Companhia City
A Companhia City é a empresa fundada em 1912 com o nome de "City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited" que participou ativamente do processo urbanístico da cidade de São Paulo.[1] Sua sede está ubicada no bairro paulistado de Jardim das Acácias (região do Brooklin Novo).[2]
História
[editar | editar código-fonte]A Companhia City, fundada em 1911 com sede inicial em Londres e participação de investidores franceses, ingleses e brasileiros, é reconhecida como a mais tradicional empresa de desenvolvimento urbano e imobiliário do Brasil, tendo planejado bairros emblemáticos como Jardim América e Pacaembu em São Paulo. Em 1912, a empresa estabeleceu-se definitivamente na capital paulista, adquirindo mais de 15 milhões de metros quadrados no perímetro urbano da cidade, e ao longo de sua trajetória já planejou e comercializou cerca de 32 milhões de metros quadrados, consolidando-se como referência no setor de urbanismo brasileiro. Nos primeiros anos, a equipe técnica brasileira da Cia. City esteve envolvida em levantamentos e delimitação de áreas, mesmo diante de desafios como a crise financeira de 1914 e a iminência da Primeira Guerra Mundial, fatores que marcaram o início de sua atuação no Brasil.[3]
Os urbanistas ingleses Barry Parker e Raymond Unwin foram responsáveis pelo loteamento do Jardim América, localizado na regiao dos Jardins. O empreendimento marca a introdução de conceitos urbanísticosinéditos no Brasil, como ruas sinuosas, praças, recuos irregulares e amplas áreas verdes, comuns na garden-city de Londres.[4] O legado da Companhia City inclui a criação de bairros tombados para preservar sua beleza e áreas verdes, como o Jardim América, cujo plano original de 1919 previa 672 lotes, que podem ser reunidos, mas nunca fracionados. A preservação desses bairros foi consolidada pelo tombamento estadual em 1986, após mobilização de moradores preocupados com a descaracterização da paisagem urbana. As regras estabelecidas pela City influenciaram a legislação municipal e serviram de modelo para loteamentos residenciais em todo o Brasil, limitando o uso dos lotes a residências unifamiliares e impondo recuos ajardinados e arborização pública.[5]
Os bairros criados pela City são conhecidos por lotes com metragem fixa, impossíveis de serem fracionados, e pela proibição da construção de prédios de apartamentos, mantendo o padrão de residências cercadas de verde, o que contribuiu para a preservação da fauna local, como macacos e araras.[6] A análise mostra como a Companhia City, desde 1912, foi fundamental para a urbanização planejada, trazendo o conceito de cidade-jardim ao Brasil, inicialmente voltado para classes médias e altas, mas que, a partir da década de 1970, passou a abranger novas classes sociais, especialmente com a expansão para regiões como Pirituba, Jaraguá e São Domingos[7].
A expansão da City para a Zona Norte, especialmente a partir dos anos 1970, marcou a flexibilização do conceito de bairro-jardim, com a criação de empreendimentos como Parque Nações Unidas, City América, City Recanto Anastácio e City Empresarial Jaraguá, que passaram a atender diferentes segmentos sociais e acompanharam o crescimento industrial e populacional da cidade. O padrão de infraestrutura e urbanismo diferenciado da City contrastava com loteamentos periféricos, que muitas vezes careciam de benefícios básicos, e contribuiu para a valorização e diversificação do tecido urbano paulistano[8].
A atuação da empresa resultou na criação de bairros tombados, como o Jardim América, cujo plano original de 1919 previa 672 lotes, e cuja preservação foi consolidada pelo tombamento estadual em 1986, após mobilização de moradores preocupados com a descaracterização da paisagem urbana. As regras estabelecidas pela City influenciaram a legislação municipal e serviram de modelo para loteamentos residenciais em todo o Brasil, limitando o uso dos lotes a residências unifamiliares e impondo recuos ajardinados e arborização pública[9]. O tombamento dos bairros “Jardins” e Pacaembu pelo Condephaat, em 1986, foi um marco na preservação da paisagem urbana de São Paulo, garantindo a manutenção das características originais desses bairros ajardinados frente à pressão da verticalização e do mercado imobiliário. A experiência da City demonstrou que a combinação de regras urbanísticas rígidas, participação da sociedade civil e instrumentos legais de preservação pode assegurar a valorização e a proteção de áreas urbanas de alto valor paisagístico e cultural, servindo de exemplo para outras cidades brasileiras.[10]
Cópias da concorrência
[editar | editar código-fonte]O sucesso e a popularidade dos bairros-jardins planejados pela Companhia City em São Paulo, inspiraram outras empresas imobiliárias a replicarem o modelo em diferentes regiões da cidade e da Grande São Paulo. A partir das décadas de 1940 e 1950, empresas como a Cia. Predial, Cia. City Boa Vista, Camargo Correa, Cia. City Paulista, Cia. Imobiliária Granja Vianna, Cia. City Real Parque e Cia. Chácara Flora passaram a desenvolver loteamentos residenciais com características semelhantes: ruas arborizadas, lotes amplos, recuos ajardinados e restrições ao uso exclusivamente residencial, consolidando o padrão de bairro-jardim em áreas como Alto da Boa Vista, Brooklin Velho, Jardim São Bento, Jardim São Paulo, Jardim Paulistano, Chácara Flora, Granja Viana, Jardim Marajoara, Real Parque, Jardim França, Jardim Paulista e Jardim Europa. Esses bairros, embora criados por diferentes empresas, seguiram o modelo paisagístico e urbanístico pioneiro da City, tornando-se referência de qualidade de vida e valorização imobiliária em São Paulo e região metropolitana.[11][12]
