António Caetano da Rocha

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António Caetano da Rocha
António Caetano da Rocha
Morte 21 de junho de 1772
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação padre, diácono, bispo católico
Religião Igreja Católica

António Caetano da Rocha (? — Ponta Delgada, 21 de Junho de 1772) foi o 21.º bispo da Diocese de Angra, tendo-a governado de 1758 a 1772.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Na sequência da renúncia ao bispado de Angra apresentada em 1755 por D. Frei Valério do Sacramento, o rei D. José I de Portugal por carta de 2 de Outubro de 1755 apresentou ao Papa Bento XIV a proposta de nomeação de António Caetano da Rocha para aquele cargo, o que foi confirmado por bula de 19 de Julho de 1756.

D. António Caetano da Rocha era doutor e lente na Faculdade dos Sagrados Cânones da Universidade de Coimbra, onde se tinha formado e recebido o presbiterado.

Sagrado bispo em Lisboa, o seu solene ingresso na diocese de Angra ocorreu a 21 de Novembro de 1758, dia em que desembarcou na cidade de Angra.

Nomeado em pleno período do absolutismo pombalino, este prelado foi considerado submisso aos poderes civis, limitando-se a desenvolver as acções estritamente ligadas ao seu ministério pastoral. Em sinal de fidelidade ao rei que o propusera, ordenou em 1759 que se fizessem cerimónias religiosas em sinal de regozijo público por D. José I ter sobrevivido ao atentado depois imputado aos Távoras e que daria origem ao famigerado processo dos Távoras. Essas cerimónias incluíram toque de sinos, luminárias, acção de graças, Santíssimo exposto, Te Deum e procissão pelas ruas da cidade.

Por ordem de Sebastião José de Carvalho e Melo, este bispo proibiu em 1759 que os padres da Companhia de Jesus fizessem livre uso do púlpito e da confissão, e em 1760, novamente por ordem do governo português, diligenciou junto da Câmara de Angra o cumprimento das ordens reais para que para que esta fizesse guardar no seu arquivo das três chaves a colecção de leis e breves pontifícios contra a violência dos jesuítas em Portugal. Pouco depois, nesse mesmo ano de 1760 foram os jesuítas expulsos dos Açores, decisão que causou consternação em Angra e granjeou inimizades ao bispo, já que este foi visto como mero instrumento do poder real.

Em consequência das inimizades que suscitou na cidade sede da diocese, e do difícil ambiente político que se seguiu à expulsão dos jesuítas, D. António iniciou um conjunto de visitas pastorais às ilhas do arquipélago que, na prática, o manteriam arredado da sua Sé Catedral até ao seu falecimento. Começou por visitar a ilha Graciosa, para onde partiu a 25 de Agosto de 1761, passando dali à ilha de São Jorge e daquela à ilha do Faial em 1763. Depois de uma breve estadia em Angra, partiu de visita pastoral à ilha de São Miguel, onde chegou a 18 de Março de 1765, ali permanecendo durante cerca de 6 anos e para ali chamando uns após outros os principais serviços da vida diocesana.

Sobre esta estadia em São Miguel, Francisco Ferreira Drumond, afirma:[1]

Passando o bispo desta diocese D. António Caetano da Rocha a visitar a ilha de S. Miguel, para sob este especioso pretexto se livrar das inquietações que andavam em Angra, lá se demorou por espaço de seis anos; em cujo tempo a sua catedral sofreu muito, por deixar de ter aquela consideração, que lhe era própria, e não poderem os capitulares prover imediatamente às faltas mais urgentes, sendo uma deitas o concurso das dignidades, conesias e mais benefícios, que o bispo mandava fazer ante si; o que sendo por extremo de grande prejuízo inconveniência pública, deu lugar ao cabido se queixar, resultando da justa queixa o mandar el-rei, em 11 de Abril de 1772, que o bispo se recolhesse a Angra, para se pôr termo a tamanho vexame.

Face à reiterada ausência e à paulatina transferência do centro da diocese para Ponta Delgada, o cabido apresentou queixa ao rei, que em 1772 mandou o prelado recolher à sua Sé. O agravamento de enfermidades levou a que não tivesse regressado a Angra, falecendo na ilha de São Miguel a 21 de Junho de 1772, ficando sepultado na Igreja Matriz de Ponta Delgada.

Referências

  1. Francisco Ferreira Drummond, Anais da Ilha Terceira, volume II, Angra do Heroísmo, 1856.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]