Bricolagem

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O termo bricolagem (ou bricolage[1][2], do francês) se refere a atividades como montagem, instalação ou reparos feitos por pessoa não especializada, sem a ajuda de serviço profissional e tipicamente para proveito próprio.[3][4]

Origem[editar | editar código-fonte]

O conceito surgiu na França após a II Guerra Mundial, não havendo na época fábricas de produtos cotidianos, pois todas as indústrias estavam voltadas para o mundo bélico, armas, uniformes etc. A tradução de bricolage mais próxima seria "biscate, pequeno trabalho, trabalho de amador". Depois de 1945, chegou aos Estados Unidos, com a sugestão "do it yourself" (faça você mesmo). Isso ocorreu devido ao encarecimento da mão de obra e se desenvolveu com a visão dos empresários em perceber este nicho, criando produtos fáceis de serem usados, utilizando embalagens com pouca quantidade e todos com manuais explicativos.

Antropologia[editar | editar código-fonte]

Em antropologia, bricolagem é a união de vários elementos para formação de um elemento único e individualizado. Um exemplo são as culturas do novo mundo: a bricolagem de várias culturas (norte-americana, europeia, asiática...) para a formação de uma cultura própria e identitária.

Em seu livro 'O Pensamento Selvagem' (1962, tradução para o português em 1976), o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss usou o termo bricolagem para descrever uma ação espontânea, além de estender o termo para incluir padrões característicos do pensamento mitológico, o qual não obedece ao rigor do pensamento científico. A razão é que, já que o pensamento mitológico é gerado pela imaginação humana, é baseado na experiência pessoal, sendo gerado pelo surgimento de coisas preexistentes na mente do imaginador.[5] Desse modo, a mitologia descreve o mundo através de narrativas. Num mundo onde há poucas ferramentas linguísticas, se faz necessária a utilização de metáforas e narrativas. Na falta de uma palavra para o "ato sexual", por exemplo, os gregos antigos precisaram lançar mão de toda uma história fantástica para enfim poder dizer "coisas de Afrodite".

Negócios[editar | editar código-fonte]

Organização e gestão[editar | editar código-fonte]

Karl Weick identifica que são necessárias as seguintes diretrizes para uma boa organização ligada ao mundo da bricolagem[6]:

  • Conhecimento profundo dos materiais
  • Observação e escuta cuidadas
  • Acreditar nas nossas ideias
  • Autocorreção das estruturas, mas com uma segunda opinião

Dia a dia[editar | editar código-fonte]

A vida em si é uma bricolage de bricolagens, ou seja, nunca sabemos o que vai acontecer no dia seguinte. Devemos usar qualquer utensílio ou ferramenta disponível para sobreviver, o que basicamente define a bricolage, pelas palavras de Lévi-Strauss.

Utensílios para casa

Um clip de papel é um utensílio que pode ser visto quase em toda a parte. Apesar de ser suposto ser usado unicamente para prender papéis, tem-se tornado em esculturas, ou até numa ferramenta para gravar/raspar coisas. Podemos juntar vários e fazer o tipo de um cadeado ou corrente. Por isso, o clip é um belo exemplo de bricolage.

Cozinhar

Cozinhar é um bom exemplo de bricolage no dia a dia. Um cozinheiro amador improvisa novas receitas quando algum dos ingredientes falha ou é escasso.

Comida

A lima ou o limão são um exemplo de bricolage com comida. Normalmente são usados para cozinhar e dar sabor a alguns cozinhados, mas são também usados para limpar. Algumas pessoas usam-nos para limpar as panelas e frigideiras, sendo também um ingrediente activo em produtos de limpeza para casas de banho e superfícies vidradas. Outro uso interessante é em produtos para manutenção capilar.

Referências

  1. Dicionário em português europeu
  2. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de bricolage». www.aulete.com.br. Consultado em 2 de fevereiro de 2021 
  3. «Significado de Bricolagem (O que é, Conceito e Definição)». Significados. Consultado em 2 de fevereiro de 2021 
  4. «Bricolagem: aprenda a fazer você mesmo». Leroy Merlin. Consultado em 2 de fevereiro de 2021 
  5. LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. Trad. Maria Celeste da Costa e Souza e Almir de Oliveira Aguiar. São Paulo: Nacional, 1976.
  6. Karl Weick, "Redesenho Organizacional como Improvisação", reimpresso em Fazendo sentido da Organização

Ver também[editar | editar código-fonte]