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Discussão:Ximango (política)

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Último comentário: 27 julho de Serraria no tópico Prestes, Cerro Corá e outras fantasias

Prestes, Cerro Corá e outras fantasias

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Passando os olhos pelo texto novo da última grande expansão, de 12 de junho, estranhei o seguinte trecho: a Revolução de 1923 também ajudou a consolidar a posição de Luís Carlos Prestes como uma figura proeminente na política brasileira, lançando as bases para sua futura liderança no movimento tenentista e no movimento comunista no Brasil. Mas onde estava Prestes em 1923? Pela biografia no CPDOC FGV, ele serviu no Rio Grande do Sul na Comissão Fiscalizadora da Construção de Quartéis e no 1º Batalhão Ferroviário. É verdade que a biografia menciona os louvores recebidos do comandante da Região Militar, general Eurico de Andrade Neves (notem, dos superiores hierárquicos), "por sua atuação na revolução de 1923". Mas esta atuação não foi de combate. Onde estava o Exército na revolução?

As tropas federais mantiveram-se oficialmente neutras, mas muitas OM [Organizações Militares] do EB forneceram munição aos revolucionários, clandestinamente. O Cmt [Comandante] da 3ª RM era o General Eurico de Andrade Neves, ao qual coube proteger a infraestrutura e a superestrutura das ferrovias, que foram consideradas “zonas neutras” [...] embora não confirmado, alguns oficiais ou sargentos do Exército imiscuíram-se nos confrontos, mas teriam sido casos isolados. Eventualmente revolucionários, quando perseguidos, foram acolhidos nas “zonas neutras” controladas pelo EB.
— Muxfeldt e Caminha, O Exército Republicano (2022), p. 270

O que me traz à próxima afirmação muito estranha do texto: No entanto, as forças do governo, lideradas por Borges de Medeiros, conseguiram resistir aos ataques rebeldes e, com o apoio de tropas federais enviadas pelo governo central, conseguiram gradualmente recuperar o controle do estado. Não houve apoio! Como visto, as Forças Armadas não participaram, e seu viés era contra, não a favor dos ximangos. Naquele momento, Borges de Medeiros não era amigo de Artur Bernardes; no ano anterior, estiveram em lados opostos na eleição presidencial. Os lenços vermelhos é que apoiaram a candidatura Bernardes, e agora, "Os opositores alegando irregularidades na contagem dos votos iniciaram uma guerra civil com o objetivo de que o Presidente da República Arthur Bernardes interviesse no estado e depusesse Borges do governo" (p. 162). A surpresa foi quando Bernardes não interveio.

A revolução não terminou, como alegava o texto, com a derrota das forças rebeldes e a restauração do controle do governo central sobre o Rio Grande do Sul. Em nenhum momento o texto mencionava o Pacto de Pedras Altas! Conforme Edgard Carone, República Velha - Evolução Política (1983), p. 378: "A iniciativa cabe em grande parte aos revolucionários, que, entretanto, não chegam a ameaçar as grandes cidades, com exceção de Pelotas. A situação militar agora, parece favorável aos rebeldes, e além disso, fica provado que Borges de Medeiros dificilmente conseguirá esmagar a revolta". A paz foi assinada justamente pela incapacidade do governo estadual em restaurar o controle à força. A revolta do ano seguinte é que se aproxima do que o texto descreve: os lenços brancos e o governo federal de um lado, os tenentistas e lenços vermelhos do outro, com vitória final legalista e ascensão de Luís Carlos Prestes.

É também estranho a descrição da Revolução Federalista: A guerra só chegou ao fim em 1895, quando as forças federais, apoiadas pelo governo central, conseguiram derrotar os federalistas em uma série de batalhas decisivas, como a Batalha de Cerro Corá. Gumercindo Saraiva foi morto em combate, e a Revolução Federalista chegou ao seu fim, embora suas consequências políticas e sociais continuassem a reverberar no Rio Grande do Sul e no Brasil por muitos anos. Na Revolução Federalista, as forças Ximangas, lideradas por Júlio de Castilhos e apoiadas pelo governo central, conseguiram prevalecer sobre os federalistas liderados por Gumercindo Saraiva. Assim, pode-se dizer que os Ximangas foram os vencedores do conflito.

Batalha de Cerro Corá? Na Guerra do Paraguai? Não é um deslize de pensamento, confundindo com outra. Tem ligação e aparece de novo no texto: a morte de Gumercindo Saraiva em 1895, durante a Batalha de Cerro Corá. Um pouco antes, temos o general Antônio de Sampaio, conhecido como "O Barão de Caçapava". Não tinha conhecimento prévio disto, mas o único Barão de Caçapava que encontrei morreu em 1858. Mas como este artigo é sobre o termo Ximango, cabe lembrar que ele é um anacronismo na Revolução Federalista. Ela foi uma guerra entre maragatos e pica-paus. Pica-pau é sinônimo de ximango, mas este último termo não existia nos anos 1890. "O termo “chimango” ou “ximango”, que já havia designado no Império uma facção do Partido Liberal, recebeu novo sentido a partir da publicação, em 1915, do poema épico-satírico de autoria de Ramiro Barcelos intitulado Antônio Chimango. A partir de então, foram chamados de “chimangos” os republicanos, agora liderados por Antônio Augusto Borges de Medeiros".

Numa leitura mais cuidadosa, o texto é relativamente vago e "enchedor de linguiça". Eu suspeito de uma redação por IA e não por consulta aos livros citados. Esta ferramenta não tem compromisso com a verdade e faz uma amálgama de textos sobre a história brasileira em geral, misturando fatos de outras épocas sem nenhuma relação com o escopo do artigo. Serraria (discussão) 00h26min de 27 de julho de 2024 (UTC)Responder