Documentação da Libras
Este artigo não está em nenhuma categoria. (Abril de 2024) |
A documentação das línguas de sinais é uma das estratégias para a sua preservação. Muitas línguas de sinais estão sujeitas a redução, devido a fatores migratórios, nos quais essa população acaba adotando uma língua majoritária. O isolamento de pessoas surdas em áreas não urbanas e o afastamento entre os usuários da língua de sinais dificultam o contato com outros surdos. Há também pouca difusão nas escolas, onde alunos surdos não têm acesso ou mesmo contato com outros surdos de diferentes escolas. Quadros e Leite (2014)[1] consideram a documentação uma importante aliada na preservação de línguas, especificamente a Libras.
Outro fator problemático, que coloca as línguas de sinais (inclusive a Libras) em risco, é a aquisição tardia. Idealmente, a aquisição da língua de sinais deve ocorrer desde o nascimento até o seu pleno desenvolvimento. No entanto, a realidade é que várias famílias com filhos surdos não aprendem a Libras e, por consequência, essa língua não é ensinada à criança surda. Isso impacta diretamente no seu desenvolvimento linguístico, cognitivo e cultural[2].
Porém, com a ascensão da internet e a possibilidade de registros em vídeo, que atendem ao parâmetro visual das línguas de sinais e da Libras, surgem possibilidades de documentar, registrar e ampliar pesquisas na língua. Isso é particularmente relevante nas políticas linguísticas voltadas para as pessoas surdas, atendendo às demandas do público[3]. É importante considerar de que forma o registro e a documentação podem ajudar os falantes e como podem promover essa língua.
Outra forma de promoção dessa língua é a ação do Corpus de Libras[4], que em sua rede contém diversos materiais em Libras, relacionados a projetos de pesquisa. Este acervo é essencial para a preservação e documentação da Libras, oferecendo um registro das variações linguísticas e culturais. Além do corpus, existe o SignBank[5], um site que oferece a possibilidade de procurar sinais conforme a Configuração de Mão, Categorias, Rede e Palavras. Além disso, a Libras também conta com outro recurso para a divulgação e promoção da língua: o Portal da Libras[6]. Este canal oferece amplos serviços de informação, divulgação e publicação. Por ser de código aberto, todas as pessoas podem inserir materiais acadêmicos e pedagógicos, com o objetivo de criar um espaço colaborativo voltado para a Libras, permitindo a promoção da língua.
- ↑ QUADROS, Ronice Muller de (2014). Línguas de sinais do Brasil: Reflexões sobre o seu estatuto de risco e a importância da documentação (PDF). Florianópoli: Insular. ISBN 978-85-7474-724-8
- ↑ QUADROS, Ronice Muller de (2019). Língua de Sinais. São Paulo: Parábola. ISBN 978-85-7934-166-3
- ↑ WITCHS, Pedro Henrique (18 de agosto de 2019). «Tradução e interpretação de língua de sinais como política linguística para surdos». PERcursos Linguísticos. 9 (21): 133–144. Consultado em 21 mar. 2024
- ↑ «Corpus De Libras». Consultado em 21 mar. 2024
- ↑ «Sign Bank». Sign Bank. Consultado em 21 mar. 2024
- ↑ «Portal da Libras». Portal da Libras. Consultado em 21 mar. 2024