Depressão mascarada

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A depressão mascarada (DM) foi uma forma proposta de depressão atípica[1] na qual sintomas somáticos ou distúrbios comportamentais dominam o quadro clínico e disfarçam o transtorno afetivo subjacente.[2] O conceito não é atualmente apoiado pelos profissionais da saúde mental.[3]

Manifestações clínicas[editar | editar código-fonte]

As manifestações somáticas da DM são distinguidas por uma diversidade extrema[4]:110 e incluem dores de cabeça, dores nas costas, dores abdominais, etc. O comportamento patológico que mascara a depressão pode assumir a forma de jogo compulsivo, trabalho compulsivo, alterações na excitação ou função orgástica, diminuição do libido ou, ao contrário, comportamento sexual impulsivo, alcoolismo ou dependência de drogas.

Disputa sobre o conceito[editar | editar código-fonte]

A DM tem sido descrito de várias maneiras como "depressão senoidal (sem) depressão" ( K. Schneider, 1925), depressão "latente" (Lange J., 1928), "depressão vegetativa" (R. Lemke, 1949[5]) "depressão oculta" ou "mascarada" (Juan José López Ibor, 1972;[6] Kielholz JJ, 1983; Pichot P .; Hasson J., 1973), "larvate" ou "depressão somática" (Gayral L., 1972), "equivalentes depressivos" etc.[7] A maioria dos investigadores, especialmente aqueles nos países de língua alemã, presumiu que a depressão mascarada (em alemão: die larvierte Depression[8]) fosse a depressão endógena.[9] O termo foi amplamente usado nas décadas de 1970 e 1980, mas no final do século 20 houve um declínio no interesse pelo estudo da depressão mascarada. Hoje em dia, esse diagnóstico não desempenha um papel clínico ou científico significativo.[10]

Epidemiologia[editar | editar código-fonte]

Supõe-se que a DM seja um fenómeno clínico comum.[11] De acordo com alguns autores, a depressão mascarada é tão frequente quanto a depressão normal.[12] Embora a depressão mascarada possa ser encontrada em qualquer idade, ela foi observada mais commumente após a meia-idade.[12]

O diagnóstico e tratamento da DM na prática clínica é complicada pelo fato de quem tem DM não estar ciente da sua doença mental. Pacientes com DM são relutantes a associar os seus sintomas físicos a um transtorno afetivo[13] e recusam cuidados de saúde mental. Regra geral, esses pacientes atribuem os seus distúrbios a doenças físicas, procuram atendimento médico e relatam apenas queixas somáticas aos seus médicos,[14] com a consequência de que muitas dessas depressões não são reconhecidas ou são mal diagnosticadas e maltratadas.[11] As estimativas de pacientes deprimidos que são corretamente identificados e tratados variam entre os 5% e os 60%.[15] Dados recentes mostram que cerca de 10% das pessoas que consultam o médico por qualquer motivo sofrem originalmente de distúrbios afetivos mascarados por sintomas físicos.[12][16]

Status diagnóstico oficial[editar | editar código-fonte]

As classificações atuais: CID-10 e DSM-IV não contêm o termo "depressão mascarada".[1] Alguns psiquiatras ucranianos afirmam que o DM deve ser qualificado como "depressão com sintomas somáticos" (F 3x.01), de acordo com a CID-10.[17]

Critérios de diagnóstico[editar | editar código-fonte]

Os transtornos afetivos em pacientes com DM só pode ser detectado por meio de uma consulta com um médico especializado na saúde mental.[4]:408[18]:576[19] Regras de exclusão orgânica e outros critérios são utilizados para fazer o diagnóstico correto da DM.[20]:185–188

