Batalha de Tessalônica (995)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outras batalhas no mesmo local, veja Batalha de Salonica.
Batalha de Tessalônica
Guerras bizantino-búlgaras

Búlgaros matando o governador da Tessalônica, o duque Gregório Taronita.
Data 995
Local próximo a Tessalônica, Grécia
Desfecho Vitória búlgara
Beligerantes
Império Bizantino Império Búlgaro
Comandantes
Gregório Taronita
Asócio Taronita
Samuel da Bulgária
Forças
Desconhecida Desconhecida
Baixas
Pesadas Leves
Grécia bizantino no século X

A batalha de Tessalônica (português brasileiro) ou batalha de Salonica (português europeu) (em búlgaro: Битката при Солун) ocorreu provavelmente em 995 ou antes, próximo da cidade de Tessalônica, Grécia. A batalha foi parte de um longo conflito bizantino-búlgaro do final do século X e começo do XI. Os búlgaros sob seu líder, o imperador Samuel (r. 997–1014), conseguiram emboscar e destruir a guarnição bizantina de Tessalônica, matando seu comandante, Gregório Taronita, e capturando seu filho Asócio Taronita.

Origens do conflito[editar | editar código-fonte]

Após uma grande vitória na batalha da Porta de Trajano, e a subsequente guerra civil no Império Bizantino, Samuel da Bulgária (r. 997–1014) estava livre para atacar as fortalezas bizantinas dos Bálcãs. Depois de garantir seu domínio sob a maior parte do norte dos Bálcãs, ele liderou uma campanha contra Tessalônica, a segunda maior cidade bizantina, mantida pelo duque Gregório Taronita.[1]

A data exata desta campanha, e a batalha subsequente, é incerta. Uma fonte armênia coloca-a tão cedo quanto 991, enquanto o relato de João Escilitzes, sobre a qual a datação dos relatos tradicionais confia, implica que aconteceu em 996. Contudo, como João Caldo é atestado como duque de Tessalônica em 995/996 em sucessão a Taronita, a campanha deve ter ocorrido no máximo em 995, se não algum momento antes.[2][3][4]

Batalha[editar | editar código-fonte]

Samuel enviou um pequeno destacamento em direção à cidade, enquanto o principal corpo de seu exército permaneceu atrás cuidadosamente preparado para emboscar o exército bizantino. Com a aproximação do grupo invasor, Gregório Taronita enviou seu filho Asócio com a vanguarda para fazer contato com eles e reconhecer as disposições búlgaras. Asócio confrontou o bando invasor e repeliu-os, mas foi levado a uma emboscada e cercado com seus homens. Seu pai, seguido pela principal força bizantina, apressou-se para resgatá-lo, mas foi morto tentando alcançá-lo.[5][6][7]

Rescaldo[editar | editar código-fonte]

Asócio Taronita foi preso e levado cativo à Bulgária, onde logo depois foi casado com a filha de Samuel, Miroslava. Ele foi nomeado governador de Dirráquio, de onde logo escapou a bordo de um navio bizantino para Constantinopla, onde organizou a rendição da cidade ao imperador Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025).[8][9] Em Tessalônica, Taronita foi sucedido por João Caldos, que provavelmente caiu vítima de uma emboscada búlgara e foi capturado em 996.[10][11]

Apesar da vitória, Samuel não tentou sitiar Tessalônica, e ao invés disso se aventurou ao sul, para o tema da Hélade para uma expedição de pilhagem. Ele capturou Lárissa[12][13][14] e chegou a Corinto, porém voltou para norte quando soube da aproximação de um exército bizantino sob Nicéforo Urano. Os dois exércitos se encontraram no Esperqueu, onde Samuel foi derrotado.[15][16][17][18] O longo conflito bizantino-búlgaro, contudo, iria até a derrota final da Bulgária em 1018.[19]

Referências

  1. Stoymenov 1988, p. 41-43; 55-56.
  2. Holmes 2005, p. 403–404.
  3. Strässle 2006, p. 78, 405.
  4. Wortley 2010, p. 323–324, esp. nota 126.
  5. Holmes 2005, p. 165, 406–407.
  6. Wortley 2010, p. 323; 449.
  7. Curta 2006, p. 242.
  8. Holmes 2005, p. 103–104, 196.
  9. Wortley 2010, p. 324–325.
  10. Holmes 2005, p. 404 nota 15.
  11. Wortley 2010, p. 324 nota 126.
  12. Wortley 2010, p. 446.
  13. Cecaumeno 1896, p. 65-66.
  14. Litavrin 1972, p. 250-252.
  15. Goldsmith 1971, p. 278-279; 662-663.
  16. Stephenson 2003, p. 17.
  17. Holmes 2005, p. 163–167.
  18. Wortley 2010, p. 324.
  19. Cheynet 2006, p. 37.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Cheynet, Jean-Claude (2006). Le Monde byzantin, tome II : L'Empire byzantin (641-1204). Col: Nouvelle Clio. [S.l.]: PUF 
  • Curta, Florin (2006). Southeastern Europe in the Middle Ages, 500-1250. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0521815398 
  • Holmes, Catherine (2005). Basil II and the Governance of Empire (976–1025). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-927968-5 
  • Cecaumeno (1896). B. Wassilewsky; P. Jernstedt, ed. Strategikon de Cecaumeno. São Petersburgo: [s.n.] 
  • Litavrin, G. (1972). Soveti i rasskazy Kekavmena. Sochinenie vizantiiskogo polkovodtsa XI veka. Moscou: [s.n.] 
  • Stephenson, Paul (2003). The Legend of Basil the Bulgar-Slayer. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-81530-7 
  • Stoymenov, D. (1988). «Administração militar bizantina temporária em terras búlgaras, 971-987/989». CSO NTSSVP. 82 (2) 
  • Strässle, Paul Meinrad (2006). Krieg und Kriegführung in Byzanz: die Kriege Kaiser Basileios' II. gegen die Bulgaren (976–1019) (em alemão). Colônia: Böhlau Verlag. ISBN 3-412-17405-X 
  • Wortley, John (2010). John Skylitzes: A Synopsis of Byzantine History, 811-1057. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-76705-7