Marco Túlio Cícero Menor

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Marco Túlio Cícero
Cônsul da República Romana
Consulado 30 a.C.
Nascimento 64 a.C.

Marco Túlio Cícero (n. 64 a.C.; em latim: Marcus Tullius Cicero), conhecido como Cícero Menor ou Cícero, o Jovem, foi um político gente Túlia da República Romana nomeado cônsul sufecto sucedendo a Caio Antíscio Veto em meados de setembro, servindo com o cônsul Otaviano. Era filho de Marco Túlio Cícero, o famoso historiador e cônsul em 63 a.C., com sua esposa Terência[1].

Família e adolescência[editar | editar código-fonte]

Cícero, o Jovem, nasceu em 64 a.C., aparentemente no mesmo dia em que Lúcio Júlio César e Caio Márcio Fígulo foram eleitos cônsules[2]. Ele era filho de Cícero, que, como um grande orador e senador consular, foi um dos principais personagens da República Romana no século I a.C., e de sua primeira esposa Terência, que morreu em decorrência do parto. Ele tinha uma irmã mais velha, Túlia Cícera, que nasceu em 79 e morreu em 45 a.C..

Com frequência, seu pai, em suas cartas, se refere a seu filho em termos afetuosos e os dois viajaram juntos até a Cilícia em 51 a.C.. No outono seguinte à chegada dos dois, Cícero, o jovem, foi enviado com um primo, Quinto Cícero, para uma visita ao rei Deiotaro da Galácia[3] enquanto o procônsul prosseguia a guerra contra rebeldes nos montes Amanos. Quando voltou para a Itália, no final de 50 a.C., foi investido com a toga viril, em Arpino, no mês de março de 49 a.C.[4].

Juventude e educação[editar | editar código-fonte]

Desde muito pequeno, o jovem Cícero demonstrou interesse em seguir a carreira militar. Quando irrompeu a guerra civil, em 49 a.C., tinha apenas dezesseis anos, mas ainda assim seguiu para a Grécia e se juntou ao exécito de Pompeu, no qual recebeu o comando de uma esquadrão de cavalaria[5][6]. Depois da derrota de Pompeu na Batalha de Farsalos, em 48 a.C., foi perdoado por Júlio César.

Posteriormente, permaneceu em Brundísio até a chegada de César do oriente[7] e foi eleito pouco depois, em 46 a.C., juntamente com Quinto e um tal "M. Césio", para a função de edil em Arpino[8] e, na primavera seguinte (45 a.C.), expressou o desejo de seguir para a Hispânia para participar da guerra contra os filhos de Pompeu.

Foi, apesar disto, persuadido por seu pai a abandonar este projeto[9] e enviado a Atenas para prosseguir seus estudos juntamente com vários outros proeminentes jovens romanos. Enquanto estava lá, escreveu uma carta a Tiro[10], um escravo e, mais tarde, liberto da família de Cícero, na qual afirma estar praticando a declamação do grego com Górgias[11], mas teve que deixar de fazê-lo, pois seu pai, a quem não queria ofender, pediu. Cícero, o Jovem, estudou depois a declamação do grego com Cássio e latim com Bruto, os dois líderes do grupo que tramou o assassinato de César, que, depois disto, estavam na Grécia tentando de angariar apoio em sua guerra contra o Segundo Triunvirato[12].

Vingador[editar | editar código-fonte]

Depois que seu pai foi assassinado, em 43 a.C., por ordem de Marco Antônio, Cícero se uniu ao exército dos liberatores, encabeçado por Cássio e Bruto. Este último o elevou à posição de tribuno militar, na qual conseguiu derrotar uma legião comandada por Lúcio Pisão, um dos legados de Antônio, e prender Caio Antônio, além de muitos outros serviços realizados durante a campanha na Macedônia[13]. Quando o exército republicano foi derrotado na Batalha de Filipos, fugiu com Cássio de Parma[14] para se unir, em seguida, a Sexto Pompeu na Sicília. Depois da anistia proferida depois do Pacto de Miseno em favor dos exilados, voltou a Roma em 39 a.C..

Viveu na capital romana sem participar da vida política até que Otaviano, talvez arrependido pela traição contra o pai dele, nomeou-o para uma posição no Colégio dos Áugures[15]. Depois da disputa final contra Antônio, Cícero participou da Batalha de Ácio, em 31 a.C., e assumiu, em 13 de setembro do ano seguinte, o cargo de cônsul sufecto no lugar de Caio Antíscio Veto e serviu com Otaviano.

Por uma coincidência singular, coube a Cícero, o cônsul, a incumbência de anunciar a morte de Marco Antônio ao Senado Romano. Coube a ele também revogar todas as honras que Antônio tinha e destruir todas as suas estátuas ("damnatio memoriae"), além de decretar que nenhum outro membro da gente Antônia poderia assumir o nome "Marco" novamente. Segundo Plutarco:

Desta forma, a justiça divina confiou à família de Cícero os atos finais do castigo de Antônio
 
Plutarco, "A Queda da República Romana"[16].

Pouco depois, foi nomeado governador da província da Ásia, ou, segundo outras fontes, procônsul da Síria entre 28 e 25 a.C., desaparecendo do registro histórico depois disto[17].

Ver também[editar | editar código-fonte]

Cônsul da República Romana
Precedido por:
Otaviano III

com Marco Tício (suf.)

Otaviano IV
30 a.C.

com Marco Licínio Crasso
com Caio Antíscio Veto (suf.)
com Marco Túlio Cícero Menor (suf.)
com Lúcio Sênio (suf.)

Sucedido por:
Otaviano V

com Sexto Apuleio


Referências

  1. Smith, Vol.1 p.746 n.7
  2. Cícero, I 2
  3. Cícero, Epistulae ad Atticum V 17
  4. Cícero, Epistulae ad Atticum IX 6, 19
  5. Cícero, De Officiis II 13
  6. T. Robert S. Broughton, Vol. ii. p. 270
  7. Cícero, Epistulae ad Familiares XIV 11; Epistulae ad Atticum XI 18
  8. Cícero, Epistulae ad Familiares XIII 11
  9. Cícero, Epistulae ad Atticum XII 7
  10. Cícero, Epistulae ad Familiares XVI 21
  11. Cícero, Epistulae ad Atticum XII 27, 32
  12. Cícero, Epistulae ad Atticum XIV 16, XV 4, 6, 17, 20, XVI 1; Epistulae ad Familiares XII 16.
  13. T. Robert S. Broughton, vol. ii. p. 355
  14. Robert S. Broughton, vol. ii. p. 355
  15. Robert S. Broughton, vol. ii. p. 425
  16. Plutarco, "A Queda da República Romana"
  17. Plínio, História Natural XXII 3, & c, XIV 28; Sêneca, Suasor. 6, De Beneficiis IV 30; Plutarco, Vidas Paralelas, Cícero e Bruto; Apiano, De bellis civilibus IV 19, 20, V 2.; Dião Cássio, História Romana XIV 15, XLVI 3, 18, 41, 19

Bibliografia[editar | editar código-fonte]