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Atentados em Tashkent em 1999

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Os atentados de 1999 em Tashkent ocorreram em 16 de fevereiro, quando seis carros-bomba explodiram em Tashkent, capital do Uzbequistão. As bombas explodiram ao longo de uma hora e meia e atingiram vários prédios do governo. É possível que cinco das explosões tenham sido uma distração em relação à sexta, que parecia ser uma tentativa de assassinar o presidente Islam Karimov. Dezesseis pessoas foram mortas e mais de 120 feridas.[1][2]

Embora o governo responsabilizasse os rebeldes islâmicos – o Movimento Islâmico do Uzbequistão (MIU) – os críticos lançaram dúvidas sobre esta afirmação.[3]

Por causa do rígido controle da mídia no país, a sequência de eventos dos ataques não é totalmente clara.

Os ataques[editar | editar código-fonte]

De acordo com a versão oficial dos ataques, quatro a cinco homens dirigiram um carro repleto de explosivos até a entrada principal do prédio do Gabinete de Ministros alguns minutos antes de Karimov discursar ali. Os agressores deixaram o local. Uma explosão de carro separada e um tiroteio ocorreram a algumas centenas de metros de distância, distraindo os guardas. Os agressores fugiram do local.[4]

Investigação[editar | editar código-fonte]

De acordo com o Serviço Federal de Segurança, os bombardeios utilizaram uma mistura mecânica de pó de alumínio e nitrato de amônia como explosivo.[5] Os terroristas receberam instrução em centros de treinamento dirigidos por Ibn al-Khattab e Shamil Basayev na Chechênia.[5]

Resposta governamental[editar | editar código-fonte]

Duas horas após a explosão, o presidente Karimov e os chefes das forças de segurança uzbeques declararam que os militantes islâmicos eram os responsáveis. Muitos indivíduos foram presos, com estimativas variando de centenas a até 5.000.[4][6] Grupos de direitos humanos criticaram as detenções como ilegítimas. Também acusaram o governo de plantar evidências e obter confissões por meio de tortura.

Em janeiro de 2000, na véspera do feriado muçulmano do Ramadã, o governo anunciou a execução de vários dos supostos participantes dos ataques.[4]

O governo uzbeque também acusou o Tajiquistão de ser cúmplice dos ataques e fechou temporariamente sua fronteira com o país em resposta.[7]

Possíveis perpetradores[editar | editar código-fonte]

Embora o governo tenha culpado o Movimento Islâmico do Uzbequistão (MUI), uma organização terrorista islamista, pelos ataques, os críticos duvidam disso. Alguns culparam a Rússia, embora outros considerem isso improvável.[3] Outra possibilidade é que as forças governamentais de maioria muçulmana do Tajiquistão estivessem retaliando o apoio uzbeque a grupos de oposição tadjiques. Grupos terroristas tadjiques também foram sugeridos, especialmente a Oposição Tajique Unida (OTU).[8]

Outros até sugeriram que o próprio governo era responsável,[6] ou que "clãs" concorrentes, cuja participação no poder no governo havia sido cortada recentemente, estavam por trás dos ataques.[9] Em particular, foi sugerido que o Serviço de Segurança Nacional, supostamente controlado pelo clã Tashkent, estivesse envolvido.[10]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Os críticos disseram que o regime de Karimov usou os ataques como um pretexto para reprimir a dissidência religiosa e, em menor escala, secular.[8] Os ataques também mostraram como o país era vulnerável ao terrorismo e à instabilidade.[7] A prisão de Jaslyk foi aberta em 1999 para manter milhares de presos após os atentados.[11]

Referências

  1. Polat, p. 1.
  2. Polat, p. 3.
  3. a b Polat, p. 4.
  4. a b c Polat, p. 2.
  5. a b «О результатах расследования ряда актов терроризма» (em russo). Serviço Federal de Segurança. 14 de março de 2002 
  6. a b Polat, p. 7.
  7. a b Jonson, p.55.
  8. a b Polat, p.5.
  9. Kathleen Collins, "Clans, Pacts, and Politics in Central Asia", Journal of Democracy, Julho de 2002, p.148
  10. Uzbekistan: Islam Karimov Vs. The Clans. Radio Free Europe/Radio Liberty feature on bombings
  11. Najibullah, Farangis (5 de agosto de 2012). «Uzbekistan's 'House of Torture'». Radio Free Europe Radio Liberty 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]