Dançarina (Moenjodaro)

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Garota Dançarina
Data ca. 2 500 a.C.
Género Escultura
Técnica Cera perdida
Dimensões 10,5 × 5 centímetros 
Localização Museu Nacional, Nova Déli, Moenjodaro

Garota Dançarina é uma escultura pré-histórica de bronze feita aproximadamente ca. 2 500 a.C. pela Civilização do vale do Indo na cidade de Moenjodaro (atual Paquistão), uma das cidades mais antigas do mundo. A estátua mede 10,5 centímetros e descreve uma jovem ou garota com proporções estilizadas se pé em pose confiante e naturalista. É reconhecida como obra de arte e artefato cultural dessa civilização. Foi descoberta pelo arqueólogo britânico Ernest J. H. Mackay em 1926, antes da Partição da Índia. É mantida pelo Museu Nacional de Nova Déli e sua posse é disputada pelo Paquistão.

Descrição[editar | editar código-fonte]

A estátua mede 10,5 centímetros de altura e têm cerca de 5 000 anos. Foi achada na "área HR" de Moenjodaro em 1926 por Ernest J. H. Mackay.[1] Embora em posição ereta, foi chamada Garota Dançarina como presunção de sua profissão. É uma das duas obras de arte em bronze encontradas em Moenjodaro que mostram padrões mais flexíveis se comparado a outras poses mais formais. A garota está pelada, usa algumas pulseiras e colar e aparece em posição ereta natural com uma mão no quadril.[2] Usa 24 a 25 pulseiras em seu braço esquerdo e 4 em seu braço direito, e algum objeto é segurado em sua mão esquerda, que repousa em sua coxa; ambos os braços são incomumente longos.[3] Seu colar tem três pingentes grandes. Ela tem cabelo comprido estilizado num grande coque que repousa em seu ombro.[1]

Opiniões de especialistas[editar | editar código-fonte]

Em 1973, o arqueólogo britânico Mortimer Wheeler descreveu o objeto como sua estatueta favorita:

Ela tem aproximados 15 anos eu deveria pensar, não mais, mas ela fica de pé lá com pulseiras por todo seu braço e nada mais. Uma garota perfeitamente, para o momento, perfeitamente confiante de si e do mundo. Não há nada como ela, eu acho, no mundo.[4]

John Marshall, outro arqueólogo de Moenjodaro, descreveu a figura como "uma jovem, sua mão sobre seu quadril numa postura meio-imprudente, e pernas ligeiramente para frente como se batesse ao tempo da música com as pernas e pés".[5] Ele é conhecido por reagir com surpresa quando viu a estátua. Ele disse, "Quando os vi pela primeira vez achei difícil acreditar que eram pre-históricos."[6] O arqueólogo Gregory Possehl descreveu-a como "a peça de arte mais cativante de um site do Indo" e qualificou sua descrição como dançarina ao afirmar que "não podemos estar certos que foi uma dançarina, mas era boa naquilo que fez e sabia disso."[7]

Ela levou a duas descobertas importantes sobre a civilização: primeiro que conhecia mistura de metais, fundição e outros métodos sofisticados, e segundo que entretenimento, especialmente dança, foi parte de sua cultura.[1] A estátua foi feita usando a técnica de cera perdida e mostra a habilidade desse povo no fazer de obras de bronze durante o período.[2] A estátua está em exibição no Museu Nacional de Nova Déli.[1] Uma estátua de bronze similar foi achada por Mackay durante sua escavação final em 1930-1931 na área DK-G numa casa em Moenjodaro. A preservação, bem como a qualidade do artesanato, é inferior aquele da melhor conhecida Garota Dançarina.[7] Essa segunda figura feminina em bronze está em exibição no Museu de Carachi, no Paquistão.[8]

Uma inscrição sobre um pedaço de cerâmica vermelho, descoberto em Birrana, um sítio harapeano no distrito de Fateabade em Hariana, mostra uma imagem que evoca a Garota Dançarina. O líder do time de escavação, L. S. Rao, afirma que "(...) a delineação [das linhas do caco] é tão verdadeiro à postura, incluindo a disposição das mãos, do bronze que parece que o artesão de Birrana tinha conhecimento em primeira mão do anterior".[9][10]

Exigência do Paquistão[editar | editar código-fonte]

Alguns políticos e especialistas paquistaneses exigiram que a Garota Dançarina retornasse ao Paquistão.[11] Em 2016, o advogado paquistanês Javed Iqbal Jaffery peticionou à Alta Corte de Laore pelo retorno da estátua, alegando que foi "tomada do Paquistão 60 anos atrás a pedido do Conselho Nacional de Artes de Déli mas nunca retornou." Segundo ele, a Garota Dançarina era do Paquistão do mesmo modo que a Mona Lisa de Leonardo da Vinci era da Europa.[12] Outra versão dos fatos, contudo, "sugere que a estátua foi levada para Déli antes da partilha [da Índia] por Mortimer Wheeler".[13]

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Marshall, John (1931). Mohenjo daro and Indus Civilization. Londres: Arthur Probsthain 
  • McIntosh, Jane R. (2008). The Ancient Indus Valley : New Perspectives. Santa Barbara, Califórnia: ABC-CLIO. ISBN 9781576079072 
  • Possehl, Gregory (2002). The Indus Civilization: A Contemporary Perspective. Walnut Creek, CA: AltaMira Press. ISBN 978-0-7591-0172-2 
  • Singh, Upinder (2008). A History of Ancient and Early Medieval India : from the Stone Age to the 12th century. Nova Déli: Pearson Education. ISBN 9788131711200