Dikika é um famoso sítio paleantropológico localizado ao sul do rio Awash, no Triângulo de Afar, na Etiópia. Ele foi nomeado dessa forma por estar localizado em uma colina que leva o mesmo nome local. Desde de 1972, Dikika já era uma área de estudo já conhecida por possuir um depósito fóssil relevante após observações feitas pelo geólogo americano Jon Kalb em uma de suas expedições até Afar.[1] Porém, a região só recebeu atenção mundial em 2000 quando Zeresenay Alemseged encontrou um esqueleto de hominídeo bem preservado como parte de seu projeto projeto de pesquisa Dikika, começado em 1999. O fóssil recebeu o nome científico DIK 1-1 e é considerado o exemplar mais completo e bem preservado de Australopithecus afarensis. O achado recebeu o nome de Selam ( ou "paz" traduzido do idioma etíope). Além disso, nas proximidade de Dikika e do sítio de Hadar, localizado mais ao norte, diversos fósseis de hominídeos foram encontrado, incluindo alguns famosos como Lucy e Ardi (uma fêmea de Ardipithecus ramidus). O Triângulo de Afar passou a ser considerado um dos berços da humanidade, pois também foram descobertas na área as ferramentas de pedra mais antigas, com cerca de 2,6 a 2,5 milhões de anos[2][3]
Localização da Dikika no Triângulo de Afar
Durante o verão de 2010, uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Zeresenay e Shannon McPherron do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, anunciou na revista Nature a descoberta de arranhões e cortes em fósseis de animais com 3,39 milhões de anos. Eles interpretaram essas marcas como evidência de que o Australopithecus afarensis raspava carne dos ossos das costelas e pernas de animais para se alimentar.[3] No entanto, essa interpretação é controversa, pois as marcas de raspagem podem ser facilmente confundidas com marcas de mordida de crocodilos.[4][5][6]
JE Kalb, EB Oswald, A. Mebrate, S. Tebedge e C. Jolly, Estratigrafia do Grupo Awash, Middle Awash Valley, Afar, Etiópia, Newsletters on Stratigraphy11 (1982), pp.