Atualidade
[editar | editar código-fonte]Na atualidade, a Companhia City mantém sua relevância no setor imobiliário brasileiro, sendo responsável pelo planejamento e urbanização de quase 50 bairros e cerca de 32 milhões de metros quadrados em quatro estados do país, com destaque para bairros paulistanos como Jardim América, Pacaembu, Alto de Pinheiros, Alto da Lapa, City Butantã, Anhangabaú e Bela Aliança, além de projetos em cidades como Osasco (City Bussocaba), Piracicaba, São José dos Campos, Taubaté, Ribeirão Preto, Barretos e Blumenau.[13]
Bairros-jardins paulistanos x Zonas de Valor do CRECI - SP Zona A - Alto da Boa Vista, Alto de Pinheiros, Brooklin Velho, Cidade Jardim, Jardim América, Jardim Anália Franco, Jardim Europa, Jardim França, Jardim Paulista, Morumbi, Real Parque, Pacaembu, Perdizes e Vila Nova Conceição. Zona B - Alto da Lapa, Chácara Flora, Granja Viana, Jardim Guedala, Jardim Marajoara, Jardim Paulistano, Jardim São Bento, Jardim São Paulo, Sumaré e Sumarezinho. |
Pesquisa CRECI-SP Imóveis usados/Venda-Aluguel residencial |
O legado da Companhia City é reconhecido tanto pela qualidade urbanística quanto pela valorização da paisagem e do patrimônio, sendo objeto de estudos acadêmicos e referência para políticas de preservação urbana. O tombamento dos bairros “Jardins” e Pacaembu pelo Condephaat, em 1986, foi um marco na preservação da paisagem urbana de São Paulo, garantindo a manutenção das características originais desses bairros ajardinados frente à pressão da verticalização e do mercado imobiliário. A experiência da City demonstrou que a combinação de regras urbanísticas rígidas, participação da sociedade civil e instrumentos legais de preservação pode assegurar a valorização e a proteção de áreas urbanas de alto valor paisagístico e cultural, servindo de exemplo para outras cidades brasileiras[14].
Mais de um século após sua fundação, a Companhia City permanece ativa, com reservas de terras e projetos inovadores, como o novo bairro planejado “City São Paulo” em Pirituba, que busca integrar sustentabilidade e urbanismo contemporâneo. O debate sobre a preservação dos bairros-jardins, iniciado com o tombamento dos Jardins” e do Pacaembu, segue atual, mostrando que a regulação municipal e a mobilização social são fundamentais para a manutenção da qualidade urbanística e paisagística desses espaços, mais até do que o próprio tombamento, como demonstram estudos recentes sobre a evolução desses bairros[15].
A Companhia City, assim, consolidou-se como referência em urbanismo no Brasil, tendo planejado quase 50 bairros e cerca de 32 milhões de metros quadrados em quatro estados, e seu modelo de bairro-jardim permanece como símbolo de qualidade de vida e de paisagem urbana valorizada em São Paulo e em outras cidades brasileiras[16].
Referências
- ↑ http://www.ciacity.com.br/novo/index.php
- ↑ CIA CITY ENDEREÇO
- ↑ «Bairros de São Paulo planejados pela Cia. City». Folha de S.Paulo. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Companhia City: urbanismo e patrimônio». Vitruvius. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Presença da Companhia City em São Paulo e implantação do modelo jardim». UrbanData Brasil. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «O modelo urbanístico da Companhia City e sua influência». Scielo. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Presença da Companhia City em São Paulo e implantação do modelo jardim» (PDF). ANPUR. Maio de 2023. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Presença da Companhia City em São Paulo e implantação do modelo jardim». UrbanData Brasil. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «O modelo urbanístico da Companhia City e sua influência». Scielo. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Empresas históricas: a Companhia City». Jornal GGN. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Bairros de São Paulo planejados pela Cia. City». Folha de S.Paulo. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Presença da Companhia City em São Paulo e implantação do modelo jardim». UrbanData Brasil. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Conheça 13 anúncios históricos da Companhia City». São Paulo Antiga. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «O legado da Companhia City e a preservação dos bairros jardins» (PDF). ANPUR. Setembro de 2018. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Companhia City: urbanismo e patrimônio». Vitruvius. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025
- ↑ «Bairros de São Paulo planejados pela Cia. City». Folha de S.Paulo. Junho de 2024. Consultado em 27 de junho de 2025