Covinha (petróglifo)
Em arqueologia, denomina-se covinha, por vezes fossete (em inglês cupmark) a um pequeno oco artificial escavado na superfície de algumas rochas, tendo geralmente uma seção semi-esférica e planta circular (embora também as haja de planta quadrangular). Podem encontrar-se isoladas ou formando agrupações, quer com outras covinhas quer com outras gravuras rupestres.
Embora o caso mais comum seja encontrá-las gravadas nas superfícies de formações rochosas naturais, também se encontram em perafitas ou em esteios megalíticos.
As covinhas são um dos motivos rupestres mais recorrentes, em todas as épocas e latitudes[1]. A sua cronologia abrangeria, na Europa, do Paleolítico Médio (La Ferrassie) até à Idade do Ferro[1].
Funcionalidade
[editar | editar código-fonte]As hipóteses existentes sobre a funcionalidade das covinhas são múltiplas, entre elas[2]:
- contentores para oferendas,
- receptáculos de libações ou de sacrifícios [3]
- símbolos de caráter sexual feminino,
- cartografias, de constelações e terrestres
- marcadores de espaços sagrados, de caminhos migratórios, de locais com alto valor mágico e propiciatório
- ligadas a cultos litolátricos, aquáticos, destinados a promover ou a incrementar a fertilidade, particularmente a feminina.
- tabuleiros para jogos
- marcadores de operações pré-numéricas
Locais sagrados
[editar | editar código-fonte]Há hipóteses que apontam a que, pelo menos em certas regiões, as covinhas poderiam assinalar um espaço sagrado pré-histórico, espaço que seria mantido, uma vez instalado o cristianismo, com a construção de templos (capelas, etc) em tais locais. Existiria portanto uma "convergência espacial" entre a distribuição destas gravações e a distribuição de certos templos cristãos[4][5]
Fertilidade
[editar | editar código-fonte]Breck Parkman, reportou que os índios Pomo procuravam o poder resultante da produção de covinhas para curar a infertilidade[6]
Notas e Referências
- ↑ a b cf. p. 108 de VARELA GOMES,Mário. «A rocha 11 de Gardete (Vila Velha de Ródão) e os períodos terminais da arte rupestre do Vale do Tejo» (PDF). Consultado em 19 de Outubro de 2008.
''As covinhas são o motivo rupestre mais recorrente, em todas as épocas e latitudes, sendo conhecidas na Europa, pelo menos, a partir do Paleolítico Médio (La Ferrassie) até à Idade do Ferro. Porém, a sua simplicidade formal, e talvez a abundância, tem obstado a um maior interesse pelo seu estudo, embora tais atributos sugiram indicar significado múltiplo, alterado consoante as épocas e a especificidade dos contextos que integraram.
- ↑ cf. p. 109 de VARELA GOMES,Mário. «A rocha 11 de Gardete (Vila Velha de Ródão) e os períodos terminais da arte rupestre do Vale do Tejo» (PDF). Consultado em 19 de Outubro de 2008
- ↑ quod ad scutrillas [covinhas] attinet habentur ut receptacula sanguinis victimarum em SOBRINO BUHÍGAS, Ramón. Ediciós do Castro, ed. Corpus petroglyphorum Gallaeciae. Sada, A Corunnha: [s.n.] ISBN 8474929563
- ↑ HENRIQUES, Francisco; CANINAS, João Carlos e CHAMBINO, Mário "ROCHAS COM COVINHAS NA REGIÃO DO ALTO TEJO PORTUGUÊS". Volume 35 dos Trabalhos de Antropologia e Etnologia, editados pela Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia (Porto), 1995
- ↑ cf. web Rochas com covinhas no Alto Tejo
- ↑ «2000 Kevin L. CALLAHAN, "A Paper read at the Philadelphia SAA Conference on April 8, 2000"». Consultado em 18 de outubro de 2008. Arquivado do original em 19 de outubro de 2009