Baile dos Quarenta e Um

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Jornal publicado em 1901, retratando o baile de los cuarenta y un maricones.

O Baile dos Quarenta e Um (em espanhol: Baile de los cuarenta y uno, ou ainda, Baile de los cuarenta y uno maricones) foi o escândalo mais famoso do século XX no México.[1] O fato refere-se a uma invasão da polícia, em 17 de novembro de 1901, a uma residência privada na rua La Paz (hoje rua Ezequiel Montes), onde acontecia um baile onde apenas homens estavam presentes, dos quais 22 estavam vestidos com trajes masculinos e 19 vestidos com trajes femininos. A imprensa mexicana noticiou dedicadamente o fato, embora o governo trabalhou para esconder o assunto, uma vez que os detidos pertenciam às classes mais altas da sociedade mexicana. A lista de nomes nunca foi revelada.[1][2]

O número 41 ou 42, referindo-se aos participantes do baile, tornou-se parte da cultura popular mexicana para se referir aos homossexuais.[3] O fato e os números foram prorrogados por meio da imprensa, mas também a partir de gravuras, sátiras, espetáculos teatrais, literatura, pintura e até mesmo à televisão, na telenovela El vuelo del águila, exibida pela Televisa em 1994. Em 1906, Eduardo A. Castrejón publicou o livro Los cuarenta y uno e, cinco anos antes, em 1901, o pintor José Guadalupe Posada fez suas pinturas tornarem-se famosas ao retratar o caso nestas, sempre acompanhado por vários poemas publicados.[2][4][5]

Ainda faz muitos poucos dias
que na rua da Paz,
os policiais avistaram
um grande baile singular.
Quarenta e um lagartixos
Disfarçados a metade
De simpáticas meninas
Bailavam como eles queriam.
A outra metade som seus trajes,
ou seja, do sexo masculino,
Gostavam e desfrutavam
dos famosos lagartixos.
Vestidos de cetim e seda
um grande figurino,
Com perucas bem penteadas
e movendo-se bem chique.
Anônimo[2]

O assunto foi tão longe, que o número 41 tornou-se um tabu no país. O militar Francisco L. Urquizo também escreveu sobre o fato:

A história do Baile de los cuarenta y un maricones passou a ser usado desde então para realizar ataques contínuos, chantagens da polícia, tortura, espancamentos e até prisões, usando-se a mera menção de que é um "ataque a moral e os bons costumes".[1][3][6]

Filme[editar | editar código-fonte]

O filme mexicano El baile de los 41 foi lançado em 19 de novembro de 2020, sendo dirigido por David Pablos, com roteiro de Monika Revilla e estrelado por Alfonso Herrera.[7]

Referências

  1. a b c Carlos Monsiváis (12 de novembro de 2001). «La Gran Redada» (em espanhol). Enkidu. Consultado em 16 de dezembro de 2007 
  2. a b c d Miguel Hernandez Cabrera (2002). «Los "cuarenta y uno", cien años después» (em espanhol). Isla ternura. Consultado em 16 de dezembro de 2007 
  3. a b Stephen O. Murray. «Mexico». glbtq (em inglês). Consultado em 29 de março de 2015 
  4. MCCAUGHAN, Edward J., (2012). «Art and Social Movements - Cultural Politics in Mexico and Aztlán» (em inglês). Consultado em 3 de outubro de 2015 
  5. SUMMERS, Claude J., (2004). «The Queer Encyclopedia of the Visual Arts» (em inglês). Consultado em 3 de outubro de 2015 
  6. Vallejos, Soledad (20 julho de 2006). «Muxhe: una nueva identidad sexual». Magazine actitud gay. Consultado em 17 de dezembro de 2007 
  7. Filman la escandalosa fiesta del Porfiriato

Ver também[editar | editar código-fonte]