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Anna Miodek; Paweł Szemraj, Józef Kocur, Anna Ryś (2007). "Depresja maskowana – historia i współczesność" [Masked Depression – History and Present Days] (PDF). Pol. Merk. Lek. (in Polish). MEDPRESS. XXIII (133): 78–80. ISSN 1426-9686. Retrieved 2013-01-04 The paper is accompanied with an abstract in English
  2. Verster, G. C.; Gagiano, C. A. (August 1995). "Gemaskerde depr[essie" [Masked depression] (PDF). South African Medical Journal (in Afrikaans). Health and Medical Publishing Group. 85 (8): 759–762. ISSN 0256-9574 Revue : Anglais
  3. Treating Child and Adolescent Depression. Lippincott Williams & Wilkins. 2012. p. 5. ISBN 1451153031.
  4. a b (in Russian) Коркина М. В., Лакосина Н. Д., Личко А. Е. Психиатрия: Учебник. — М.: Медицина, 1995. — 608 с.; ил. — [Учеб. лит. для студентов мед. вузов] ISBN 5-225-00856-9
  5. Thormann, J.; Himmerich, H.; Steinberg, H. (dezembro de 2011). "The concept of "vegetative depression" (1949) by Rudolf Lemke". Pharmacopsychiatry. 21 (06): A110. doi:10.1055/s-0031-1292551.
  6. López Ibor J.J. (março de 1972). "Masked Depressions". Br. J. Psychiatry. 120 (556): 245–258. doi:10.1192/bjp.120.556.245.
  7. For more detail, see: Katon, W.; Kleinman, A.; Rosen, G. (Jan 1982). "Depression and somatization: a review. Part I.". Am. J. Med. 72 (1): 127–35. doi:10.1016/0002-9343(82)90599-x.
  8. Steffen Walter’s entry at ProZ.com.
  9. (in Russian) Вертоградова О.П. К проблеме депрессий в общесоматической практике // Сб. Депрессии в амбулаторной и общесоматической практике (вопросы диагностики и терапии). М., 1984, с. 12–17.
  10. Encyclopedia of Clinical Neuropsychology > Masked Depression
  11. a b Fisch R. Z. (1987). "Masked depression: its interrelations with somatization, hypochondriasis and conversion". Int J Psychiatry Med. 17 (4): 367–79. doi:10.2190/cr7j-wu5n-hc5x-2jq5. PMID 3326856.
  12. a b c Alexopoulos, George S. (1990). "Clinical and Biological Findings in Late-Onset Depression". In Tasman, Allan; Goldfinger, Stephen M.; Kaufmann, Charles A. (eds.). American Psychiatric Press Review of Psychiatry. 9. American Psychiatric Press. p. 250.
  13. "Physical Symptoms in Depression: Interview with Thomas W. Koenig, MD" (PDF). Advanced Studies in Medicine.
  14. Brody, D.S.; Thompson T.L. etc. (March 1995). "Recognizing and managing depression in primary care". Gen Hosp Psychiatry. 17 (2): 93–107. doi:10.1016/0163-8343(94)00093-s. PMID 7789790.
  15. Patricia A. Carney etc. (December 1999). "Recognizing and Managing Depression in Primary Care A Standardized Patient Study". The Journal of Family Practice. 48 (12).
  16. Schneider, Frank; Sandra Kratz etc. (February 26, 2004). "Insufficient depression treatment in outpatient settings". Ger Med Sci. 2: Doc01. PMC 2703210. PMID 19675684.
  17. (in Russian) Подкорытов В. С., Чайка Ю. Ю. Депрессии. Современная терапия Archived 2017-12-29 at the Wayback Machine. — Харьков: Торнадо, 2003. — С. 54. — ISBN 966-635-495-0
  18. in Russian) Психиатрия: Учебник. / Коркина М. В., Лакосина Н. Д., Личко А. Е., Сергеев И. И. — 2-е изд., доп., перераб. — М.: МЕДпресс-информ, 2002. ISBN 5-901712-12-9
  19. (in Russian) Жариков Н. М., Тюльпин Ю. Г. Психиатрия: Учебник. — М.: Медицина, 2000. — С. 193. ISBN 5-225-04189-2
  20. (in Russian) Психиатрия. Национальное руководство / Под ред. Т.Б. Дмитриевой, В.Н. Краснова, Н.Г. Незнанова, В.Я. Семке, А.С. Тиганова. — М.: ГЭОТАР-Медиа, 2011. — 1000 с. — (Национальные руководства). — 3000 экз. — ISBN 978-5-9704-2030-0

Ligações externas[editar | editar código-fonte]