Discussão:Mereologia

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Merologia, e não "mereologia"[editar código-fonte]

O radical que denota "parte" em português é "mero", do grego méros como indicado no texto atual do artigo. Muitas palavras usam este radical, como monômero, polímero, merônimo, merozoário etc. Todos os dicionários portugueses e brasileiros registram Merologia e não "Mereologia". O 'e' espúrio é resultande de um anglicismo, já que a língua inglesa importou o 'e' do termo francês, que criou um 'e' indevido por razões eufônicas (em francês). O termo português veio direto do latim, que por sua vez veio do grego, e não possui nenhum 'e'. Por coerência, sugiro corrigir o título e o texto, fazendo referência para a grafia incorreta que aparece em alguns textos com influência estadunidense. Caso ninguém se pronuncie, farei as correções em breve.

Aliás, este erro se propagou na Wikipédia de outros idiomas, como italiano, espanhol, alemão e neerlandês, que também estão com a grafia errada. Em outros idiomas não sei dizer pois não tenho acesso a dicionários de línguas eslavas e orientais, mas suspeito que o mesmo problema ocorra. Quem derivou diretamente do latim ou do grego não possui 'e'. Apenas os idiomas que importaram o termo do francês ou do inglês possuem o 'e' espúrio.

~~ Compreendo os argumentos, mas vejamos com calma. Entendo que uma deformação pode se reproduzir em uma ou duas línguas, mas vemos que em todas interwikis o termo é o mesmo, o que significa que tem uma força consensual. Nem sempre é preferível a melhor tradução, e sim o termo mais usado. Melhor é checar a ocorrência do termo em dicionários de filosofia em português, o que tentarei fazer. JoaquimCebuano (discussão)

~~ Não é uma questão de tradução. A palavra já havia entrado a língua portuguesa quando o polaco resolveu dar-lhe um significado ligeiramente diferente, uma acepção diferente. Os dicionários podem dar definições que são discordantes, mas todos registram apenas a grafia merologia. O único que registra os dois termos é o Caldas Aulette. Mas os Vocabulários Ortográficos oficiais, tanto o da Academia Brasileira de Letras como o da Academia de Ciências de Lisboa, registram apenas a grafia etimologicamente correta, sem o 'e' espúrio que nos chegou de más traduções da literatura inglesa. Esses mesmos livros usam as palavras meronímia e merônimo, sem o 'e', o que é incoerente. Não me parece ser uma questão do que é mais usado (a maioria escreve "reuso" ao invés do correto reúso), mas sim o que é ortograficamente correto e consistente. As regras da Wikipédia exigem respeito à ortografia vigente, mesmo que existam variantes, que podem ser citados no verbete mas não assumidos como o termo correto. Por exemplo, a página "Álgebra booliana" já usou a grafia "booleana" mas foi corrigida, pois esta é inaceitável. Há casos onde há variantes brasileiras e lusitanas, e algumas palavras estrangeiras como pizza e software que se escrevem no original porque não há (ainda) termos portugueses equivalentes. Havendo, eles devem seguir a ortografia vigente. Outro exemplo: Escatologia pode ser tanto o estudo das fezes quanto o estudo das profecias sobre o fim dos tempos, mas se escreve de uma só maneira. Uma palavra, duas acepções. No caso de Merologia os dois significados são próximos e derivativos, e não faz sentido usar uma palavra diferente da que já existe, datada de 1873 (Houaiss). --Jaccoud (discussão) 16h49min de 14 de novembro de 2022 (UTC)[responder]

Olá, Jaccoud! É uma questão interessante mesmo. Ao que parece o termo foi cunhado de forma consciente como "mereologia" em polonês por Leśniewski para distinguir o ramo filosófico que ele definiu, como aponta Smith: "He could not call the theory merology, because that was already in use for the anatomy of elementary tissues" ([1]). Mesmo que etimologicamente errado, infelizmente aqui se utiliza o uso corrente: de toda forma, "mereologia" entrou para a língua oficial, mesmo sendo um artefato com "e" espúrio. Ela está dicionarizada, como você apontou, e é a forma empregada no campo da filosofia. Pode-se até deixar a versão "merologia" na introdução, como uma grafia secundária, caso encontre alguma fonte com o sentido filosófico; porém a principal é esta do artigo. Mudanças da língua ocorrem primeiro fora da Wikipédia, e só depois se refletem aqui, senão é pesquisa inédita (WP:NPI), então você pode contribuir com obras defendendo a grafia "merologia". Com certeza há diversos termos em português que não são fiéis etimologicamente, mas que se consolidaram com suas distorções e peculiaridades. Tudo de bom! Bafuncius (discussão) 21h13min de 14 de novembro de 2022 (UTC)[responder]
Concordo que não se pode forçar uma mudança na língua. Contudo, é possível corrigir desvios. O termo original — merologia — já havia ingressado na Língua Portuguesa antes do século XX (o Houaiss registra 1873) e o sentido de "estudo das partes" (sejam partes anatômicas ou dos fundamentos de uma ciência ou da composição de entidades abstratas) já era sedimentado, e esse sentido está em perfeito acordo com a etimologia da palavra. Querer usar uma palavra diferente em filosofia apenas por capricho (não há outra justificativa) parece-me um desserviço ao leitor, que ao ver uma palavra diferente, pressupõe que significa algo diferente (e.g. teologia × teleologia). Ao que me parece, essa mudança na língua na verdade não ocorreu, é um caso típico de anglicismo: estamos reforçando o uso de uma forma importada bem recentemente do inglês quando já existia uma forma portuguesa estabelecida. Seria análogo a usar catari (1965, do inglês qatari, que já consta de alguns dicionários heterodoxos) no lugar das formas já sedimentadas catarense e catariano. Embora eu concorde em citar a existência do estrangeirismo "mereologia", creio que devamos nos ater às formas tradicionais merologia, merológico, merônimo, meronímia. (Como já mencionei, não há nenhuma palavra em português com o radical "mereo", simplesmente porque ele não existe, seja no grego seja em qualquer outro idioma.) O linguista não passará a escrever "mereônimo" nem o médico aceitará escrever "mereocele" ou o químico decobrirá um novo "polimereo". Filósofos igualmente não deveriam estudar modelos "mereológicos", apenas os merológicos.
Um conflito semelhante ocorre em Oceanografia. Algumas pessoas, por influência estadunidense, insistem em escrever "meteoceanográfico", quando a palavra correta é meteoroceanográfico. O radical é "meteor[o]-", sempre com erre, como em meteorito, meteoromante, meteorologia. "Meteoceanográfico" e "mereologia" não são novos termos ou variantes de palavras antigas, são meramente erros ortográficos. Como especificam claramente as diretrizes da Wikipédia, grafias duplas são admitidas quando há variantes entre os países lusófonos, mas desvios do AO-1990 não devem ser incentivados. Jaccoud (discussão) 18h10min de 6 de dezembro de 2022 (UTC)[responder]