Domínio de Melchizedek

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O Domínio de Melchizedek trata-se de um país falso e que foi inicialmente criado no âmbito da página satírica "Desciclopédia", assim como no endereço eletrônico www.melchizedek.com. Ficou conhecido no Brasil após uma reportagem do site Consultor Jurídico.[1] Segundo a reportagem, o conselheiro da OAB teria confundido a Desciclopédia com a Wikipédia e concluiu que o Domínio de Melchizedek seria um paraíso fiscal tendo, a referida localidade, desde então, se tornado um meme.[1][2][3][4]

A partir de pesquisa realizada em sites confiáveis,[5][6][7][8][9] constatou-se efetivamente a inexistência do referido país.

O país virtual e fictício conhecido como "Dominion of Melchizedek" (Domínio de Melchizedek) é uma fraude com sede na Califórnia que nos últimos anos espalhou seus tentáculos pelo Pacífico, América Latina e até Europa. Alega ter "embaixadas" e outras "legações" em Washington, Canberra, Budapeste, Lima e São Paulo, e "centros comerciais e escritórios de ligação" em Cingapura e Lagos. Além de oferecer a incorporação de bancos, seguradoras, trusts e empresas privadas por alguns milhares de dólares, o site do "domínio" também oferece uma ampla gama de serviços, incluindo passaportes, diplomas universitários e certificados de advogados.[10]

O "Domínio de Melquisedeque" foi declarado unilateralmente como existente em 1990 pelo americano Mark Pedley, possivelmente com seu pai, David Pedley. Mark Pedley também usa vários pseudônimos, incluindo "Tzemach Ben David Netzer Korem" e "Branch Vinedresser". Ele toma seu nome emprestado do rei e sacerdote bíblico Melquisedeque.[11][10]

Quando criado, o "Domínio" primeiro reivindicou a ilha colombiana de Malpelo, uma pequena ilha a 300 milhas da costa do Pacífico da Colômbia. Mais tarde, inventou o Karitane Shoal no Pacífico Sul, que supostamente fica completamente submerso por parte do dia.[12][13] Clipperton Island, uma possessão ultramarina da França que fica a 1.500 milhas a oeste da Nicarágua; e Taongi, também conhecido como Bokak Atoll, um atol desabitado da Micronésia sob a administração do Governo das Ilhas Marshall. Representantes do DoM foram proibidos de entrar na ilha de Rotuma após seu envolvimento com grupos dissidentes que buscavam se separar de Fiji,[14][15] com os quais haviam assinado acordos para arrendar terras nas ilhas de Rotuma e sua vizinha Solkope.[16]

Foi descrito como "inexistente" pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA[17] e como uma "soberania não reconhecida" pelo Escritório do Controlador da Moeda dos EUA.[18] Aparece numa lista da UE de passaportes de fantasia emitidos por particulares ou organizações. Relatos da mídia descreveram-no como um "país virtual", como um "argumento" e como um "país falso".[19][20][21]

O Domínio de Melchizedek é utilizado, sobretudo, para o cometimento de diversos tipos de fraudes.

Segundo o Público, o Domínio de Melchizedek é um falso paraíso fiscal. Trata-se de uma ilha de um atol da Polinésia que fica submerso durante a maré alta. Segundo o Jornal de Alcobaça, o Domínio de Melchizedek é um atol da Polinésia, apenas visível na maré baixa, que não consta nos registos geográficos, mas que possui uma página na Internet (www.melchizedek.com).

O Domínio de Melchizedek faz parte de uma rede internacional de operações financeiras, envolvendo entidades bancárias fictícias, através da qual foram enganados milhares de clientes.

Domínio de Melchizedek ficou notório após artigos satíricos, escritos pela Desciclopédia, descreverem a localidade como suposto paraíso fiscal.

Referências

  1. a b «Advogado de país fictício quer ser desembargador». Consultor Jurídico. Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  2. Tillman, Robert (2002). Global Pirates: Fraud in the Offshore Insurance Industry (em inglês). [S.l.]: UPNE 
  3. «Burlaram 50 em 5 milhões». www.cmjornal.pt. Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  4. «Vol. 70 No. 3 ( Mar. 1, 2000)». Trove (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  5. «[All: dominion of melchizedek] AND [Journal: Geographical Research] : Search». Wiley Online Library (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  6. nationsonline.org, klaus kästle-. «Countries and Regions in the World - Nations Online Project». www.nationsonline.org (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  7. «Countries in the United Nations - Worldometer». www.worldometers.info (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  8. «Search | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  9. «list of countries | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  10. a b «Cyberfraud: The fictitious "Dominion of Melchizedek" --- Asia Pacific Media Service». www.asiapacificms.com. Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  11. «Quatloos! - Dominion of Melchizedek - Fake Nation Scam». www.quatloos.com. Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  12. Tillman, Robert (2002). Global Pirates: Fraud in the Offshore Insurance Industry (em inglês). [S.l.]: UPNE 
  13. Jamison, Peter. «Fantasy Island: The Strange Tale of Alleged Fraudster Pearlasia Gamboa». SF Weekly (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  14. «Vol. 70 No. 3 (Mar. 1, 2000)». Trove (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  15. Tillman, Robert (2002). Global Pirates: Fraud in the Offshore Insurance Industry (em inglês). [S.l.]: UPNE 
  16. «State v Riogi [2001] FJHC 61; Haa0060j.2001s (20 August 2001)». www.paclii.org. Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  17. «Litigation Release No. 16368 / November 23, 1999». www.sec.gov. Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  18. Caribbean Bank of Commerce Ltd. (Melchizedek) . . 13 November 1998 . dead . https://web.archive.org/web/20070218043311/http://www.occ.treas.gov/ftp/Alert/98-38.txt. February 18, 2007 .
  19. Barrett, William P. «Boy, Do We Know Tzemach Ben David Netzer Korem». Forbes (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  20. Europeia, Comissão (12 de novembro de 2020). «INFORMATION CONCERNING THE NON- EXHAUSTIVE LIST OF KNOWN FANTASY AND CAMOUFLAGE PASSPORTS, AS STIPULATED BY ARTICLE 6 OF DECISION NO 1105/2011/EU» (PDF). ec.europa.eu. Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  21. Street Journal, G. Bruce KnechtStaff Reporter of The Wall (2 de setembro de 1999). «A 'Nation' in Cyberspace Draws Fire From Authorities». Wall Street Journal (em inglês). ISSN 0099-9660 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]