Documentação da Libras

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A documentação das línguas de sinais é uma das estratégias para a sua preservação. Muitas línguas de sinais estão sujeitas a redução, devido a fatores migratórios, nos quais essa população acaba adotando uma língua majoritária. O isolamento de pessoas surdas em áreas não urbanas e o afastamento entre os usuários da língua de sinais dificultam o contato com outros surdos. Há também pouca difusão nas escolas, onde alunos surdos não têm acesso ou mesmo contato com outros surdos de diferentes escolas. Quadros e Leite (2014)[1] consideram a documentação uma importante aliada na preservação de línguas, especificamente a Libras.

Outro fator problemático, que coloca as línguas de sinais (inclusive a Libras) em risco, é a aquisição tardia. Idealmente, a aquisição da língua de sinais deve ocorrer desde o nascimento até o seu pleno desenvolvimento. No entanto, a realidade é que várias famílias com filhos surdos não aprendem a Libras e, por consequência, essa língua não é ensinada à criança surda. Isso impacta diretamente no seu desenvolvimento linguístico, cognitivo e cultural[2].

Porém, com a ascensão da internet e a possibilidade de registros em vídeo, que atendem ao parâmetro visual das línguas de sinais e da Libras, surgem possibilidades de documentar, registrar e ampliar pesquisas na língua. Isso é particularmente relevante nas políticas linguísticas voltadas para as pessoas surdas, atendendo às demandas do público[3]. É importante considerar de que forma o registro e a documentação podem ajudar os falantes e como podem promover essa língua.

Outra forma de promoção dessa língua é a ação do Corpus de Libras[4], que em sua rede contém diversos materiais em Libras, relacionados a projetos de pesquisa. Este acervo é essencial para a preservação e documentação da Libras, oferecendo um registro das variações linguísticas e culturais. Além do corpus, existe o SignBank[5], um site que oferece a possibilidade de procurar sinais conforme a Configuração de Mão, Categorias, Rede e Palavras. Além disso, a Libras também conta com outro recurso para a divulgação e promoção da língua: o Portal da Libras[6]. Este canal oferece amplos serviços de informação, divulgação e publicação. Por ser de código aberto, todas as pessoas podem inserir materiais acadêmicos e pedagógicos, com o objetivo de criar um espaço colaborativo voltado para a Libras, permitindo a promoção da língua.

  1. QUADROS, Ronice Muller de (2014). Línguas de sinais do Brasil: Reflexões sobre o seu estatuto de risco e a importância da documentação (PDF). Florianópoli: Insular. ISBN 978-85-7474-724-8 
  2. QUADROS, Ronice Muller de (2019). Língua de Sinais. São Paulo: Parábola. ISBN 978-85-7934-166-3 
  3. WITCHS, Pedro Henrique (18 de agosto de 2019). «Tradução e interpretação de língua de sinais como política linguística para surdos». PERcursos Linguísticos. 9 (21): 133–144. Consultado em 21 mar. 2024 
  4. «Corpus De Libras». Consultado em 21 mar. 2024 
  5. «Sign Bank». Sign Bank. Consultado em 21 mar. 2024 
  6. «Portal da Libras». Portal da Libras. Consultado em 21 mar. 2024