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Cão de água português

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Cão de Água Português
Cão de água português
País de origem Portugal Portugal
Características
Classificação e padrões
Federação Cinológica Internacional
Grupo 8
Seção 3 - Cães de Água
Estalão ##37 - 4 de novembro de 2008[1]

O cão de água português, cão d'água português ou cão d'água algarvio (como é conhecido em Portugal) é uma raça de cães criada originária do Algarve, em Portugal. Estes animais foram empregados como cães de trabalho por pescadores desde tempos imemoriais, mas no século XX tornaram-se uma raça rara.

As origens da raça são antigas mas obscuras. Uma provável referência ao cão d'água é um texto de um monge, que em 1297 descreveu um salvamento de um marinheiro por um cão com "o pêlo comprido e preto, tosquiado até à primeira costela, e com um tufo na ponta da cauda", um padrão de tosquia comum nos cães d'água. Uma gravura do início do século XIX, que retrata a chegada do rei de Portugal D. Miguel à praia de Belém, mostra um cão d'água nadando em direção ao barco do rei.[2]

Cão d'água português saltando.

Originalmente o cão d'água - excelente nadador - foi utilizado pelos pescadores portugueses como ajudante nos barcos, guiando cardumes de peixes às redes, recuperando objetos caídos na água, levando mensagens entre barcos e entre a terra e o mar e outras atividades variadas. O escritor Raul Brandão, em sua obra Os Pescadores (1932), descreve assim a atividade de um barco de pescadores de Olhão: "Tripulavam-no vinte e cinco homens e dois cães, que ganhavam tanto como os homens. Era uma raça de bichos peludos, atentos um a cada bordo a ao lado dos pescadores. Fugia o peixe ao alar da linha, saltava o cão ao mar e ia agarrá-lo ao meio da água, trazendo-o na boca para bordo".[2]

A partir do século XX, com as novas tecnologias da pesca, o trabalho dos cães d'água tornou-se progressivamente obsoleto. O número de animais da raça diminuiu muito e na década de 1930 os poucos exemplares restringiam-se à costa do Algarve.[3] Em 1934, dois cães d'água de Sesimbra participaram pela primeira vez de uma exibição canina, levados pelo criador de cães Federico Pinto Soares. Estes animais chamaram a atenção de Vasco Bensaúde, um rico empresário açoriano que também era criador de cães. Bensaúde adquiriu quatro exemplares para seu canil Algarbiorum e iniciou um cuidadoso programa de seleção. O exemplar mais importante foi um macho chamado Leão, que viria a servir como padrão para a raça.[3] Em paralelo outro canil com cães d'água foi estabelecido em Alvalade (perto de Lisboa) pelo criador António Cabral.[3]

Mais tarde os cães de Bensaúde passariam a ser propriedade de Conchita Cintrón, uma matadora de touros e criadora de cães de origem peruana casada com um empresário português. Conchita vendeu vários animais para o exterior, inclusive para uma criadora dos Estados Unidos, Deyanne Miller, que junto a seu marido Herbert foi fundamental no estabelecimento da raça na América do Norte.[4] Além de exemplares da linhagem de Bensaúde, Miller também adquiriu exemplares da linhagem de Alvalade, para diminuir a consanguinidade.[3] Em 1972, criadores dos EUA fundaram o Clube Americano de Cães de Água Portugueses (Portuguese Water Dog Club of America).[4] Supõe-se que o litoral Algarvio seja o solar da raça; desde Vila Real de Santo António a Sagres, especialmente os portos de mar de Tavira, Olhão, Faro, Albufeira, Portimão, Ferragudo e Lagos. São estas, sem dúvida, terras de pescadores e homens do mar nas quais abundam as praias de areia branca e fina, alternando com falésias de rocha calcária cor de ferrugem e onde no passado a faina da pesca era o sustento principal de muitas das suas gentes.

Em 1936, a pedido de Vasco Bensaúde Secretário-Geral da Secção de Canicultura do Clube dos Caçadores Portugueses é efectuado o primeiro estudo da raça pelo Prof. Fernandes Marques que culmina na aprovação do primeiro estalão da raça. Vasco Bensaúde inicia a criação destes cães em Lisboa, com o afixo Algarbiorum, registando os primeiros exemplares no LOP nesse mesmo ano.

Com o advento de novas técnicas piscatórias, a partir de 1950, esta raça foi desaparecendo até à sua quase extinção. Em 1970 era considerado pelo “Guiness Book of Records” como a raça mais rara do mundo.

Em 1981, chegou a estar registado no Livro do Guinness como a raça de cães mais rara do mundo[5]. Salvo da extinção pelo trabalho dedicado de alguns criadores, dos quais são de destacar o Dr. António Cabral e Dra. Carla Molinari, que, a partir dos anos setenta, preservaram a raça com grande esforço e determinação, assim como o trabalho da associação da raça, a Associação para a Protecção do Cão de Água Português – APCAP, o Cão de Água tornou-se um excelente cão de família.

Bo, primeiro cão dos Estados Unidos.

Recentemente, a raça ganhou publicidade inesperada após a família do presidente dos EUA, Barack Obama, ser presenteada pelo falecido senador Edward Kennedy (Ted), com um cão de água português como mascote. O cachorro, chamado Bo, foi apresentado ao público a 14 de abril de 2009, em meio a grande interesse da imprensa.[6]. De novo, despertou interesse à imprensa o facto de o referido presidente ter demonstrado publicamente a alegria desta aquisição ao aceitar que mais uma cadela desta raça passe a residir igualmente na Casa Branca[7].

Características

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O cão d'água português é uma raça de tamanho mediano, de constituição forte e compacta e musculatura bem desenvolvida. Os machos tem uma altura ideal de 54 cm, enquanto as fêmeas medem cerca de 46 cm. Os pesos variam entre 19 a 25 kg nos machos e 16 e 22 kg nas fêmeas.[8] O cão de água português pode sofrer de uma doença genética recessiva fatal chamada gangliosidose (GM1) que se traduz por manifestações neurológicas, devendo não ser reproduzidos os portadores deste gene.[9]

Há dois tipos de pelagem: longo e ondulado, com pêlo mais brilhante, e curto e encarapinhado, de pêlo mais opaco. Não possui subpêlo. A pelagem pode ser totalmente negra, branca ou castanha, ou negra ou castanha com manchas brancas. A tosquia típica é feita no focinho e na parte posterior do corpo, deixando uma bola de pêlo na ponta da cauda,[8] o que lhe dá uma aparência de leão.

É considerado um animal excepcionalmente inteligente, com temperamento ativo, ardente mas também obediente. É também muito resistente à fatiga. É um exímio nadador, sendo capaz de mergulhar e nadar debaixo d'água para recuperar objetos perdidos.[8][10]

No Parque Natural da Ria Formosa, o "Canil da Ria Formosa" procura preservar e dar a conhecer esta raça de cão.

Referências

Ligações externas

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