiências terem fracos resultados, deram-lhe um grande conhecimento sobre agricultura. Arthur tinha já dado inicio a uma série de viagens pela Inglaterra e País de Gales e tinha registado as suas observações em livros que foram publicados entre 1768 e 1770 intitulados "A Six Weeks' Tour through the Southern Counties of England and Wales", "A Six Months' Tour through the North of England" e Farmer's Tour through the East of England". Arthur afirmou que estes livros continham as únicas informações ainda existentes sobre o arrendamento, produção e armazenamento agrícola de Inglaterra que tinham sido obtidas através de uma verdadeira análise no local. Os livros foram muito bem recebidos e em 1792 já tinham sido traduzidos para a maioria das línguas europeias.

Ao todo, Arthur escreveu cerca de vinte e cinco livros e panfletos sobre a agricultura e quinze livros sobre economia política, além de vários artigos. Tornou-se conhecido pelas suas opiniões sobre o melhoramento da agricultura, a situação económica e as suas análises sociais.

Em 1768, publicou um livro intitulado "Farmer's Letters to the People of England" e, em 1771, o "Farmer's Calendar" que teve várias edições, e, em 1774, publicou a sua "Political Arithmetic" que também foi muito traduzida. Arthut era também repórter do parlamento para o Morning Post.

Entre 1776 e 1777, realizou uma viagem pela Irlanda, tendo publicado o livro "Tour in Irland" em 1780. O livro voltaria a ser publicado em 1897 e 1925, mas várias páginas que continham as suas descrições sociais foram retiradas.[3]

Em 1784, deu inicio à publicação dos "Annals of Agriculture" que viria a ter quarenta e cinco volumes e incluiu uma contribuição do rei Jorge III que escreveu com o pseudónimo de Ralph Robinson.

Viagens em França[editar | editar código-fonte]

Arthur visitou a França pela primeira vez em 1787. Tendo viajado pelo país perto do inicio da Revolução Francesa, descreveu as condições em que viviam as pessoas e a forma como os acontecimentos se estavam a desenvolver na altura. O livro "Travels in France" foi publicado em dois volumes em 1792. Quando regressou a Inglaterra, foi nomeado secretário do Conselho de Agricultura em 1793, quando este tinha acabado de ser criado sob a presidência de Sir John Sinclair. Foi neste cargo que deu a sua contribuição para a preparação e recolha de inquéritos por todos os condados ingleses. Contudo, a sua visão começou a piorar e, em 1811, foi submetido a uma cirurgia às cataratas que não correu bem.

Quando morreu, deixou um manuscrito da sua autobiografia que foi publicada em 1898 por Miss M. Betham-Edwards e é o melhor testemunho da sua vida. Também deixou materiais para um grande trabalho sobre elementos e práticas agrícolas.

Análises Modernas[editar | editar código-fonte]

Mais recentemente, a atenção sobre o trabalho de Arthur Young passou para os seus trabalhos mais pequenos e começaram a estudar-se os seus métodos de investigação. Richard Stone (1997), considera-o o pioneiro na realização de estatísticas do PIB nacional, tendo continuado o trabalho de Gregory King que tinha vivido um século antes dele. Arthur publicou três estimativas sobre o PIB de Inglaterra, nos seus livros "Tour through the North of England", "Farmer's Tour through the East of England" e "Political Arithmetic". Brunt (2001), destaca a forma como Arthur Young recolhia a sua informação e a apresentava, considerando-o pioneiro da Base de sondagem. Arthur influenciou observadores contemporâneos da vida económica e social como Frederick Morton Eden e Sinclair.

Arthur foi o escritor inglês mais importante na área da agricultura, mas é mais conhecido pelas suas observações políticas e sociais e as suas viagens pela Irlanda e França ainda despertam grande interesse e são usadas no ensino. Viu claramente as razões que atrasavam o progresso na Irlanda e lutou a favor do fim das leis penais contra os católicos. Condenou ainda as restrições que a Grã-Bretanha impunha à Irlanda e a interferência frequente que o parlamento irlandês exercia sobre a indústria através de proibições e recompensas. Era a favor de uma união legislativa da Irlanda com a Grã-Bretanha, apesar de não considerar a medida necessária.

Arthur achava que o solo francês era melhor do que o inglês, mas salientou o facto de a agricultura não estar tão desenvolvida nem prestigiada como em Inglaterra. Culpava as classes altas pelas falhas na agricultura. "A expulsão (da corte) só por si, irá forçar a nobreza francesa a fazer aquilo que a inglesa já faz por prazer: viver e cuidar das suas propriedades." Arthur assistiu ao início da violência nas zonas rurais e começou a apoiar as classes que mais sofreram com os excessos da revolução. Esta mudança de atitude é perceptível na publicação, em 1793, do seu trabalho "The Example of France a Warning to England". Neste trabalho, Arthur parece não compreender exactamente onde começou a revolução e achava que a crise seria resolvida com um ajuste constitucional semelhante ao inglês. Condenou fortemente o sistema de cultivação métayage, que, na altura, era muito usado em França, culpando-o pela "perpetuação da pobreza e exclusão do ensino", bem como da ruína do país. Algumas das suas frases foram muitas vezes citadas por aqueles que defendiam o seu ponto de vista.

Referências

  1. The Eighteenth and Nineteenth Centuries, St Edmundsbury District Council
  2. The Journals and Letters of Fanny Burney (Madame D'Arblay), Volume 1, 1791-1792, ed. Joyce Hemlow, et al. (London: Oxford University Press, 1972), pp. 231-48.
  3. Tour of Ireland [sic] 1776-1779 (1780); Constantia Maxwell, sel. ed., Tour of Ireland: Irish History from Contemporary Sources (London: Allen & Unwin 1925)